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Pensamentos dos espaços na sociedade moderna Na primeira metade do século XX

Andreas Police – Teoria 1 – T3 - 2022/23 – Ensaio 1

I- Introdução

O presente ensaio tem como objetivo o estudo dos pensamentos dos espaços na sociedade
moderna, ao longo dos anos na primeira metade do século XX, em Portugal.O trabalho será
desenvolvido e aprofundado com base nos acontecimentos internacionais e nacionais. A informação e
conclusões explícitas neste ensaio têm como fontes bibliográficas as revistas “A Architectura
Portugueza” publicadas entre 1900 e 1950, período de desenvolvimento e relações de obras do
movimento moderno. Conta-se também com o contributo das sínteses realizadas no decorrer das aulas
teóricas da unidade curricular. Também foi selecionado e analisado o projeto Undida Residencial de
Ramalde pelo arquiteto Fernando Távora de 1952-1960 no seu contexto social, político e econômico.
Essa obra será sobreposta a outras obras com as mesmas características em cada década a partir do
ano 1900 para perceber a evolução dos pensamentos dos espaços na sociedade moderna portuguesa.

II- Enquadramento internacional

Primeiros momentos da arquitetura com o tema abordado da Prescrição e indagação.


Começamos cronologicamente com o pensamento e construção sem e com arquitectos. Nesse
momento foram explicados vários conceitos : conceito de abrigo, arquitetura animal e
popular-vernácular com referência às obras Animal architecture (K. Frisch) e Build by animals (M.
Hensell) no mesmo tempo vimos em as expressões arquitectónicas e pensamento de várias culturas
desde a pré-histórica (incluindo a Persa, Islâmica e Indíca, Chinesa, Azteca e Inca, Egípcia, e Grega).
Numa segunda parte de uma maneira mais focada foi apresentado a Tratadística e instauração da
Arquitectura como prática intelectual e construtiva (Vitúvio, Alberti e Boullée).
Contexto introdutório da arquitetura, sempre cronologicamente foi abordado a ideia de
beleza ideal do século XVII e século XVIII-XIX em Itália e França, e a discursividade normativa na
Academia e sua dissolução. As referências usadas são Meditationes de prima filosofia (R. Descartes,
séc XVII), a Étienne-Louis-Boullée (…), ao Brouillon project (G. Desargues, séc XVII-XVIII), a
Essai sur l’ Architecture (A. Laugier, 1755), e a Della magnificenza de architettura de Romani, (G.
Piranesi, 1761). Depois falamos dos grandes teóricos do séc. XVIII e as instituições modernas (Viollet
Le Duc e Gottfried Semper com referência a Dictionaire raisonné de l´architecture française du XI au
XVI siècle (V. Le Duc, 1867(?), o estilo de Gottfried Semper (1803-1879) e ao Diário de viagem (K.
Schinkel). E por fim começamos o estudo de Indagações desde a Teoria Moderna com referência a
obra com o Arquitectura e Modernidade, (D. Pinson).
Conceito de Modernus, Modernismo e Movimento Moderno. Onde vimos o modernus (por
oposição ao antigo), o conceito de avant-garde e de modernismo. Num segundo momento, vimos as
influências: Positivismo, Racionalismo e Funcionalismo. Como consideração introdutória,
apresenta-se a modernidade como uma resposta a vários níveis. Ao nível político-cultural, representa
um desejo vanguardista de romper com o passado e reformar a sociedade. No plano estético-artístico
representa uma superação da mimesis, e valores do Realismo e sublime pós-clássico. No plano
científico representa crença na aplicação dos avanços científicos, uma valorização do
uso/funcionalidade e da estandardização da produção.
O Espírito novo e sua propaganda. Designadamente, o protagonismo de C. Jeanneret-Gris
(1887-65), e obras como L’Art décoratif de aujourd’hui , Après le Cubisme (com A. Ozefant, 1918), a
revista L'Esprit Nouveau (1920-25), a estética habitacional purista no pavilhão (1925) na Exposição
internacional de artes decorativas de Paris. Num segundo momento, aborda-se a ambição
generalizadora (Por uma arquitectura, Carta de Atenas e Modulor). Designadamente, os artigos na
revista L´Espirit Noveau” e a obra Vers une architecture (1923). É feita referência aos capítulos: A

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estética do engenheiro; Dois lembretes aos senhores arquitectos; Olhos que não vêem, Arquitectura,
Casas em série, Arquitectura ou revolução.Seguidamente, apresenta-se a Carta de atenas (1933)
resultante do CIAM IV, bem como os conceitos de cidade funcional e zooning.
Estabelecer genealogias'' (N. Pevsner, E. Kauffman e S. Giedion). Designadamente, a inclusão
do moderno por L. Pevsner em Pioneers of modern design (1930), a origem e desenvolvimento da
arquitectura moderna (Iluminismo-Neoclássico e Romanticismo) por E. Kauffman em De Ledoux a
Le Corbusier: Origem e evolução na arquitectura moderna. (1933); e uma aparente instrumentalização
por Sigfried Giedion em Space time and architecture.Num segundo momento, é abordada a
generalização do International style (1932), e a evolução das ideias dos próprios comissários por
altura da reedição do livro. É feita referência aos pressupostos iniciais do movimento moderno,
(ruptura com a história se apropriação dos progressos técnico-científicos, e recordada a natureza
homogênea/heterogênea, e acompanhamento
dinâmico do zeitgest. Foram tambem abordados diferentes temas relacionados com a arquitetura e o
planeamento urbano. No primeiro momento, é discutido o contexto da construção de cidades
modernas na Europa e nos EUA, incluindo projetos como o Grande Plano de Londres e as New
Towns. No segundo momento, é discutida a crise e a reformulação do planeamento urbano, incluindo
a obra de correntes como Team X e Fórum. No terceiro momento, é discutida a cidade moderna e
crítica, com referência a obras de autores como Jane Jacobs e Lewis Mumford. Por fim, são discutidas
as teorias de arquitetura no pós-guerra, incluindo a evolução dos conceitos de lugar e comunidade.
O texto trata sobre a arquitetura orgânica e seus conceitos, incluindo as influências de filósofos e
arquitetos, como Frank Lloyd Wright e Alvar Aalto. Também aborda a evolução da linguagem
concensualista e o surgimento dos reformistas. Discute-se também o legado da arquitetura pós-guerra
e a reformulação dos pressupostos modernos. É mencionado o conceito de situacionistas/
contextualistas e o trabalho de arquitetos como Rudofski e Khan. O texto também aborda a teoria da
arquitetura pós-guerra II, incluindo a percepção e recepção da arquitetura, e a questão da história e
sensibilidade. No final, é discutido o conceito de participação e os métodos de análise da realidade,
incluindo Systems thinking. De seguida foi abordado a evolução do debate arquitetônico em Portugal
entre os anos de 1951 e 1959 e nos anos 1960s. Ele se divide em quatro partes, cada uma delas
tratando de protagonistas, eventos e obras relevantes, incluindo a discussão entre modernidade e
portugalidade, o neorelismo e a ideia de uma modernidade nossa. Também faz-se referência a
expressões teóricas na imprensa especializada, projetos de arquitetos, influências estrangeiras e
desenvolvimentos e debates teóricos. De maneira cronológica aborda se a dualidade de perspectivas
entre a estrutura sócio-econômica (L. Benevolo) e tecnológica (R. Banham) na arquitetura pós-guerra.
A perspectiva técnica é apresentada através de obras como Teoria e projeto na Era da máquina e A
Arquitetura do ambiente bem climatizado. A perspectiva social é apresentada através da obra História
da arquitetura moderna. Também se discute a internacionalização e mediatização da arquitetura
através de revistas e mass-media, incluindo o impacto da publicidade e o surgimento de arquitetos
celebridades. O texto finalmente questiona a possibilidade de uma reconceptualização da arquitetura
rumo à ruptura e equilíbrio Nesta última aula teórica o tema abordado foi a evolução da estética
moderna na arquitetura nos anos 1950-70, incluindo a insatisfação com a estética moderna, o
desenvolvimento da crítica radical e o surgimento do pós-modernismo. Ele menciona o surgimento de
conceitos como megaestruturas, multi-funcionalidade, anti-zoning e utopias. Também se mencionam
mudanças sociais, tecnológicas e ecológicas que influenciaram a arquitetura na época.
Concentrando-se em exemplos de arquitetura experimental em diferentes geografias, incluindo o
Japão, França, Inglaterra, Áustria e Itália. Ele também menciona desenvolvimentos na arquitetura nos
EUA e Portugal.

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III - descrição do subtema

Definição da arquitetura moderna pelo arquiteto português Fernando Távora em que realizou
uma reflexão que não tinha precedente em Portugal sobre o corolário social da arquitetura, em oposição às
realizações e aos discursos oficiais da época. “Arquitectura contemporânea é toda aquela que se realiza
no nosso tempo [...] Arquitectura moderna é toda aquela que, sendo contemporânea, se realiza ‘de
acordo’ com o nosso tempo” uma arquitetura que procura satisfazer e integrar todas as possibilidades
e todas as necessidades dos seus moradores sem correspondente no passado; ambas as realizações são
contemporâneas, apenas uma será moderna. Em 1952 Fernando Távora também explica que a palavra
moderno define toda a forma de atividade que mantém uma relação perfeita com a Vida.
leitura 8, HUET, Bernard, Sur un état de la theorie de l’architecture au XXeme siécle
(1932-2001) Desenvolve uma série de análises sobre a arquitetura moderna que desenham os
contornos e a evolução da teoria da arquitetura moderna ao longo do século XX. O livro transcreve
por escrito a última conferência que deu no quadro de um ciclo pedagógico na escola de Arquitetura
de Paris Belleville, escola pela qual foi o fundador. O livro exibe vários pensamentos sobre os espaços
na sociedade moderna. Ele mostra como a arquitetura moderna foi influenciada pelas mudanças
sociais, econômicas e políticas do século XX, e como os arquitetos e pensadores da época
responderam a essas mudanças. Ele também mostra como a tecnologia foi utilizada para criar espaços
mais eficientes e adaptáveis, e como a estética e a função foram equilibradas para criar edifícios que
atendam às necessidades e desejos da sociedade moderna. Além disso, o livro destaca a importância
da reflexão teórica e da pesquisa histórica para a compreensão da arquitetura moderna, mostrando
como os arquitetos e pensadores da época se relacionavam com as tendências contemporâneas e como
elas influenciam a arquitetura de hoje.
o livro de Françoise Choay "A regra e o modelo: Sobre a Teoria da arquitectura e urbanismo"
, 2007 discute como as regras e os modelos são fundamentais na criação de espaços construídos, e
como as regras podem limitar a criatividade e a inovação, enquanto os modelos são vistos como
ferramentas criativas. O livro também explora a evolução histórica da teoria da arquitetura e do
urbanismo, e a influência dos contextos culturais e políticos na aplicação das regras e modelos.O livro
é uma importante contribuição para a compreensão da teoria da arquitetura e do urbanismo em
entender como as regras e os modelos influenciam a forma como os espaços são projetados e
construídos. Como diferentes contextos culturais e políticos influenciam a forma como as regras e os
modelos são aplicados na arquitetura e no urbanismo. "Metropolis" é um filme alemão de ficção
científica dirigido por Fritz Lang em 1926. O filme retrata uma cidade futurista dividida entre a classe
trabalhadora e a classe dominante, e aborda temas como a desumanização do trabalho, a exploração
dos trabalhadores e a luta de classes.Para o tema "Pensamentos dos espaços na sociedade moderna na
primeira metade do século XX", "Metropolis" é interessante. Retrata uma visão distópica da sociedade
moderna e como ela pode ser afetada pela crescente industrialização e urbanização. O filme mostra
como o espaço urbano pode ser utilizado para perpetuar a desigualdade e a opressão, e como isso pode
levar à desumanização e ao conflito social.
Além disso, "Metropolis" também tem interesse sendo uma das primeiras obras de ficção científica a
representar a cidade futurista, e como isso pode ser visto como uma reflexão sobre as preocupações
contemporâneas da sociedade moderna sobre a industrialização e a urbanização, e como esses
processos podem afetar a vida das pessoas.
"A view and plan of the agricultural and manufacturing village of unity and mutual cooperation" é
uma obra publicada por Robert Owen, um filantropo e reformador social britânico, no início do século
XIX. O panfleto apresenta um plano para a criação de uma comunidade agrícola e industrial que se
baseia na cooperação e no trabalho em conjunto. Robert Owen foi um defensor do socialismo utópico

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e acreditava que a cooperação e a solidariedade eram fundamentais para a construção de uma
sociedade mais justa e igualitária. Ele acreditava que a criação de comunidades cooperativas poderia
ajudar a resolver os problemas sociais e econômicos da época, como a pobreza e a desigualdade. O
panfleto descreve um plano para uma comunidade agrícola e industrial baseada na cooperação e no
trabalho em conjunto. Ele inclui detalhes sobre a organização da comunidade, a divisão do trabalho, a
distribuição dos lucros e as relações entre os membros. O panfleto também destaca a importância de
fornecer educação, saúde e habitação de qualidade para os membros da comunidade, bem como a
criação de um sistema de governança democrático e participativo. A ideia era que, com a cooperação
e o trabalho em conjunto, a comunidade seria capaz de produzir mais eficientemente, melhorar as
condições de vida para todos e erradicar a pobreza. Robert Owen tentou implementar suas ideias
através de várias comunidades experimentais, incluindo a New Lanark Mills na Escócia e a
comunidade de Harmony na Pensilvânia, EUA. Embora essas comunidades tenham tido algum
sucesso em melhorar as condições de vida dos membros, elas não se tornaram tão amplamente
adotadas como Owen esperava.
"L'Architecture Vivante" foi uma revista fundada por Le Corbusier em 1923. Na edição de
outono-inverno de 1932, ele publicou o Plano Obus, que propunha uma solução para a crescente
necessidade de habitação em grandes cidades. O plano propunha a construção de prédios de
apartamentos de altura média, com formato de "O" (Obus em francês) para maximizar a luz solar e a
ventilação natural.Le Corbusier acreditava que a arquitetura moderna deveria priorizar a
funcionalidade e a eficiência, e ele via a construção de prédios de apartamentos como uma maneira de
alojar grandes populações urbanas de forma eficiente e acessível. O Plano Obus também incluía a
criação de espaços públicos e verdes, incluindo parques e praças, para melhorar a qualidade de vida
dos moradores.A importância do Plano Obus na arquitetura moderna é que ele foi um dos primeiros
projetos a abordar de forma sistemática a questão da habitação em grandes cidades e a propor
soluções para isso. Ele também foi um dos primeiros projetos a abordar a questão da habitação
coletiva e a propor soluções para essa questão.Além disso, o Plano Obus foi uma das principais
inspirações para o desenvolvimento do conceito de "cidade-jardim" (ou "cidade verde"), que buscava
combinar habitação, espaços verdes e espaçospúblicos de forma equilibrada. A ideia era criar cidades
que fossem não só eficientes, mas também agradáveis e saudáveis para se viver. O Plano Obus de Le
Corbusier e suas ideias de cidade-jardim foram uma grande influência no desenvolvimento do
urbanismo e da arquitetura moderna, e sua abordagem funcionalista e racionalista foi amplamente
adotada pelos arquitetos e urbanistas do século XX. Além disso, sua influência é notável no
pensamento de espaços nas sociedades modernas, pois ele propôs novas formas de habitação e
espaços públicos que visavam melhorar a qualidade de vida das pessoas e tornar as cidades mais
humanas e sustentáveis.
O Instituto Superior Técnico (IST) em Lisboa, projetado por Pardal Monteiro, é um exemplo
importante da arquitetura moderna em Portugal. Construído entre 1927 e 1935, o edifício foi projetado
como uma escola de engenharia e ciências, e é considerado uma das obras mais importantes de Pardal
Monteiro.
O IST é caracterizado por sua estrutura racionalista e funcionalista, com linhas retas e volumes
claramente definidos. O edifício também destaca-se por sua grande escala e uso de novos materiais,
como o concreto armado. A relação do IST com a influência dos pensamentos dos espaços na
arquitetura moderna é evidente na forma como o edifício foi projetado para atender às necessidades
funcionais e pedagógicas da escola. O projeto foi baseado em princípios de eficiência e
funcionalidade, com uma clara separação entre áreas de ensino, administração e alojamento.Além
disso, o IST também destaca-se por sua preocupação com a relação entre arquitetura e meio ambiente.
A fachada do edifício foi projetada para maximizar a luz natural e a ventilação, e o edifício foi
construído com materiais locais e técnicas construtivas sustentáveis.Enfim, o IST de Pardal Monteiro

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é uma obra que ilustra a relação entre a arquitetura moderna e os pensamentos dos espaços na
sociedade moderna, pois o edifício foi projetado para atender às necessidades funcionais e
pedagógicas da escola, e ao mesmo tempo, para ser um edifício eficiente, funcional e respeitando o
meio ambiente.

IV - Reflexão crítica

Os espaços na sociedade moderna têm desempenhado um papel importante na forma como as pessoas
vivem e interagem entre si. Na primeira metade do século XX, a urbanização acelerada e a crescente
industrialização levaram a mudanças significativas na paisagem urbana e rural. As cidades cresceram
rapidamente, enquanto as áreas rurais foram deixadas para trás.
A criação de novos espaços, como parques, praças e edifícios públicos, teve um impacto significativo
na forma como as pessoas se relacionavam e se comunicavam. No entanto, esses espaços também
criaram desigualdades, pois muitas vezes eram acessíveis apenas para certas classes sociais.
Além disso, os espaços públicos foram historicamente usados para controlar e oprimir certos grupos,
como os negros e os imigrantes, através de políticas de "limpeza" e "renovação urbana". Isso reflete
uma falta de sensibilidade e compreensão das necessidades e desejos dessas comunidades.
O contexto internacional desse período foi marcado pelo desenvolvimento da arquitetura moderna e
pelo surgimento de novos movimentos urbanísticos. O movimento modernista, liderado por arquitetos
como Le Corbusier e Walter Gropius, propôs a criação de novas formas de vida urbana, com a
construção de conjuntos habitacionais e a criação de espaços públicos acessíveis a todos. Esse
movimento também propunha a criação de cidades planejadas, com a eliminação de áreas degradadas
e a construção de novas áreas residenciais e comerciais.
No entanto, essas propostas modernistas foram criticadas por serem desumanas e pouco realistas, e
por serem aplicadas de maneira autoritária, sem considerar as necessidades e desejos das comunidades
locais. Além disso, esses projetos urbanos frequentemente resultaram em deslocamentos forçados e na
destruição de comunidades históricas e culturais.
Quando se trata do contexto específico de Portugal, vemos que a arquitetura moderna se desenvolveu
de maneira diferente da arquitetura moderna internacional. A arquitetura portuguesa tradicional tem
raízes históricas profundas e fortes, e a arquitetura moderna precisou encontrar um equilíbrio entre as
tradições e as necessidades contemporâneas. A arquitetura moderna em Portugal também foi
influenciada pelo movimento de renovação urbana que ocorreu durante a década de 1950 e 1960, que
visava melhorar as condições das cidades e das áreas urbanas.
A arquitetura moderna portuguesa também se caracterizou por uma forte influência do movimento
modernista internacional, especialmente do movimento conhecido como "Arquitetura de Estilo
Internacional" que foi desenvolvido por arquitetos como Le Corbusier e Walter Gropius. No entanto, a
arquitetura moderna em Portugal também incorporou elementos da arquitetura tradicional portuguesa,
como azulejos e cerâmica, para criar uma arquitetura única e distintiva.
É importante notar que, embora a arquitetura moderna em Portugal tenha sido influenciada pelo
movimento modernista internacional, ela também foi fortemente influenciada pelas condições
políticas e econômicas do país. Durante a primeira metade do século XX, Portugal passou por uma
ditadura política e por uma economia estagnada, o que afetou significativamente o desenvolvimento
da arquitetura moderna no país.
Além disso, a arquitetura moderna em Portugal também foi influenciada pelas políticas de renovação
urbana implementadas pelo governo, que visavam melhorar as condições das cidades e das áreas
urbanas. Essas políticas, no entanto, muitas vezes resultaram em deslocamentos forçados e na
destruição de comunidades históricas e culturais.

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V - Conclusão

A compreensão dos espaços na sociedade moderna é fundamental para a prática da arquitetura, e na


primeira metade do século XX, vários movimentos e correntes de pensamento influenciaram a forma
como os arquitetos projetavam e compreendiam os espaços urbanos e habitacionais. A arquitetura
moderna, racionalista e brutalista tiveram um impacto significativo, mas foram criticados por não
levar em conta as necessidades sociais e culturais das comunidades. É importante que, como
arquitetos, continuemos a questionar e refletir sobre a forma como projetamos e compreendemos os
espaços, e busquemos soluções mais inclusivas e justas para as necessidades das comunidades.

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Figura 1- Perspectiva Casa do Sr. Ernesto Empis in (Revista arquitectura portuguesa 1908, N.3)

Figura 2- El Garaje Marbeuf (“GARAJE MARBEUF ”, in Revista Arquitectura Nº 134 Junio 1930, ,
pp. 170.)

Figura 3- Vista Casa no Estoril (Arq José Bastos e Conceição Silva, in Revista arquitectura
portuguesa 1949, N.157, pp 8)

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Bibliografia

TÁVORA, Fernando, “O porto e a Arquitectura Moderna”, citado in Panorama, Revista de Arte e


Turismo, n.º 4, 2ª série, 1952 (s.p.)

HUET, Bernard, “Sur un état de la theorie de l’architecture au XXeme siécle”, Paris: Editions
Quinlette, 2003.

Françoise Choay, “A regra e o modelo: Sobre a Teoria da arquitectura e urbanismo”, 2007. Aula 3

p_4.19. Robert Owen, A view and plan of the argicultural and manufacturing village of unity and
mutual cooperation, (Reproduzido no panfleto New state of society, ca.1917).

t_4.6. Fritz Lang, Metropolis, 1926.

t_5.21. Le Corbusier, Revista L´architecture vivante, OutonoInverno, 1932. (com Plano Obus).

p_6.13. Pardal Monteiro, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 1927-35.

Aula 8. Reyner Banham: Theory and Design in the First Machine Age, 1960.

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