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História do Brasil

República: Aspectos
Formativos
Material Teórico
O Brasil Pós-Vargas: Política, Economia, Sociedade e Cultura

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Edgar da Silva Gomes

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
O Brasil Pós-Vargas: Política,
Economia, Sociedade e Cultura

• Introdução;
• A Volta do “Pai dos Pobres”;
• Criando-se um Novo Mito: o Governo de JK.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar a transição do curto período democrático brasileiro dos anos 50 para o con-
turbado período da Ditadura Civil, Empresarial e Militar brasileira da década de 60.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE O Brasil Pós-Vargas: Política, Economia, Sociedade e Cultura

Contextualização
“Leia” o documentário indicado a seguir de forma crítica. Lembre-se de que mes-
mo os documentários são obras de ficção e carregam em si intenções e ideologias
de quem os produziu, assim como a própria história que nos foi deixada como lega-
do pelos nossos antepassados. Segundo o professor Darcy Viglus, e­ specialista em
Metodologia de Ensino, “A utilização do filme como recurso didático deve f­acilitar
a aprendizagem, fazendo com que o aluno encontre uma nova maneira de pensar e
entender a história, uma opção interessante e motivadora, que não seja meramente
ilustrativa e nem substitua o professor, mas que seja um momento­­crítico e reflexi-
vo de aprofundamento da história. Um momento, como diria Almeida­(1994), de
alfabetização midiática”.
Explor

Os Anos JK – Uma Trajetória Política. Disponível em: https://youtu.be/ucVApDJjDcc.

Bons estudos!

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Introdução
Vou, mas volto já! De Dutra a Getúlio (1946-1954)
Após a experiência democrática ocorrida com o alinhamento do estado brasi-
leiro na Segunda Guerra Mundial com países, como, por exemplo, Estados Unidos
e Inglaterra, a pressão pela abertura democrática no país ganhou contornos cada
vez mais nítidos e insustentáveis para a manutenção da ditadura do Estado Novo
(1937-1945). Getúlio foi perdendo apoio dentro do seu círculo íntimo de amigos
no poder. O Estado Novo que fora projetado por Getúlio e seus assessores deveria
ter vida longa; a política de longevidade se sustentava na frágil política autoritária
com viés populista e modernizante do país. As críticas ao governo se baseavam nas
contradições do apoio de uma ditadura a democracias.

Outra frente de combate à ditadura do Estado Novo se deu em uma data simbó-
lica para a Revolução de 1930, 24 de outubro, quando foi lançado o Manifesto dos
Mineiros (1943). Esse manifesto frisava que a Revolução de 1930 havia se afasta-
do de seu curso, que era a implantação da democracia sem as mazelas praticadas
pelas oligarquias durante a Primeira República. No governo getulista, a política do
toma-lá-dá-cá continuava vigorando como no velho sistema da República Velha.
Estava na hora de se implantar no país um verdadeiro regime democrático.

Bastante significativo foi o apoio de um dos mentores do Estado Novo, Osvaldo


Aranha, ministro das Relações Exteriores, que se mostrou favorável a uma abertura
democrática. A imprensa passou a burlar a censura, passando a publicar entrevistas
e comentários dos adversários do regime. Outro político, do eixo duro do governo
getulista, estava convencido de que o estado não sobreviveria aos novos tempos.
O general Góis Monteiro abandonou, na mesma época, o cargo que ocupava em
Montevidéu como embaixador do Brasil. No país, o general ocupou o Ministério da
Guerra em agosto de 1945, para encaminhar a saída de Getúlio.

Getúlio ainda ganhou tempo no comando da nação com a desculpa de manter o


regime em virtude da guerra, mas prometeu eleições livres ao final do conflito inter-
nacional. Em 1944 as pressões aumentaram, e os liberais articularam à revelia do
regime a candidatura de Eduardo Gomes à presidência. O governo já estava sendo
pressionado desde o ano anterior (1943) pelos universitários, que começaram a se
mobilizar pela democratização do país. A União Nacional dos Estudantes (UNE)
organizou uma caminhada pela democratização do país. O evento foi disperso com
violência pela polícia, vinte pessoas ficaram feridas e duas faleceram; a repercussão
foi péssima para o governo.

Devido às várias ocorrências contrárias à manutenção da ditadura, o governo se


sentiu pressionado. O primeiro gesto de Getúlio em direção à abertura democráti-
ca se deu com a assinatura de um Ato Adicional à Constituição de 1937, em que
o governo decretava o prazo de 90 dias para marcar a data das eleições gerais.
No mesmo documento, era decretado o novo Código Eleitoral, no qual se regulava

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o alistamento eleitoral e as eleições, estabelecidas para o dia 2 de dezembro de


1945. Também estava convocando a Assembleia Constituinte que deu origem à
Constituição de 1946, que vigorou até a Ditadura de 1964.

Apesar de toda manobra para se fazer uma transição sem conflitos, no dia
25 de outubro de 1945, Getúlio Vargas nomeou seu irmão para o cargo de chefe
de polícia do Distrito Federal, depondo do cargo João Alberto, “tenente” que fora
seu aliado de longa data. Apesar das oposições à nomeação, Getúlio se manteve
irredutível, mesmo após a mobilização das tropas do exército, comandadas pelo
general Góis Monteiro, ameaçar a posição do governo. Nem mesmo Dutra, candi-
dato à presidência, indicado por Getúlio, foi capaz de demovê-lo da ideia.

Após esse conflito, Getúlio Vargas foi obrigado a renunciar e não fez a transição
que se desenhava desde o final de 1944. Getúlio retirou-se do poder e se “exilou”
em sua terra natal, São Borja, no Rio Grande do Sul. O interessante dessa história
é que um dos pilares da Revolução de 1930 foi também o homem que através de
mais uma manobra militar ajudou a depor o chefe do governo que ajudou a forjar.
Chegava ao fim a “Era Vargas”, que durou quinze anos. Essa manobra militar, no
entanto, não provocou rupturas profundas com o antigo governo, ela fez apenas
uma pequena correção de rota para manter a governabilidade do país.

Com a queda de Vargas, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, foi convocado
Explor

pelas Forças Armadas para assumir o cargo até a realização das eleições livres e diretas de dois
de dezembro de 1945. Ficou no cargo até final de janeiro de 1946, quando Dutra assumiu a
presidência, eleito de forma direita e democrática. Disponível em: https://goo.gl/LGqV1d.

Com o movimento “Queremos Getúlio”, conhecido popularmente como “Quere­


mismo”, acelerou-se o processo de “fritura” do presidente pela elite e por seus
ex-aliados militares, seduzidos pela propaganda democrática americana. Com o
fim da Segunda Guerra e a liberação para criação de partidos, os adversários de
Getúlio­aceleraram sua queda, pois a popularidade de Getúlio continuava muito
grande junto aos setores populares dos grandes centros urbanos.

Liderado por Hugo Borghi, o “Queremismo” foi um movimento que defendeu a


permanência de Getúlio Vargas no poder até a conclusão da Constituinte, ­marcada
para 1946, ou seja, queriam uma “Constituinte com Getúlio” na presidência.
As eleições para presidência, seguindo as intenções queremistas, ocorreriam, na
­melhor das hipóteses, apenas no final daquele ano. O movimento se espalhou, mas
foi na Capital Federal que ele melhor se organizou no final de agosto de 1945; os
queremistas promoveram um grande comício no Largo da Carioca, Rio de Janeiro.

A queda de Getúlio teve também uma forcinha do governo americano, que


­estava insatisfeito com o apoio popular dado ao líder brasileiro. Os Estados Unidos
precisavam expandir sua ideologia “democrática” e aumentar seus ganhos no país,
que tivera nos anos de governo getulista um forte pendor nacionalista e uma polí-
tica internacional indefinida.

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Em meados de 1945, Vargas baixou um decreto, a Lei dos Atos Contrários
à Economia Nacional, que visava impedir a formação de trustes e cartéis,
assim como a manipulação especulativa dos preços. Essa medida, que
não chegou a ter efeito prático, suscitou a oposição de uma parte do
setor industrial e do embaixador dos Estados Unidos, Adolpho Berle Jr.,
temeroso de que ela tivesse como alvo os investimentos norte-ameri-
canos no país [...] a lei não tinha por objetivo limitar a entrada de capi-
tais estrangeiros legítimos, buscando tão somente proteger a economia
popular, como acontecia nos Estados Unidos. [...] Discursando na cidade
de Petrópolis em 29 de setembro, numa homenagem que lhe era pres-
tada pelo Sindicato dos Jornalistas, com a presença de líderes da UDN,
Adolpho Berle Jr. defendeu a realização de eleições livres e não eximiu
Vargas das suspeitas de continuísmo.1

Deu Dutra “na cabeça”


Com o fim da perseguição e a liberação do pluripartidarismo, houve a orga-
nização da União Democrática Nacional (UDN), com os maiores opositores do
regime getulista, inclusive os partidários do comunismo, como Caio Prado Junior e
o socialista João Mangabeira, além de vários próceres do Manifesto dos Mineiros
(1943), mas a UDN foi se posicionando gradativamente à direita com o passar do
tempo, defendendo o capitalismo, o capital estrangeiro, a livre iniciativa e o libera-
lismo, afastando com isso os fundadores que se posicionavam à esquerda.

O PCB, capitaneado pelo líder comunista e ex-tenetista Luís Carlos Prestes,


também voltou à cena depois de dez anos de clandestinidade. Com o ato fracas-
sado da “Intentona Comunista” (1935), o partido foi colocado na ilegalidade pelo
governo getulista. Mas como a política vive surpreendendo, Prestes, ao sair da
prisão, apoiou a permanência de Getúlio no governo, o mesmo político que havia
deportado para a Alemanha sua esposa, a judia comunista Olga Benário, que foi
enviada grávida para um campo de concentração, onde foi morta.

Outra surpresa nesse conturbado cenário político partiu de Getúlio Vargas, que
fundou dois partidos políticos, o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB). A base do PSD era composta pelos políticos nomeados
por Getúlio para agirem como interventores nos Estados na “Era Vargas”, era
um partido de Centro, composto também pelas elites rurais e pela ascendente
burguesia industrial. Já o PTB tinha a intenção de atrair a massa trabalhadora
urbana e era composto pela classe média ligada ao serviço público federal. Era um
partido sem muita chance de concorrer e eleger um presidente, por isso apoiou o
candidato indicado por Getúlio para defender o PSD, o general Dutra.

Nessa festa da democracia, surgiram pequenos como o PAN - Partido Agrário


Nacional, bastante inexpressivo, além de partidos mais regionais, como, por
exemplo, o PSP – Partido Social Progressista, em São Paulo; o PR – Partido

1 FAUSTO, Boris. A vida política. In: GOMES, Ângela de Castro (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010.
V. 4. Olhando para dentro (1930-1964). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, pp. 107-108.

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Republicano­, em Minas Gerais; e o PL - Partido Libertador, no Rio Grande do Sul.


Nenhum deles estava em condições de vencer as eleições se lançassem candidato
à presidência. O único que resolveu arriscar foi o PAN, com o nome do desconhe-
cido Mário Rolim Teles. Os candidatos que concorreram às eleições com chances
de vencer foram o General Dutra, candidato getulista (PSD-PTD), Eduardo Gomes
(UDN) e Yedo Fiúza (PCB).

O queremista Hugo Borghi não saiu de cena e convenceu Getúlio Vargas a


apoiar seu antigo aliado, o General Dutra, contra o udenista Brigadeiro Eduardo
Gomes. Para Borghi, se Gomes vencesse as eleições colocaria todas as conquistas
do e­ stado getulista por água abaixo, prejudicando os trabalhadores. O novo lema
forjado pelo queremismo e “colocado” na boca de Getúlio foi: “Ele disse: vote
em Dutra”. A sagacidade de Borghi ainda ajudou a arruinar mais a campanha de
­Gomes. Em uma entrevista, o queremista distorceu as palavras de Gomes, que
atacou os eleitores que apoiavam o candidato de Getúlio. Borghi deu entrevistas
­dizendo que o udenista havia dito “não preciso do voto dos marmiteiros”. Com isso,
a marmita se tornou o símbolo da campanha de Dutra e voto antiudenista.
Realizadas as eleições, Dutra obteve 55% dos votos, enquanto Eduardo­
Gomes alcançou 35% e Yedo Fiúza, 10%. O PSD repetiu a vitória nas elei-
ções para a Assembleia Nacional Constituinte. Obteve 61,9% dos ­votos
para o Senado e 52,7% para a Câmara dos Deputados, conquistando
dessa forma a maioria nas duas Casas do Congresso Nacional. A UDN,
o PTB e o PCB receberam respectivamente 23,8%, 4,7% e 2,3% dos
votos para o Senado e 26,9%, 7,6% e 4,8% dos votos para a Câmara
dos ­Deputados. Eleito senador (por Rio Grande do Sul e São Paulo) e
­deputado constituinte (por Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Bahia), conforme ­permitia a legis-
lação eleitoral da época, Getúlio Vargas recebeu uma votação consagra-
dora, de cerca de 1.150.000 votos, confirmando a força política do seu
nome e contribuindo de forma decisiva para o fortalecimento do PTB.2

O mato-grossense Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência do Brasil no


final de janeiro (1946), com a função de redemocratizar o país, após 15 anos
de governo sob o comando do populista Getúlio Vargas, dos quais oito foram de
ditadura (1937-1945). As eleições foram realizadas no final de 1945. Dutra se
elegeu pela coligação PSD-PTB, e Nereu Ramos, eleito simultaneamente depu-
tado federal e senador pelo PSD catarinense no ano de 1946, tornou-se o vice-
-presidente, eleito pela Assembleia Nacional Constituinte. Já estava prevista para
o primeiro ano de seu governo a elaboração de uma nova Constituição para o
Brasil. Essa primeira missão foi cumprida, a Constituição foi promulgada no dia
18 de setembro de 1946.

2 FREIRE, Américo. Redemocratização e eleições 1945. In: FGV. CPDOC. Entre dois governos: 1945-1950. Dis-
ponível em: https://goo.gl/xzeKwb. Acesso em: 17 mar. 2015.

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Constituição dos Estados Unidos do Brasil (de 18 de Setembro de 1946). Para ler na
Explor

íntegra acesse o link: https://goo.gl/IjgQK.

A Carta (1946) reafirmou as liberdades democráticas da Constituição de 1934,


e entre suas principais características estão a garantia da igualdade de todos os
cidadãos perante a lei e a plena defesa jurídica da pessoa acusada; o restabeleci-
mento de eleições livres e diretas, para presidente, governadores, prefeitos, além
de se manterem as eleições diretas para senadores, deputados federais, estaduais
e vereadores; apesar da censura voltada para espetáculos para diversão pública
com classificação etária, foi concedida a liberdade e manifestação de pensamento;
apesar da contradição da contumaz perseguição aos oponentes do governo, con-
cedia a liberdade de associação dentro dos parâmetros permitidos pela lei do país;
reafirmava a liberdade de culto e das atividades religiosas conforme a carta de
1891; e garantia a inviolabilidade das correspondências das pessoas.

No governo de Dutra (1946-1951), houve a clara opção pelo alinhamento


político e econômico com os Estados Unidos. No final de seu mandato, ainda
visitou o país do Norte para tratar de assuntos diplomáticos, políticos e econô-
micos. As relações diplomáticas e econômicas com os soviéticos foram cortadas.
O PCB no Brasil foi fechado e seus políticos tiveram seus mandatos cassados.
Sindicatos foram fechados e sindicalistas que se opunham à política do governo
foram presos, isso porque no Brasil estava reinando a mais plena democracia, bem
ao estilo americano, em que os inimigos são perseguidos e eliminados, assim como
ainda ocorre na política dos norte-americanos.

Uma ação do governo que fortaleceu ainda mais o poder das Forças Armadas
foi a criação da ESG – Escola Superior de Guerra (1949), pela lei 785/49, que é um
instituto de altos estudos de política, defesa e estratégia, voltada para a formação
de oficiais militares. Após a Segunda Guerra, houve um estreitamento nas relações
do Exército brasileiro com o militarismo estadunidense. Outra medida que fincou
os pés, ou melhor, as garras da águia americana no país foram os incentivos que
favoreceram a instalação no país de grandes empresas estrangeiras.

No campo social, houve a tentativa da criação de um plano voltado para as


áreas de saúde, alimentação, transportes e energia, o Plano SALTE, mas por falta
de recursos para sua efetiva aplicação, seus resultados foram praticamente nulos.
Na área de infraestrutura, foram construídas as rodovias interligando o Rio de
Janeiro a São Paulo e a rodovia entre a Bahia e o Rio de Janeiro, sendo a instala-
ção da Companhia Hidrelétrica do São Francisco um dos maiores feitos do governo
Dutra, além da criação do Estatuto do Petróleo, voltado para a aquisição de navios
petroleiros e a criação de refinarias no país.

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Figura 1 – Aula Inaugural na Escola Superior de Guerra (ESG) – 1949


Fonte: Acervo da Biblioteca General Cordeiro de Farias

A Volta do “Pai dos Pobres”


A política liberal do início do governo Dutra fracassou. Com a moeda brasileira­
em alta, houve muita importação, o estado deixou de intervir na economia, a
liberdade de mercados não ajudou a controlar a inflação e a indústria não crescia
no ritmo esperado. O governo Dutra resolveu mudar sua rota econômica e esta-
beleceu um sistema de licenças para importar (1947). Essa política favoreceu a
importação de maquinários e peças para a indústria e desestimulou a importação
de bens para consumo. Esse foi o estímulo que fez o mercado interno crescer,
com isso a economia nos últimos anos do governo Dutra cresceu a uma média
de 8% ao ano.

No entanto, as coisas para os trabalhadores andavam difíceis nos anos Dutra.


Os sindicatos foram perseguidos e seus líderes presos, com isso houve a imposição
de uma política salarial satisfatória apenas para o empregador. Durante os anos de
1949-1951, o custo de vida aumentou em torno de 23% na Capital Federal e de
15% na cidade de São Paulo. Não houve uma contrapartida do governo para mini-
mizar essa alta na vida do trabalhador, o aumento salarial na Capital do país ficou
em média em 12% e em São Paulo não passou de 10,5%. Com isso,
As manobras para a sucessão presidencial começaram antes de Dutra
completar a metade de seu mandato. Getúlio aparecia como um polo
de atração. Praticamente ausente no Senado, fez algumas viagens estra-
tégicas aos Estados [...] Sua estratégia era clara: garantir a lealdade dos
chefes da máquina política montada pelo PSD no campo e, ao mesmo
tempo, construir uma base sólida de apoio. Em São Paulo surgia uma
nova força [...] Ademar de Barros elegeu-se governador [...] e soube se
adaptar aos novos tempos, em que o êxito político dependia da capacida-
de de captar votos de uma grande massa eleitoral. Ademar montou uma

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máquina partidária, o Partido Social Progressista (PSP), cuja razão de ser
concentrava-se em sua pessoa [...] No começo dos anos 50, Ademar não
tinha força para disputar a Presidência da República, mas podia valorizar
seu apoio a um dos candidatos [...] engrossou a corrente getulista.3

Estava dessa forma sendo sedimentada a volta do “pai dos pobres” ao centro
e ao alto do poder da República. Apesar do apoio recebido, Dutra não retribuiu a
gentileza a seu padrinho político, pois achava que Getúlio descontinuaria sua polí-
tica. Articulou então a candidatura do quase anônimo advogado mineiro Cristiano
Machado, mas a maioria dos chefes políticos não embarcou no delírio de Dutra e
abandonou a candidatura do candidato mineiro. A UDN insistiu mais uma vez na
candidatura de Eduardo Gomes com o apoio dos antigos integralistas.

Na campanha, Getúlio passou a defender a industrialização do país e a ampliação


dos direitos trabalhistas. Gomes, por sua vez, caiu no pecado de defender a revo-
gação da lei do salário mínimo. Estava decretada a sua derrota, pois Getúlio sou-
be usar habilmente esse deslize. Getúlio Vargas chegou a ter o apoio velado de
udenistas descontentes com a nova indicação de Eduardo Gomes, além de unir em
sua volta o PTB e o PSP e a parte “dissidente” do PSD. Sua vitória foi tranquila,
com uma margem de 19% sobre o segundo colocado, Eduardo Gomes, e mais
de 27% sobre o candidato do PSD, Cristiano Machado; ao todo, Getúlio obteve
48,7% dos votos nas eleições de 1950.

A curiosidade das eleições ficou por conta da UDN, que tentava impugnar as
eleições presidenciais, sem obter êxito. Getúlio Vargas tomou posse do governo
no dia 31 de janeiro de 1951. Para “melar” as eleições, a UDN alegou que Getúlio
não obtivera mais de 50% dos votos, no entanto essa regra não existia na legisla-
ção brasileira da época, foi apenas mais um choro de perdedor, que não se confor-
mava com a derrota nas urnas. Para Fausto,
Desse modo, os liberais punham a nu suas contradições. Defensores em
princípio da legalidade democrática, não conseguiram atrair o voto da
grande massa nas eleições mais importantes. A partir daí, passaram a
contestar os resultados eleitorais com argumentos duvidosos ou, cada vez
mais, a apelar para a intervenção das Forças Armadas.4

O governo getulista desempenhou inicialmente um papel conciliador entre as


diferentes forças sociais e políticas. Ao mesmo tempo em que atraía a UDN, estava
montando um ministério conservador, onde privilegiou os políticos do PSD. Para o
Ministério da Guerra, o governo nomeou um nacionalista, o general Estillac Leal.

Nesse contexto, já haviam se formado duas forças políticas opostas dentro das
Forças Armadas – os nacionalistas e os opositores do nacionalismo. Os naciona-
listas propunham um Estado forte nas relações internacionais, a industrialização
independente do capitalismo internacional, sem, no entanto, fechar as portas para

3 FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001, p. 223.
4 FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001, p. 224.

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os investimentos estrangeiros. Para os nacionalistas, o Estado deveria regular a eco-


nomia e as áreas estratégicas para o país, como a segurança nacional, o petróleo,
a siderurgia, os transportes e as comunicações. Os opositores do nacionalismo nas
Forças Armadas, que ficaram conhecidos como “entreguistas”, provinham, em sua
maioria, da Escola Superior de Guerra, ou mesmo do oficialato, que havia estreitado
laços com os estadunidenses na Segunda Guerra. Eles propunham uma economia
liberal, com a participação mínima do estado na economia e advogavam uma aber-
tura maior para o capital estrangeiro, sem defender como os nacionalistas a indus-
trialização do país, mas defendiam um controle rígido da inflação através do contro-
le dos gastos do governo e do controle da emissão de moeda, eram favoráveis ao
alinhamento com os norte-americanos e combatiam com veemência o comunismo,
ao passo que os nacionalistas eram favoráveis a um distanciamento dos americanos.

A economia do governo getulista estava mais de acordo com as prerrogativas


dos nacionalistas, pois foram realizadas várias medidas para o desenvolvimento da
economia com ênfase na industrialização do país. O estado também estava pre-
sente com financiamento público nas áreas de energia e transportes, a marinha
mercante foi parcialmente reequipada, assim como o sistema portuário da época.
O primeiro ministro da Fazenda de Getúlio foi Horácio Lafer, que incentivou a cria-
ção do BNDE, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (1952).

Apesar das medidas para melhorar o desenvolvimento do país, o fantasma da


inflação não arrefeceu, passando de 2,7% (1947) para uma média anual de mais
de 13% ao ano entre 1948-1953. A inflação chegou a bater o índice de mais 20%
em 1953. Essa situação forçava o governo getulista a tomar medidas impopulares
para combater a inflação. No entanto, Getúlio sabia que não podia descuidar de
seu maior grupo de apoiadores, os trabalhadores, que estavam sendo sufocados
pelo alto custo de vida.

Getúlio começou a trocar peças em seus ministérios no meio do ano de 1953 e


colocou no ministério do Trabalho um político gaúcho para comandá-lo. Era João
Goulart, ligado ao PTB e com capacidade para amenizar o choque do avanço co-
munista nos sindicatos. Essa nomeação provocou uma forte oposição dos udenistas
e dos militares antigetulistas, que enxergavam em Jango uma figura capaz de for-
mar uma “república sindicalista”, como estava fazendo Peron na Argentina; era o
fantasma da tomada do poder pelos “descamisados”, relegando a classe média e a
elite à margem do poder.

Nessa altura do governo, Getúlio nomeou seu velho amigo Oswaldo Aranha para o
ministério da Fazenda, cargo que havia ocupado na “Era Vargas” nos idos da década de
1930. A “política” adotada pela fazenda, que ficou conhecida como “Plano A ­ ranha”,
visava controlar a expansão do crédito e o câmbio nas transações com o estrangeiro.
Essa última medida já estava em funcionamento desde o início do ano (1953).

A medida econômica que atiçou a elite cafeeira e provocou protestos políticos


dessa classe contra o governo foi a introdução do confisco cambial, que “fixou
valores mais baixos para o dólar recebido pelos exportadores de café, ao ser con-
vertido em cruzeiro. Graças ao confisco cambial, o governo pode deslocar receitas

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derivadas da exportação de café para outros setores econômicos”. Essa medida
favoreceu especialmente a indústria. Apesar da irritação dos cafeicultores, o go-
verno getulista não abandonou a política do café. Quem se irritou dessa vez foram
os norte-americanos, pois o governo brasileiro manteve a política de sustentação
do alto valor do café no exterior; mesmo assim, os êxitos não foram satisfatórios.

A política externa americana afetou sensivelmente a economia brasileira. Com


a intensificação do combate ao comunismo, o cerco foi se fechando em relação à
América Latina, principalmente após o início do conflito entre os estadunidenses e
a Coréia no governo do presidente Harry S. Truman (1945-1952). Com a posse
do presidente Dwight David Eisenhower (1953-1961), a política econômica mudou
de direção. As linhas de crédito para ajudar os países em “desenvolvimento” foram
drasticamente fechadas, afetando bastante o Brasil, que não conseguiu crédito su-
ficiente para financiar suas obras de infraestrutura e cobrir déficits do balanço de
pagamentos. Com isso, não pôde ser executado um plano econômico do governo
getulista, conhecido como “Plano Lafer”, que visava reconstituir a economia.

Atraindo a ira dos liberais...


Getúlio não poderia deixar de lado sua base popular de apoio, os trabalhadores
urbanos, e numa festa de 1° de maio (1951), o “pai dos pobres” recorreu aos seus
filhos para enfrentar a luta contra “os especuladores e gananciosos”, ao apelar
para a organização sindical dos trabalhadores. Aboliu a exigência do atestado de
ideologia para a participação nos sindicatos. Essa atitude favoreceu o retorno dos
comunistas para a vida sindical, excluídos durante o governo do general Dutra.
Mas o governo não conseguiria controlar inteiramente o mundo do tra-
balho. A liberalização do movimento sindical e os problemas decorrentes
da alta do custo de vida levaram a uma série de greves em 1953. Des-
tacaram-se, dentre elas, a greve geral de março em São Paulo e a greve
dos marítimos no Rio de Janeiro, em Santos e Belém, no mês de junho
[...] começando pelo setor têxtil, a greve paulista chegou a abranger 300
mil trabalhadores, com a adesão de marceneiros, carpinteiros, operários
do setor de calçados, gráficos e vidraceiros. Tinham como reivindicação
principal um aumento de 60% dos salários.5

Havia uma legislação no país que restringia o direito à greve dos trabalhadores.
Houve repressão policial e a greve durou aproximadamente 24 dias. Os acordos
foram realizados em separado. O interessante dessa greve é que além da reivindi-
cação salarial, os trabalhadores trouxeram a discussão do direito à greve, que era
irregular. O prestígio de Getúlio e do PTB ficaram arranhados com esse episódio
em São Paulo. Seus “pelegos” não conseguiram intermediar a situação entre sin-
dicatos e patrões. Os comunistas, que estavam fazendo oposição ao governo ge-
tulista, articularam a greve e acusaram Getúlio de abandonar os trabalhadores e se
ligar aos imperialistas.

5 FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001, pp. 227-228.

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UNIDADE O Brasil Pós-Vargas: Política, Economia, Sociedade e Cultura

A greve dos marítimos, que contou com a participação de mais de cem mil tra-
balhadores, reivindicava aumento salarial e melhores condições de trabalho, entre
outros benefícios. Os marítimos acusaram a diretoria da Federação dos Marítimos
de vinculação com o Ministério do Trabalho e pediram sua substituição. Getúlio
aproveitou-se da situação e substituiu o ministro do Trabalho. Em seu lugar colocou
João Goulart, que assumiu o ministério e conseguiu uma negociação eficaz com
os trabalhadores em greve. A diretoria dos marítimos também foi substituída por
Jango, que colocou pessoas próximas a ele e aos trabalhadores.

Será que os pobres ficaram órfãos?


Se os pobres tinham no presidente a figura paterna, eles começaram a ficar
­órfãos no início do ano de 1954, quando Getúlio fez uma nova reforma ministerial.
Substituiu Jango no ministério do Trabalho e para acalmar os ânimos das Forças
Armadas nomeou o general Zenóbio Costa para o ministério da Guerra, um decla-
rado inimigo do comunismo. Apesar disso, sua estratégia não funcionou, pois “o
presidente optou cada vez mais por um discurso e por medidas que se chocavam
com os interesses dos setores sociais conservadores”.6

Getúlio afrontava os Estados Unidos ao colocar o déficit na balança comercial


como sendo responsabilidade do capital estrangeiro e ao mesmo tempo fechava a
economia, adotando uma linha nacionalista. Criou a Eletrobrás, diante da ­hesitação
das empresas canadenses e americanas em investir na melhoria do setor elétrico.
Getúlio e Jango foram acusados de assinarem um acordo secreto com os argen-
tinos e os chilenos para barrar a influência norte-americana no cone sul. O autor
foi nada menos que o ex-ministro das Relações Exteriores, João Neves. No dia
1° de maio, Getúlio anunciou o aumento de 100% do salário mínimo, projeto do
­ex-ministro do trabalho João Goulart. O presidente ia se equilibrando como podia
no poder, haja vista que sua base de apoio estava capenga.

A “bala de prata” que faltava para uma intervenção conservadora, segundo


Fausto, veio do círculo íntimo de Getúlio, que propusera a eliminação do udenista
Lacerda. Para o “serviço”, foi escalado Gregório Fortunato, guarda presidencial,
fiel escudeiro de Getúlio. O “segurança” Gregório armou o assassinato de Lacerda,
mas o tiro saiu pela culatra, o atentado foi frustrado. Na madrugada de 5 de agosto
de 1954, Lacerda chegava à sua residência acompanhado do major da Aeronáu­
tica Rubens Vaz, que morreu em seu lugar, deixando Lacerda ferido.

As investigações da Aeronáutica não chegaram ao nome de Getúlio, mas “o


mar de lama” respingou em seus assessores mais próximos. A partir daí surgiu um
grande­movimento pela renúncia do presidente. No final de agosto, o governo
­perdeu o apoio das Forças Armadas. A resposta do presidente foi dada no dia
24 de agosto. “Quando o cerco se apertou ainda mais, Vargas respondeu com
um último e trágico ato [...] suicidou-se em seus aposentos no Palácio do Catete,

6 FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001, p. 230.

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desfechando um tiro no coração”. Criava-se assim a construção de um mito da
História do Brasil.

Getúlio não foi exatamente o pai que um pobre desejaria ter. Como no filme
da Branca de Neve, a madrasta caberia muito mais à personalidade do presidente.
Em suas passagens pelo comando do país, nunca desistiu do poder pelo poder;
colocou rédeas nos movimentos sociais; manipulou e desarticulou o movimento
trabalhista; enxotava para clandestinidade ou reabilitava os militantes de esquerda
de acordo com seus interesses eleitoreiros; seu governo censurou e torturou como
em qualquer ditadura; viveu no céu e no inferno com os udenistas; era reticente
com o capitalismo estrangeiro, mas incentivava os capitalistas brasileiros que
estavam alinhados com os ideais nacionalistas; controlou e foi controlado pelas
forças armadas; com a igreja católica foi pragmático, dava e recebia algo em
troca. Esse foi o governo getulista em uma época em que a informação chegava
sempre mais tarde do que deveria. Getúlio montou até um órgão de propaganda
para fabricar sua imagem. Atrás dos grandes feitos realizados pelo presidente
“pai dos pobres”; escondia a madrasta má dos contos de fada com a máscara de
um pai bondoso.
Explor

Jornal Última Hora, disponível em: https://goo.gl/3Q9vcs.

Figura 2 – Funeral de Getúlio Vargas – 1954


Fonte: Arquivo/O Globo

Figura 3 Figura 4 Figura 5


Fonte: brasil.gov.bt Fonte: fgv.com.br Fonte: Museu da República

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UNIDADE O Brasil Pós-Vargas: Política, Economia, Sociedade e Cultura

Criando-se um Novo Mito: o Governo de JK


A morte de Getúlio Vargas adiou a manobra das Forças Armadas de dar um
­ olpe Militar, que só foi possível no ano de 1964, após o governo do getulista­
G
­Jango. A comoção popular nas ruas foi intensa em todas as grandes cidades do
país. Os jornais de oposição e a representação dos Estados Unidos foram os
­principais alvos do ódio da população getulista. Mesmo assim, os conservadores
tomaram conta do governo. Com a posse do vice-presidente Café Filho, o governo
foi tomado pelos udenistas. As eleições foram marcadas para outubro de 1955.
Não foi realizado o Golpe contra as instituições democráticas.

No início do ano de 1955, o PSD apresentou seu candidato a presidente. Tratava-


-se do político mineiro Juscelino Kubitschek, JK. O governador mineiro ­conseguiu
restaurar a aliança entre os partidos getulistas, o PSD e o PTB. D ­ errotado nas
­eleições para governador do estado de São Paulo, o sagaz político A ­ demar de
­Barros entrou na disputa no mês de maio. Em junho, a UDN lançou seu candidato.
O ex-tenentista, o general Juarez Távora, foi o escolhido dos liberais. Outro candi-
dato que concorreu às eleições foi Plínio Salgado pelos integralistas.

O revelador da escolha de um “tenente” pelos udenistas é apontar para as


contradições dentro desse movimento que surgiu na classe média, mas foi se
­
ligando­às oligarquias dissidentes da Primeira República até provocar um racha
interno, quando Prestes assumiu o viés mais popular, chegando até o comunismo,
e outro grupo vai se ligando ao poder e às elites que dele fazem parte.
Explor

“Decide-se, amanhã, nas urnas, o destino do país” em: https://goo.gl/nVJWtw.

Os getulistas não tiveram vida fácil para chegar ao poder. Com 36% dos votos,
JK venceu as eleições, contra 30% de Távora, 26% de Ademar de Barros e 8%
de Plínio Salgado. A dobradinha getulista JK e Jango saiu vitoriosa nas eleições
(1955). Durante a campanha, foi publicada uma carta falsa nos jornais, que acu-
sava os getulistas de terem realizado um pacto com os argentinos para instalar no
Brasil, através de um levante armado, uma “república sindicalista” em conluio com
Peron. A suposta carta teria sido enviada pelo deputado argentino Antônio de
­Jesus Brandi para Jango na época em que este era ministro do Trabalho.

A elite, em toda a história do Brasil, no passado e no presente, não se conforma­


com a ideia de que a classe trabalhadora e os excluídos estão sendo ou que ao
menos tenham a possibilidade de ser assistidos de forma digna pelo estado. A elite
brasileira e a imprensa estão sempre tramando para monopolizar o poder. Naquele
contexto não foi diferente. O Exército fez uma investigação e constatou que tudo
não passava de armação de um grupo de falsários argentinos, que venderam a carta
aos opositores dos eleitos. A questão é: como os argentinos falsários tiveram essa
ideia brilhante? Os falsários armaram a situação ou essa carta foi encomendada pela
elite política e econômica do Brasil para desestabilizar os adversários getulistas!!!

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Seja como for, a questão é que a elite não desistiu do Golpe. Houve até uma
campanha para impedir a posse de JK. Acabamos de ver quase que um vídeo tape
desse filme nas eleições para a presidência do Brasil no ano de 2014.

O presidente em exercício, Café Filho, teve um ataque cardíaco e foi substituído


por Carlos Luz, acusado de estimular a ala golpista do governo, que sonhava com
a intervenção militar, mas esse tiro da elite também saiu pela culatra. “A partir daí
ocorreu o chamado “golpe preventivo”, ou seja, uma intervenção militar para garan-
tir a posse do presidente eleito e não para impedi-la”,7 liderada pelo general Lott.

Figura 6 – João Figura 7 – A posse de Jucelino Figura 8 – Jucelino


Goulart Kubichek e João Goulart em 1956 Kubichek
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Instituto João Goulart Fonte: Wikimedia Commons

A meta é o desenvolvimento...
Juscelino, ao assumir o governo, encontrou uma economia que crescia a uma
taxa média de 6,2% ao ano entre 1951-1954, “mas, em 1955, o PIB cresceu
quase inverossímeis 8,8% e a inflação, medida pelo IPC-RJ, manteve-se em tono
de 22% a 23%, em 1954/1955”.8 Ao final do mandato de Café Filho, estava no
Ministério da Fazendo o paulista José Maria Whitaker, uma imposição feita pelo
governador paulista Jânio Quadros, para tentar melhorar a política cambial em
favor dos exportadores de café.

Antes de assumir o governo, JK enfrentou problemas com a direita. Houve


tentativa de golpe abortada pelas Forças Armadas. Entre os golpistas, contavam-
-se basicamente setores da elite, os udenistas e agrupamentos militares. Porém,
durante o período em que esteve no poder, Juscelino “caracterizou-se pela tem-
porária pacificação política da oposição e dos militares e, no terreno econômico,
pela ênfase no crescimento acelerado, sem grandes preocupações com possíveis
consequências macroeconômicas indesejáveis”.9

Juscelino tinha carisma e ambição para tocar seu projeto de desenvolver a


nação. Como prefeito, e depois governador de Minas Gerais, ficou marcado pelas

7 FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001, p. 233.
8 ABREU, Marcelo de Paiva. O processo econômico. In: GOMES, Ângela de Castro (Coord.). História do Brasil
Nação: 1808-2010. V. 4. Olhando para dentro (1930-1964). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 212.
9 ABREU, Marcelo de Paiva. O processo econômico. In: GOMES, Ângela de Castro (Coord.). História do Brasil
Nação: 1808-2010. V. 4. Olhando para dentro (1930-1964). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 213.

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UNIDADE O Brasil Pós-Vargas: Política, Economia, Sociedade e Cultura

obras públicas que realizou em suas administrações. Para o país, propôs um am-
bicioso Plano de Metas, que ficou conhecido como “Cinquenta anos em cinco”.
Esse plano e a habilidade que teve para amansar os ânimos da elite e dos militares
deixaram em segundo plano a animosidade que havia marcado o início de seu go-
verno, dando chance para que JK conseguisse realizar grande parte de suas metas
para o país.

Entre seus ambiciosos planos de desenvolvimento, estava a construção de


­Brasília e, ao contrário do que muitos pensam, o Distrito Federal, com localização
no Planalto Central, não é uma ideia original de JK, esse plano de construção da
Capital Federal já estava previsto na Constituição de 1891. Com esse projeto, foi
dada a partida para a “interiorização” das atividades econômicas. O país deixava,
assim, de ser um “caranguejo” que vivia se arrastando pelo litoral. Para Juscelino,
o país estava “mal desbravado”.

Outro projeto que nasceu quase que por acaso foi a construção da rodovia
Belém-Brasília, um conjunto de onze rodovias que ligam a Capital Federal a Be-
lém, no Pará. A obra teria saído de uma reunião com governadores da Amazônia
e do Nordeste, que reivindicaram a integração daquelas regiões com o Planalto
­Central. “Em 19 de maio de 1958, Juscelino sancionava o decreto nº 3.710,
criando a Comissão Executiva da Rodovia Belém-Brasília – RODOBRÁS, vinculada
à SPVEA e presidida pelo seu Superintendente [...] Waldir Bouhid, Superinten­
dente da SPVEA”.10

No alto da página imagem histórica de fevereiro de 1959: o presidente da República Juscelino­


Explor

Kubitschek© visita as obras de construção da Rodovia Belém-Brasília. Waldir Bouhid está um


pouco atrás e à direita. O estradão principiava a ser aberto pelos mateiros sapadores.

Figura 9
Fonte: Acervo/Estadão

Esse foi o espírito empreendedor de JK. Fazia acontecer sem se preocupar com
as possíveis consequências para a economia no futuro. “Sua postura em relação
às restrições impostas pela realidade fiscal era explicitada pelo famoso mote, que
acompanhou seu ambicioso Plano de Metas (1957-1961). A ideia era transmitir o
sentimento de que quase tudo era possível naquele momento da história do país”.

10 PANDOLFO, Sergio Martins. Rodovia Belém-Brasília. Uma epopeia composta por dois médicos: JK e Waldir
Bouhid. Disponível em: https://goo.gl/fxczqB. Acesso em: 17 mar. 2015.

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Outra característica que fez de Juscelino um político habilidoso foi que “teve sucesso
em consolidar a mensagem de que era nacionalista, a despeito de ter adotado uma
política econômica que claramente beneficiou as empresas multinacionais”.11

Após um ano de gestão, o governo JK apresentou seu plano de metas, após


analisar vários relatórios de importantes grupos econômicos, como, por exemplo,
o Grupo Misto CEPAL-BNDE e a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos. O Plano
de Metas deu maior ênfase à infraestrutura do país; era necessário investir nas
áreas de transporte, energia, na produção de insumos básicos e na indústria auto-
mobilística. Para cumprir a ênfase que era dada ao plano de metas, as empresas
estatais cumpriram um papel fundamental na sua realização. Na área de energia, o
governo empregou esforços em produzir energia e utilizou-se das empresas estran-
geiras instaladas no país para a sua distribuição.

Você Sabia? Importante!

Insumo é da área da economia e indústria, que significa cada um dos elementos


essenciais para a produção de um determinado produto ou serviço. Um insumo pode
ser visto de duas vertentes: como fator de produção ou como matéria-prima. Os insu-
mos considerados fatores de produção podem ser: máquinas, horas de trabalho, capital,
etc. Muitas pessoas têm dúvidas em relação à diferença entre insumo e matéria-prima.
A matéria-prima é considerada um insumo, mas um insumo é mais do que uma matéria-
-prima. A matéria prima é o material base ou mais importante de um produto. Mas para
transformar a matéria-prima no produto final é preciso outros insumos que são usados
nesse processo. Quanto mais complexo for o produto final, mais insumos são necessá-
rios. Por exemplo: um carro precisa de vários insumos, como aço, borracha, plástico,
vidro, componentes eletrônicos, etc. SIGNIFICADOS. O que é um insumo. Disponível
em: https://goo.gl/d1YqfS.

O setor petroleiro do Brasil era praticamente simbólico. Produzia-se pouco, e


a meta do governo era ampliar a produção para 96 mil barris por dia. O refino
já estava sob o monopólio da Petrobrás, desde o ano de 1953, com a criação
da estatal “Petróleo Brasileiro S/A”. A produção do Carvão foi incentivada, mas
segundo Abreu, essa ênfase na produção de carvão entrava em conflito com o
programa de conversão das locomotivas de carvão para a tração diesel-elétrica.
Na área de transportes, as ferrovias continuaram perdendo espaço para a criação
de estradas. A expansão e pavimentação de estradas foi um sucesso e excedeu a
meta, enquanto que do projeto inicial foram executados apenas 32% de expansão.

Em relação à produção de insumos, como, por exemplo, aço e cimento, a


meta era expandir a produção com o aumento da capacidade de produção das
estatais Cosipa, na baixada santista, e da Usiminas, em Ipatinga - MG. Na área
de produção química, outra estatal, localizada em Arraial do Cabo, no litoral
fluminense, a Álcalis, foi ativada. Tanto a Usiminas como a Álcalis ficaram aquém

11 ABREU, Marcelo de Paiva. O processo econômico. In: GOMES, Ângela de Castro (Coord.). História do Brasil
Nação: 1808-2010. V. 4. Olhando para dentro (1930-1964). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 213.

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UNIDADE O Brasil Pós-Vargas: Política, Economia, Sociedade e Cultura

do esperado, por erro de projeto e localização. Em relação à produção automo-


bilística – utilitários, caminhões, ônibus e automóveis, a meta era produzir o equi-
valente a 170 mil unidades anualmente; na prática, foram produzidas em torno
de 140 mil unidades/ano.
Depois do mau ano de 1956 – quando o PIB cresceu apenas 2,9%, com
a consequente estagnação do PIB per capita –, a economia se expandiu
estimulada pelo programa de obras, ao ritmo inédito de 9% ao ano entre
1957 e 1961. Em termos estruturais, já em 1959 a indústria refletia, par-
cialmente, as consequências das políticas públicas com um aumento sig-
nificativo das participações no valor adicionado de várias indústrias [...] a
inflação acelerou-se da casa dos 20% anuais para 30-35% [...] o governo­
equilibrava suas contas por meio de uma combinação de expedientes que
incluía, em posição proeminente, a emissão de moeda. O caminho era
tortuoso.12

No ano de 1958, preocupado com a inflação, JK reavaliou sua postura em


relação à macroeconomia. O ministro da Fazenda, Lucas Lopes, elaborou um
­Programa de Estabilização Monetária (1958-1959) que visava conter a inflação.
Apresentado ao FMI, o programa recebeu o apoio do órgão internacional. A meta
era controlar o crédito e os gastos públicos. No entanto, o plano fracassou, pois
não recebeu o apoio de JK, que deveria restringir seu Plano de Metas para conter
a inflação. Lucas Lopes declarou, anos mais tarde, que “os políticos brasileiros não
acreditavam em inflação, acreditavam em obras bem feitas. Pouco se incomo­davam
se essas obras resultavam ou não em um processo inflacionário”13. A herança­
­desse descontrole nas finanças públicas e inflação alta geraram dificuldades para as
administrações Jânio-Jango.

Enquanto o crescimento do PIB estava alcançando índices recordes no país,


a população pobre sofria com a inflação muito alta, apesar de nos últimos anos
a ­população ter convivido com esse fantasma batendo à sua porta. O governo
­procurou atenuar os negativos efeitos para a classe trabalhadora. Foi criada a Lei do
Inquilinato para regular os aluguéis; itens da cesta básica tiveram seus preços con-
trolados, como, por exemplo, a carne; também ficaram congeladas algumas t­ arifas
de serviços públicos, como a dos transportes ferroviários suburbanos. No entanto,
essas medidas não atingiram as pequenas cidades do interior que também convi-
viam com as dificuldades provocadas pelas perdas salariais, apesar do aumento do
salário mínimo real médio ter alcançado reajustes históricos.

Charges referente ao assunto, disponíveis em: https://goo.gl/dkgANA, https://goo.gl/a8pLGH,


Explor

https://goo.gl/u5U93i.

12 ABREU, Marcelo de Paiva. O processo econômico. In: GOMES, Ângela de Castro (Coord.). História do Brasil
Nação: 1808-2010. V. 4. Olhando para dentro (1930-1964). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, pp. 217-218.
13 ABREU, Marcelo de Paiva. O processo econômico. In: GOMES, Ângela de Castro (Coord.). História do Brasil
Nação: 1808-2010. V. 4. Olhando para dentro (1930-1964). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, pp. 219-220.

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No movimento sindical, durante o governo JK, começaram a surgir novas lide-
ranças com a presença mais ativa dos comunistas e dos janistas, ainda “empas-
telados” pelo Estado. Essas novas lideranças criaram estruturas paralelas à estru-
tura oficial. No estado de São Paulo, foi criado o Pacto de Unidade Intersindical
(1955). Os sindicatos “pactuados” pelo PUI agregou trabalhadores de diversas
categorias: metalúrgicos, gráficos, têxteis, economia. O PUI teve vida curta; após
uma greve em 1957, houve pressão patronal e divergências internas que o leva-
ram à dissolução.

No Rio de Janeiro, na mesma época, foi criado pelos comunistas o Pacto de


União e Ação (PUA), que agregava os trabalhadores ferroviários, marítimos e
portuários. A diferença para o “Pacto” paulista está no setor em que atuava. En-
quanto o PUA atuava em empresas estatais ou concessionárias de serviços públi-
cos, o PUI se ligava aos sindicatos das empresas de iniciativa privada. Essas iniciati-
vas deram origem ao Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), que desempenhou
um relevante papel no governo de Jango. Com forte atuação nos setores públicos
e das indústrias tradicionais, os sindicatos e associações trabalhistas tiveram dificul-
dade de agregar os operários que atuavam na indústria automobilística.
Esse fato parece explicar-se por dois fatores básicos. De um lado, pela
tradição de enraizamento do movimento sindical, sobretudo dos comunis-
tas, na área das empresas ligadas ao Estado. De outro, pela desorientação
dos velhos dirigentes sindicais diante das novas técnicas de relações de
trabalho implantadas pelas empresas multinacionais, atraindo os trabalha-
dores com benefícios e a esperança de promoções.14

Esse período de efervescência da atuação paralela dos novos líderes sindicais


trouxe maior politização ao mundo do trabalho. Os sindicatos ampliaram sua
atuação para além dos muros das fábricas nas cidades. Seus líderes estavam pre-
ocupados também com o campo, passaram a apoiar as ideias nacionalistas e as
reformas sociais, entre elas se incluía a reforma agrária. Pouco estudado, o sindi-
calismo se reestruturou durante o governo de JK. Após anos sendo perseguido,
teve certa liberdade para ganhar visão do conjunto dos problemas trabalhistas do
país. Os resultados dessa reorganização e politização só serão observáveis após
a década de 1960.

Do nacionalismo ao desenvolvimentismo, o governo “Bossa Nova” permitiu a


Juscelino dar uma cara de modernidade ao país. O Plano de Metas englobava uma
série de iniciativas que ultrapassaram a ampliação e modernização da infraestrutura
do país. Nele estavam contidos “31 objetivos, distribuídos em seis grandes grupos:
energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e a construção de
Brasília, chamada de metassíntese”.15

O governo também tentou dinamizar a administração pública extinguindo ór-


gãos burocráticos e corrompidos, como, por exemplo, o DNOCS – Departamento

14 FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10ª ed. São Paulo: Edusp, 2002, p. 431.
15 FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001, p. 235.

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UNIDADE O Brasil Pós-Vargas: Política, Economia, Sociedade e Cultura

­ acional de Obras Contra as Secas – e criou a SUDENE – Superintendência do


N
Desenvolvimento do Nordeste, com o objetivo de planejar a expansão industrial da
região. E para administrar a construção de Brasília, criou a Novacap.

Em seu governo, Juscelino conseguiu uma rara estabilidade político-social, sem


repressões e vigilâncias. Conseguiu garantir as liberdades democráticas dos cida-
dãos, mas apesar dos esforços para desenvolver e modernizar o país, metas conse-
guidas parcialmente, o governo de JK deixou como herança para seu sucessor um
país endividado e com alta inflação!

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
JK: um cometa no céu do Brasil – Bloco I
TV Senado. JK: um cometa no céu do Brasil I.
https://youtu.be/X3qtOekbab8

JK: um cometa no céu do Brasil – Bloco II


TV Senado. JK: um cometa no céu do Brasil.
https://youtu.be/5MKLXCGIpGA

O menino que sonhou um país


De Silvio Tendler.
https://youtu.be/ctO_ePJTsGQ

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UNIDADE O Brasil Pós-Vargas: Política, Economia, Sociedade e Cultura

Referências
ABREU, Marcelo de Paiva. O processo econômico. In: GOMES, Ângela de Castro­
(Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. V. 4. Olhando para dentro
(1930-1964). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.

CARVALHO, J. M. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil.


São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CARONE, E. A Primeira República (1889-1930): texto e contexto. 3ª ed. Rio


de Janeiro: Difel, 1976.

CARONE, E. O Estado Novo: 1937-1945. 5ª ed. São Paulo: Bertrand Brasil, 1988.

DE PAULA, J. 1932: imagens construindo a História. Campinas: Unicamp, 1999.

FAUSTO, B. A Revolução de 1930: historiografia e história. 16ª ed. São Paulo:


Companhia das Letras, 2005.

FAUSTO, Boris. A vida política. In: GOMES, Ângela de Castro (Coord.). História
do Brasil Nação: 1808-2010. V. 4. Olhando para dentro (1930-1964). Rio de
Janeiro: Objetiva, 2014.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10ª ed. São Paulo: Edusp, 2002, p. 431.

JANOTTI, M. L. M. O coronelismo. 4ª ed., v. 1. São Paulo: Brasiliense, 1985.

MARANHÃO, R. O governo Juscelino Kubitschek. 5ª ed., v. 1. São Paulo:


Brasiliense, 1988.

SKIDMORE, T. E. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco (1930-1964).


14ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.

Sites visitados
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ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.
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FREIRE, Américo. Redemocratização e eleições 1945. In: FGV. CPDOC. Entre


dois governos: 1945-1950. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/­
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17 mar. 2015.

PANDOLFO, Sergio Martins. Rodovia Belém-Brasília. Uma epopeia com-


posta por dois médicos: JK e Waldir Bouhid. Disponível em: <http://www.
recantodasletras.­com.br/artigos/2095140>. Acesso em: 17 mar. 2015.

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