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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO RIO DE JANEIRO – UNIRIO

CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCHS


LICENCIATURA EM HISTÓRIA – EAD
POLO MIGUEL PEREIRA / RJ

PRIMEIRA AVALIAÇÃO A DISTANCIA – AD1


HISTÓRIA DO BRASIL II
PERÍODO: 2020.1

ALUNO: JUAN DA SILVA LEMOS


MATRÍCULA: 18216090044
A Independência do Brasil no Imaginário Popular
Resenha do Artigo:

PIMENTA, João Paulo et al. A Independência e uma cultura de história no


Brasil.  Almanack [online]. 2014, n.8, pp.5-36. ISSN 2236-
4633.  https://doi.org/10.1590/2236-463320140801.

No artigo, os autores João Paulo Pimenta, César Augusto Atti, Sheila Virgínia
Castro, Nadiesa Dimambro, Beatriz Duarte Lanna, Marina Pupo e Luis Otávio Vieira, todos
professores da FFLCH da Universidade de São Paulo, propõe ao leitor uma reflexão sobre as
formas quais o processo de independência do nosso país é retratado, tanto no meio acadêmico,
mas principalmente no meio mais popular que alcança a maior parte da população brasileira.
O debate é conduzido ao longo das manifestações da cultura histórica ao redor da
independência e os diversos mitos e invencionices criadas, tanto para criar um evento
“magnifico” quanto “cômico”.
Para se chegar a um aspecto e como um fato histórico de relevância como este se
apresentava no imaginário popular, uma pergunta se fazia necessária: Como os brasileiros
veem a Independência do Brasil? O que serviria também para relacionar a forma de como os
brasileiros poderiam se relacionar com sua própria história, um estudo que se desenvolveria
tanto no campo histórico quanto historiográfico. Os autores destacam a forma da abordagem
do tema da Independência, sempre evocado e presente nos processos educacionais básicos,
artes, políticas, senso comum, existência de feriados nacionais relacionados ao tema, ou seja,
partindo para pesquisa em campo com a premissa de que todo cidadão brasileiro pensa algo a
respeito da independência.
A pesquisa pautou em adquirir fontes acadêmicas e principalmente não acadêmicas
para medir o conhecimento a respeito do processo de independência. Fizeram uso itens como
livros didáticos do MEC, diversas produções audiovisuais disponíveis nas mais variadas
plataformas (televisão e internet, por exemplo), produções cinematográficas, artigos
científicos e demais outros itens. Já umas das formas utilizadas para mensurar o impacto de
tais produções se deu através da sondagem de opiniões. A ideia que o texto expõe é de a
pesquisa visava construir um perfil social, econômico, educacional e cultural e estabelecer
entre esses, sua relação com o estudo da História, com um recorte específico no episódio da
Independência do Brasil. Dividiu-se a pesquisa em partes, na primeira obtendo dados sociais,
econômicos e educacionais do entrevistado e uma segunda parte para obtenção de
informações referentes a hábitos culturais do entrevistado, como acesso a televisão, internet e
teatro por exemplo, e a terceira parte buscando respostas a conteúdo diretamente ligados a
independência brasileira.
Segundo os autores, durante a coleta de dados puderam verificar que a história
nacional está vivendo um período de desprestígio, no recorte do período da independência, os
dados mostraram que embora seja pouco interessante, não demonstra um grande desprezo
pelos entrevistados, como foi constatado com os dados sobre história nacional.
Com relação a coleta de dados sobre a independência, o resultado impressionou os
autores devido a quantidade de respostas erradas e/ou palavras que foram erroneamente
combinadas ao tópico de independência, por exemplo, 55 respostas combinaram o nome de
Tiradentes ao tópico de independência e desqualificaram outros, como D. João IV, D. Pedro I,
Portugal, José Bonifácio. Ainda tratando da questão de até quanto os entrevistados são
conhecedores de história, muitos não sabiam responder ou davam respostas erradas para
perguntas como em que ano foi declarada a independencia, qual ano da primeira constituição,
qual data da chegada corte português no Brasil, sendo a data da abdicação de D. Pedro I a
campeão em respostas erradas ou imprecisas. Um número muito elevado de respostas
imprecisas para um tópico que está recorrente em vistas em diversas mídias.
Os autores são enfáticos a destacar que a principal fonte de construções de
conhecimentos sobre a independencia é dentro do sistema educacional e consequentemente o
livro didático, este destacado pelo seu valor mercadológico, sendo o governo federal o
principal comprador de livros das editoras fica claro espectro de que sua produção é altamente
lucrativa e de abrangência nacional, expondo uma abordagem histórica cada com uma
tendência bastante humorística e multifacetada. O artigo também destaca a forma como os
livros são organizados, embora trazendo mais conteúdos do meio acadêmico para a educação
básica, ainda é evidente as descontinuidades de texto e incongruências, como se fossem
construídos como uma “colcha de retalhos”.
O artigo destaca também a variedade e pluralidade de construções audiovisuais
disponíveis a respeito do tema independencia, como programas, curtas e longa-metragem,
minisséries, etc. Algumas produções televisas da Rede Globo são destacadas: A Corte no
Brasil (2008), O Quinto dos Infernos (2002) e História: Dia de Fúria (2007), abordando o
tema em múltiplas dimensões, seja de forma documental como o primeiro caso, seja na forma
cômica e caricata na segunda e na terceira. Todas elas margeiam o espectador em torno de
narrativa de história processual, criando e recriando noções de relativas ao processo de
independência, destacando a segunda e terceira produções, de caráter televiso e atrair a
atenção do público, neste caso, ambas as produções são desapegadas de qualquer
compromisso com a verdade. A construção de narrativas revisionistas e de teor cômico se
mostram nocivas a construções de cultura histórica.
O mesmo podemos destacar do filme Carlota Joaquina, Princesa do Brazil, de 1995,
que trata o casamento de D. João VI e Carlota Joaquina, as relações extraconjugais de Carlota
Joaquina e o apetite voraz e D. João VI de forma cômica e irreverente para construção de um
discurso de uma história processual do período da chegada da corte real portuguesa aqui no
Brasil.
Os autores também destacaram algumas obras literárias não ficcionais, citando por
exemplo O Chalaça (1994), 1808 (2007), 1822 (2010). Carne e Sangue (2012) e Guia
Politicamente Incorreto da História do Brasil (2011). Levando o leitor a crer em supostos
segredos não revelados e um certo apelo histórico visto em Quinto dos Infernos, por exemplo
(Chalaça), conhecer uma corte excêntrica e caricata (1808 e 1822), amantes ricos com
segredos tenebrosos (Carne e Sangue) ou uma narrativa fantasiosa criando heróis e anti-heróis
a todo instante de teor revisionista dotado dos mais diversos anacronismos (Guia). O que
todos eles têm em comum é engendrar um enredo anedótico utilizando de pano de fundo fatos
e acontecimentos históricos. De certo que essa construção fantasiosa está intrínseca ao
imaginário popular e refletiram nas respostas da pesquisa.
Na conclusão da pesquisa e na análise dos dados obtidos, os pesquisadores chegaram
à conclusão de que a Independência do Brasil está dentro do conhecimento popular, mesmo
que indiretamente com um destaque as livros didáticos e material audiovisual. Existe um
culpabilização dos historiadores por parte da divulgação da história e da historiografia por trás
de temas da história nacional, por permanecerem presos ao ambiente acadêmico. O contato
com produções audiovisuais como Quinto dos Infernos e a livros como Guia Politicamente
Incorreto constrói uma imagem à cerca da Independencia com características anedóticas,
caricatas, caóticas, revisionistas e que podem pouco oferecer a construção de um debate
histórico sério. Porém, são essas bases que constituem o conhecimento da maioria das pessoas
que não estão inseridas no ambiente acadêmico, assim induzido aos diversos erros e
incongruências que foram abordadas na pesquisa da qual o artigo trata.
Referencias:

PIMENTA, João Paulo et al. A Independência e uma cultura de história no


Brasil.  Almanack [online]. 2014, n.8, pp.5-36. ISSN 2236-
4633.  https://doi.org/10.1590/2236-463320140801.

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