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Segundo Bruno Albergaria, o ser humano é um ser essencialmente histórico. Uma das
grandes diferenças entre nós – Homo sapiens – e os animais irracionais é a capacidade de recordar,
via linguagem, os fatos da vida. Assim, sabemos de coisas que sequer vivenciamos: apenas por
ouvirmos contar. Com isso, aprendemos ou desaprendemos; porém, transmitimos, de forma
consciente, as nossas experiências. Com efeito, mesmo as Histórias não contadas ajudam a nos
formar como seres humanos.
Fala-se que “ninguém é uma ilha”. Isto é, estamos ligados uns aos outros e aos nossos
antepassados. O que nos liga aos outros é a linguagem; o que nos liga aos nossos antecedentes é a
tradição, ou seja, o que nos foi transmitido. Nada seríamos sem o trampolim da História, contada ou
não. A História não contada é inconsciente, nem temos a percepção de sua importância na nossa
formação; porém, indubitavelmente atua de forma inconteste na construção do mundo atual. A
História contada nos dá a clarividência do que nos tornamos. É luz; ilumina o caminho que
percorremos. Mostra, como os erros e acertos já vividos, o que devemos – ou deveríamos – ser.
Os animais irracionais podem até transmitir um “saber fazer” através de suas gerações. Mas
esses animais têm somente instintos, como o caso de uma formiga que, ao nascer, sabe-se lá como,
aprende a fazer e estabelecer relações em um complexo formigueiro. Todavia, não tem percepção
dessa transmissão de Know how. Nós, humanos, temos, e isso faz toda a diferença. Somos, ao
mesmo tempo, observadores e atores da história. Temos consciência, ou seja, sabemos da
importância dos fatos em nossas vidas e, munidos desses conhecimentos, tentamos modificar tudo
aquilo que não nos agrada ou que simplesmente achamos que podemos fazer melhor. Por isso,
devemos ouvir as Histórias.
Mas, podem perguntar os jovens de hoje: “para que ouvir as Histórias de tempos tão antigos,
se a modernidade de hoje é tão marcante e voltada para o futuro? Não será perda de tempo?” A
resposta é: não, de forma alguma. Afinal, somos fruto dessas Histórias, queiramos ou não. Dessa
forma, a modernidade de hoje é fruto de “algo” que aconteceu no passado que nos propiciou, em
nossa Era, a sermos tão científicos, modernos e futuristas.
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Para alguns filósofos, a História é como se fosse uma linha reta, em direção ao desenvolvimento
uniforme – mesmo que ás vezes tenha alguns tropeços nessa evolução – rumo a um estado sempre
mais perfeito. Em linguagem metafórica, diz-se o trem da História, como se História andasse em
algum trilho imaginário rumo ao desenvolvimento. À primeira vista, fazendo uma análise das
ciências exatas, pode-se deixar induzir por essa ideia. Afinal, ninguém duvida que oHomem está em
franco desenvolvimento tecnológico cientifico: do domínio do fogo, da criação da roda, do carro, do
avião, dos foguetes, dos voos espaciais, da chegada do homem à lua e do projeto de ir à Marte; das
ferramentas primitivas às mais novas tecnológicas robóticas; das primeiras inscrições nas cavernas
à internet; das fundições primitivas da idade dos metais às modernasmineradoras.
Enfim, até mesmo em nossas vidas percebemos, a cada dia, um crescente desenvolvimento
científico que ninguém sabe onde vai parar; se é que em algum dia a ciência se estabelecerá. Muitos
aprenderam a utilizar os teclados nos cursos de datilografia; a internet é um fenômeno de pouco
menos de 20 (vinte) anos. Hoje, ninguém imagina como seria a vida sem o windows, o e-mail, os
browsers de navegação, o Google. Vinte anos, em termos históricos, é insignificante. Nunca, na
História da humanidade, a aceleração do tempo foi tão sentida.
Mas fica uma dúvida: será que as Ciências Sociais também acompanham esse
desenvolvimento? Será que a humanidade, enquanto ser histórico-social, também se desenvolve em
linha reta sempre em rumo ao desenvolvimento? Ou será que às vezes as evoluções sociais ficam
estacionadas no tempo, quiçá não retrocedem? Frequentemente, os pensadores se debruçam sobre o
tema, mas ainda não se tem uma resposta definitiva.
Hegel e Marx, dois grandes pensadores modernos, afirmavam que o progresso social é uma
das características humanas. A História, cada qual dentro de sua perspectiva, seria um elemento que
induziria o Homem ao seu desenvolvimento certo, como se fosse um plano racional a ser
implementado aos poucos. Por essa visão, é comum inclusive falar em “infância, adolescência, fase
adulta e velhice da História dos povos”.
Há pouco tempo, um autor norte-americano, Francis Fukuyama, chegou a proclamar,
inclusive, que o “fim da História” tinha chegado. Defendia que o capitalismo e a democracia,
juntos, formariam o sistema social mais perfeito que o Homem pode inventar. Por isso, nada mais
de novo deveria acontecer na visão das Ciências Políticas.
Contudo, para outro pensador alemão, Schopenhauer, a História não é linear. Ele aduz que a
História apenas nos fala da vida dos povos e que só sabe nos contar sobre guerras, revoltas e
sofrimento. Assim, continua Shopenhauer, a vida de todo indivíduo é uma contínua luta, não apenas
uma luta metafísica, com a necessidade de se vencer o tédio (diário); mas uma luta real com os
outros indivíduos. A cada passo, encontra-se com o adversário, vive uma guerra contínua e,
finalmente, morre. Dessa forma, a História seria um acaso cego, sem previsão. O progresso social
seria, apenas, uma ilusão.
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Ademais, pelo estudo da História, percebe-se que o homem passou quase dezoito mil anos
de sua existência vinculado à terra, tendo como única fonte de renda a agricultura e pecuária; assim,
quem possuía a terra detinha o poder econômico e político. Depois, com o surgimento do
capitalismo mercantil, deslocou-se o poder econômico para aqueles que praticavam o comércio em
larga escala. O que fomentou, inclusive, as Grandes Navegações, que acabaram por fomentar a
colonização das Américas.
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A partir daí o capitalismo mercantil se desenvolveu para o capitalismo industrial e o país que
detinha mais indústrias era o mais desenvolvido. Dessa formam, os Estados unidos, com um parque
industrial sedimentado principalmente na indústria automobilística, atingiram o seu apogeu
econômico e político no século passado.
Hoje em dia, opera-se novamente um deslocamento do poder econômico. Não são mais as
grandes indústrias, modificadoras dos insumos em produtos manufaturados, que detêm as grandes
somas de dinheiro. O sistema econômico, e político, está concentrando-se cada vez mais nas ideias.
Vejam-se, por exemplo, as dificuldades enfrentadas pelas grandes montadoras automobilísticas e o
crescimento exponencial das empresas que vendem somente ideias.
Não sem razão empresas que sequer existiam há poucas décadas, hoje são o centro
gravitacional dos grandes investidores, tais como as já citadas Microsoft e Google, fazendo fortuna
em tempo recorde, como nunca se viu em toda a História da humanidade. Portanto,
indubitavelmente, a busca do conhecimento, ou seja, deixar de ser ignorante, é a matéria-prima mais
“cara” hoje em dia. Dessa forma, somente através do estudo da História do Direito e da Economia,
ou ainda, pelo estudo da História social, é que se pode notar os movimentos sociais, econômicos,
políticos e jurídicos que acontecem hodiernamente.
Portanto, não devemos apenas olhar para o passado de forma desinteressada do presente. De
nada adianta saber, se o conhecimento não for corretamente utilizado. Como afirmou Descartes,
conversar com a História de outros séculos é quase o mesmo que viajar. Naturalmente, é bom saber
alguma coisa dos costumes dos povos a fim de julgar melhor os nossos próprios hábitos. Mas,
quando dedicamos tempo demais a viajar, acabamos nos tornando estrangeiros em nosso próprio
país, ou pior, no nosso próprio tempo; de modo que quem é muito curioso nas coisas do passado, na
maioria das vezes, torna-se ignorante das coisas do presente. Pascal, outro grande filósofo,
coadunava com Descartes e afirmou, certa vez, que a História deve ser respeitada, mas não
venerada.
Assim, devemos ter sempre um olho para o nosso passado, para a nossa História, mas
sabendo que estamos com os pés no
Visando ampliar o nosso conhecimento, mais precisamente sobre a análise do Direito, cabe
ressaltar que a palavra Direito, no sentido amplo, vem dos romanos e é a soma da palavra
DIS (muito) + RECTUM (reto, justo, certo, aquilo que não possui curvatura) significando o
que é muito justo, o que tem justiça e o que é muito reto. Já no sentido comum, o Direito é
conhecido como o “conjunto de normas para a aplicação da justiça e a minimização de conflitos
de uma dada sociedade”. (Flávia Lages de Castro)
presente e outro olho em direção ao futuro.
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A palavra Direito também advém do advérbio DIRIGERE que significa ordenar e organizar.
O ser humano é quem faz o Direito e é para ele que o Direito é feito.
O Jurisconsulto romano Ulpiano nos dá uma lição do que é o Direito, descrevendo que à
palavra advém de Ius, a qual provem de justitia, pois (retomando uma elegante definição de Celso)
“o direito é a arte do bom, do justo e do eqüitativo”, separando assim o justo do injusto e
distinguindo o lícito do ilícito.
O Direito Público diz respeito ao estado das coisas de Roma, enquanto os Direitos Privados,
relativos à utilidade os particulares, pois certas utilidades são públicas e outras, privadas. O direito
público consiste (nas normas relativas) às coisas sagradas, aos sacerdotes e magistrados. O direito
privado é tripartido: é, de fato, coligido de preceitos naturais, ou das gentes, ou civis.
Essa necessidade do conhecimento do objeto, antes de uma análise de seus pontos, é a base
para a compreensão global do objeto de estudo de qualquer ciência
A pesquisa histórica foi revolucionada nos últimos tempos. Trata-se de uma combinação de
história de eventos e de estruturas. Ex.: à história das práticas cotidianas, do imaginário social, das
mentalidades etc. Na tradição aberta pela escola francesa dos Annales.
“Não são as leis que formam uma sociedade, mas que estas (leis), históricas em si,
são feitas a partir do que uma sociedade pensa ou deseja de si”. (Flávia Lages de
Castro)
“O direito pode ser visto como ordenamento, isto é, como o conjunto de regras e leis
(estudar direito seria então estudar leis e princípios); pode ser visto como uma
cultura, um espaço onde se produz um pensamento onde se produz um pensamento,
um discurso e um saber; e pode ser visto como um conjunto de instituições, aquelas
práticas sociais reiteradas, as organizações que produzem e aplicam o próprio
direito”. (Lawrence Friedman)
O que efetivamente vale e obriga como direito? O costume ou a lei? Se o costume, a regra é
“quanto mais antiga, mais vale”. Se a lei, “a mais recente, mais revoga a anterior”.
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Neste sentido, existe um vastíssimo campo do saber a ser desbravado na disciplina jurídica a
que nos propomos estudar e aprender, pois estamos sempre reformando o Direito, inclusive ouso
dizer que no Brasil resta tudo por fazer, principalmente no que se refere ao campo particular da
História do Direito. Assim, buscar as respostas para tais questionamentos são importantes para a
compreensão do que é História, História do Direito e do próprio Direito em si.
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O que é História?
Analisar a história não é algo fácil, tendo em que contar sobre algo é muito, muito
dificultoso. Não pelos anos que já se passaram, mas pela astúcia que têm certas coisas passadas.
A história só é história na medida em que não consente nem no discurso absoluto, nem na
singularidade absoluta, na medida em que o seu sentido se mantém confuso e misturado.
“O homem se parece mais com seu tempo com seus pais”. (Professor Marc Bloch)
Plagiando o ditado árabe, poderíamos afirmar que o direito se parece com a necessidade
histórica da sociedade, que o produziu; é, portanto, uma produção cultural e um reflexo das
exigências dessa sociedade.
Para alguns filósofos, a História é como se fosse uma linha reta, em direção ao
desenvolvimento uniforme – mesmo que ás vezes tenha alguns tropeços nessa evolução – rumo a
um estado sempre mais perfeito. Para Gabriel Garcia Márquez entende que a História não é linear,
mas cíclica, repetitiva, que não muda, como se fosse um movimento espiral infinito, apesar do
desenvolvimento tecnológico.
Certo é que para entendermos quem somos, como pensamos e sentimos, é necessário, como
já dito, que tenhamos consciência da nossa História, do nosso passado. E assim, quem sabe,
podemos antever um pouco o nosso futuro. Devemos aprender com a História o que o Homem já
fez e deu certo para repetir esses atos. E devemos aprender o que deu errado e tentar evitar esses
erros. É óbvio que quem não conhece a História pode continuar repetindo os mesmos erros e
esquecer os acertos. Sem a transmissão do conhecimento, nunca haverá qualquer tipo de
desenvolvimento.
Importante destacar que o Direito é a própria História da nossa humanidade. Não há como
separar os dois elementos. Apesar de a História poder ser vista por várias facetas, tais como pelas
artes, pela culinária, pela filosofia, pela medicina, pelo desenvolvimento científico e tecnológico, é
justamente pela noção jurídica dos povos que se tem uma correta interpretação do mundo pretérito e
de cada cultura.
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Assim, a ideia primeira, ao se iniciar a elaboração desta pesquisa, era apenas contar a
História do pensamento jurídico. Porém, pelo desenvolvimento do trabalho, foi-se percebendo que a
História do homem é, indefectivelmente, uma História do mundo jurídico, isto é, uma História do
Direito.
Dessa forma, o conhecimento da História serve para nos revelar e iluminar o nosso caminho
para o futuro. Ao compreendermos como nos formamos, poderemos tentar nos entender melhor e,
assim, construir um futuro melhor. Ou seja, só através do conhecimento da nossa História, como os
seus erros e acertos, poderemos caminhar para o desenvolvimento social previsto por Marx e Hegel.
Sem o conhecimento do passado as sociedades andam ermas, podendo sempre repetir os mesmos
erros, como previu Schopenhauer.
Portanto, não devemos apenas olhar para o passado de forma desinteressada do presente. De
nada adianta saber, se o conhecimento não for corretamente utilizado. Como afirmou Descartes,
conversar com a História de outros séculos é quase o mesmo que viajar. Naturalmente, é bom saber
alguma coisa dos costumes dos povos a fim de julgar melhor os nossos próprios hábitos. Mas,
quando dedicamos tempo demais a viajar, acabamos nos tornando estrangeiros em nosso próprio
país, ou pior, no nosso próprio tempo; de modo que quem é muito curioso nas coisas do passado, na
maioria das vezes, torna-se ignorante das coisas do presente. Pascal, outro grande filósofo,
coadunava com Descartes e afirmou, certa vez, que a História deve ser respeitada, mas não
venerada.
Assim, devemos ter sempre um olho para o nosso passado, para a nossa História, mas
sabendo que estamos com os pés no presente e outro olho em direção ao futuro.
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Devemos lembrar sempre que tudo o que fazemos traz o signo ou significado da história,
pois ela desempenhará o papel da desmistificação, ou seja, o eterno e ajudará a compreender que
vivemos no tempo da ação.
Existe um péssimo hábito de não nos darmos conta ou mesmo de tentarmos conhecer a
nossa história. Ela sobrevive inconscientemente entre nós, como tradição ou costume.
“Conhecer-se a si mesmo significa saber o que se pode fazer, sendo que o valor da
história está então em ensinar-nos o que o homem tem feito e, deste modo, o que o
homem é”. (Collingwood)
Neste momento devemos nos perguntar: O que é História do Direito? Quais pontos a
História e o Direito têm em comum? Qual o objetivo do estudo de História do Direito?
Neste sentido, entende-se por cultura “o processo pelo qual o homem acumula as
experiências que vai sendo capaz de realizar, discerne entre elas, fixa as de efeito favorável e, como
resultado da ação exercida, converte em ideias as imagens e lembranças”. Isto é, tudo o que o
homem produz faz parte da cultura do homem.
Segundo Marc Bloch, “O tempo verdadeiro é por sua própria natureza um contínuo. É
também mudança perpétua”, pois fomos precedidos por gerações diferentes de nós e seremos
sucedidos por gerações diferentes de nós.
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Neste sentido, verifica-se que a História do Direito volta a ter um lugar nos cursos jurídicos
depois de várias décadas de abandono. A razão de ser deste interesse renovado creio que vem da
situação de mudanças sociais pelas quais passa a nossa sociedade neste início de século, pois cabe
ressaltar que é “em tempos de crise, uma sociedade volta seu olhar para o seu próprio passado e
ali procura por algum sinal”. (Octavio Paz)
A referida disciplina encontra-se atualmente no rol maior das cátedras tidas como basilares à
formação jurídica de seus bacharéis em Direito.
É fato que a História do Direito foi uma disciplina desprestigiada por grande parte das
academias brasileiras, apesar de seu papel primordial na construção do saber jurídico de nossos
bacharéis.
Segundo Michel Villey: "Alguns estudantes acham que falta ao nosso ensino algo de
fundamental. Não sabemos bem o que encontraremos, nem em que se fundam nossos
conhecimentos; para onde vamos e de onde partimos. Faltam o fim e os princípios. É como se nos
explicassem o guia das estradas de ferro sem nada nos dizer do destino da viagem, nem da estação
de partida".
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Nossos estudantes se mostram sempre cheios de expectativas que deveriam ser nutridas e
jamais desestimuladas por atos de negligência ou omissão por parte de profissionais que visam
transmitir conhecimento, e é por este motivo que ressalto a importância do estudo da História do
Direito.
A história do Direito é primordial para o estudante de Direito na medida em que o auxilia na
compreensão das conexões que existem entre a sociedade, suas características e o direito que o
produziu, “treinando o acadêmico do curso de Direito” para uma melhor visualização e
entendimento do próprio direito em si.
Neste sentido, devemos lembrar que o valor do estudo da História do Direito não está em
ensinar-nos tão somente o que o direito tem “feito”, mas o que o direito “é”. Assim, podemos
pensar de fato em uma História do Direito. Não com um olhar descritivo sobre leis do passado que
parecem ter surgido do nada, mas a partir do caráter, intenção e noções de moral e objetivos dos
povos que acharam por bem escrever suas normas.
Segundo o autor Rodrigo Arnoni Scalquette, quando construímos uma casa é importante
fazermos um bom alicerce com ferro e concreto para depois edifica-la. Da mesma forma serve a
História do Direito para o curso de Direito. Para chegarmos às disciplinas tradicionais, como o
Direito Civil e Direito Penal, há necessidade de fazermos um bom alicerce, e esse alicerce é dado,
dentre outras disciplinas, pela História do Direito.
A História do Direito nos ensina que o Direito não surgiu espontaneamente, mas sempre
esteve condicionado a incontáveis ordens da realidade, nunca estáticas, mas dinâmicas, e que se
alternam conforme estáticas, mas dinâmicas, e que se alternam conforme igualmente se modificam
outros inumeráveis fatores que a vida continuamente proporciona.
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Em linhas gerais, pode-se dizer que a Filosofia do Direito, a Introdução ao Estudo do Direito
e a Sociologia Jurídica possuem correlação direta com os pressupostos oferecidos pela História do
Direito. As duas primeiras pelo fato de que se propõem a investigar a própria razão de ser do
fenômeno jurídico e a essência teórica do universo normativo. A terceira, pela tentativa de adequar
o papel exercido pelas regras de conduta no contexto social e sua utilidade nesse mesmo ambiente.
Dentro das disciplinas que podem ser consideradas eminentemente históricas nos possuímos
o Direito Romano e o Direito Canônico.
Tanto o Direito Romano, como o Direito Canônico, são duas disciplinas que se caracterizam
por serem eminentemente históricas. Também devemos ressaltar a importância da Antropologia
Jurídica, a qual cuida, em sua essência, de investigar as mais remotas manifestações do fenômeno
jurídico. A Antropologia Jurídica revela-se de capital importância para o conhecimento da chamada
"gênese" do Direito.
Portanto, para o conhecimento da História do Direito, assim como para o conhecimento do
próprio Direito, devemos buscar conhecer várias outras disciplinas e ciências, como: A sociologia, a
filosofia, a Dogmática Jurídica, a hermenêutica jurídica, a teologia, a psicologia, a medicina legal,
dentre muitas outras.
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Nenhum outro país da América Latina se destaca tanto quanto o México no campo da
Antropologia Legal. Na Argentina, no Brasil, no Paraguai e no Uruguai são praticamente
inexistentes obras de Antropologia Legal, principalmente no mercado editorial brasileiro.
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a) metodologia doutrinária:
2º– Suspeita do romantismo: A história do direito que se fez antes foi uma história
romântica. Ex.: Escola histórica de Savigny, pois Savigny no começo do século XIX,
tinha como propósito claro combater as pretensões dos legisladores alemães que se
inspiravam no Código Civil Francês. Ele rejeitava a um só tempo o afrancesamento do
direito dos povos de línguas alemã e a elevação da lei ao caráter de fonte primária do
Direito. Dizia ele, deveria contar o “espírito do povo”, então caberia aos professores
falarem em nome do povo.
3º– Suspeita das continuidades: “O tempo verdadeiro é por sua própria natureza um
contínuo. É também mudança perpétua”, pois fomos precedidos por gerações diferentes
de nós e seremos sucedidos por gerações diferentes de nós. (Marc Bloch)
A história pode nos mostrar-nos que as coisas nem sempre foram assim, por exemplo,
na segunda metade do século XIX, quando os juristas debatiam sobre a abolição, o tema
proeminente do debate era o direito de propriedade dos senhores. A Constituição
Imperial, entre os direitos individuais inalienáveis, registrava o direito de propriedade:
Como então abolir a escravidão sem indenizar os senhores pelo seu “direito adquirido”?
E no que se refere ao fim do patriarcalismo que quer dizer alteração completa das
relações entre os gêneros (sexos) e que estabelece novas formas de interação familiar.
4º– suspeita da ideia de progresso e evolução: Devemos ter cuidado diante das concepções
organicistas e evolucionistas. O futuro é contingente e aberto. Com vai ser ele?
Devemos imaginar que o nosso presente é um puro desenvolvimento evolutivo e natural
do passado que nos precedeu.
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adquirido.
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Referências Bibliográficas
Bibliografia Básica
GLASENAPP, Ricardo (Org.). Introdução ao direito. 2 ed. São Paulo: São Paulo : Pearson, 2019.
Bibliografia Complementar
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2017. (Biblioteca Física
ISCON – 2 exemplares)
MEZZOMO, Clareci. Introdução ao direito. São Paulo:Educs, 2011. (Biblioteca Virtual Universitária -
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