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LICENCIATURA EM HISTÓRIA
VITÓRIA - ES
2016
CRISTIANE KRÜGER ZOCOLOTTI
VITÓRIA - ES
2016
CRISTIANE KRÜGER ZOCOLOTTI
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Orientador.
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1. INTRODUÇÃO....................................
2. A....................................
3. ............................................ 45
4. ............................................................................................ 54
5. REFERÊNCIAS......................................................................................... 56
1. INTRODUÇÃO
A palavra liberal refere-se a uma filosofia política que tenta limitar o poder
político, defendendo e apoiando os direitos individuais. Tais ideias surgiram com os
pensadores iluministas do século XVIII, como John Locke e Montesquieu, que
tentaram estabelecer os limites do poder político ao afirmar que existiam direitos
naturais e leis fundamentais de governo que nem os reis poderiam ultrapassar sob o
risco de se transformarem em tiranos. (REFERÊNCIAS??).
No Brasil, as ideias liberais chegaram no início do século XIX, tendo maior
influência a partir da Independência de 1822. O liberalismo brasileiro só pode ser
entendido com referência à realidade brasileira. Os principais adeptos foram homens
interessados na economia de exportação e importação, muitos proprietários de
grandes extensões de terra e escravos. Ansiavam por manter as estruturas
tradicionais de produção, libertando-se do jugo de Portugal e ganhando espaço no
livre-comércio. Esta elite tencionava manter as estruturas sociais e econômicas.
Após a independência, os liberais tencionavam criar o poder legislativo em
detrimento do poder real. (REFERÊNCIAS?)
O período de 1820 1823 foi um período de divulgação de ideias que se
dividiam entre a defesa do constitucionalismo contra os partidários do despotismo
regenerador. A partir de 1821, houve a adesão das províncias brasileiras, incluindo a
Bahia e o Rio de Janeiro, ao movimento constitucionalista do Porto. Em março de
1821, tornava-se público o anúncio do regresso da Família Real Portuguesa para
Lisboa, com a partida ocorrendo em abril, iniciando a regência de Pedro no Rio de
Janeiro. Em janeiro de 1822, ocorre o “Dia do Fico”, acirrando as tensões entre
Brasil e Portugal. Em abril desse mesmo ano a publicação, no jornal Revérbero
Constitucional Fluminense, de Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa,
publicou-se um manifesto propondo a criação de um Império Brasileiro. Pela
primeira vez, aparecia a ideia separatista no contexto da regeneração portuguesa.
(REFERÊNCIAS ??).
Presença de influencia das luzes portuguesas influenciando a elite coimbrã e
a elite brasiliense. Identidade desses grupos passa não só por ideais políticos.
Interesses econômicos também interferem nessas identidades. A cultura política da
independência nos anos 1820/23 complexa. Identidade cultural metropolitana e
colonial. Círculos de convivência e circularidade das ideias.
Esse momento foi o período em que a opinião pública no Brasil estava em
formação em meio à transição de um governo pautado no Antigo regime para um
governo constitucional. Essa circulação de novas ideias aconteceu por intermédio
dos ideais de uma revolução de inspiração liberal, que deveria promover a transição
de uma sociedade do antigo regime para uma sociedade moderna.
É preciso entender que, em Portugal, a ideia era modernizar sem
revolucionar. Romper com o Antigo Regime sem o radicalismo francês. Os conflitos
entre portugueses e brasileiros gravitam em torno dessa cultura política liberal, e não
em torno de um nacionalismo. (REFERÊNCIAS?)
É preciso perceber que, nesse contexto, falar em liberalismo não é defender a
a democracia. Nesse momento, liberalismo e constituição eram palavras de ordem
dentro do ideário político, ao mesmo tempo em que existia um conflito de opiniões,
discursos vitoriosos e derrotados.
Os projetos que se confrontaram oscilavam entre a defesa da manutenção do
império português como componente do discurso contra a prática política do antigo
regime.
No grupo político coimbrão, predominavam os sujeitos formados em Portugal,
membros da elite que cursaram a Universidade de Coimbra. Formavam um corpo de
homens que serviam ao Estado, em Portugal e no Brasil. Essa elite treinada para
formar um corpo de burocratas era defensora das ideias das luzes portuguesas;
adaptando essas luzes ao Brasil, defendendo um ideal reformador frente às ideias
do Antigo Regime. Destacaram-se como grande nome desse grupo: José Bonifácio
de Andrada e Silva e José da Silva Lisboa, o futuro Visconde de Cairu. A
manutenção do império Português restaurando o centro do poder em Lisboa.
(REFERÊNCIAS???)
O outro grupo era o da elite brasiliense, em que nem todos letrados tinham
formação superior. Defendiam um ideal de pátria como local de nascimento e não
um nacionalismo radical. Contrário aos ideais da restauração portuguesa, e de
lealdade ao império luso, foram os idealizadores do separatismo político brasileiro e
possuidores de um forte desejo de maior participação política. Entre os nomes mais
importantes dessa elite destacaram-se Joaquim Gonçalves Ledo, Cipriano Barata,
Clemente Pereira e Januário da Cunha Babosa. (REFERÊNCIAS??)
Nesse contexto político, os grupos políticos importantes defendiam interesses
distintos. A Elite brasiliense, defensora inicialmente do congresso de Lisboa, onde o
objetivo era esvaziar o poder do Rio de Janeiro, esse ideal era forte entre os
portugueses e as elites do norte e nordeste, desejosas por minar o poder do Rio de
Janeiro. Por fim, as elites do centro sul, favoráveis do poder do Rio de Janeiro. Para
esse último grupo a mudança de poder representaria uma recolonização do Brasil.
Os negócios ficariam escassos pois não existiria mais a abertura dos portos. A ideia
era manter as vantagens obtidas com a presença da Família Real no Brasil, garantir
as vantagens comerciais que já existiam e assim não prejudicar os negócios.
As elites mais distantes do Rio de Janeiro eram a favor de Lisboa, já que ficavam à
margem do poder estabelecido na Corte, que era mais determinada pela elite do
centro sul. A independência significou a resolução desta disputa de poder. No Brasil
ficou um modelo político híbrido no qual existia uma aparência de liberalismo e uma
prática absolutista. A independência do Brasil foi um grande fracasso para a política
vintista, colocando em causa os interesses econômicos dos grupos lusitanos.
No Brasil do século XIX, foi notória a existência de uma cultura política que,
embora fosse semelhante em alguns aspectos, não era homogênea, nem coerente.
Era uma cultura política que representava sujeitos que viviam um mesmo ambiente
ideológico, ou seja, diante o ideário da independência e da ilustração portuguesa. O
historiador deve buscar esses elementos que identificam e ajudam a compreender a
sociedade. Trabalhar com a história dos conceitos e com estudos sobre a cultura
política são caminhos interessantes para o trabalho que tem os panfletos políticos
como fontes primárias.
Os panfletos foram produzidos em meio às agitações e tornavam-se espaços
para o debate político. Esses insultos impressos também eram denominados de
papelinhos por seus leitores. Eram lidos em locais púbicos e a opinião e debate que
promoviam despertavam o interesse dos leitores. O Trabalho usou os panfletos que
circularam na Bahia e no Rio de Janeiro. Os temas mais recorrentes giravam em
torno da questão do despotismo, da tirania portuguesa, da defesa da Constituição e
dos assuntos das Cortes e dos desdobramentos da política vintista. A variação dos
temas dependeu do local e do momento de sua publicação. O período de 1820 a
1823 foram especialmente marcados pelas revolucionárias ideias liberais evocadas
pela revolução do porto de 1820.
Não há uma concordância ou unanimidade na opinião manifestada nos
panfletos. Alguns falavam em patriotismo, outros em apoio a Regência de Pedro e
alguns evocavam a lealdade a Portugal. Na Bahia, foram comuns os panfletos que
defenderam a Constituição, enquanto no Rio de Janeiro o discurso era contra a
atuação das Cortes, sob a égide do discurso da recolonização.
Os panfletos, estudados para o presente trabalho, eram impressos e lidos
coletivamente em voz alta. É valido lembrar que, no século XIX, a população letrada
no Brasil era reduzida e a imprensa era algo recentemente inaugurada no Brasil com
D. João VI (1808) sendo que, segundo José Murilo, após 1821, o debate tornou-se
mais acalorado em torno do propósito emancipador, diante uma Imprensa mais livre,
após 1820. Em suma, a revolução do porto inicia um grande momento de agitação
política.
Para entender esse ambiente político, é necessário perceber que não eram
apenas interesses ligados aos comerciantes portugueses reinóis ou grandes
latifundiários que estavam em questão. A historiografia brasileira mais tradicional
trata das questões econômicas de forma prioritária, simplificando as questões
políticas como apenas interesses em manter a terra e posse de escravos, como se
ter escravos no Brasil dos mil e oitocentos não implicasse em questões de
ordenamento social. Questão que não aprofundaremos no presente trabalho.
A articulação dos grupos políticos e a defesa da emancipação em relação a
Portugal devem ser pensadas para além das questões econômicas ou nacionais.
Também não é apenas a origem de nascimentos, visto que não existia ainda um
ideal de nacionalismo (em gestação ao longo do século XIX) distinguindo brasileiros
e portugueses. Havia distinções entre o nascer no Brasil e o ser da elite reinol,
porém essa diferenciação não passava ainda pela ideia de uma identidade nacional.
Essa forma de perceber a independência inclusive remonta a um período da historia
brasileira em que era preciso forjar a identidade nacional por meio de fatos
marcantes.
A motivação para o trabalho foi exatamente essa: seria possível a elite, por
melhor educada, por mais habilidosa (e por mais iletrada que fosse a população),
conseguir excluir e impedir que a população tomasse parte ou discutisse o que
acontecia nos rumo do país? A Elite letrada, mediante a população quase totalmente
iletrada, conseguiria impedir as opiniões de serem formadas ou de circularem nos
ambientes mais populares?
Assim, procuramos dialogar com autores que propõem um revisionismo sobre
os estudos relacionados à política brasileira nos anos de 1820. Nesse sentido,
Buscamos nos trabalhos sobre cultura política fundamentos para desconstruir a ideia
de alienação política da população brasileira no período de 1820/22. Para esse fim,
foram utilizados panfletos manuscritos no período e que permitem identificar as
diferentes opiniões e discursos políticos presentes no contexto estudado e avaliar
em que medida houve essa participação e identificação da população.
A análise dos panfletos impressos no contexto de 1820/1823 nos leva
entender que a elite não possuía o monopólio da opinião pública. Não havia como
essa elite econômica e cultural controlar o que os outros grupos sociais entendiam e
percebiam sobre os acontecimentos de ordem política que se desenrolavam nesse
momento. Num contexto histórico e político de difusão das ideias liberais, a ideia de
homem público estava ligada à ideia de que os sujeitos participantes da vida política
deveriam possuir propriedade, sem mais condicioná-la mais a uma questão de
status de nascimento participar da vida pública. A virtude de ser bom para ser da
elite, era ser letrado e proprietário.
Dessa forma, a ideia de participação foi ampliada para além da aristocracia, o
que certamente abriu espaço para os homens de menos posse e os sujeitos dos
denominados grupos populares. O estudo dos panfletos permite observar que
ocorreu no Brasil, no contexto da independência, o início de uma participação
política pública pelo julgamento do Estado, formando uma identidade política coletiva
que tinha na atividade política escrita um meio de legitimar os projetos dos diferentes
grupos e ideias políticas em debate. (REFERÊNCIAS??).
O movimento gerado pelo vintismo português foi criador de identidades
políticas no Império luso brasileiro. A base dessa cultura política foi o liberalismo
moderado e o tradicionalismo político. Apenas em alguns panfletos aparecia o apelo
ao liberalismo francês considerado radical. Esse discurso radical quando aparece
nos panfletos evidenciava a participação popular, visto que as elites adotam um
discurso mais moderado e comedido.
Aparentemente o público dos panfletos era o povo pouco instruído, e pelo
conteúdo apresentado nos escritos, essa população fazia leituras variadas sobre o
momento político intelectual do Brasil e de Portugal após 1820. No Brasil , segundo
Fernanda Claudia Pandolfi, existiam 8 mil homens letrados numa população de 43
mil. Um número expressivo se pensarmos o período histórico estudado. Os
panfletos continham críticas ou sátiras politicas. Eram expostos e lidos em público,
assim mesmo os não letrados conseguiam saber o que se passava na vida política
local e de Portugal. Mesmo excluídos da lista de eleitores e votantes, mesmo sem
saber ler, a população não era impedida ou alienada em relação aos acontecimentos
políticos do momento. Por mais treinada e coesa que a elite pudesse ser, a
população e os leitores dos panfletos evidenciavam que tomavam partidos e
construíam a sua identidade dentro dessa cultura politica à medida que os projetos
políticos eram postos nesses panfletos. A ideia de brasileiro patriótico e português
antipatriótico, temas como destruir o despotismo e a tirania, eram as temáticas mais
recorrentes.
A linguagem liberal numa forma mais radical aparece nos panfletos e até
temática como a escravidão aparece no vocabulário político dessas ricas fontes
históricas, muitas vezes em uma alusão ao combate à tirania e não como defesa da
abolição da escravidão. Os panfletos manifestam ideais e palavras de ordem
impressos com características peculiares. Muitas vezes eram retirados para não
incitar o povo a movimentos mais radicais, eram arrancados das paredes das ruas
para não levar a rebelião e a desordem. Tornavam-se porta-vozes do debate político
popular. O uso de uma linguagem violenta leva a perceber a origem popular dos
panfletos. (REFERÊNCIAS?)
A liberdade de imprensa dada pela Corte era precária, por isso a denominada
imprensa oficial, os jornais e outros veículos que permitiam a identificação de seus
editores adotavam um discurso mais prudente. E por serem homens mais letrados
possuíam uma postura liberal mais moderada do que a expressa nos panfletos.
(REFERÊNCIAS??).
Nos panfletos a presença da retórica francesa radical não é muito condizente
ao discurso e aos princípios da ilustração portuguesa das elites. Em muitos casos, o
uso de termos populares, expressões grosseiras e até xingamentos, permitiam a
identificação com as camadas populares. O uso de certo vocábulos, o formatos da
escrita, o uso de quadrinhas, apelidos, as formas como incitam e conclamam a
participação, são elementos que evocam um comportamento dos grupos populares.
Os espaços e pessoas citados em alguns panfletos não seriam comuns aos homens
da elite. Um minucioso trabalho de leitura permite perceber esses elementos que
configuram uma participação popular no processo de independência.
Embora não seja possível afirmar que a população adote uma atitude
favorável à ruptura política, nem discursos radicais quanto ao voto ou ao fim da
escravidão, a linguagem popular dos panfletos era pouco radical em relação a essas
temáticas. Os ecos de revolta eram contra a tirania e contra o absolutismo. Porém, a
participação popular, a formação de uma opinião pública popular em meio aos
acontecimentos era mais do que perceptível. (REFERÊNCIAS??).
Mesmo que ideologicamente dominado pelo pensamento liberal, articulado
pela elite que domina os veículos impressos, os panfletos permitem entender que a
elite não conseguiu conter a expressão popular mediante os fatos. Mesmo inseridos
em uma mesma cultura política e sem haver um discurso destoante ou alternativo ao
do liberalismo, as camadas populares participavam e expressavam suas ideias no
contexto da restauração portuguesa.
FALTOU NO SEGUNDO CAPÍTULO UMA ANÁLISE DOS PANFLETOS A PARTIR
DA UTILZIÇÃO DE PASSAGENS DIRETAS DOS PRÓPRIOS PANFLETOS. VOCÊ
EM NENHUM MOMENTO CITOU UMA PASSAGEM DE UM PANFLETO. PODERIA
DESTACAR TRÊS A QUATRO PANFLETOS CITAR PARTES DIRETAS DELES E
POSTERIORMENTE IR COMENTANDO-O O CONTEÚDO DAS CITAÇÕES.
CONCLUSÃO