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Joias e insígnias maçônicas: sentidos e representações

Todos estão completamente livres para rejeitar e discordar de


qualquer coisa aqui que possa lhes parecer falsa ou infundado
(Albert Pike, do prefácio ‘Moral e Dogma’, 1872, 1080p. - O
livro é composto por orientações e ensaios que recopilou e
estabeleceu as bases filosóficas, sociológicas, históricas,
políticas, simbólicas e religiosas do Rito Escocês Antigo e
Aceito).

Joias, insígnias maçônicas - considerações iniciais…

Antes de darmos as essências materiais de cada léxico ligado a Ordem Maçônica –


entendamos cada uma delas a partir da sua gênese linguística...
Para o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa (2008), encontramos as seguintes
materialidades discursivas sobre cada textualidade – assim:

Joia s.f. 1. Objeto de matéria preciosa, metal ou pedrarias, que serve


para adorno das pessoas. 2. Quantia que se paga pela admissão a uma
sociedade. 3. fig. Pessoa ou coisa de grande valor, ou a que se atribua
grande apreço (p. 758-9).

Insígnia s.f. 1. Sinal distintivo de dignidade, posto, função, nobreza,


condecoração, divisa, ‘emblema’. 2. Bandeira, estandarte, pendão (p.
724).

Emblema s.m. 1. Símbolo, seguido ou não de legenda, que representa


uma associação, empresa, instituição, sociedade, estabelecimento, entre
outros, que pode ser composto por um logotipo, uma imagem. 2. Distintivo
que traz esse símbolo – insígnia (p. 774).

Nessa perspectiva, esses artefatos podem também ser considerados como ‘adornos’ que se
associam aos parâmetros utilizados numa Loja e, especificamente, ao Venerável Mestre. Esse
que, por afinidade – utiliza como utensílio, enfeite, ou por indicação eclesiástica ao seu Grau
numa Loja Maçônica.
Assim, quando se fala numa associação, grupo, ou irmandade – os símbolos distintivos se
revestem em outros emblemas (como avental, colares, faixas, e outros que possam indicar e,
ao mesmo tempo, especificar o grau de importância de cada um em sua ‘família estendida’ –
ou seja – aquela que por afinidade social e ideológica se compartilha idéias e idéias).
É importante ressaltar que essas representações simbólicas são e ao mesmo tempo, distingue
a autoridade na Ordem pelas insígnias que representam o maçom que revestido por inúmeros
emblemas – simboliza a ideia de uma coletividade que chamaremos aqui de Sentidos
Heterogêneos – que associa, representa, indica e idealiza por meio de uma ‘Legenda Invisível’
desse signo convencional por meio da língua em sua materialidade discursiva em formato
imagético na linguagem social e restrita.
Essas formas que se representam numa Ordem Maçônica trás, de certa maneira, conceitos e
alusões que se complementam a partir das vivências que se constituem na identificação com o
outro (dessa família estendida) que analisa e se reconhece socialmente. Um dos exemplos
práticos encontramos na interpretação do Livro da Lei – no Esquadro – no Compasso ou na
letra ‘G’ que simboliza a maestria Universal do Criador – elementos que se transformam em
alegorias sociais, mas que significam e ressignificam ao longo dos séculos – esses dão vida e
sentido ao homem no decorrer da existência humana.
Ainda na mesma linha de raciocínio, vejamos a importância dessas representações alegóricas
que perpassam os sentidos materiais e estabelecem os vínculos culturais.

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADmbolos_ma%C3%A7%C3%B4nicos


Acesso em: 20/09/2018.

Se observarmos atentamente a representatividade transfigurada no pedreiro – esse nos idos


remotos do início da era cristã até a explosão da revolução industrial do século XIX, vemos
essa simbologia de outra maneira – agora o sentido dependo do cenário em que ele pode ser
transportado, nesse caso, da Maçonaria (pedreiro – maço – cinzel – avental), simbolizando o
trabalho na pedra bruta (ou seja, o trabalho como dignidade humana) que, quiçá, atingirá a
perfeição.

As ferramentas como representações ‘preciosas’

Malho egípcio de madeira datado de meados de 1550-1070 a.C. Conjunto de malhos novos.


Esses instrumentos são considerados como joias que representam preciosidades significativas,
principalmente no universo maçônico pela maestria que o trabalho dignifica o homem e o leva a
sabedoria – força – beleza ao labor na Pedra Bruta diariamente.

Um nível encontrado numa gruta de Roque Saint-Christophe em Dordogne, França.

Pode-se observar também outros instrumentos que simbolizam a virtude do Aprendiz – Maçom,
entre eles temos a Perpendicular ou Prumo, bem como o Nível - esses dentro da simbologia
maçônica possuem sentidos práticos dentro de uma Loja Justa e Perfeita de quem as
governa, compõem e completam.
A Colher do pedreiro ou Trolha deve-se ter como uma insígnia que se representa
historicamente como aspecto da tolerância e, ao mesmo tempo, benevolência que os maçons
preservam como suporte para edificar o seu tempo e se eximir e esquecer as injúrias –
injustiças – e agravos que foram dissimulados por uma falta aquele ressentimento de outrora.

Traité de L’Azoth, Tratado de alquimia de 1613, data anterior a 1717, usualmente a data oficial da criação da
maçonaria. É possível ver o esquadro na mão direita e o compasso na mão esquerda.
Texto original em francês

Azoth est un terme relevant de l'alchimie.


Sur son sens, les opinions divergent, sur l'étymologie aussi.
"Azoth" désignerait la matière première (le point de départ du Grand œuvre alchimique)
ou la panacée, ou le dissolvant universel (l'alkahest), ou le mystérieux Mercure des
sages, ou encore l'Esprit Universel (Spiritus mundi…). L'acception du terme semble
diverger selon les alchimistes et les traités.
Selon l'étymologie symbolique des alchimistes, le mot "Azoth" commence par la
première lettre et finit par la dernière lettre de divers alphabets. On lit dans Azoth ou le
moyen de faire l'Or caché des Philosophes de Basile Valentin (1624)1.
«Présent en tout lieu, les Philosophes m’ont orné du nom d’Azoth, les Latins A et Z, les
Grecs Alpha et Oméga, les Hébreux Aleph et Thau, tous lesquels noms signifient et
font Azoth jeté dans le feu comme par colère j’oppresse l’eau, et les six autres métaux
louent grandement mon nom, d’autant que je les introduis au Royaume du Soleil, de là
ils m’appellent universel quand je les transmute en très pur Or, lequel ne sentira jamais
aucun dommage par eau, feu, terre, ou venin. Davantage il sert de remède aux maladies
des hommes; je suis le vrai trésor Royal donné seulement au pieux.»

Texto traduzido para língua portuguesa

Azoth é um termo de alquimia.


Em seu caminho, as opiniões divergem, como a etimologia.
"Ashdod" designa a matéria-prima (o ponto da grande obra alquímica de partida) ou uma
panacéia, ou solvente universal (o alkahest) ou o Mercury misteriosa do sábio, ou o
Espírito Universal (Spiritus Mundi...). O significado do termo parece divergir de acordo
com alquimistas e tratados.
De acordo etimologia simbólica dos alquimistas, a palavra "Azoth" começa com a
primeira letra e termina com a última letra do alfabeto. Lê Azoth ou o caminho para o
ouro escondido Filósofos Basile Valentin (1624) 1.
"Presente em todos os lugares, os filósofos têm me decorado o nome de Ashdod, os
latinos A e Z, o grego Alpha e Omega, o Aleph e Thau hebreus, tudo que nomes
significam e Ashdod são jogados no fogo como pela raiva I oprime a água, e os outros
seis metais elogiar muito o meu nome, especialmente porque eu introduzi-los ao Reino
do Sol, onde eles universal me chamar quando eu transmuta em ouro puro, que nunca
vai sentir qualquer danos causados pela água, fogo, terra ou veneno. Mais, serve como
um remédio para as doenças dos homens; Eu sou o verdadeiro tesouro real dado
apenas aos piedosos."
Nessa ancoragem, percebemos as interligações existentes entre a Alquimia e a
Maçonaria nos idos medievais e modernos. As joias que aparecem ainda no início do
século XVII, antes mesmo do surgimento da concepção maçônica. Isto posto, essas
representações afirmam o caráter das insígnias como sentidos que podem pulular aos
sentidos materiais e imateriais dessas indumentárias que, não apenas servem como
ornamentos, mas para cristalizar as subjetividades nas mentes humanas e de que
maneira podem simbolizar socialmente.
As joias e suas representatividades materiais

A joia do Venerável Mestre Maçom. A joia do Venerável de Honra.

A simbologia do Quadro, Compasso e a Letra G entre eles sintetizam a dualidade existente na


simbologia maçônica – onde a vertente dos antigos construtores reconhece as joias como
funcionalidade platônica presente nos ideais pela espiritualidade pautada na filosofia – essa
marcante para se adquirir a virtude tão almejada pelo homem.

Outras simbologias – outras joias – outros sentidos

Ordens Arquitetônicas: Representação do Templo de Salomão: Quadro dos Símbolos:


(De cima para baixo, Dórica, Jônica e Coríntia) (Duas Colunas) (Gabinete/Câmara de Reflexões)
Avental de Companheiro Maçom. Avental de Mestre Maçom.

Cadeia de União.

A Cadeia de União vista em perspectiva, está em todas as direções do Universo e pode ser
concebida como uma ‘malha de tecidos’ que se entrecruza e solidifica no Cosmos da
humanidade.
A guisa das considerações
Em sua grande maioria, os símbolos são representados em aspectos históricos, culturais e, ao
mesmo tempo, filosóficos – cada um contribui a partir de Contextos e Cenários estabelecidos
por uma dada comunidade, associação, irmandade ou grupo social que aceita como
significados educativos e que se organizam continuamente por entender que a Virtude e a
Verdade fazem parte do mesmo espaço social – mas se diferenciam nas ações de cada sujeito
social no seu dia a dia.
Referências
Academia Brasileira de Letras. Dicionário escolar da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2008.
CAMINO, Rizzado da. Simbolismo do primeiro grau: aprendiz. 6. ed. São Paulo: Madras,
2016.
CHOEN, Otavio. O livro secreto da maçonaria. São Paulo: Abril, 2015.
Disponível em: http://iblanchier3.blogspot.com.br/2015/08/joias-e-insignias.html Acesso: 20-5-
2023.
Disponível em: http://www.masonic.com.br/rito/insignias.htm Acesso: 20-5-2023.

Sérgio Nunes de Jesus, Mestre Maçom, da ARLS Universitária Pitágoras Nº 3313, GOB-RO,
Brasil - Obreiro: 309551 - I.R.B.: 10.599 – Da Academia Maçônica de Letras de Rondônia
(AMLR). E-mail: canibal30canibal@gmail.com

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