Você está na página 1de 37

A crítica ao Modernismo no Brasil

O conceito modernista esteve atrelado, em seu período historicamente vigente no Brasil


e no mundo, tanto à arquitetura quanto ao urbanismo. De uma forma ou de outra, a
ideologia modernista era norteada pelos avanços tecnológicos, tendo a industrialização
como protagonista. Assim, enquanto a arquitetura moderna prioriza a pureza formal e a
reprodução facilitada das edificações, o urbanismo moderno prioriza os veículos
automotores em detrimento do pedestre. Dessa maneira, é notável o fato de que a
simplicidade da forma e a padronização da técnica construtiva tenham expandido os
horizontes da arquitetura moderna brasileira por todo o seu território.

Os princípios do Modernismo estavam presentes nas residências unifamiliares, conjuntos


habitacionais e até mesmo no tecido urbano. Diferentemente do Modernismo europeu, no
Brasil essa vertente arquitetônica, em sua prática, acabou apresentando um caráter mais
estético do que ideológico. Não se observa um estudo prévio da tessitura das cidades
brasileiras e dos costumes locais sem levar em consideração o momento político e social
em que o país se encontrava na época. Apesar de o Brasil também estar passando por um
período de mudança e busca pelo progresso, a realidade social e dos centros urbanos
brasileiros era bem diferente das cidades europeias, de onde o Modernismo se origina.
Assim, os conceitos modernos acabam se encaixando no Brasil de forma genérica.
O Modernismo na arquitetura teve papel importante na reconstrução das cidades no
período pós-guerra na Europa, com a premissa de implementar uma espécie de produção
em massa da habitação, suprindo o déficit habitacional do período. Influenciado pela
Revolução Industrial e pelos meios de produção fordistas, o Modernismo visava anular
o tradicionalismo em grande parte das esferas sociais e criar elementos que fossem
originais e caracterizassem uma imagem nacional progressista. Nesse contexto, seria
necessário que os edifícios fossem "padronizados", facilitando sua reprodução em larga
escala. Há, portanto, quem diga que o Modernismo “engessou” a maneira de projetar e
limitou sua forma a meras “caixas”, tornando-a simplista e livre de ornamentos.

Esse julgamento estético das formas é totalmente subjetivo, tendo em vista a apreciação
de alguns e a antipatia de outros. É importante, porém, salientar que desde seu princípio
o Modernismo tende a ser polêmico quanto a sua apresentação – e é nesse ponto que está
caracterizado seu espírito revolucionário, por meio da ruptura com o status quo
tradicionalista.

Essas características formais, que até hoje geram críticas, são claramente notáveis, por
exemplo, naquela que foi considerada a primeira residência modernista construída no
Brasil em 1927 (Figura 1), projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972),
então recém-chegado ao país. Warchavchik foi um dos primeiros arquitetos a contestar a
produção neocolonial na arquitetura daquele período.

Figura 1. Casa da Rua Santa Cruz, em São Paulo, projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik. Fonte:
Shutterstock. Acesso em: 08/09/2020.
Em relação à escala urbana, a construção de Brasília marca um importante momento da
história do país e era a grande promessa, em termos de progresso, que o Brasil tanto
almejava. Construída no mandato de Juscelino Kubitschek (1902-1976), no final da
década de 1950, os preceitos do Modernismo foram aplicados em Brasília pelo arquiteto
Lúcio Costa (1992-1998) com seu Plano Piloto, vencedor do concurso realizado para a
execução do projeto urbanístico da nova cidade. A concepção tinha definições claras de
setorização urbana – em regiões habitacionais, de lazer e a organizacionais –, acentuadas
por um eixo central de escala monumental com edifícios projetados por Oscar Niemeyer
(1907-2012).

Brasília tem zonas bem definidas e divididas, o que, na teoria, permitiria uma disposição
facilitada dos diversos serviços, atendendo às necessidades dos seus moradores. O
automóvel, porém, que se torna o meio de transporte ideal para a locomoção na cidade,
não é um produto acessível a todos os cidadãos, que acabam tendo a necessidade de
caminhar pelo tecido urbano e utilizar o transporte público – e, como os serviços e os
locais de trabalho são distantes das residências, o transporte público torna-se insuficiente
devido à alta demanda. Em horários não comerciais, as áreas centrais ficam vazias,
favorecendo a crescente violência urbana em um país que sempre fora tão desigual, e a
escala torna a caminhabilidade inviável, posto que esta é muito distante da escala humana
e torna a caminhada muito mais longa. Isso posto, os aspectos modernistas da cidade de
Brasília serão mais aprofundados posteriormente.

Na busca por uma identidade nacional e única, o Modernismo brasileiro acabou


absorvendo ideais europeus sem levar as particularidades das terras tupiniquins em
consideração. A discussão sobre a atuação do Modernismo no Brasil acontece pouco
depois, quando já é percebido o mau funcionamento de Brasília, a cidade que representava
o futuro do Brasil, e dos diversos conjuntos habitacionais construídos, o que, em grande
parte, contribuiu ainda mais para o processo de marginalização e gentrificação de grande
parcela da população, não apenas no Brasil, mas em diversas partes do mundo.

Alguns arquitetos brasileiros tiveram merecido destaque na produção de obras


modernistas de suma importância para o país. Lúcio Costa, um dos pioneiros do
Modernismo brasileiro, basicamente inicia um grande debate sobre patrimônio e cidade,
o que levantou algumas polêmicas sobre a arquitetura neocolonial, inclusive sobre a
produção do escultor e arquiteto barroco Aleijadinho (1738-1814).
Costa trabalhou com Gregori Warchavchik ainda jovem, além de ter sido integrante da
equipe responsável pelo projeto do Edifício Gustavo Capanema, liderada pelo arquiteto
suíço Charles-Edouard Jeanneret-Gris – ou, como era mais conhecido, Le Corbusier
(1887-1965) –, ao lado de Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy (1909-1964) e outros
importantes arquitetos do período. Vale ressaltar que Niemeyer, antigo aluno de Lúcio
Costa, foi também seu parceiro no projeto dos edifícios para a nova capital do Brasil.

As transformações que o urbanismo e a arquitetura modernos trouxeram consigo foram


bastante relevantes para as mudanças no tecido urbano. Como em todo movimento
artístico e cultural, essas mudanças não aconteceram de forma abrupta, mas
gradativamente. O próprio Lúcio Costa projetou edifícios ecléticos e de características
neocoloniais no início da sua carreira, e sua mudança vem justamente do olhar crítico
para essas produções, partindo, claro, de uma influência artística externa, o que é
totalmente justificável.

O estabelecimento do Modernismo no Brasil e no mundo como estilo arquitetônico


ocorreu de forma gradativa e com características singulares em cada local. Ainda assim,
mesmo com suas particularidades, a ideologia do Modernismo sempre foi comum a todas
as vertentes: uma arquitetura para todos.
A BUSCA PELA IDENTIDADE NACIONAL

O espírito inovador e revolucionário nasce na Europa no final do século XIX. O período


foi marcado pelas intensas transformações causadas pela Revolução Industrial, que
trouxeram a necessidade de reconstrução daquela sociedade ainda forjada nos moldes
medievais. Esse movimento teve início nas artes plásticas e na literatura, mas logo a
arquitetura também se propôs a realizar sua autocrítica e questionar os modelos
construtivos e de cidade executados até então.

A arquitetura, como forma e cidade, torna-se um espelho da essência organizacional e


cultural de uma sociedade que havia passado por grandes mudanças e ansiava por
transformações também em seu espaço construído. O progresso havia chegado e alterado
os meios de produção, e, assim como na indústria, a construção também adquiriu novas
práticas e métodos.

Contudo, é importante ressaltar as raízes que originaram o movimento modernista.


O positivismo é a base filosófica influenciadora do Modernismo, posto que dela se
originou a compreensão de que experimentos científicos forneceriam o embasamento
necessário para o estudo da sociedade, da política e da economia. Esses experimentos
científicos teriam caráter universal e trariam consigo uma resposta segura e absoluta.

EXPLICANDO

O positivismo foi uma doutrina filosófica do século XIX formulada pelo filósofo Auguste
Comte (1798-1857), - decorrente do Iluminismo. Com ênfase na sociedade industrial e
com grande inclinação para as questões sociais, o positivismo baseava-se na ciência como
única verdade absoluta.

Podemos, então, notar a presença da corrente positivista no Brasil no final do século XIX,
com a criação da bandeira do país com os dizeres “Ordem e progresso” – definindo-o
como uma nação que estava a caminho do futuro –, e também na Era Vargas, quando é
implementado o Estado Novo. O cientificismo pode ser identificado como uma das
origens do aspecto racional do Modernismo, levando-se em consideração tanto seus
aspectos ideológicos quanto as técnicas construtivas da época.

Ainda no final do século XIX, Paris era uma das principais cidades do mundo ocidental.
Conhecida como Cidade Luz, ou Ville Lumière, Paris ainda tinha grande influência sobre
as artes no início do século XX. O espírito inovador e progressista da cidade era
disseminado pelo mundo por intelectuais, e acabaria por entusiasmar algumas figuras
importantes que compunham a classe artística brasileira.

Influenciada pelos movimentos modernos ocorridos primordialmente na Europa,


a Semana de Arte Moderna de 1922 foi o marco da introdução da arte moderna no
Brasil. O evento reuniu grandes intelectuais brasileiros e artistas consagrados, como
Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Oswald de Andrade, entre tantos outros.
As vanguardas do Modernismo europeu estavam cada vez mais se tornando hegemônicas
no mundo, e alguns de seus precursores trouxeram esse dogma estilístico para o Brasil
com o objetivo de criar uma nova identidade nacional. A identidade pretendida pelos
modernistas devia ser racional e pura, sem nenhum tipo de ornamento.
Os modernistas tinham certa aversão aos elementos decorativos, pois, para eles, esses
elementos representavam uma característica supérflua e não honesta com a superestrutura
formal. O racionalismo do movimento moderno era extremamente rígido quando se
referia à funcionalidade, fosse no nível macro ou micro. A fachada devia ser um espelho
da planta, sem decorações ou ornamentações.

Liderados pelo arquiteto Le Corbusier, os Congressos Internacionais de Arquitetura


Moderna ou CIAMs (do francês Congrès Internationaux d'Architecture Moderne) foram
uma série de reuniões ocorridas na Europa entre os anos de 1928 e 1956. Basicamente,
foram locais de discussão sobre arquitetura moderna que influenciaram as gerações de
arquitetos posteriores. Como representantes brasileiros, há os arquitetos Lúcio Costa e
Oscar Niemeyer (HOLSTON, 2010).

As aspirações modernistas de Le Corbusier foram influenciadas por uma série de


vanguardas artísticas que tinham características ideológicas em comum. Para citar
algumas: Bauhaus, De Stijl, construtivismo russo, minimalismo, funcionalismo e estilo
internacional. Este último engloba os edifícios construídos, basicamente, com os cinco
pontos da arquitetura moderna definidos por Le Corbusier. O estilo internacional,
segundo muitos autores, pode ser definido como uma vertente do Modernismo, ou como
sendo o próprio Modernismo.

CITANDO

As cinco características essenciais para uma construção moderna eram defendidas por Le
Corbusier como “os cinco pontos para uma nova arquitetura”. São eles: (1) pilotis; (2)
terraço-jardim; (3) planta livre; (4) fachada livre; e (5) janela em fita. Esses seriam os
principais componentes da arquitetura moderna (MACIEL, 2002).

A Carta de Atenas é um manifesto, redigido por Le Corbusier no CIAM de 1933, que


estabelece diretrizes essenciais para a realização de um projeto urbano funcional. Nesse
documento, podemos observar, sobretudo, a função do poder público de
assegurar orientações sobre melhorias nas cidades e na qualidade de vida urbana a partir
das propostas desenvolvidas pelo grupo de intelectuais, profissionais e pesquisadores de
diversas áreas relacionadas a arquitetura, urbanismo, saúde e organização social.

Nesse mesmo documento, é possível verificar a importância que os CIAMs davam


à ruptura com as leituras estéticas do passado. A conservação do patrimônio histórico
sempre foi evidenciada, procurando romper com o passado por meio das obras
arquitetônicas construídas dali em diante e preservando-se as construções históricas.
Também é salientada a importância de não reproduzir elementos arquitetônicos de
períodos históricos anteriores àquele, pois assim se poderia imprimir anacronismo à obra.
Para Le Corbusier (1993, p. 27):

O emprego de estilos do passado, sob pretextos estéticos, nas construções


novas erigidas nas zonas históricas, têm consequências nefastas. A
manutenção de tais usos ou a introdução de tais iniciativas não serão
toleradas de forma alguma.

Tais métodos são contrários à grande lição da história. Nunca foi


constatado um retrocesso, nunca o homem voltou sobre seus passos. As
obras-primas do passado nos mostram que cada geração teve sua maneira
de pensar, suas concepções, sua estética, recorrendo, como trampolim
para sua imaginação, à totalidade de recursos técnicos de sua época.
Copiar servilmente o passado é condenar-se à mentira, é erigir o “falso”
como princípio, pois as antigas condições de trabalho não poderiam ser
reconstituídas e a aplicação da técnica moderna a um ideal ultrapassado
sempre leva a um simulacro desprovido de qualquer vida. Misturando o
“falso” ao “verdadeiro”, longe de se alcançar uma impressão de conjunto
e dar a sensação de pureza de estilo, chega-se somente a uma
reconstituição fictícia, capaz apenas de desacreditar os testemunhos
autênticos, que mais se tinha empenho em preservar.

A visita de Le Corbusier ao Brasil foi um evento marcante na história da arquitetura


brasileira. O objetivo era participar de algumas conferências com o intuito de discutir o
Modernismo no âmbito da arquitetura e do urbanismo. Em 1929, em sua primeira visita
à América do Sul, o arquiteto fez alguns croquis para intervenções urbanas no Rio de
Janeiro (Figura 2) enquanto sobrevoava a cidade. Esses projetos, entretanto, foram apenas
ideias propostas, que nunca foram executadas.

Figura 2. Croqui de proposta do viaduto habitável de Le Corbusier para a cidade do Rio de

Janeiro. Fonte: BARATTO, 2017a.

Um dos maiores e mais importantes nomes da arquitetura moderna brasileira e seguidor


dos princípios corbusianos foi o arquiteto Lúcio Costa, um dos maiores críticos da
arquitetura colonial brasileira e defensor implacável da escola de Le Corbusier. Segundo
Costa, o processo de evolução da arquitetura neocolonial para o que se chamaria de
arquitetura moderna era um processo natural, que ocorria devido ao emprego de novas
tecnologias na indústria da construção e à própria evolução humana. Fato é que, mais
tarde, o próprio Lúcio Costa reconheceu a importância de nomes como Aleijadinho, ao
qual havia direcionado duras críticas, no patrimônio arquitetônico nacional,
principalmente após as obras de Niemeyer.

O estilo internacional tornou-se um padrão de arquitetura moderna que podia ser


reproduzido em qualquer lugar do mundo. Era exatamente este o objetivo do estilo:
ser universal, de maneira que o espaço criado pudesse devolver o nível do piso ao
transeunte com a forma sob os os pilotis e fosse, ao mesmo tempo, um espaço resiliente
(pois a função podia mudar); proporcionasse uma iluminação e ventilação adequadas; e
dispusesse de um teto-jardim, de forma a recuperar a área permeável “roubada”. No
Brasil, particularmente, algumas obras modernistas tiveram o privilégio de ter em sua
composição os jardins do paisagista Burle Marx (1909-1994).

A busca pela identidade nacional estava, então, em um dilema: como adquirir uma nova
roupagem nacionalista com um estilo arquitetônico importado? Como já abordado, os
ideais racionalistas corbusianos do estilo internacional eram universais, resultando em
uma arquitetura padronizada. Entretanto, no Brasil, graças a um arquiteto modernista que
questionou a dureza da forma universal, pudemos obter um estilo próprio, tipicamente
brasileiro, e que seria um dos maiores influenciadores da arquitetura contemporânea:
Oscar Niemeyer.

Niemeyer, ainda jovem, fez parte a equipe de Le Corbusier no projeto do Edifício Gustavo
Capanema e conhecia bem os princípios do estilo internacional. Todavia, segundo o
próprio arquiteto, em diversas entrevistas que deu ao longo de sua carreira, a arquitetura
devia ser mais do que linhas ortogonais engessadas. Niemeyer acreditava que as formas
podiam expressar mais do que apenas funcionalidade e que o objeto construído podia ser,
também, um objeto de admiração, despertando sensações e sentimentos em seus usuários.
Nesse ponto, podemos observar uma ressignificação de alguns aspectos que a arquitetura
neocolonial valorizava como ideia: a arquitetura como arte.

Em Brasília, Niemeyer ganhou espaço para criar diversos edifícios icônicos da arquitetura
moderna, que, próximos do funcionalismo e um pouco distantes do estilo internacional,
tomam espaço na quebra do paradigma da arquitetura moderna e iniciam uma
importante transição arquitetônica, que ganhará força, sobretudo, na segunda metade
do século XX. A partir daí, a arquitetura moderna brasileira ganha um caráter singular
que ainda influencia arquitetos contemporâneos em todo o mundo.

A SINGULARIDADE DA ARQUITETURA MODERNA

A identidade racionalista da arquitetura moderna, refletida em sua forma purista e


funcional, desperta críticas e opiniões divergentes quanto à estética. Espera-se que sua
austeridade cause certo incômodo na maioria dos observadores e usuários, mas seu
importante legado para a arquitetura contemporânea é indiscutível. Foi a partir da
subversão da arquitetura tradicional, produzida até final do século XIX e proposta pelos
artistas precursores do movimento moderno, que pudemos conjeturar sobre até que ponto
a estética eclética dos edifícios, reproduzida até então, era um reflexo daquela sociedade
que adquiria uma nova dinâmica pós-Revolução Industrial.

A aspereza das construções modernas demonstra o desprezo que seus projetistas tinham
pela arquitetura tradicional. A retirada de ornamentos e a honestidade formal seriam
fundamentais para uma arquitetura genuinamente moderna. Esses preceitos, de certa
forma, influenciaram a arquitetura contemporânea, e é possível identificá-los em grande
parte de suas obras, ainda que com outra leitura.

Não é surpresa que as características formais da arquitetura moderna tenham causado


certo espanto em um primeiro momento. Em contraposição aos edifícios de acabamento
rebuscado e repletos de trabalhos artesanais feitos com bastante esmero, os edifícios
modernistas mostravam-se, para muitos de seus observadores e usuários, robustos,
grosseiros e com aspecto de inacabados.

Ainda hoje, muitas pessoas não são inclinadas a gostar desse estilo arquitetônico devido
às características anteriormente mencionadas, embora já não ocorra o estranhamento
inicial. O brutalismo – vertente da arquitetura modernista –, por exemplo, tem como
premissa permitir que a estrutura em concreto dos edifícios fique aparente, deixando
inclusive as marcas das formas em que o material foi moldado.

A utilização do vidro é uma característica marcante do período moderno e permitiu que


o exterior e o interior dos edifícios tivessem uma forte conexão visual. Essa
permeabilidade também tinha o seu aspecto negativo, pois, em uma construção comercial
ou governamental, tornava o espaço interessante, mas em edifícios residenciais esse
componente tornava a vida moderna exposta – o que não era um problema em residências
mais isoladas, mas que podia ser incômodo em conjuntos habitacionais.

É possível ver essa crítica de maneira bastante ácida no filme francês Playtime, do diretor
Jacques Tati, no qual os personagens demonstram certa dificuldade em se adaptar às
invenções da vida moderna na grande metrópole de Paris. Nesse filme, há uma cena
(Figura 3) em que a vida dos moradores de um edifício é completamente exposta devido
ao tratamento em vidro da fachada.

ASSISTA

A comédia visual Playtime – Tempo de diversão, do cineasta francês Jacques Tati (1967),
na qual ele também atua como o memorável personagem Sr. Hulot, é uma crítica bem-
humorada ao estilo de vida moderno, apresentando a cidade de Paris com um aspecto bem
diferente do qual estamos acostumados a ver. Aqui, a estética futurista e fria toma conta
da cidade, e o homem é forçado a lidar com as novas tecnologias da vida moderna.

Figura 3. Cena do filme Playtime – Tempo de diversão. Fonte: NETO, 2020.


A introdução do vidro também teria um papel fundamental dentro do espaço: permitir a
entrada de luz natural. Uma forte característica dos arquitetos modernistas está justamente
na preocupação em proporcionar um ambiente interno mais confortável e salubre. A
habitação moderna teria de assegurar o bem-estar dos moradores que supostamente
estariam na linha de frente da produção industrial, ou trabalhando em outros cargos que
o mercado de trabalho lhes proporcionasse. Dessa forma, a unidade habitacional torna-se
um espaço que atende às necessidades diárias dos usuários de maneira proveitosa.

Vale ressaltar que existe uma diferença considerável quando nos referimos à "moradia"
como unidade habitacional e à "casa" propriamente dita. As unidades dos conjuntos
habitacionais, apesar de terem espaços bem divididos e garantirem, muitas vezes, o
conforto ambiental, figuravam uma experiência muito diferente daquela da casa
modernista. A casa modernista unifamiliar teria espaços também funcionais, mas
amplos, o que permitiria ao morador um desfrute diferenciado de seu entorno com, por
exemplo, vegetações preexistentes ou jardins antrópicos. A qualidade de vida nas casas
modernas é sem dúvida excelente, e sua estética, cujo apreço é subjetivo, configura uma
discussão mais rasa dentro do âmbito desse estudo.

Como já abordado anteriormente, os princípios do Modernismo significaram uma


mudança profunda na sociedade, que ia muito além do aspecto estético. Os sérios
problemas de habitação nas grandes cidades, que cresciam mais a cada dia, precisavam
ser sanados. O êxodo rural foi um fenômeno causado pela Revolução Industrial que
inflou, de maneira bastante considerável, a população que vivia nas grandes cidades. As
famílias que chegavam do campo procuravam pelos empregos oferecidos nas grandes
indústrias e precisavam alocar-se rapidamente.
Esse movimento gerou o surgimento de ocupações irregulares (ou invasões) nas grandes
cidades, o que, consequentemente, acarretou um problema de infraestrutura e, por fim, de
saúde pública. Além dos problemas sociais, as invasões também incomodavam as
autoridades, por deixarem a cidade visualmente desfavorecida. Dessa necessidade de
sanar os problemas de habitação causados pela superpopulação nas grandes cidades
surgiriam os conjuntos habitacionais.
Os conjuntos habitacionais são um marco na arquitetura modernista, além de apontar o
início da verticalização da moradia. Eles consistem em um sistema habitacional de grande
porte, e geralmente são destinados à população de baixa aquisição facilitada a partir de
programas de financiamentos do governo. Muitos foram os conjuntos habitacionais
construídos nos moldes modernistas em todo o mundo. Daí, famosos a importância de a
arquitetura moderna ser simples e de construção mais intuitiva.

Um dos mais ou "Pedregulho", como é popularmente conhecido conjuntos habitacionais


modernos do Brasil é o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, (Figura 4).
Localizado na cidade do Rio de Janeiro, foi projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo
Reidy em 1947. A maior edificação do conjunto, localizada no ponto mais alto do terreno,
tem cerca de 260 m de extensão e dispõe de 272 unidades habitacionais. Os cinco pontos
corbusianos da arquitetura moderna são claramente identificados na composição do
edifício principal, que tem uma forma curvilínea e se adapta à topografia acidentada do
local.
Figura 4. Vista aérea do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, o “Pedregulho”, projetado
por Affonso Eduardo Reidy. Fonte: SÁ, 2011.

Das vanguardas do Modernismo, foi o construtivismo russo que implementou


inicialmente os conjuntos habitacionais. Para suprir a carência habitacional causada pelos
conflitos da Primeira Guerra Mundial, alguns dos países da Europa mais atingidos, como
a Rússia e a Alemanha, já com a forte influência do movimento utilitarista, iniciaram a
implementação de um novo modelo de habitação coletiva, adotado pelo Modernismo
como solução viável para o problema habitacional no âmbito geral.

O construtivismo russo apresenta-se como uma das vanguardas europeias que mais
influenciaram a ideologia modernista. Uma das frases mais célebres do movimento
construtivista é atribuída ao arquiteto e artista russo Lazar Markovich Lissitzky (1890-
1941), mais conhecido como El Lissitzky: “Uma arte construtivista não é a que decora,
mas a que organiza a vida”.

A primeira obra de um conjunto habitacional tipicamente modernista foi construída na


França e projetada por Le Corbusier. Trata-se da Unité d’Habitation (Figura 5), com
construção finalizada em 1952 e destinada a ser a nova moradia de vítimas dos conflitos
gerados pela Segunda Guerra Mundial na cidade de Marselha.
Figura 5. Fachada de edifício Unité d’Habitation em Marselha, França, do arquiteto Le Corbusier. Fonte:
MERIN, 2016.

Os conjuntos habitacionais, definitivamente, reconfiguraram as cidades. A iniciativa


privada e o poder público brasileiro adotaram essa tipologia habitacional coletiva como
padrão e a julgaram como a mais eficaz medida de política habitacional. Até hoje são
construídos conjuntos de caráter social e privado nos mesmos moldes implementados no
início do século XX, devido à fácil reprodução e ao baixo custo de construção. Entretanto,
há considerável alteração dos componentes clássicos da arquitetura moderna, a exemplos
dos pilotis, que foram suprimidos. Hoje, as habitações coletivas deram origem a um
relevante problema contemporâneo das grandes cidades, mas que não será abordado nesse
momento: a especulação imobiliária.

O Modernismo como ideologia

Do ponto de vista ideológico, o Modernismo apresenta teorias embasadas na política


voltada para o bem-estar social conjecturada na lógica do Welfare State, ou Estado de
Bem-Estar Social, medida econômica que assegurava que o Estado fosse o garantidor dos
serviços e condições básicas para os indivíduos de determinada sociedade.

Essa perspectiva surge após um período de intensos conflitos mundiais que causaram
danos irreversíveis à humanidade. As atenções estavam voltadas para a reconstrução de
uma sociedade marcada por tragédias, e era preciso que o Estado assumisse o papel de
reparador social e reorganizasse as comunidades mais atingidas pela guerra, além, claro,
de reestruturar a sociedade sumariamente industrial que havia ocupado os grandes centros
urbanos.
Com toda essa percepção de bem-estar coletivo, os arquitetos modernos assumem a
missão de tornar realidade os pensamentos e premissas que transformariam a sociedade
em justa e igualitária para todos os seus cidadãos. Esses ideais eram cada vez mais
hegemônicos e cada vez mais reafirmados pelos intelectuais mais influentes como o
caminho certo para a humanidade.

O Brasil, por sua vez, passava por um período de reinvenção da sua imagem para o mundo
com a implementação do Estado Novo – e nunca chegou a ter, de fato, um projeto de
Welfare State, apesar de ocorrerem algumas políticas assistencialistas na Era Vargas. De
certo modo, quando os arquitetos importam o modelo moderno de urbanismo para o
Brasil, além de não se extrair um estudo prévio do que funcionaria em aspectos de espaço
urbano implementados na cultura brasileira, não existe, de fato, um alinhamento com os
planos governamentais.

A intenção dos arquitetos era de uma mudança social significativa para o país, e as
intenções governamentais eram puramente estéticas. O poder público estava preocupado
em atribuir ao Brasil a imagem de uma nação que olhava para o futuro, deixando de ser,
de uma vez por todas, um país atrasado, como eles julgavam.

Nesse ponto, era esperado que as divergências filosóficas entre arquitetos e o poder
público causariam os diversos problemas que surgiram mais tarde. A arquitetura e do
urbanismo descolados de políticas públicas não teriam o poder transformador esperado.
Essa percepção é confirmada ao longo das décadas que seguiram à experiência
modernista no Brasil e no mundo.

Outra importante observação parte da análise do lugar que esses arquitetos modernos
ocupavam dentro da sociedade. Todas as discussões ocorridas nos CIAMs sobre
arquitetura e cidade foram realizadas a partir de um olhar da classe média. Os conceitos
modernistas, de modo geral, partem de um discurso atribuído a uma classe mais abastada,
da qual arquitetos e intelectuais daquele período faziam parte. A utopia de mudança social
por meio da arquitetura parte de uma análise limitada dos verdadeiros causadores de
tamanha desigualdade social. Seria, então, ingenuidade pensar que apenas a reformulação
de um tecido urbano ou a implementação de um novo edifício poderia transformar a
realidade social de um país.

Figura 6. Maquete da Ville Radieuse, projeto de Le Corbusier. Fonte: MERIN, 2016.

A Ville Radieuse (Figura 6) foi um projeto não construído de Le Corbusier, desenvolvido


em 1931, que demonstra como seria a cidade moderna perfeita. O desenho urbano
imaginado por Le Corbusier apresentava traços rigidamente geométricos, um eixo central
principal, volumes bastante verticalizados e padrões de quadras repetitivos com alguns
eixos diagonais, que eventualmente interseccionam a malha para interligar algumas
regiões específicas.

O zoneamento foi dividido em áreas de interesse separadas por função e sem


convergência entre si, deixando a parte central como a zona financeira e as periferias
ocupadas com as habitações. Apesar de nunca ter sido construída, Lúcio Costa se inspira
em todos os aspectos elencados na cidade idealista de Le Corbusier para a construção de
Brasília.

A proposta de Le Corbusier é a materialização da ideologia essencial do Modernismo:


uma cidade estritamente funcional, que abarca todos os seus moradores de maneira
igualitária e que garante todos os espaços necessários para lazer, trabalho e descanso. A
experiência urbanística moderna trouxe, com o decorrer do tempo, uma série de debates
sobre o quanto a padronização da moradia tirava o caráter identitário das habitações, a
exemplo do Conjunto Habitacional Pruitt-Igoe (Figura 7), com seu projeto baseado nos
conceitos modernos corbusianos e com todos os edifícios idênticos. A coletividade é o
cerne da utopia modernista.

Figura 7. Imagem aérea do Conjunto Habitacional Pruitt-Igoe em St. Louis, Missouri, do


arquiteto Minoru Yamasaki. Fonte: FIEDERER, 2017.

O PROBLEMA DAS CIDADES: O CASO DE BRASÍLIA


Os projetistas urbanos teriam de lidar não com um, mas com dois dos principais
problemas da metrópole naquele momento: o remanejamento da malha urbana, tendo o
automóvel como o protagonista; e os problemas habitacionais gerados pelo aumento da
população. A mesma lógica funcionalista e racionalista utilizada na arquitetura foi
aplicada no tecido urbano, como visto na Ville Radieuse. A cidade ideal de Le Corbusier
passou a ser o modelo de cidade a ser reproduzido, uma espécie de mainstream do
urbanismo.

No Brasil, Juscelino Kubitschek tomava posse em 1956, e teve como principal promessa
de campanha a transferência e a construção da nova capital do país. O local onde seria a
nova capital já havia sido proposto há muitas décadas e se tornou um consenso: o Planalto
Central do Brasil. Essa concordância sobre a localidade exata da nova capital do país
parte, principalmente, da intenção de povoamento da região central do território nacional
e do distanciamento da capital das regiões costeiras, ou seja: tratava-se de um projeto de
interiorização.

Inicialmente, Kubitschek havia delegado a missão de projetar Brasília a Oscar Niemeyer.


Niemeyer, que não tinha muita experiência com projetos urbanos, sugere a criação de um
concurso nacional para escolher o melhor projeto para a capital, e ele ficaria encarregado
de projetar os principais edifícios governamentais da cidade. O concurso é, então,
elaborado pela recém-criada Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital),
também responsável pela construção, iniciada no mesmo ano de posse do presidente
Kubitschek. Vale ressaltar que Brasília não é o único exemplo de planejamento urbano
moderno no Brasil, mas devido às similaridades com as propostas corbusianas e sua
relevância histórica, será utilizada aqui como um estudo de caso.

Lúcio Costa, então seguidor dos preceitos estritamente modernistas, foi o vencedor do
concurso nacional elaborado pela Novacap. O Plano Piloto proposto por Costa (Figura
8) consiste na intersecção de dois eixos: o eixo monumental (leste-oeste), onde ficam os
principais edifícios do governo federal; e o eixo habitacional (norte-sul), onde estão
localizadas as habitações, divididas em superquadras. Bem ao centro de Brasília,
localiza-se a estação rodoviária. Um dos preceitos rodoviaristas para a capital era que não
houvesse cruzamentos de vias, e a solução para isso foi utilizar elevados para a melhor
fluidez do trânsito.

Figura 8. Esboço do Plano Piloto de Brasília por Lúcio Costa. Fonte: BARATTO, 2017b.

Brasília nasce não apenas com o objetivo de ser a mais nova capital do Brasil, resultado
de um plano de interiorização do país, mas também como a materialização do pretensioso
objetivo de figurar uma nova imagem nacional perante o mundo, determinando o destino
do urbanismo.
A construção de Brasília foi um marco na história do Brasil e responsável pela migração
de trabalhadores em busca de trabalho na construção civil (Figura 9). Os candangos,
como eram chamados, deixavam seu local de origem rumo à nova capital em busca de
emprego e melhores condições de vida. Muitos deles migraram com suas famílias, outros
foram contando com a própria sorte. Como Brasília ainda estava sendo construída, não
havia locais de habitação, o que levou os trabalhadores a improvisar moradias e ocupar
espaços ao redor e dentro do Plano Piloto.

Figura 9. Candango caminhando em direção a Brasília e cartaz mostrando o debate que existia sobra a
transferência da capital brasileira. Fonte: BARATTO, 2018.

Em 1959, no terceiro ano da construção, foi identificado um crescimento bastante


significativo de acampamentos e assentamentos irregulares na região do Plano Piloto e
adjacências. Foi então que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
realizou o Censo Experimental de Brasília, o primeiro da região ainda em processo de
construção, constatando que a capital já era ocupada por mais de 64.300 habitantes. Cerca
de 12% desses habitantes contabilizados eram os já nascidos naquele curto período de
tempo, e os outros 88% consistiam nos candangos – em sua maioria, homens oriundos de
outras partes do país, principalmente das regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste
(IBGE, 2010).

Os candangos, portanto, foram os primeiros habitantes de Brasília, e sua presença


levantou uma série de contradições. No contexto inicial de planejamento, não era prevista
a permanência desses trabalhadores. As ocupações irregulares cresciam, comprometendo
áreas cada vez mais significativas do Plano Piloto, e não era possível que essas famílias
permanecessem naqueles locais – as ocupações irregulares teriam de ser eliminadas.
Mesmo após a conclusão dos setores habitacionais das asas Norte e Sul, nenhuma das
unidades habitacionais modernas foi destinada a essas famílias.

A necessidade de realocação, por parte do poder público, das famílias que ocupavam
irregularmente a região do Plano Piloto deu origem às então chamadas cidades-satélite.
As cidades-satélite eram agrupamentos próximos à capital que hoje compõem diferentes
Regiões Administrativas do Distrito Federal. Às famílias que deviam deixar as “invasões”
na capital, seriam destinados assentamentos nessas regiões, fora do traçado central de
Brasília.

Em 1970, foi realizada a Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), que organizou


a realocação de famílias que continuavam ocupando os espaços da região central, dando
origem à cidade-satélite (hoje, Região Administrativa) de Ceilândia, onde ficariam os
novos assentamentos. Dessa forma, vemos que o sonho de Brasília já nasce contradizendo
os próprios preceitos do projeto modernista. A nova capital do Brasil nunca se tornou
uma cidade inclusiva.

Nesse ponto, podemos, então, constatar que os ideários modernistas nunca seriam
concretizados sem alinhamento com o poder público. Se o poder público não estivesse
disposto a implementar políticas sociais em união com os modelos de cidade que eram
propostos, o objetivo final da erradicação da desigualdade social nunca seria atingido. O
exemplo de Brasília mostra-nos que apenas o desenho urbano e arquitetônico não tem o
poder de mudança social. Após algumas experiências urbanas decepcionantes ao redor do
mundo, o Modernismo entra em profunda cser_educacional, que se acentua na segunda
metade do século XX.
O processo de interiorização do Brasil também não ocorreu como esperado, tendo em
vista que grande parte da população brasileira continuaria ocupando as capitais costeiras
muito tempo depois da inauguração da nova capital. Mesmo com todos os esforços,
Brasília ainda não configurava-se atrativa o suficiente para os brasileiros deixarem os
limites continentais e migrarem para o centro do país.
O projeto de Brasília receberia, ainda, avaliações negativas em relação à composição
urbana. Uma das maiores críticas feitas ao Plano Piloto de Lúcio Costa é a utilização –
ou não – da escala humana. Com a priorização dos edifícios e do automóvel, a escala
humana deixa de ser favorecida. As ruas são muito largas, os edifícios, muito distantes, e
a caminhabilidade é massiva (Figura 10). Assim, o espaço urbano torna-se inóspito e
bastante hostil ao pedestre.

Ademais, não é apenas em Brasília que podemos observar essa segregação territorial.
Alguns planos diretores para as metrópoles brasileiras, desenvolvidos ao longo do século
XX, foram caracterizados pelas influências funcionalistas e viriam moldar o conceito das
cidades brasileiras ainda hoje, agregando diversos problemas de cunho social, limitando
o direito à cidade e evoluindo para um intenso processo de gentrificação.

Figura 10. Vista aérea do Eixo Monumental de Brasília. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/09/2020.

Um grande problema dos planos urbanísticos modernos para as cidades brasileiras está
justamente em sua implementação parcial. As cidades não são projetadas com
homogeneidade e também não há um planejamento para seu crescimento natural. O
próprio exemplo de Brasília mostra que o traçado planejado do Plano Piloto é bem
destoante do resto da malha urbana da região administrativa, e que não existe uma
interligação deixa de ser favorecida.

DA UTOPIA AO DECLÍNIO
O maior equívoco do urbanismo moderno foi justamente ter como base modelos de
cidades e moradia que não tinham precedentes na história. A proposta moderna não se
baseava em melhorar o que já existia, mas em como as cidades supostamente deviam ser,
partindo de um modelo imaginário e julgando os aspectos do presente a partir de um
modelo ainda inexistente (HOLSTON, 2010). Brasília, que pretendia mudar a realidade
social do Brasil, já nasce com fortes problemas sociais e de segregação espacial,
demonstrando que o projeto urbanístico sozinho não tem o poder de mudar a sociedade –
mas, sim, as políticas públicas e o interesse privado. Niemeyer compreendeu as limitações
do poder transformador da arquitetura diante dos problemas sociais e assumiu a
contradição de sua prática profissional perante suas ideologias pessoais.

Os criadores da cidade moderna pretendiam que, com a implantação de novas estruturas


urbanas, os hábitos e costumes locais fossem transformados naturalmente. Seria uma
espécie de introdução forçada a um novo estigma nacional, para que, assim, uma nova
identidade fosse consolidada. Não foi, porém, o que aconteceu. O idealismo modernista
estava enraizado na ideia de que , por ser universal e inclusivo, poderia ser introduzido
em qualquer lugar sem o mínimo de adequação. A descontextualização do urbanismo
modernista na cultura brasileira não levou a nenhuma transformação social e, no caso de
Brasília, obteve o resultado contrário, escancarando ainda mais a desigualdade na capital
brasileira.

Talvez a composição mais representativa da utopia urbanista de Brasília sejam as


superquadras. Esse é um elemento muito interessante presente no Plano Piloto e que
merece especial atenção dentro da conjuntura moderna. As superquadras (Figura 11)
assemelham-se aos tradicionais quarteirões, com dimensões de 240 x 240 m, rodeadas
por uma área verde de 20 m de largura. O conjunto de quatro dessas superquadras compõe
uma Unidade de Vizinhança. Esse é o padrão habitacional dentro do perímetro das asas
Norte e Sul do Plano Piloto.

As unidades de habitação das superquadras consistem em edifícios de genuíno aspecto


modernista, compostos pelos elementos corbusianos típicos da arquitetura moderna, e que
se organizam em uma espécie de pátio central em substituição à rua tradicional (que a
arquitetura moderna tentara abolir). Essa disposição dos edifícios se apresenta em
distintas formas por cada uma das superquadras. As Unidades de Vizinhança dispõem de
serviços básicos dimensionados para atender adequadamente o seu volume habitacional.
São serviços fundamentais de lazer, comércio e educação, como galeria comercial, igreja,
cinema, clube de vizinhança e uma escola-parque.

Figura 11. Maquete de modelo das superquadras em Brasília. Fonte: IBGE, [19--].
O conceito de escola-parque é um dos maiores legados da história do Modernismo
brasileiro. O acesso integral à cidade e à melhor qualidade de vida também se estendiam
ao acesso a uma educação pública satisfatória. Na década de 1950, o educador Anísio
Teixeira (1900-1971) estava à frente do INEP (na época, Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas) e havia desenvolvido um projeto educacional que denominou de educação
progressiva.

Esse programa, objeto de estudo de Teixeira por vários anos, consistia em um novo
modelo de educação básica para as escolas públicas que transcendia o espaço da sala de
aula, oferecendo ao estudante diversas outras oportunidades de práticas e aprendizado em
espaços diferenciados ao longo de um complexo, por tempo integral.

O primeiro modelo de escola-parque construído no Brasil foi o Centro Educacional


Carneiro Ribeiro, localizado na cidade de Salvador, Bahia. A escola foi inaugurada em
1950, e seu projeto arquitetônico foi realizado por Diógenes Rebouças (1914-1994),
importante nome da arquitetura moderna baiana. O modelo de escola implantado teve um
excelente desempenho como programa educacional e até hoje funciona como um dos
centros de referência em educação básica no Brasil.

DICA

Vale a pena pesquisar sobre as produções arquitetônicas do arquiteto Diógenes Rebouças


em Salvador, principalmente sobre a implantação da escola-parque Carneiro Ribeiro,
localizada em um bairro popular da cidade. A sua implantação e o modo como Rebouças
trabalhou os aspectos formais dos edifícios, com menções diretas às atividades
desempenhadas em cada um, demonstram a forte característica funcionalista da
arquitetura moderna.

Com um modelo bem-sucedido de escola-parque como precedente e com a nova capital


do Brasil em construção, o cenário era positivo para a implementação desses modelos
escolares em Brasília, e assim foi feito. Os modelos iniciais de escola-parque em Brasília
foram construídos na Asa Sul e tiveram seu projeto arquitetônico baseado no primeiro
modelo realizado em Salvador. A aplicabilidade e disseminação desse modelo de
educação bastante promissor, porém, era totalmente dependente do interesse estatal, que,
como podemos constatar atualmente, não impulsionou seu desenvolvimento para as
demais partes do país.

A ação do poder público na disseminação dos ideais propostos na nova sociedade


moderna era fundamental para seu sucesso. A viabilidade de uma arquitetura de caráter
coletivo não seria alcançada se não fosse do interesse direto do Estado ou dos grandes
empresários. Mais do que apenas um desejo projetual, a arquitetura moderna configurava-
se como um novo projeto político.

A composição das superquadras, analisada a partir de uma escala mais localizada,


apresenta características ideais que garantiriam salubridade e uma nova e adequada
qualidade de vida. Apesar de ainda existirem divergências sobre a escala utilizada mesmo
dentro das superquadras, as ideias nelas dispostas têm um partido relevante na formação
da habitação moderna, com grandes espaços de lazer, área verde e excelentes escolas
próximas. Os edifícios habitacionais pensados por Costa têm as características
corbusianas, e seu desempenho dentro das superquadras teve como protagonista a dona
de casa, mãe de família.

A forma sob pilotis proporcionava um espaço livre e coberto a nível do solo, que podia
ser utilizado como área de lazer mesmo em dias de chuva. O gabarito dos edifícios tem
um limite de até seis pavimentos, mais a área sob pilotis, garantindo que mesmo as
unidades mais altas tivessem uma conexão próxima com o nível da quadra, onde, por
exemplo, as crianças estariam brincando e as mães pudessem ter uma comunicação direta
com elas.
Figura 12. Vista aérea da Superquadra 308 Sul. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/09/2020.

Os programas funcionais dentro das superquadras também apresentam outro componente


interessante: as igrejas. Na época em que o projeto foi desenvolvido, a hegemônica no
país, e seus ensinamentos eram perpetuados inclusive nas escolas. Hoje, as religiões têm
um desempenho social bem diferente daquele período, tendo em vista, por exemplo, o
crescimento das religiões protestantes. O programa, portanto, está fadado a adequações
em função da mudança de valores de uma sociedade. Em uma vista geral das superquadras
(Figura 12), podemos visualizar com clareza a disposição dos edifícios, o cinturão verde
que engloba as quadras, a galeria comercial ao centro e o eixo rodoviário.

A distribuição das funcionalidades dentro das Unidades de Vizinhança é de fato bem


planejada. A disposição das escolas e igrejas e outros serviços foi pensada para atender
adequadamente à população das Unidades de Vizinhança. Vale ressaltar, entretanto, que
as asas Norte e Sul de Brasília são consideradas áreas nobres da capital, alvos de
especulação imobiliária, e, portanto, ocupadas pela classe média. Quem vive e sempre
viveu nas superquadras nunca foram os candangos, primeiros habitantes de Brasília. A
eles foram reservadas as então cidades-satélite, fora do Plano Piloto.

Apesar da nobre intenção de se obter uma cidade voltada à coletividade, Brasília ainda
apresenta vários problemas morfológicos que foram alvo de críticas após sua inauguração
e ainda o são atualmente. A experiência com a nova capital foi suficiente para o
surgimento de discussões sobre como as cidades devem ser projetadas, sendo, inclusive,
um exemplo para o urbanismo contemporâneo de como não deveria ser a estrutura urbana.
Muitas dessas críticas são, na verdade, direcionadas à metodologia projetual do
urbanismo moderno. Segundo Gehl (2013, p. 196):

Existem boas explicações racionais para justificar por que, em muitas


situações, o planejamento urbano se inicia do alto e de fora. Em geral, as
prioridades são assim elencadas: em primeiro lugar, os grandes contornos
da cidade, então os edifícios e, por último, os espaços entre eles. No
entanto, a experiência de décadas de planejamento urbano mostra que esse
método não funciona para a paisagem humana e para convidar as pessoas
ao espaço da cidade. Pelo contrário: em quase todos os casos, verificou-
se a impossibilidade de garantir boas condições para a vida urbana,
quando a maioria das decisões de planejamento é feita na maior escala e
a proposta com a vida na cidade se reduz a tratar somente das áreas
remanescentes, no quadro geral. Infelizmente, na maioria das cidades e
empreendimentos, a conclusão é que a dimensão humana está,
lamentavelmente, perdendo terreno.

DICA

Em seu livro Cidade para pessoas, o arquiteto Jan Gehl esmiúça todos os parâmetros a
serem considerados pelo planejamento urbano contemporâneo, tendo a escala humana
como protagonista. São discutidos os problemas que o autor encontrou em Brasília em
sua visita, assim como os problemas e soluções encontrados em outras cidades ao redor
do mundo.

Esse conceito equivocado de planejamento urbano rodoviarista, alheio aos pedestres, foi
disseminado aos montes pelo mundo afora e ainda se apresenta como um modelo
urbanístico praticado nas escolas de arquitetura e urbanismo. Ainda que feito em caráter
pontual nos planos de intervenção urbana, o modelo moderno de cidade não é bem-visto
pelos urbanistas contemporâneos e é também bastante criticado pela população de modo
geral, que expressa suas insatisfações no cotidiano, principalmente na questão do
transporte público.

Um dos maiores exemplos de um projeto habitacional moderno malsucedido ocorreu fora


do Brasil. O Conjunto Habitacional Pruitt-Igoe foi construído entre os anos de 1954 e
1955 na cidade de Saint Louis, no estado do Missouri, nos Estados Unidos. Projetado
pelo arquiteto norte-americano de ascendência japonesa Minoru Yamasaki (1912-
1986), o conjunto apresentava fortes características modernistas e foi construído com o
mesmo preceito da maioria dos conjuntos habitacionais: suprir o déficit habitacional.

O conjunto tinha 33 torres padronizadas, cada uma com o gabarito de 11 pavimentos, e


um total de 2.870 unidades habitacionais. O projeto construído não foi realizado
totalmente de acordo com o projeto que Yamasaki havia proposto. Muitas áreas verdes e
de lazer foram retiradas na execução, pois a gestão pública buscava a diminuição dos
custos. Outro fator polêmico no Pruitt-Igoe foi a questão dos elevadores, que não paravam
em todos os andares, forçando os moradores a utilizar as escadas (o que se tornava
impraticável em um edifício com 11 pavimentos).

Todavia, o fator mais relevante responsável pela ruína do Pruitt-Igoe, muito mais do que
escolhas equivocadas de projeto, foi o fato de que os Estados Unidos passavam por um
período intenso de tensões raciais. Inicialmente, devido às leis de segregação racial do
período, as moradias foram divididas entre negros e brancos. O conjunto denominado
“Pruitt” foi destinado aos moradores negros, enquanto o “Igoe” foi destinado aos
moradores brancos. Em meados da década de 1950, as leis de segregação começaram a
ser derrubadas, e a divisão racial dentro do conjunto habitacional também deixou de
existir legalmente.

O desmonte dessa divisão, porém, não agradou os moradores brancos, que, tendo
condições e posses suficientes para viver em outro local, deixaram o Pruitt-Igoe. Com
essa debandada, alguns moradores negros que também tinham condições financeiras
acabaram se mudando, restando no conjunto apenas as famílias negras de baixa renda.
Figura 13. Demolição do conjunto habitacional Pruitt-Igoe em 1972. Fonte: FIEDERER, 2017.

A gestão pública acabou por abandonar a administração desses edifícios, deixando os


moradores remanescentes à própria sorte, o que resultou na marginalização extrema do
complexo.

A degradação do Pruitt-Igoe aconteceu rapidamente e de maneira bastante intensa. Com


a maioria das unidades vazias, o local virou um grande centro de tráfico de drogas, alvo
recorrente de vandalismos (quase não se podia encontrar uma vidraça intacta) e até os
carteiros se recusavam a entrar no local. O abandono do conjunto foi tão grande que já
não era possível que o Estado mantivesse as poucas famílias que ainda moravam lá no
nível de calamidade em que se encontravam.

O poder público, então, decidiu demolir os 33 edifícios do conjunto. A demolição (Figura


13) ocorreu aos poucos, já que a área tinha um tamanho considerável. A primeira
demolição ocorreu em 1972, 17 anos após a conclusão de sua construção. Somente em
1976 as demolições do conjunto foram concluídas. Até os dias de hoje, nada foi
construído no local onde um dia existiu o complexo habitacional, e pode-se encontrar um
enorme campo cercado totalmente vazio.
Esse é mais um exemplo de como um projeto urbanístico ou arquitetônico por si só não
pode ser o único responsabilizado pelas transformações sociais. O Pruitt-Igoe foi um
grande exemplo de como o abandono da gestão pública pode causar um verdadeiro
colapso social, contando ainda com a contribuição das políticas segregacionistas daquele
período. Sequer houve uma discussão sobre a possibilidade de revitalização do conjunto,
e a sua demolição foi executada, com apenas 17 anos de utilização.

Muitos críticos do movimento moderno se utilizaram da situação lamentável do Pruitt-


Igoe para definir sua demolição como o acontecimento que marcara o fim do movimento
moderno. Essa, porém, é uma argumentação simplista, com o objetivo de culpabilizar o
projeto arquitetônico pelo fracasso da implementação de uma política habitacional
errônea desde o princípio. Na segunda metade do século XX, já ocorriam diversas
discussões sobre as falhas das experiências modernistas pelo mundo, e já era possível
perceber algumas manifestações arquitetônicas antagônicas aos preceitos modernos, mas
que ainda apresentavam certa similaridade com eles: havia chegado a era do pós-
Modernismo.

SINTETIZANDO
A arquitetura moderna estabelece-se inicialmente no Brasil com um caráter muito mais
estético do que ideológico, e buscou atribuir ao País uma nova identidade nacional,
propondo uma ruptura com as leituras estéticas de períodos anteriores. A partir disso,
temos a importação do modelo moderno por alguns arquitetos importantes do período,
como Gregori Warchavchik, Affonso Reidy, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. A atuação
desses arquitetos proporcionou um rico acervo arquitetônico moderno nacional.

Os movimentos de vanguarda moderna influenciaram o arquiteto Le Corbusier a criar o


que mais tarde seria chamado de estilo internacional. Os CIAMs foram determinantes
para a disseminação da ideologia moderna pelo mundo e influenciaram muitos arquitetos
durante décadas. Já a Carta de Atenas foi um importante documento redigido por Le
Corbusier sobre a aplicação de modelos modernos e que também corroborou a discussão
sobre a preservação do patrimônio histórico arquitetônico.

O projeto da cidade ideal moderna de Le Corbusier, denominada Ville Radieuse, foi


norteador para a produção urbanística de Brasília. O Plano Piloto de Lúcio Costa foi
fortemente influenciado pelo projeto de Le Corbusier e deu origem à nova capital do
Brasil no final da década de 1950.

Esse é um modelo urbano que influencia muitos arquitetos e urbanistas ainda atualmente,
mas que foi alvo de duras críticas sobre a tessitura urbana e teve uma contribuição
significativa para a restrição de acesso à cidade e para a segregação territorial, não sendo,
porém, o principal causador de tais problemas sociais.

Podemos verificar que as ações de política habitacional por parte de gestão pública têm
um poder muito mais transformador no que diz respeito ao urbanismo e inclusão social,
mas, ainda assim, não podemos excluir a importância de um bom projeto urbano e o seu
poder reformador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARATTO, R. ¿Cómo representar la arquitectura (antes de construirla)? ArchDaily, [s. l.], 12 abr. 2017a.
Disponível em: <https://www.archdaily.co/co/867656/como-representar-la-arquitectura-antes-de-
construirla>. Acesso em: 08 set. 2020.

BARATTO, R. Última semana para visitar a exposição que celebra os 60 anos do projeto de Lucio Costa
para Brasília. ArchDaily, [s. l.], 25 mar. 2017b. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/867716/ultima-semana-para-visitar-a-exposicao-que-celebra-os-60-
anos-do-projeto-de-lucio-costa-para-brasilia>. Acesso em: 08 set. 2020.

BARATTO, R. History Channel lança série sobre a saga da construção de Brasília. ArchDaily, [s. l.], 25
abr. 2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/893252/history-channel-lanca-serie-sobre-a-
saga-da-construcao-de-brasilia>. Acesso em: 08 set. 2020.

CALLIARI, M. Brasília, 60 anos: a urbanidade e o caminhar na capital brasileira. ArchDaily, [s. l.], 21
abr. 2020. Disponível em: <archdaily.com.br/br/937964/brasilia-60-anos-a-urbanidade-e-o-caminhar-na-
capital-brasileira>. Acesso em: 25 jun. 2020.

FIEDERER, L. Clássicos da Arquitetura: Projeto Habitacional Pruitt-Igoe / Minoru Yamasaki. ArchDaily,


[s. l.], 19 maio 2017. Disponível em: <archdaily.com.br/br/871669/classicos-da-arquitetura-projeto-
habitacional-pruitt-igoe-minoru-yamasaki>. Acesso em: 29 jun. 2020.

GEHL, J. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013.

HOLSTON, J. A cidade modernista. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Maquete da [Superquadra]:
Brasília. [S.I.]: [s.n.], [19--]. Disponível em: <biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-
catalogo.html?id=441586&view=detalhes>. Acesso em: 29 jun. 2020.

JATOBÁ, S. U. A síndrome de Brasília: Jan Gehl tem razão? ArchDaily, [s. l.], 25 jul. 2017. Disponível
em: <archdaily.com.br/br/876422/a-sindrome-de-brasilia-jan-gehl-tem-razao-sergio-ulisses-jatoba>.
Acesso em: 29 jun. 2020.

LARA, F. L. C. Modernismo popular: elogio ou imitação? Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo


Horizonte, v. 12, n. 13, p. 171-184, 2005.

LE CORBUSIER. Carta de Atenas. São Paulo: Hucitec; Edusp, 1993.

MACIEL, C. A. Villa Savoye: arquitetura e manifesto. Arquitextos, São Paulo, n. 024.07, 2002.
Disponível em: <vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785>. Acesso em: 18 jun. 2020.

MERIN, G. Clássicos da Arquitetura: Ville Radieuse / Le Corbusier. ArchDaily, [s. l.], 9 maio 2016.
Disponível em: <archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-ville-radieuse-le-corbusier>.
Acesso em: 29 jun. 2020 Disponível em: <archdaily.com.br/br/787030/classicos-da-arquitetura-ville-
radieuse-le-corbusier>. Acesso em: 29 jun. 2020.

NETO, L. L. A (pós-)modernidade arquitetônica segundo Jacques Tati. Resenhas Online, São Paulo, ano
19, n. 217.03, jan. 2020. Disponível em:
<https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/20.217/7599>. Acesso em: 8 set. 2020.

SÁ, P. Clássicos da Arquitetura: Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho)/Affonso


Eduardo Reidy. ArchDaily, [s. l.], 2 dez. 2011. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-
12832/classicos-da-arquitetura-conjunto-residencial-prefeito-mendes-de-moraes-pedregulho-affonso-
eduardo-reidy>. Acesso em: 17 jun. 2020.

Você também pode gostar