Você está na página 1de 14

A individualização crescente da Arte no mundo

actual tem vindo a dificultar enormente as correntes


da Arquitectura Contemporânea, de tal modo se
nos apresentam diversificadas. As tendências são:
- a do Pós-Modernismo, que surgiu em oposição
ao Movimento Moderno da Arquitectura lançado por
Corbusier e Gropius no período anterior à Segunda
Guerra Mundial;
- a de Continuação do Modernismo (ou
Revivalismo Modernista), que, ao contrário, procura
actualizar os princípios da Arquitectura do anos 20,
adaptando-os aos novos materiais e tecnologias;
- a dos Novos Romantismos, que, negando o
excessivo racionalismo do Modernismo, pretendem
impor
2- analógico uma
X digital arquitectura mais emocional, orgânica e
(linguagens):
ecológica;
- e a Nova Modernidade (ou Neo Modernismo),
que se desenvolveu a partir de finais da década de
80, substituindo-se ao Pós-Modernismo, hoje já
considerado esgotado.
Estas tendências maioritárias agrupam no seu seio
outras tantas correntes afins e/ou diferentes estilos
individuais.
A Arquitectura Pós-Modernista
Na arquitectura, o Pós-Modernismo iniciou-se na
década de 60 do século XX como reacção ao
Modernismo clássico instituído por Corbusier e
Gropius nos anos 20 e popularizado antes e
depois da 2ªGuerra Mundial no chamado Estilo
Internacional que conheceu grande sucesso
comercial.
A critíca pós-modernista incidia precisamente nessa
demasiada comercialização que havia
despersonalizado e estandardizado a
arquitectura modernista, fazendo-a cair na
monotonia e na falta de originalidade; por outro
lado, acusavam-na também de tendenciosa e
não-histórica.
Sob o ponto de vista artístico, o Pós-Modersnimo
não constituiu um estilo homogéneo, mas reuniu
em si várias correntes que concordam na
rejeição dos princípios básicos do modernismo:
a) Os Neo-Historicismos. Tiveram o
seu berço nos EUA e na Inglaterra e
têm em comum o retorno consciente e
intencional às raízes históricas da
arquitectura (raízes da arquitectura R o b e r t Ve n t u ri
popular, regional) como fontes de
inspiração e como modelos a seguir,
reinterpretando-os e adaptando-os aos
contextos actuais. Neste sentido, os
tratados de Vitrúvio e Palladio voltam a
ser estudados e revaloriza-se a obra
teórica e prática de Boullé e Ledoux,
os arquitectos visionários da
Revolução Francesa. Repôs em uso a
organização axial da construção e a
simetria, a coluna da Antiguidade
como elemento estrutural, as janelas
semicirculares e o ornamento, dando-
lhe por vezes um sentido irónico e
inusitado. No urbanismo, retornou aos
bloco fechado de moradias.
Robert Venturi defendia uma T it le : National Assembly Building, Dacca, Bangladesh

arquitectura populista e descritiva A r t is t : Louis Kahn

onde “uma janela se parecesse com D a t e : 1962

uma janela e não com uma fenda


abstracta”. O retorno às raízes
históricas da arquitectura iniciou-se
nos primeiros anos da década de 60
com alguns arquitectos modernistas
que intuíram a necessidade de
reforma, como Philip Johnson, Louis
Kahn e Eero Saarinen. Entre os
americanos temos Robert Venturi,
Charles Moore, Robert Graves, o
holandês Aldo Van Eyck, o francês
Christian de Portzamparc e o catalão
Ricardo Bofill.
b) O Racionalismo Pós-moderno
(ou Neo-Racionalismo). Esta
corrente remonta ao racionalismo
italiano dos anos 20-30 que marcou
a arquitectura do regime fascista de
Mussolini e nasceu com trabalhos do
Grupo Sette (Milão); contudo,
através deste, reflecte também
influências construtivistas.
O Neo-Racionalismo afirmou-se a
partir da década de 70,
caracterizando-se na arquitectura e
no urbanismo por: uso de formas
geométricas simples; aplicação da
coluna cilíndrica, de grosso fuste;
telhados de duas águas; janelas
quadradas repetindo-se em
alinhamentos horizontais e verticais;
severidade e austeridade
decorativas, conseguidas pela
exclusão de todo o ornamento
enquanto tal e pela
monumentalidade evidente das
construções e espaços projectados.
A ld o R o s s i

Este princípios só discordam


dos de Venturi pela negação
absoluta do ornamento; todavia,
perseguem-nos no carácter
denotativo e convencional dos
edifícios.
Exemplos desta corrente: o
italiano Aldo Rossi, o suíço
Mario Botta, os alemães Oswald
Mathias Ungers e Joseph Paul
Kleihues.
A r a t a Is o z a k i

c) A Pós-Modernidade
Individual. Esta corrente
reúne arquitectos que,
rejeitando o Modernismo,
evoluíram para o Pós-
Modernismo com linguagens
muito pessoais. Tais como os
austríacos Hans Hollein e
Gustav Peichl, o inglês James
Stirling e o japonês Arata
Isozaki.
Richard Meier
A Continuação do Modernismo
Passada a euforia pós-modernista
revitalizaram-se os princípios do
Modernismo sob várias formas
dando origem a novas correntes da
actualidade:
a) O Modernismo Tardio ou
Twenties Revival. Iniciada nos anos
60, retomou os princípios
arquitectónicos da Bauhaus e Le
Corbusier, mas adaptando-os aos
novos contextos sociais e
tecnológicos. Entre os
representantes encontram-se: o
austríaco Richard Meier, o
americano Charles Gwathmey, o
alemão Günter Behnisch e o japonês
Tadao Ando.
b) Alta Tecnologia (High Tech) e
Tecnicismo. Descende do espírito
experimental e da actualização Santiago Calatrava
tecnológica que presidiu, no séc.
XIX, à Revolução Industrial, cuja
arquitectura explorou novos
materiais e recorreu à prefabricação
e estandardização dos elementos
construtivos, visando a economia de
meios, rapidez construtiva e
soluções técnico-formais arrojadas.
Actualmente caracteriza-se pela
utilização de materiais e recursos
técnicos avançados e deixando as
complexas estruturas construtivas
propositadamente à vista. Exemplos:
o alemão Frei Otto, Günther
Behnisch, os ingleses Norman
Foster e Michael Hopkins, o francês
Jean Nouvel e o espanhol Santiago
Calatrava. Um certo exagero desta
tendência – Tecnicismo – surge nas
obras do japonês Shin Takamatsu.
Ralph Erskine

c) A Modernidade Moderada. Trata-


se da corrente maioritária dentro
desta tendência e integra a maior
parte da produção arquitectónica
que, após 1980, se manteve fiel aos
princípios modernistas, primando
pela rigorosa adequação dos meios
e pela clareza construtiva a que não
é alheio um certo estruturalismo.
Ressalta-se a obra do inglês Ralph
Erskine.
Os Novos Romantismos
Destacam-se a partir dos anos 70 e
formam a tendência que menos se Günther Domenig
integra no espírito dominante da
actualidade, pois não se submete
aos conceitos gerais da arquitectura,
inspirando-se antes em áreas
exteriores a ela, como a Natureza,
orgânica e inorgânica, as questões
sociais e as preocupações
ecológicas. É uma arquitectura
intemporal, que não se enquadra na
linha evolutiva geral. Sobressaem o
austríaco Günther Domenig, o casal
Karla Kowalski e Michael
Szyszkowitz, os alemães Henrich e
Inker Baller. O Romantismo Social é
vivido na obra do belga Lucien Kroll.
A Nova Modernidade (ou
Neomodernismo)
É a tendência mais recente na
Arquitectura e substituiu gradualmente,
a partir do final da década de 80, o
ultrapassado Pós-Modernismo.
Manifesta-se como uma reacção a todas
as tendências anteriores e um forte
desejo de inovação que a faz voltar-se
para o futuro, aceitando o carácter
experimental da arquitectura, a qual, no
seu conceito, não pode ser uma criação
monolítica com regras e leis fixas.
Destacam-se:
a) o Descontrutivismo. Abandono da
vertical e horizontal como linhas
orientadoras das construções, a rotação
dos corpos geométricos em ângulos
agudos, a decomposição das estruturas
construtivas até ao limite do caos, o
carácter aparentemente provisório das
construções e a atitude de que em
arquitectura a “forma segue a fantasia”.
b) O Pluralismo moderno. Este termo
não designa propriamente uma corrente, Fumihiko Maki
mas é apenas uma expressão que reúne
os estilos pessoais inovadores dos
jovens arquitectos de finais do séc. XX e
inícios do séc. XXI. Têm em comum a
rejeição dos neo-historicismos e uma
postura eclética que os leva a reunir,
numa mesma obra, elementos da
arquitectura de alta tecnologia e
desconstrutivista e inovações pessoais.
Entre muitos destacam-se os japoneses
Fumihiko Maki e Itsuko Hasegawa, o
americano Owen Moss, o australiano
Peter L. Wilson, o holandês Jo Coenen e
os espanhóis Eric Miralles e Carme
Pinós.

Você também pode gostar