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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA SUPERIOR DE DESENHO INDUSTRIAL - ESDI


GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

HISTÓRIA E TEORIA DA ARTE E ARQUITETURA 4 - 1ª Avaliação - 2022.2

Alexandre José da Silva , Marcos Vinícius Antonio dos Santos, Mariana Sportitsch Rodrigues Valente
e Thaís de Araújo

Professor Arthur Tavares

O RACIONALISMO ESTRUTURAL EM AUGUSTE PERRET E PIER


LUIGI NERVI

Petrópolis – RJ

2022
SUMÁRIO

1) O que é racionalismo estrutural

2) Auguste Perret, Pier Luigi Nervi e o Racionalismo Estrutural

3) Racionalismo Estrutural

3.1) Origem e impacto do movimento

3.2) Características do movimento

4) Principais obras de Auguste Perret

4.1) Apartamentos da Rue Franklin

4.2) Garagem da Rue Ponthieu

4.3) Igreja de Nossa Senhora do Raincy

4.4) Sede da FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado

5) Principais obras de Pier Luigi Nervi

5.1) Estádio Artemio Franchi

5.2) Catedral de Santa Maria da Assunção

5.3) UNESCO Headquarters em Paris

5.4) Embaixada da Itália em Brasilia

6) Consequências do racionalismo na história

7) Referências bibliográficas
1) O que é racionalismo estrutural

O Racionalismo aparece na filosofia a partir de René Descartes. Ele é responsável por


influenciar e iniciar o movimento Iluminista na Europa, principalmente na França, a partir do século
XVII. Descartes é responsável pelo desenvolvimento do pensamento cartesiano, dizendo que o
homem não pode alcançar a verdade pura através de seus sentidos: as verdades residem nas abstrações
e em nossa consciência, na qual habitam as ideias inatas. As obras do filósofo são consideradas
fundamentais para a criação de um novo mundo, um mundo moderno que queria apresentar uma nova
ideia de “verdade”, além da divina, presente no mundo ocidental desde a Idade Média. O movimento
Racionalista vê que toda a “verdade” provém da razão do Homem e não do divino. O Racionalismo
apresentava uma filosofia dedutiva, partindo do geral para o particular, a “verdade” vindo das
experiências do indivíduo.

O pensamento Racionalista aparece na Arquitetura ocidental durante o Iluminismo com


movimentos arquitetônicos como o neoclassicismo, onde os fundamentos intelectuais da arquitetura
são baseados na ciência, na razão criativa, enfatiza formas geométricas puras e proporções ideais. O
termo Racionalismo Estrutural refere-se a este movimento iluminista, fortemente presente na França
do século XIX, ligado a arquitetos teóricos como Eugène Viollet-le-Duc e Auguste Choisy. A
Arquitetura racionalista era uma oposição às tradições e crenças presentes nos modelos arquitetônicos
da época, ela priorizava a forma advinda da mente, a razão, materializa a forma final que é o objetivo
do arquiteto.

Desde o final do século XIX, com a necessidade de ruptura teórica e de uma nova linguagem,
o Racionalismo Estrutural era o movimento arquitetônico no início do século XX que tinha forte
influência estética do cubismo. Este movimento arquitetônico e artístico influenciou os movimentos
como Art Nouveau e Art Déco e posteriormente, durante o as duas Grande Guerras (1914-1945), foi
grande influência para o Movimento Moderno, influencia as escolas arquitetônicas e artísticas como o
Purismo, Neoplasticismo, Bauhaus, Constructivismo soviético. Essas escolas preferiam as certezas da
razão à indeterminação da experiência que era adotada nas escolas de arquitetura clássica.

Os arquitetos do início do século XX chamados de “Racionalistas’’ pretendiam tanto reciclar


quanto modernizar o classicismo presentes nas academias de artes na Europa, tenta conciliar o
ecletismo vigente ao racionalismo, criar um produto pragmático com atualizações técnicas
construtivas disponíveis - concreto armado- , utiliza de materiais novos - madeira, ferro, metais -,
estruturas aparente, coberturas planas, não uso de ornamentações nas fachadas, grandes superfícies
envidraçadas e a preocupação com o espaço interno do edifício constitui novas formas e as tendências
construtivistas com o máximo de economia na utilização do solo e na construção. A ideia é de que a
forma artística deriva de um método, ou problema, previamente definido, o que leva à
correspondência entre forma e função, caracteriza a arquitetura racionalista formalista.

2) Auguste Perret, Pier Luigi Nervi e o Racionalismo Estrutural

Os Arquitetos racionalistas Auguste Perret e Pier Luigi Nervi incorporaram as virtudes do


racionalismo estrutural ao longo do século 19 nos seus edifícios. Auguste Perret nasceu na Bélgica,
filho de pais franceses que se refugiaram na Bélgica por questões políticas. Ele estudou na escola de
belas artes de Paris, “École de Beaux-Arts”, porém interrompeu seus estudos para trabalhar na
empresa de construção do seu pai. Logo começou a construir, sempre seguindo a argumentação de que
a construção é a língua do arquiteto, mas arquitetura é mais do que apenas construção, pois requer
harmonia, proporção e escala.

O problema central para Perret era conciliar as oportunidades tecnológicas abertas pelo uso do
concreto armado com a estética e o pensamento de Viollet-le-Duc, de que foi discípulo, os estudos de
Auguste Choisy e era amigo pessoal de Julien Guadet. É considerado o último teórico clássico
racionalista, pioneiro em construções com concreto armado nas obras arquitetônicas. Para Perret, o
concreto era o material que poderia possibilitar a mescla entre a tradição acadêmica francesa com o
ecletismo e o racionalismo estrutural gótico de Viollet-le-Duc, onde concreto era o esqueleto de uma
estrutura composta por elementos formalmente independentes e articulados entre si.

Já Pier Luigi Nervi, foi um engenheiro e arquiteto italiano. Ele estudou na Universidade de
Bolonha na Itália e se formou em 1913. É conhecido mundialmente como engenheiro estrutural e
arquiteto racionalista formalista e por seu uso inovador de concreto armado. Sua vida profissional foi
fortemente influenciada pelas duas Grandes Guerras e pelo fascismo italiano o pós-guerra e
consequentemente as crises econômicas derivadas disso.

Nervi via naquele novo método de construção algo que fosse econômico e singular nas suas
construções. Ele acreditava no "princípio da economia”, uma teoria da engenharia moderna representa
a extrema racionalidade, garantindo também “beleza’’. As estruturas monolíticas das cúpulas ricas
cúpulas ricas e espessas criadas por ele, destacavam a distribuição equilibrada de forças para que
aparecesse como uma “verdade revelada”. É o postulado da honestidade estrutural, reforçado nas
obras de Nervi, pelo postulado da honestidade da construção relacionados com as condições culturais
e sociais tanto nacionais como mundiais.

3) Racionalismo Estrutural

3.1) Origem e impacto do movimento


O movimento do racionalismo estrutural foi notório durante o final do século XIX pela
Europa, a origem de tal pensamento no entanto, possui fatores ligados a diferentes nichos, como o
campo social, econômico, filosófico e artístico da época. Durante a Segunda Revolução Industrial, em
meados do século XIX, se instalaram novos desafios para os arquitetos desse período, pois
especialmente nos anos entre 1850 e 1880, foi notável o desenvolvimento e a expansão de várias
cidades europeias, como Paris, Viena, Bruxelas, entre outras. O crescimento destas cidades é um
importante fenômeno sociológico ligado à afirmação da economia industrial, algo que obteve muito
maior extensão e visibilidade do que nos séculos anteriores. Concomitantemente, nesse período,
formou-se um novo planejamento urbano em que o transporte, a infraestrutura em geral, o comércio, a
indústria e a gestão urbana ganham extrema importância e atenção. O desenvolvimento urbano
ganhou ainda mais força com a afirmação do liberalismo e de correntes teóricas, que visavam o
progresso através da ciência e tecnologia com base no positivismo, um viés filosófico utilizado para
validação social com caráter científico, durante o surgimento da indústria e que nessa ocasião serviu
de princípio para a formação de uma nova tectônica racionalista no campo da arquitetura.

Por esta razão a construção de monumentos sociais e culturais como museus, teatros e escolas
foi muito marcante nessa época. Neste momento, a arquitetura começa a ser vista de fato como uma
ciência da qual é influenciada por pensamentos iluministas do período. Tal constatação começa a ser
evidenciada na enfatização de formas geométricas e das proporções ideais presentes nas construções,
de modo que ocorre uma grande desvalorização da École des Beaux-Arts e tem-se em seu lugar a
École Polytechnique de Paris, que começa a ganhar mais espaço e prestígio no decorrer do tempo,
defendendo um dos preceitos que dizia que a forma final do objeto não era uma forma natural, mas
sim uma forma advinda da mente e da razão, a qual seguia a funcionalidade dos objetos.

Alguns outros movimentos seguintes que surgiram no período, tiveram contribuição direta do
racionalismo estrutural. Dentre eles se destaca o cubismo, o qual estreitou a tendência racionalista.
Este movimento traz consigo várias inovações na forma de se expressar arquitetonicamente, como a
continuidade espacial, contendo fachadas e plantas livres de estruturas e rompendo de vez, várias
características da estética renascentista.

Outro movimento decisivo para o desenvolvimento da linhagem racionalista no campo da


arquitetura é a Bauhaus, escola fundada em 1919 e uma das precursoras do modernismo do século
XX. Algumas de suas características era a unção da arquitetura, arte e design além de integrar o
urbanismo neste meio, valoriza a funcionalidade e o construtivismo por toda sua integração. É notório
que a arquitetura racional ressoou em vários países da Europa, dentre eles se destaca, a Itália, onde
nasceu o Gruppo 7, um conjunto de sete arquitetos que valorizavam o classicismo histórico e visavam
o futurismo e a modernidade arquitetônica. Destarte, outro grupo formado a partir desta filosofia, foi o
grupo ASNOVA, na então URSS. Esta associação surgiu em 1923 e já era considerada modernista no
seu aspecto.

3.2) Características do movimento

O racionalismo estrutural obteve muitas influências que moldaram a sua forma de conceber
uma construção, assim como a estética de todo o processo. Estes influxos ressaltam tanto no campo
social, como também no artístico, econômico e filosófico. Enquanto no realismo do campo literário
era valorizada a objetividade sem idealizações (a qual entrava em oposição à estética do romantismo),
no campo filosófico, o século era de Freud, Darwin, Malthus e Marx onde todos os pensadores
possuíam uma fundamentação crítica da comunidade, ligada à área de maior atuação de cada um e que
era baseada em estudos e teorias com viés de caráter científico e embasado em contrapontos fatuais.

De tal forma, o resgate dos preceitos básicos da arquitetura foi algo recorrente durante a
construção do racionalismo estrutural, destarte, uma das linhagens teóricas utilizadas para sua
constatação foi o livro ‘Ensaio sobre arquitetura’ de Marc-Antoine Laugier. Nesta obra, o autor
comenta sobre a cabana primitiva e em como a funcionalidade se torna um tema central no ramo
arquitetônico. Para Laugier, a essência de um edifício era composta por três elementos principais,
pilar, viga e telhado, algo que remetia ao trilítico grego ou a uma arquitetura vernacular, fatores que
retomam, em partes, o historicismo e a recuperação da tradição clássica.

A ideia principal era conceber o novo com a manipulação do preexistente de maneira criativa.
Portanto, ocorre nesta fase, um resgate de estilo construtivo de três principais períodos, dos quais
comandavam as formas arquitetônicas. São eles: Período clássico da arquitetura grega, com a
influência no racionalismo estrutural, onde a valorização da lógica na construção, da simplicidade e
do rigor são pontos principais e servem de base no racionalismo estrutural. Outrossim, o período
romano também teve grande influência com o surgimento das abóbadas, e por fim o período medieval
com a estrutura ogival, onde se valorizou a função estrutural de uma construção, além da facilitação
de sua verticalidade. Todos estes períodos ressaltam algumas características da arquitetura racionalista
em que possuem plantas com fachadas livres, desenvolvimento horizontal, além de uma maior
exploração dos sistemas construtivos pré existentes, tal qual o concreto armado, o aço e o vidro.

4) Principais obras de Auguste Perret

Nos próximos tópicos, analisaremos brevemente algumas das obras mais relevantes na
carreira de Auguste Perret. A fim de abranger diversidades neste tópico, separamos quatro obras que
divergem e convergem entre si em alguns aspectos, tais como data de construção, funcionalidade,
materialidade e localidade.

4.1) Apartamentos da Rue Franklin


Em primeira análise, Perret, como já citado anteriormente, vem de uma família que possui
histórico no ramo de construção civil, herda do pai, ao lado de seu irmão, sua empresa, Perret et
Fréres, em 1905, torna-se assim, um especialista em concreto armado. Um dos primeiros projetos na
carreira de Auguste, bem como um dos seus mais importantes, foi o edifício de habitações na Rue
Franklin, projetado pelo herdeiro da empresa, entre 1902 e 1904.

Nesse sentido, Auguste Perret lançou moda na arquitetura da capital francesa, pois saía do
papel o primeiro edifício residencial cujo esqueleto era feito inteiramente em concreto armado, na
25-bis Rue Franklin, além de possuir uma decoração inteiramente ornamentada com elementos
fitomorfos, evidencia características do Art Nouveau. O edifício foi pioneiro no uso de estrutura
porticada em betão armado, que se destaca igualmente pela volumetria em forma de U e pelo
revestimento exterior com azulejos.

Figura 1 - Apartamentos da Rue Franklin

Em termos de composição, o Edifício da Rue Franklin condensava fachadas divididas em


cinco compartimentos que se estendiam por seis andares, realçados pelas estruturas de duas sacadas
abertas, até um piso adicional “de remate” antes de retroceder. A articulação proveniente de suas
colunas e a elevação de seu telhado conferem algo de gótico à estrutura ortogonal, sendo algo
característico de Perret, visto que combinava teorias modernas a elementos góticos, se preocupando
sempre com texturas e detalhes. Sua fachada em “U”, com uma protuberância exaltada em suas
extremidades, contribui para enaltecer essa característica.

É interessante ressaltar que a fachada principal daria ora com as janelas ora com os sólidos
revestidos de cerâmicas em mosaicos, conferindo um ar de Art Nouveau, enquanto o restante da
estrutura em concreto armado desse edifício foi revestida para sugerir uma construção de lintéis e
pilares em madeira, algo mais voltado para o Racionalismo.
Figuras 2 e 3 - As imagens evidenciam os mosaicos e a protuberância da forma em U que caracteriza
a fachada frontal

A edificação é um dos primeiros estudos em concreto armado de Perret e é classificado por


Sigfried Giedion como o primeiro exemplo de planta “livre” ou flexível na arquitetura. A parede
externa, que parece ser de alvenaria portante perfurada por janelas, desaparece no nível da rua para ser
substituída por vidraças e um terraço na cobertura. A forma em “U” da planta baixa, côncava em
direção a rua, transfere o pátio interno ou poço de luz para a frente do edifício e torna possível uma
relação visual entre os diferentes cômodos de um apartamento.

O apartamento “tipo” possui apenas 1 dormitório, com uma integração dos compartimentos,
que permite contato entre a sala de jantar e estar com o dormitório. O apartamento ainda possui dois
balcões para a rua e, no sétimo pavimento, a edificação recua e cria um terraço em toda a extensão da
edificação. No nono pavimento a edificação recua novamente e cria um terraço em um andar com uso
inadequado e obsoleto para os dias de hoje, possuindo quartos para empregados.

Figuras 4 e 5 - Planta baixa original, à esquerda, e digitalizada, à direita, do apartamento tipo do


sétimo pavimento da edificação
Desse modo, a edificação fica para a história como um marco icônico, por sua infraestrutura e
mistura de elementos de diversas vertentes arquitetônicas. Além disso, o edifício representa bem a
realidade sócio-cultural do período em que foi projetado, pela divisão de ambientes internos e
escolhas estéticas e funcionais para a fachada frontal. Sendo assim, justificamos a inclusão do projeto
neste tópico, que possui, em sua grandeza, pés direitos altos, grandes vidraças, balcões e terraços de
cobertura, sendo fatores em um novo modo de pensar sobre viver em apartamentos, que mudam
também o foco do interior para a luz e o espaço do exterior.

4.2) Garagem da Rue Ponthieu

Ao dar continuidade ao tópico 4, achamos interessante o projeto da Garagem Ponthieu, de


1905, que o arquiteto utilizou o mesmo sistema estrutural em pórticos de betão armado, perceptível na
fachada, que fora demolida em 1970, apesar de se destacar por sua forma e seu pioneirismo de traços
brutalistas, distintos para a época. Nessa época, entre 1891 e 1914, surgiram os primeiros automóveis.
Portanto, tornou-se necessário construir garagens para abrigá-los, principalmente na capital francesa,
potência industrial à época.

Figura 6 - Exterior e Interior da Garagem automobilística da Renault


Na fachada da rua, a estrutura de suporte de concreto é legível . O recheio é feito de vitrais ,
incluindo um impressionante vitral geométrico ao centro. Em torno de uma grande rosácea, que se
assemelha também a um feixe de um farol de automóvel, a fachada, onde o racionalismo construtivo
se manifesta esteticamente, é construída em concreto armado bruto que, por dentro, compõe toda a
estrutura portante. O edifício estreito tem dois andares de galeria, além de oficinas no terceiro andar,
que são mais bem iluminadas e ventiladas. Uma plataforma giratória mecânica, elevadores de carros e
pontes rolantes permitem que carros particulares sejam direcionados para sua vaga reservada ou para
o pátio de lavagem, localizado na parte de trás do lote. Um showroom, tipo uma vitrine, e
concessionária é colocado na fachada frontal.

A arquitetura de ponta no uso de materiais destinados à indústria no uso residencial também


foi o precursor do estacionamento automatizado, com pontes que ligavam as duas zonas laterais e
podiam se deslocar ao longo da planta. A operação hoje parece bastante substancial, mas na época foi
revolucionária essa abordagem que propunha que, além de demonstrar o entusiasmo pelas máquinas,
produzia uma espacialidade mais que interessante para um programa que era visto como um dos
problemas do futuro.

O veículo entra e percorre a planta até o intervalo onde, através de uma plataforma giratória, é
acessado o elevador que leva o carro aos andares e ali o carro entra em plataformas, semelhantes a
uma ponte rolante, que se deslocavam para a posição onde o veículo tinha que estacionar.
Figuras 7 e 8 - Planta baixa original, à esquerda, e interior da edificação, à direita, evidencia formato
individualístico da construção e a entrada de luz e ventilação natural.

Dessa forma, a proposta se completa maximiza a iluminação natural através de uma cobertura
de vidro sobre o duplo pé-direito central, que também se eleva para permitir a ventilação natural. A
fachada mostra para o exterior o que acontece no interior e, realmente, Ponthieu pode ser considerado
o primeiro edifício que mostra totalmente a estrutura de concreto com vigas e colunas, mostra isso
com atrevimento, tanto dentro como fora.

Sendo assim, com a Garagem da rua Ponthieu, Perret mostra sua engenhosidade e técnica
neste edifício, com uma clareza que não é muito comentada, porém, que despertou o interesse no
grupo deste estudo por não ser um edifício de função convencional, e por ser importante para a época
em questão da ascensão concessionária. Embora o edifício tenha desaparecido, o compromisso com o
espírito de uma época que começava ainda nos inspira, traduzindo-se, assim, em aprendizado e
experiência para futuras obras e projetistas.

4.3) Igreja de Nossa Senhora do Raincy

A seguir, analisaremos uma das obras mais notáveis na carreira de Auguste Perret, que foi a
Igreja de Notre Dame, ou Igreja de Nossa Senhora, em Le Raincy, uma pequena cidade perto de Paris,
entre 1922 e 1923. A igreja foi provavelmente a obra que possibilitou a difusão e propagação de suas
ideias e possibilidades estruturais a respeito do uso concreto armado.

Em primeira análise, sua composição é caracterizada por uma fusão do racionalismo clássico
e o ideal greco-gótico. Nesse sentido, possui 53 metros de comprimento e 19 metros de largura,
conseguindo alcançar incríveis 43 metros de altura, no ponto máximo do campanário. Sua estrutura é
composta completamente em concreto armado, sendo a primeira Igreja a possuir essa característica,
formada por 32 pilares de 11 metros de altura cada, com vão longitudinal de 10 metros. Estas colunas
podem ser interpretadas tanto em termos representativos, como ontológicos: primeiro, pela presença
evidente de um suporte de concreto armado sem revestimento; segundo, pelas marcações estriadas na
vertical produzidas pelas ripas de madeira originadas das formas das colunas. Estes filetes concedem
um perfil ambíguo que podem ser interpretados primeiramente como “caneluras da ordem dórica, ou
de outra parte das formas cilíndricas apinhadas do típico pilar gótico”.

Figura 9 e 10 - Vista fachada frontal da Igreja de Nossa Senhora do Raincy e vista interna da igreja
em obras, com as colunas de dupla altura sustenta a laje do coro, respectivamente

Perret também disserta sobre o “efeito floresta” gerado pelo já citado ato de descolar os
pilares da vedação vertical, cria efetivamente três naves estruturais, com 4 linhas de pilares
longitudinais:

“Neste edifício separamos completamente as colunas das paredes, permitindo que a


vedação transcorra livremente fora delas. Ao desenhar todas as colunas soltas, formam-se
quatro fileiras de colunas ao invés das duas habituais. O maior número de colunas no
campo de visão tende a incrementar enormemente o tamanho aparente da igreja,
produzindo uma sensação de espacialidade e grandiosidade. A esbeltez das colunas, sua
maior altura e a falta de detalhes auxiliam a materializar este efeito”.

Sobre a desvinculação da parede do suporte, Perret almejava que as "paredes-vitrais", as que


são compostas por elementos geométricos, formam um padrão cruciforme no centro de cada
intercolúnio e estão colocadas de forma que o seu topo coincide com o pequeno balanço provocado
pela projeção da abóbada longitudinal, que se debruça sobre a vedação e conecta os seus montantes,
proporciona estabilidade e rigidez ao extenso plano vertical.
Figura 11 - Interior da Igreja, onde os raios luminosos ficam em evidência no momento em que
transpassam pelos vitrais

Sendo assim, em Le Raincy, o acabamento singelo é dominado pelo vigor e elegância das
proporções. O resultado desta composição sintática da estrutura de concreto é, além de uma “imagem
nostálgica de um pseudo-gótico”, um marco na questão da planta e fachada livre que Le Corbusier
formularia em seus cinco pontos de 1926, dois anos depois da conclusão das obras da igreja.

4.4) Sede da FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado

A última obra de Perret a ser construída, bem como a última obra em análise deste tópico, foi
o Museu de Belas Artes de São Paulo, sede da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
Inicialmente, o projeto foi esboçado por Armando, no ano de 1938, quando o conde registrou em seu
testamento a vontade de criar uma escola de artes e uma pinacoteca. O projeto foi feito por Perret,
entretanto, o prédio da FAAP ficou pronto 20 anos depois de sua morte, em 1974.

Figura 12 - Fundação Armando Alvares Penteado

O edifício configura-se como um bloco pavilhonar de dois pavimentos, assentados sobre um


piso-embasamento que o acomoda na topografia. No piso superior seriam instaladas a pinacoteca e as
exposições temporárias, e no piso inferior uma escola de artes plásticas.
É possível destacar várias características da obra de Perret nesta edificação: a organização do
bloco é nitidamente simétrica; a escadaria lembra a que o arquiteto criou para o Teatro do
Champs-Elysées, obra que decidimos não citar neste trabalho, mas nem por isso menos importante,
projetada por Perret e inaugurada em 1913, e os pequenos vitrais, que compõem um grande mosaico,
aproxima-se da luz colorida da catedral Notre Dame du Raincy, obra já citada anteriormente neste
tópico.

Figura 13 - Vitrais em mosaico, característico de projetos de Auguste Perret

É interessante comentar que os vitrais que compõem as paredes do edifício são de autoria de
artistas plásticos brasileiros, tais como Cândido Portinari, Aldemir Martins, Tarsila do Amaral,
Djanira e outros. A frente deste mosaico, seria a área destinada ao deleite, da festa, onde o visitante
em um breve passeio poderia ver as obras mais famosas; e nas galerias laterais (simétricas) as obras
deveriam ser classificadas por uma ordem cronológica.

Quanto à estrutura, Perret enfatiza “se a estrutura não é digna de estar aparente, o arquiteto
conduziu mal a sua missão”. Desse modo, a estrutura teria solidez para durar e transmitir os tesouros
para as gerações futuras. Por isso que Perret tanto defende o concreto armado para constituir a
ossatura do museu, dar tanto destaque à iluminação também, visto que um museu deve ser um edifício
bem iluminado e bem protegido das variações exteriores de temperatura e de umidade do ar;
elementos que produzem as dilatações e as retrações e que, segundo o arquiteto, constituem a
principal causa da ruína das obras humanas.

No campo de conforto ambiental, um bom museu depende da qualidade de sua iluminação.


Esta deve ser diversa e flexível, pois uma pintura, que apresenta constantemente as superfícies
refletidas, deverá receber a luz do zênite, enquanto que a escultura será melhor iluminada por uma luz
lateral que tomba do alto. As aberturas laterais devem ser munidas de persianas para o controle da luz
natural, comandadas mecanicamente e eletricamente em toda a área expositiva, permitindo a
obscuridade total, quando necessário.

A claustra, o vitral, com o jogo da luz e da vedação, próprios da tradição mediterrânea, que
compõem um grande mosaico, aproxima-se da luz colorida da Igreja de Nossa Senhora do Raincy,
citada anteriormente neste trabalho. A luz natural defendida por Perret no seu estudo sobre museus, no
projeto da FAAP aparece como um testemunho.

Sendo assim, a seleção de obras para análise se completa, corrobora os feitos que Perret
tornou o concreto armado aceitável enquanto material visível da construção aos olhos daqueles que
praticavam a arquitetura como arte; e isto ele o fez atribuindo ao concreto uma estética retangular,
facilmente reconhecida e facilmente digerida. Os exemplos do edifício da Rua Benjamin Franklin e da
Igreja de Nossa Senhora do Raincy demonstram tal racionalismo, mesmo que os avanços da técnica
permitissem algo além de um protótipo de balanço e ensaio de planta livre. Toda essa técnica e
experiência é traduzida em seu último projeto, curiosamente no Brasil, da Fundação Armando Alvares
Penteado, carrega consigo o legado de Auguste Perret.

5) Principais obras de Pier Luigi Nervi

Ao apresentar e explorar a relação de Pier Luigi Nervi ao racionalismo, em primeiro modo


necessita como contraposição uma abordagem que possa cobrir tanto o contexto geopolítico vigente,
quanto às capacidades e limites construtivos da época para que o tópico possa se moldar e fomentar a
necessidade do debate.

Com isso, para partirmos em toda a jornada de Nervi, encontramos diversas obras durante o
seu período ativo na área da construção civil; como engenheiro, foi um marco e referência com o seu
trabalho pelo o uso do concreto armado e formas ainda pouco exploradas com esse material. Com
isso, nesse parágrafo, destaca-se quatro de suas construções que vão de direito encontro com o que se
compreende em relação a forma de expressar o racionalismo na arquitetura, sendo essa obras: Estádio
Artemio Franchi, Catedral de Santa Maria da Assunção, Sede da UNESCO em Paris e a Embaixada
da Itália em Brasilia.

5.1) Estádio Artemio Franchi

Ao começar a análise o Estádio Artemio Franchi é um estádio de futebol localizada na cidade


de Florença na Itália, o projeto nasceu durante o período de ditadura facista de Mussolini na década de
20, Nervi durante esse período já tinha feito importantes contribuições para a tecnologia construtiva
do concreto armada com a sua estética do ''bruto' e a suas escolhas ousadas de formas estruturais.
Figura 14 - Estádio Artemio Franchi

O Estádio consegue trazer na materialidade e forma o uso e conhecimento de Nervi em


relação ao concreto armado. O local já sediou duas vezes jogos da Copa do Mundo nos anos de 1934 e
novamente em 1990, passado por reformas durante o ano de 1990 tendo a pista de atletismo removida
do projeto original para alargamento do campo e a necessidade de conter mais espectadores para a
assistir às partidas, o estádio ainda hoje considerado uma obra prima da arquitetura racionalista
italiana.

Figura 15 - Estádio Artemio Franchi

5.2) Catedral de Santa Maria da Assunção

Seguindo a outra obra de Nervi, encontra-se a Catedral de Santa Maria de Assunção


localizada em São Francisco nos Estados Unidos, foi iniciado sua construção em 1967 sendo
finalizada em 1971, a igreja projetada por Nervi toma lugar de duas outras versões da mesma igreja
onde a original construída em 1854 que se torna a antiga e a versão de 1891 que foi destruída por um
incêndio.
Figura 16 - Catedral de Santa Maria de Assunção

A versão de Nervi consegue de forma majestosa traduzir e sintetizar a essência do


racionalismo, com seu Design ousado e inovador, a catedral é uma coberta em cruz sobre uma base
quadrada, oito paraboloides hiperbólicos de concreto fazem a transição do quadrado à cruz, elevado a
uma altura de 58 metros aproximadamente. Externamente, uma extrusão do quadrado que deixa
marcadas as verticais que levam aos quatro pontos da cruz. Internamente, os braços da cruz descem a
encontro o solo desde da sua escolha de volumetria ,o tipo de materialidade usada nesse projeto, no
seu interior em sua nave central o visitante é instigado a olhar para o seu teto que forma uma cruz por
conta das fenestrações das janelas, trazendo também um significado religioso e opulente.

Figura 17 - Interior da Catedral de Santa Maria de Assunção

5.3) Sede da UNESCO em Paris

A seguir outro objeto para o estudo desse documento se encontra a sede da UNESCO em
Paris, o projeto em parceria com outros dois arquitetos, Marcel Breuer e Bernard Zehrfuss, o projeto
nasce a partir da necessidade na década de 50 de instalação da sede em lugar estratégico e permanente
em Paris, sendo o edifício localizado em frente ao Champ-de-Mars.
Figura 18 - Fachada da Sede

O edifício conta com a sua forma de tríade e conta com uma leve acentuação em sua fachada
frontal, conta ainda com as suas pilastras que possuem uma seção variável de base elíptica,sendo essas
pilares mais robustas nas áreas críticas para sua sustentação, quanto a acentuação e ondulação da
cobertura corresponde a uma variação de reforços de finalidade de estruturação.

Figura 19 - Pilastras de sustentação

O complexo projeto conta ainda com quatro edificações, sendo a principal e focal o prédio
sede da Unesco, com o seu uso a parte administrativa, a estrutura abriga diversas obras de artes de
diversos artistas como Picasso, Miró, Giacometti e outros. Nervi projeta de forma indireta a sua
vontade de uso de um material que em suas palavras ''possuísse todas as qualidades necessárias para
construir grandes edifícios, mesmo sem barras ``, materializa sua vontade de trabalhar com o concreto
armado.

Figura 20 - Planta Térreo


5.4) Embaixada da Itália em Brasilia

Com a última obra para a análise foi escolhida um projeto de Nervi que está em território
Brasileiro, sendo esse a atual sede da embaixada italiana que se localiza em Brasília, sendo essa umas
das últimas encomendas projetuais de Nervi.

O Projeto nasceu da demanda da mudança de capital do País, com isso em 1969, o ministro
dos negócios estrangeiros, Pietro Nenni escreve a Nervi para conferir o cargo de projetista a
embaixada pois Pietro acreditava que o engenheiro poderia concluir com maestrias o projeto como
em suas palavras '' o governo italiano considera que um projeto seu não poderia senão dar prestígio
quer à Itália quer ao Brasil, desejaria poder confiar-lhe esse projeto''.

Figura 21 - Fachada frontal e pátio interior.

O Elaborado projeto conta com a assinatura de Nervi, o uso de formas geométricas e grandes
pilares octogonais, conta ainda com o apelo e mistura do movimento modernista e o brutalismo,
desde sua edificação a obra pavilhonar conta com uma grande cobertura estrutural que recobre o
programa em suas particularidades.

Figura 22 - Planta Baixa da Embaixada


Característica do projeto o uso de pilares que fazem a alusão de ramificações de árvores, com
a sua nervuradas estruturas construtivas,ainda o projeto conta com vasta escolha de materialidade
como o uso de mármores (granito verde Ubatuba, rosa Imperial, Azul da Bahia, Vermelho Jacarandá,
Cinza Andorinha) e as madeiras (o parquet e os lambris de Sucupira e Jacarandá-paulista) são de solo
brasileiro, assim como o projeto de paisagismo que ficou a cargo do arquiteto brasileiro Ney Dutra
Ururahy, que elabora o projeto para jardins coloridos e cheios de vida por uma seleção de espécies
predominantemente brasileiras, com a escolha de flores e arbustos dos mais variados tipos.

Figura 23 - Espelho D'água e Pilastra nervurada

6) Consequências do racionalismo na história

Por fim, concluímos que Auguste Perret e Pier Luigi Nervi oferecem um leque de
possibilidades em relação à estrutura da história arquitetônica e da engenharia, revertido também pelas
influências que atingiram e atingem diversas vertentes arquitetônicas pós-Perret e Nervi. No período
entreguerras, na Europa, a marcante a presença de vanguardas no campo arquitetônico constituíram o
Movimento Moderno. Dessa forma, desde o final do século XIX discutia-se a necessidade de renovar
a linguagem arquitetônica em face das novas técnicas e demandas da sociedade industrial. Art
Nouveau, Art Déco e variantes racionalistas propuseram, antes e durante a afirmação do modernismo,
outras soluções para orientar a construção moderna e superar as limitações das técnicas construtivas
existentes.

Como exemplo deste legado, o próprio museu da FAAP revela a importância de Perret para a
arquitetura moderna, com diversas mostras artísticas e documentais, reconhecido, difundido e
assinados por artistas como Lasar Segall, Cândido Portinari, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake, entre
outros, que também participaram da confecção dos vitrais que compõem o mosaico no mesmo museu,
mostra sua influência no Brasil tão simbolicamente no último prédio de sua autoria na grande São
Paulo.

As ideias de Perret, ao fim e ao cabo, acabariam por influenciar a redução do ornamento na


matriz corbusiana utilizada no vocabulário da arquitetura moderna brasileira. Tal influência desperta
já nas obras do início da carreira de Lúcio Costa, tais como mansão Fontes, Casas sem Dono, Chácara
Coelho Duarte e a cidade operária de Monlevade – este último projeto com uma igreja de mesmo
genótipo que a de Le Raincy – em que se compreende uma interpenetração de modernidade e tradição
local.

As obras dos irmãos Perret têm um significado muito abrangente, que vai da teoria da
arquitetura ao desenvolvimento de processos de construção inovadores. “Ao aliar a concepção
estrutural ao uso de um sistema construtivo racionalizado e modulado e ao propor o emprego de um
material até então ignorado na construção de edifícios, o concreto armado, a Frères Perret abriu
caminho para uma revolução no modo de se conceber e também perceber a arquitetura”, explica uma
curadora do museu de artes da FAAP.

No cenário internacional, a produção de Perret vem sendo reconhecida e celebrada com


exposições, publicações, enquadramento em programas de preservação, restauração e requalificação.
Como exemplificação, a cidade de Le Havre, na França, foi reconstruída com projetos da empresa dos
irmãos Perret, após ser gravemente bombardeada na 2ª Guerra Mundial. O município foi tombado
pela Unesco como patrimônio da humanidade e hoje é um destino turístico que movimenta artes,
cultura e economia.

Sendo assim, a arquitetura moderna brasileira e o cenário internacional europeu se conectam


ao racionalismo estrutural inspirado em Nervi e, principalmente, em Perret, através de traços
compartilhados para também gerar uma afirmação de identidade nacional.
7) Referências bibliográficas

Frampton, K. História Crítica da Arquitetura

PERRET apud FRAMPTON, 1995

PUPPI, Marcelo, O Racionalismo Estrutural e as Fontes da Arquitetura Moderna Brasileira: Método,


Definições e Potencial da Pesquisa, 2016

Auguste Perret and the project of Museum of Fine-Arts of São Paulo, 2017

PEDONE, Jaqueline Viel Caberlon. O espírito eclético na arquitetura. ArqTexto, Porto Alegre, n. 06,
2005.

DE VASCONCELLOS, Juliano Caldas. Auguste Perret e a tradição clássica em concreto armado.

BRITTON, Karla Marie Cavarra. Auguste Perret and the construction of exactitude. Harvard
University, 1997.

DE VASCONCELLOS, Juliano Caldas. O racionalismo estrutural de Auguste Perret na arquitetura


moderna brasileira. 2016.

CHIORINO, Cristiana. Eminent Structural Engineer: Pier Luigi Nervi (1891–1979)—Art and Science
of Building. Structural Engineering International, v. 20, n. 1, p. 107-109, 2010.

IORI, Tullia; PORETTI, S. Pier Luigi Nervi:an engineer, an architect and a builder. Informes de la
Construcción, v. 71, n. 553, p. e282, 2019.

. L’AMBASCIATA D’ITALIA A BRASILIA

HUXTABLE, Ada Louise. Pier Luigi Nervi. 2009.

TORINO,Esposizioni, Hall C. Pier Luigi Nervi – Architecture as Challenge . 2011

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