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HISTÓRIA PÚBLICA COMO PRÁTICA E CAMPO DE REFLEXÕES: DEBATES,

TRAJETÓRIAS E EXPERIÊNCIAS NO BRASIL

Ricardo Santhiago Corrêa (Coordenador da Rede de História Pública e professor da UNICAMP).


Texto apresentado como parte do relatório da bolsa PNPD 2013-2014, realizado no PPGH-UFF, sob supervisão da
profa. Ana Maria Mauad

RESUMO

A emergência de novas iniciativas em torno da noção de história pública no ambiente


acadêmico brasileiro, materializadas em publicações especializadas e encontros científicos
ocorridos nos últimos anos, sinaliza para a necessidade de uma reflexão verticalizada sobre o
assunto. Partindo de um delineamento inicial de quatro modalidades elementares de história
pública – história para o público, história com o público, história feita pelo público, história e
público –, este estudo visa avançar no debate sobre a trajetória dessa prática no Brasil. Com
base na vasta literatura estrangeira e em debates correlatos travados no país, busca-se
identificar e discutir os principais problemas teóricos, conceituais e metodológicos da história
pública, articulando-os à realidade brasileira nos dias atuais. Em seguida, tenciona-se
encaminhar um primeiro mapeamento da circulação popular da história no Brasil, em seus
diferentes suportes, relacionando-o ao surgimento de um circuito de consumo específico e
com transformações na cultura das mídias e nas dinâmicas de produção e difusão de bens
culturais. Finalmente, visa-se descrever e analisar o movimento recente em torno da história
pública no Brasil, identificando e problematizando as condições que favorecem seu surgimento
e analisando suas possibilidades de consolidação.
PALAVRAS-CHAVE: História pública; Historiografia; Teoria da História; Cultura histórica

“Um espectro está assombrando os muros da academia”. Com essa frase, o


pesquisador e escritor italiano Alessandro Portelli iniciou seu famoso ensaio, “O que faz a
história oral diferente”, na virada dos anos 1970 para os anos 1980. A popularidade adquirida
por esse texto hoje canônico – traduzido para diversos idiomas, repetidamente republicado,
ubiquamente citado – sugere que não apenas na Itália, como também em outros países e
tradições intelectuais, a história oral tenha sido vista como um fantasma à espreita, pronto
para destronar tradições consagradas e atacar almas conservadoras.1 Os dias em que esse
método de pesquisa baseado em entrevistas era visto com abominação parece hoje remoto –
na Itália, no Brasil, ou em outros países dos hemisférios Norte e Sul. A história pública,
porém, não tem sido igualmente abençoada. Seja como uma expressão linguística útil para
condensar uma variedade de ideias, seja como um campo de trabalho que alarga as
possibilidades de inserção profissional do historiador, seja como um movimento de difusão (e
de reflexão sobre a difusão) da história, essas duas palavras ainda são usualmente vistas de

1
O ensaio foi originalmente publicado em 1979. No Brasil, foi traduzido e publicado em 1997.
longe com desconfiança e apreensão – ou, em outros casos, com uma mescla de franco
entusiasmo e cautelosa timidez.
Isso é compreensível, considerando-se que história pública é um assunto relativamente
novo dentro da pauta da academia no Brasil. Mesmo no exterior, o tema desdobrou-se em
uma área de reflexão apenas no início dos anos 1970 (Kelley, 1978). Naturalmente,
numerosos criadores brasileiros – historiadores, jornalistas, escritores, intelectuais, cineastas,
filósofos e outros profissionais – têm trabalhado, no mínimo desde o advento da cultura das
mídias (Santaella, 1992), para disseminar conhecimento histórico para públicos amplos. Estas
tarefas têm tradicionalmente se centrado na obtenção se resultados eficazes, de modo que se
carece ainda de trocas de experiências e discussões de boas práticas, de bases teóricas e
conceituais que informem e se alimentem de iniciativas concretas, de pontes sólidas
conectando indivíduos e instituições em princípio separados, de um campo onde todos esses
elementos (e tantos outros) possam ser discutidos e aperfeiçoados. Seria possível dizer, em
suma, que a prática da história pública no Brasil precede sua teorização – ou que, como
escreveu recentemente Serge Noiret a respeito da história pública na Itália, ela se dá sem ser
necessariamente acompanhada por autoconsciência e autorreflexividade (e, de qualquer
forma, o engajamento limitado de agentes de história pública com questões metodológicas e
teóricas subjacentes à sua prática não é, em si, um demérito).
Seria também pouco acurado afirmar que a reflexão sobre questões metodológicas e
teóricas despertadas pela prática da história pública é inexistente. São muitos os historiadores
e críticos literários brasileiros que têm se dedicado a estudar questões que tangenciam debates
dessa ordem. Exemplos disso estão nos trabalhos de Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses
(1992, 1998, 1999, 2000, 2005, 2007) sobre a apresentação pública da história,
especialmente em museus; nos ensaios de Marieta de Moraes Ferreira (1997, 2000, 2002,
2012) sobre usos da memória e comemorações; ou nas discussões de Marcos Silva (2006,
2009, 2012, 2013) a respeito das múltiplas possibilidades da educação histórica. Estudos sobre
a apresentação pública de conteúdo histórico têm proliferado em campos como a História, a
Comunicação, a Sociologia e a Educação.
Diante desse pano de fundo, uma movimentação mais explícita em torno da história
pública vem surgindo, colocando em cena sua complexidade. Demonstrações visíveis desta
movimentação são, em anos recentes, a realização de eventos especializados no tema – como
o “Curso de Introdução à História Pública”, em 2011, e o “Simpósio Internacional de História
Pública: A História e seus Públicos”, de 2012 – e a formação de uma Rede Brasileira de
História Pública, também no ano de 2012. A propósito, não é apenas no Brasil que a história
pública passa por um momento fervilhante. Embora ela esteja consolidada em diversos países,
é recente o movimento de articulação internacional. Nos dias de hoje, um coletivo de
pesquisadores organiza uma Federação Internacional de História Pública, que se propõe a
divulgar a história pública em nível global e, colateralmente, oferece uma alternativa à posição

2
de liderança do National Council for Public History estadunidense na área, não só naquele país
como internacionalmente.2
No que diz respeito ao Brasil, trata-se de um debate complexo, desafiador, que
envolve muitas questões. O próprio aparecimento dessa movimentação coloca questões
instigantes. Quais as circunstâncias que favorecem sua eclosão? Que demandas ela responde e
que desafios coloca? Em que sentido ela se articula a fenômenos da própria história recente do
Brasil? E com os movimentos historiográficos em voga, com as transformações da cultura
midiática, dos modelos tradicionais de produção cultural, do desafio aos sistemas de
comunicação constituídos sobre a polaridade produção/recepção? Qual a relação que a
história pública praticada no Brasil tem com os modelos estrangeiros de public history? Que
relação seria desejável? Com este projeto, viso adensar a minha participação nesse abrangente
e necessário debate.
Uma de suas questões centrais diz respeito ao nome e à definição de história pública,
expressão imprecisa e ambígua, controversa e problemática – mas que vem se mostrando
poderosa ao estimular argumentos que transcendem o questionamento terminológico. Além
da plasticidade, o termo oferece um denominador comum para um diálogo internacional
visando benefício mútuo. Sua adoção é positiva e frutuosa; tem facilitado a agregação de
indivíduos que compartilham o impulso de publicizar o conhecimento histórico, de construí-
lo junto ao público, de reconhecer variações não universitárias de história, de intercambiar
ideias e experiências em torno dessas práticas. A própria adoção da expressão “história
pública” não consiste em um ato legitimador da expressão – compreende, também, uma
possibilidade de problematizá-lo.
Um dos maiores entraves para a aceitação dessa expressão é sua indefinição, o que
também não é prerrogativa do cenário brasileiro. Como Paul Ashton escreveu, “história
pública é um termo elástico, nuançado e contencioso. Seu significado tem mudado ao longo
do tempo e nas culturas em contextos locais, regionais, nacionais e internacionais diferentes”
(2010, p. 2). As diferenças descritivas e avaliativas são de muitas ordens – políticas, éticas,
disciplinares, econômicas, institucionais e até geográficas, já que a história pública ganha
ênfases diferenciadas conforme o país em que se instala, conforme Jill Liddington esboçou em
um valioso ensaio comparativo (2011). Na realidade, mesmo visões globais mais aprofundadas
são possíveis a partir de balanços de experiências nacionais em diferentes momentos
históricos, em países como a Austrália (Davison, 1991; Taksa, 2009); o Canadá (English,
1983; Conrad, Létourneau & Northrup, 2009); os Estados Unidos (Sutcliffe, 1984; Wesley
Johnson, 1999; Ritchie, 2001); a Inglaterra (Kean, Partin & Morgan, 2000; Hoock, 2010).
Caberá, no futuro, identificar as particularidades que marcam a experiência brasileira na área
de história pública. Por isso, um estudo teórico-conceitual deve ser sucedido por um trabalho
que recolha as especificidades da prática brasileira.
Devido à necessidade de definições prévias – que devem ser consideradas em seu
caráter operacional –, pode ser vantajoso e estimulante adotar uma posição polissêmica a

2
A Federação Internacional de História Pública mantém um site no seguinte endereço:
http://www.publichistoryint.org/wordpress/. No momento, o grupo trabalha na preparação da conferência
internacional IFPH-FIHP Digital Public History Conference, a se realizar em outubro de 2014, em Amsterdam.

3
respeito do que seja história pública. Mesmo que fadada ao risco da amplitude, uma posição
não prescritiva abre caminho para que, a médio prazo, outras definições possam ser extraídas
da prática. Nesse sentido, o entendimento da história pública como um “templo de tolerância”
(Liddington, 2011) permite abrigar uma variedade de aspectos, significados, modalidades; é
uma postura maleável, permeável, que de toda forma não recalca seus conflitos, justaposições
e controvérsias. Em minha perspectiva – que será desenvolvida e discutida ao longo do projeto
– a história pública pode ser entendida em quatro generosas dimensões, passíveis de
entrecruzamento e interpenetração: história para o público, história com o público, história
feita pelo público, história e público.
A primeira dessas dimensões – “história para o público” – remete a uma espécie de
história aplicada (em oposição ao conhecimento feito for its own sake), voltada à difusão de
conhecimento histórico dentro de uma lógica de ampliação de audiências, de ocupação de
espaços para além da academia. O enfoque desta perspectiva de história pública recai sobre a
relação entre o conteúdo histórico e seu receptor. Ela visa tornar tal conteúdo acessível,
difundindo-o através de uma miríade de canais: a literatura de ficção e não ficção, o
jornalismo, a televisão, o cinema, o turismo histórico, os museus, os memoriais, a educação
histórica, entre outros. Dentro desta modalidade de história pública, questões atinentes a
mercado de trabalho, público consumidor, lazer, entretenimento, estética, tecnologia,
políticas de financiamento à cultura, direitos autorais, são centrais. A profissionalização,
dentre todas elas, salta à vista – algo que tem ficado patente em meio aos recentes debates
sobre a regulamentação da profissão do historiador.3
Nessa concepção de história pública, usualmente distingue-se um profissional como o
responsável por produzir história ativamente, disseminando-a para um público-alvo de acordo
com um conjunto de estratégias previamente avaliadas e selecionadas. A existência de
fronteiras entre polos produtores e receptores não é questionada; sua condição de separação é
mantida (mesmo em canais como a Internet, a subversão deste modelo se dá dentro de uma
lógica de interação preestabelecida pela esfera de produção mesma). A mais forte das críticas
recebidas por esta modalidade de história pública consiste em considerar o “público” como um
mero “consumidor”, receptáculo de informação histórica. Nos termos de Ludmilla Jordanova,
uma “plateia para a discussão feita pelos outros”, em vez de “atores em discussões históricas”
(2008). Em sua recente introdução para uma coletânea de textos importantes para a área de
história pública, Hilda Kean sinalizou que esta concepção a tomaria
como a criação de uma história acessível para “o público”. Deixando de
lado as pressuposições feitas a respeito de pessoas diferentes sendo
descritas genericamente como “público”, esta abordagem também tem
diversas ramificações no sentido de como a própria história é vista como
assunto. Essa abordagem implica que um historiador, normalmente visto
como profissionalmente formado, está tendo um papel ativo, e o “público”,
um passivo. Aqui, o historiador enfoca a história como um corpo de
conhecimento que precisa ser transmitido de maneiras acessíveis. O

3
Veja-se, por exemplo, o debate realizado em 23 de setembro de 2013, na Casa de Rui Barbosa,
sugestivamente intitulado Profissão: Historiador. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=yeM3N7PbX3o. Acesso: 30 de setembro de 2013.

4
historiador, então, precisa envolver “o público”. Isso acaba por
engrandecer o status do historiador (em separado do “público”) tanto como
o possuidor de conhecimento quanto como alguém proficiente em termos
de transmissão. (Kean, 2013, p. XV)
Embora tais apontamentos sejam, sob certa luz, plausíveis, a análise precisa considerar
também o aspecto positivo da profissionalização, bem como o fato de que mesmo esta
vertente de história pública coloca a audiência no centro de suas preocupações. O eixo da
recepção molda o trabalho, na medida em que as ações de produção, divulgação e socialização
do conhecimento histórico estão imbuídas de preocupações acerca de como ele será recebido
e apropriado. Nesse sentido, existe uma dialogicidade implícita à medida que o público é
levado em conta durante todo o processo de feitura de um trabalho histórico. Por vezes
censurada como banalização ou vulgarização da história, ou ainda como “mero fenômeno
comunicacional”, a história para o público apresenta-se como um elemento capaz de matizar
críticas a respeito da incomunicabilidade da pesquisa acadêmica com a sociedade mais ampla.
Dentro desta perspectiva, ainda, a história pública pode ser entendida tanto como um
lugar de passagem quanto como um campo de trabalho permanentemente cultivado. No
primeiro caso, historiadores – com maior ou menor frequência – engajam-se na disseminação
localizada de suas pesquisas, nem por isso convertendo-se em “historiadores públicos”
(denominação oriunda da língua inglesa, esta sim bastante problemática). No segundo caso, a
história pública seria um espaço permanente de atuação, povoado por outras categorias
profissionais que não o historiador: o jornalista, o escritor, o editor, o professor, o cineasta. A
distinção entre a história como disciplina e “as profissões da história” é, nesse sentido, cabível,
como escreveu James Banner Jr. em seu livro Being a Historian: An Introduction to the Professional
World of History (2012). Uma abordagem mais aprofundada a respeito dessa linha de história
pública necessitaria compreender também a diferença entre duas ordens de atuação possíveis:
uma, de profissionais dedicados a produzir o conhecimento que divulgam; outra, de indivíduos
dedicados essencialmente a difundi-lo, focalizando majoritariamente meios e linguagens.
Uma segunda dimensão da história pública daria conta de uma história com o público.
Superando a noção de “difusão cultural”, trata-se de uma história colaborativa: o público, em
vez de consumir os resultados de um processo, tomaria parte nele, ativamente. Essa linha
dialoga com outras tendências historiográficas na qual o envolvimento com grupos e
comunidades os converte de assunto da história em seus agentes e produtores. Muitas vezes,
esse gênero de história pública assume feições de história engajada; por exemplo, quando o
historiador envolve-se em lutas e movimentos em cooperação com o grupo com que trabalha.
Esta é uma modalidade de história pública fortemente influenciada pelas ideias de
Michael Frisch em seu importante livro A Shared Authority: Essays on the Craft and Meaning of
Oral and Public History (1990). A partir de noções como as de “autoridade compartilhada” e
“empoderamento”, clamava-se por uma história participativa e democrática em sua gênese.
Mais recentemente, falando em favor de atividades colaborativas em espaços públicos, Frisch
tem utilizado a ideia sugestiva de uma “cozinha digital”, que incorporaria historiadores e seus
públicos no ato de construção da história, equipados por modernos instrumentos tecnológicos
(Frisch & Lambert, 2011). Em função da proximidade temporal e física entre os diferentes

5
agentes na construção da história, esta é uma vertente predominantemente associada à história
do tempo presente e, ainda mais, à história oral (que tem a dialogicidade como base e que
preza procedimentos como a devolução da pesquisa).
Os dilemas dessa modalidade de história pública são muitos, perpassados pelas
próprias condições objetivas de trabalho do historiador profissional, que envolvem tempo
limitado e respeito a padrões de análise e crítica nem sempre facilmente compatibilizáveis com
os agentes com que interage. Desponta também o conflito potencial no tocante aos produtos
resultantes da pesquisa: à autoridade (e autoria) dos agentes sobre ele; à autonomia do
historiador profissional diante das vozes de seus colaboradores; à liminaridade entre
cooperação e adesão irrestrita. Em função de dilemas como estes, muitas vezes essa
modalidade de história pública é operada como um plano de intenções, como uma ideia
reguladora efetivada em gradações distintas. Noções a respeito da função social do intelectual,
contrastadas com o papel específico do pesquisador universitário atuante no âmbito das
humanidades, são cruciais para este tipo de prática. Uma variação deste modelo inclui ainda a
participação de historiadores no âmbito público/político: sua atuação como testemunha
especializada em casos jurídicos; sua presença em grandes movimentos nacionais, como
processos de reparação e reconciliação histórica; sua ação como propulsor de políticas públicas
informadas pela pesquisa histórica.
Uma terceira modalidade de história pública a se identificar seria a história feita pelo
público, por vezes alcunhada de “história amadora” (Rubinstein, 2011). Ela abrange
iniciativas, por parte de agentes não profissionais, de construir história, principalmente
história local – fazendo com que essa modalidade tenha sua melhor expressão linguística na
célebre frase de Carl Becker: “Everyman his own historian” (1966). Compreende trabalhos de
centros de memória popular, igrejas, escolas, associações, sindicatos, grupos criativos;
incursões sobre biografia, genealogia e história familiar; além de expressões de
colecionadores, blogueiros, agitadores culturais, produtores de eventos. Trata-se de uma
variedade de agentes não legitimados na instância universitária.
É dessa história, tecida por muitos produtores, de que fala Raphael Samuel em seu
clássico livro Theatres of Memory, quando afirma que a história não é prerrogativa do
historiador. Discursando em favor da visibilidade do que ele chama de “conhecimento não
oficial” [unofficial knowledge], o autor questiona a posição dos historiadores profissionais como
os únicos produtores legítimos de conhecimento histórico. A história, diz Samuel, é “uma
forma social de conhecimento; seja qual for a situação, é o trabalho de milhares de mãos
diferentes” (1996, p. 8). Falando nas “mãos invisíveis” que confeccionam a história, o autor
continua:
Se a história fosse pensada como uma atividade em vez de como uma
profissão, então o número de seus praticantes formaria uma legião. Nos
dias atuais eles poderiam incluir – se alguém estiver preocupado em
mapear as fontes não oficiais de conhecimento – os escritores daquele novo

6
e florescente subgênero no qual os próprios scholars começaram a mexer, o
mistério [whodunnit]4 histórico. (1996, p. 17)
À sua lista, Samuel acrescenta criadores de desenhos animados, comediantes,
musicólogos, empresários, ghost-writers, revisores, editores, paleógrafos, bibliotecários, entre
outras figuras que ele classifica como sub-trabalhadores de Clio [Clio’s under-labourers] (1996,
p. 23).
Analisei alguns casos dessa vertente em um ensaio recém-finalizado, intitulado “A
Zona Leste de São Paulo e a história oral: História pública, políticas de memória e pesquisa
acadêmica”, mapeando a existência de focos de história pública (especificamente iniciativas de
história oral e memória) na Zona Leste de São Paulo preexistentes à pesquisa acadêmica
realizada sobre essa região da cidade, dinamizada muito recentemente em função da abertura
de novos campi da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp) na região.5
Esta é uma modalidade de história pública amiúde criticada pela ausência de método
(e, em decorrência disso, por suas feições romanceadas, tendenciosas ou idealizadoras), que
colide com o status do historiador como uma categoria profissional. Pelos entusiastas da
história amadora, a profissionalização pode ser enxergada como um assalto ao espírito público
da história; para os historiadores treinados, ela funciona precisamente como uma possibilidade
de distinção. Uma análise densa dessa modalidade de história pública deve contemplar o
próprio processo de disciplinarização da história e da conformação de um campo. Não
obstante, em muitos casos esta modalidade de história pública orienta-se para sua legitimação
pela instâncias acadêmicas, aproximando-se portanto do segundo modelo. Veja-se, por
exemplo, trabalhos realizados por Antonio Torres Montenegro no final dos anos 1980 (Silva,
Amorim & Montenegro, 1988; Montenegro, Sales & Coimbra, 1989; Montenegro, 1992;
Lima et. al, 1988); ou a visão de Sidney Chahloub e Paulo Fontes sobre a história pública
como a “própria interação contínua entre a historiografia social como campo específico de
conhecimento, os movimentos sociais e a sociedade civil como um todo” (2009, p. 221).
Finalmente, uma quarta chave de entendimento da história pública – que poderíamos
chamar de história e público – compreenderia a expressão como um guarda-chuva conceitual
para a análise de fenômenos e questões a respeito de temas que já vêm sendo explorados:
comemorações; monumentos; sítios históricos; usos do passado; usos da memória; percepção
pública da história; digestão pública da história; demanda social; vulgarização vocabular de
conceitos históricos; apropriações midiáticas, literárias e artísticas da história; boom da
memória. Nesse sentido, história pública seria menos um campo de ação e mais uma área de
reflexão.
Lidando com um instrumental necessariamente multidisciplinar (abrigando aportes da
estética e da sociologia da recepção, da comunicação e da semiótica, da educomunicação e das
relações públicas, da linguística, das artes), esta vertente ocupa-se também de pensar sobre a

4
Whodunnit é a corruptela de “Who has done it?” e, aqui, é utilizado para descrever obras literárias de mistério,
com base em acontecimentos históricos, baseadas na pergunta: “Quem matou?”. [nota de tradução]
5
Santhiago, R. “A Zona Leste de São Paulo e a história oral: História pública, políticas de memória e pesquisa
acadêmica”. [trabalho submetido]

7
própria história pública: sobre a atribuição de significados a seus produtos, pelos receptores;
sobre o horizonte de expectativas sobre o qual se trabalha; sobre os parâmetros de avaliação da
história pública; sobre seu consumo e penetrabilidade; sobre os níveis de competência visados;
sobre fenômenos midiáticos atrelados ao domínio da história. Nesta linha de reflexão, o
próprio caráter distintivo da história pública ganha relevo enquanto tema em si.
Considerando-se que toda pesquisa acadêmica, por ser uma atividade social, só se concretiza
no momento em que se torna pública, as especificidades da atuação da história pública devem
ser constantemente discutidas e reavaliadas. Em última instância, diante da escassez de
reflexões verticalizadas a respeito dela e de sua relação com o contexto brasileiro, esta
modalidade reflexiva e crítica deve acompanhar tanto o crescimento de iniciativas de difusão
de conteúdo de histórico quanto a institucionalização de um campo de debates.

Em defesa da História Pública


A defesa da história pública associa-se a minha própria trajetória como historiador. Há
alguns anos, desde que cursei a Especialização em Jornalismo Científico do Laboratório de
Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas, venho me
envolvendo com conteúdos e discussões sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade; sobre a
dinâmica de difusão de pesquisas, por meio da editoração científica e do jornalismo científico;
sobre conceitos como os de “cultura científica” e de “espiral científica”; sobre as políticas de
desenvolvimento e de financiamento à ciência. Naquele curso, desenvolvi uma monografia
baseada em um amplo levantamento sobre a ocorrência de temas oriundos do universo da
ciência na poesia e na canção brasileiras, interessado em mapear as formas de circulação
popular do conhecimento acadêmico/científico (Santhiago Corrêa, 2006).
Posteriormente, em contato mais próximo com os campos da História e da história
oral, busquei adensar minha atuação em torno das possibilidades de articular produção e
difusão do conhecimento. Em visita à University of Massachusetts, Amherst, em 2010,
conheci seu Programa de História Pública, que oferece especialização na área,6 e iniciei um
engajamento deliberado com a bibliografia em torno do tema. Em meu estudo anterior, a tese
de doutorado Método, metodologia, campo: A trajetória intelectual e institucional da história oral no
Brasil, a noção de história pública foi central para a abordagem, a avaliação e a análise de
projetos de história oral desenvolvidos fora de instituições universitárias, especialmente nos
capítulos “História oral de inspiração pública: A cultura nas bordas” e “Indisciplina e
interdisciplinaridade: Variações em torno do cânone” (Santhiago Corrêa, 2013).
À parte esse estudo, minha atuação na área da história pública tem se dado sob a forma
de realizações visando estabelecer canais de diálogo em torno do tema. Em fevereiro de 2011,
idealizei e organizei o primeiro “Curso de Introdução à História Pública”, na Universidade de
São Paulo,7 sucedido por uma série de outros cursos que aprofundaram algumas de suas
dimensões: módulos sobre “Estudos da Memória”, “Biografias” e “Publicações”. No mesmo

6
Ver: http://www.umass.edu/history/ph/.
7
O curso foi ministrado por uma série de professores: Ana Maria Mauad; Heloísa de Araújo Duarte Valente;
Marta Fonterrada; Paulo Nassar; Ricardo Santhiago; Sara Albieri; Valéria Dias; Viviane Tessitore.

8
ano, participei do primeiro livro brasileiro sobre o tema – Introdução à História Pública,
organizado por Juniele Rabêlo de Almeida e Marta Gouveia de Oliveira Rovai – contribuindo
com o capítulo “Palavras no tempo e no espaço: A gravação e o texto de história oral”
(Santhiago, 2011). No ano seguinte, idealizei e coordenei o “Simpósio Internacional de
História Pública: A história e seus públicos”, que também teve lugar na Universidade de São
Paulo. Ainda em 2012, junto a colegas de outras instituições e partes do país, participei da
fundação da Rede Brasileira de História Pública (RBHP).8 No momento, participo da
organização do evento de lançamento da rede, a ser realizado em novembro de 2013 no
Museu Abílio Barreto, em Belo Horizonte, e do II Simpósio Internacional de História Pública,
que se realizará no segundo semestre de 2014 na Universidade Federal de Minas Gerais.9
Para além de tais promoções, venho desenhando uma aproximação maior com o tema.
Além do capítulo já mencionado, integrante do livro Introdução à História Pública, publiquei
também, sobre o assunto, o ensaio “História oral e história pública: Museus, livros e a ‘cultura
das bordas’” (2013), no qual realizo um mapeamento das primeiras iniciativas brasileiras de
história pública que se valeram de entrevistas. Outros trabalhos por mim preparados que se
relacionam com o tema foram apresentados em encontros científicos: “A história oral e seu
público: História oral, história pública e cultura editorial” (na Semana de História da
Universidade Cruzeiro do Sul); “História oral e cultura editorial” (no I Simpósio Internacional
de História Pública, em 2012); “Museu de grandes novidades: História oral como história
pública” (no 39º Encontro Nacional de Estudos Rurais e Urbanos, em 2012); “The Case About
Sale: Intellectual and Institutional Battles over the Memory Market” (na conferência The Past for Sale?
The Economic Entanglements of Cultural Heritage, em 2013). Além dessas participações, destaco o
trabalho “A Digital-Born Movement for an Old Analogic Past: Times and Trends of Public History in
Brazil”, apresentado em 2013 no evento “Public History in the Digital Age”, em College Park,
Maryland, no qual delineei o histórico do movimento de história pública em nosso país, e que
será revisto para futura publicação.
Esse movimento acadêmico se processa em sintonia com a eclosão de um movimento
de história pública no Brasil, o qual, estimulado pelos eventos acima descritos, vem
apresentando rapidamente uma multiplicidade de desdobramentos: livros recentes têm
abordado a temática, como A história como ofício, de Marieta de Moraes Ferreira (2013); cursos
e oficinas têm sido levadas a cabo;10 publicações periódicas abrem espaço para o assunto;11
simpósios temáticos acontecem em diversas reuniões científicas.12

8
Segundo texto de apresentação em sua página, "a Rede Brasileira de História Pública foi criada em torno do
interesse comum de pesquisadores, profissionais, professores e estudantes interessados em refletir sobre a
história pública, suas potencialidades e desafios, bem como de estimular a prática de produção do conhecimento
histórico dirigido a diferentes públicos, com um enfoque interdisciplinar". Ver:
http://www.historiapublica.com.
9
O evento será sediado pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas
Gerais. Fazem parte de sua comissão organizadora: Adriane Vidal Costa; Ana Maria Mauad; Benito Bisso
Schmidt; José Newton Coelho Meneses; Juniele Rabêlo de Almeida; Miriam Hermeto; Ricardo Santhiago.
10
No XV Encontro Regional de História – ANPUH-Rio, em julho de 2012, Monique Sochaczewski Goldfeld
ministrou o minicurso “História Pública: O que é e como fazer”. Entre junho e julho de 2013, Sonia Wanderley
ministrou, junto ao Laboratório de Estudos das Diferenças e Desigualdades Sociais” da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro, a oficina “Refletindo acerca dos significados e práticas atuais da História Pública”.

9
Há ainda outros elementos que indicam a conveniência de se realizar uma pesquisa de
longo prazo sobre o tópico. Trata-se de um assunto de grande relevância em meio a discussões
sobre a regulamentação da profissão do historiador – um debate no qual, a propósito, a
própria formação do historiador passa a ser rediscutida. Conforme Zita Rosane Possamai
tratou em seu ensaio “O ofício da História e novos espaços de atuação profissional”,

Nas últimas décadas, o campo de atuação do profissional da área de


História tem-se alargado. (...) Esse novo espectro de possibilidades de
trabalho apresenta indagações e desafios de várias ordens à área de
História: o que essas instituições esperam do profissional de História que
nelas atua? Como tem-se dado essa atuação? Que obstáculos os
profissionais enfrentam? Como deve ser sua formação? Que habilidades
devem possuir? O que os distingue de outros profissionais que atuam na
área de patrimônio? Qual é o papel da Associação Nacional de História –
em âmbito nacional e regional – em relação aos profissionais de História
que atuam nessa área? Qual a importância da regulamentação da profissão
de historiador para a atuação nas instituições voltadas ao patrimônio
histórico-cultural? (Possamai, 2008, p. 201)

Este é um debate recorrente, de muito significado para a área da história. Em uma


palestra oferecida em 2004, posteriormente publicada, a historiadora Ismênia Lima Martins
colocou críticas ao fato de os cursos de licenciatura em história serem, em muitos casos,
menos exigentes do que os cursos de bacharelado. Ela discursou em favor de um tipo de
formação, para o futuro professor, que o capacitasse a encontrar novas perguntas e novas
respostas, em vez de reproduzir os conteúdos preparados por estudiosos e eruditos. Em meio
a isso, lembrou uma discussão em sua universidade, na qual se debateu o perfil dos
profissionais que sua instituição desejava formar: “Apesar dos acalorados debates, a conclusão
era simples. Queríamos formar um profissional de História capaz de exercer a crítica e
produzir conhecimento onde quer que atuasse: no instituto superior de pesquisa na
universidade, na escola do município e até na TV Globo” (Martins, 2007, p. 19).
Outro elemento que reforça a importância deste debate diz respeito à crescente
demanda pública por memória e história, particularmente após o fim da ditadura militar
brasileira e com a consolidação da democracia. Historiadores como François Hartog (2006) e
críticos literários como Beatriz Sarlo (2007) têm argumentado que, nos anos 1980, a memória
eclodiu como tema central para as sociedades ocidentais – nos termos de Hartog, trata-se de
um novo regime de historicidade marcado pela “vontade de nada esquecer” (2006, p. 271).
Isso é verdadeiro no caso de muitos países latino-americanos, incluindo o Brasil. A criação da
Comissão Nacional da Verdade e a promulgação da Lei de Acesso à Informação têm tido forte

11
A revista Estudos Históricos incluiu história pública como o tema de um de seus próximos dossiês. Já a revista
Varia Historia publicará um dossiê sobre o tema a partir dos textos apresentados no II Simpósio Internacional de
História Pública.
12
No XXVII Simpósio Nacional de História, em julho de 2013, Juniele Rabêlo de Almeida e José Newton
Coelho Menezes coordenaram o simpósio temático “A história pública e os públicos da história”. No X Encontro
Regional Sudeste de História Oral, em setembro do mesmo ano, Juniele Rabêlo de Almeida e Marta Gouveia de
Oliveira Rovai coordenaram o grupo de trabalho “História Pública e Oralidades”.

10
impacto em discussões públicas de âmbito nacional sobre a história recente do Brasil, bem
como na produção acadêmica que passa a se valer de novas fontes de informação e de um
renovado interesse por sua divulgação.
Por fim, a necessidade de refletir sobre história pública justifica-se também na medida
em que tal movimento é em parte reflexo, no território dos historiadores, de uma tendência
mais geral de ampliação do alcance do conhecimento universitário. Ela é manifestada em
ocorrências como a ênfase crescente no ramo da extensão, anteriormente menos prezada em
face do ensino e da pesquisa; a colaboração entre iniciativa privada e universidade pública,
através de convênios normalmente entendidos sob a rubrica “interação universidade-
empresa”; a priorização, por parte de agências estaduais e federais de financiamento, a
projetos dotados de aplicabilidade imediata, estimulados através de termos como
“desenvolvimento” e “inovação”; a criação e a consolidação de setores, em instituições de
pesquisa e agências de fomento, especialmente dedicados à difusão.13

UM PROGRAMA PARA A HISTÓRIA PÚBLICA NO BRASIL

A necessidade de se identificar, apresentar e discutir problemas teóricos,


metodológicos e conceituais sobre a história pública, relacionando-os com as formas que esta
prática adquire no Brasil e com a recente emergência de fóruns institucionalizados de debate a
seu respeito, é um objetivo fundamental para ser alcançado pela rede de História Pública. Esse
objetivo geral desdobra-se em três linhas de ação:
a) Consolidar uma discussão teórica e conceitual sobre história pública, contemplando a
problemática da expressão e de suas definições; suas relações com fenômenos mais
amplos de demanda pública por história e memória; a história pública como campo de
trabalho e como elemento em tensão com a regulamentação da profissão do
historiador; a relação entre a institucionalização da história pública e a
institucionalização da História enquanto saber científico; as interseções entre as ideias
e as práticas de história pública e história acadêmica; a relação desta prática com
noções ou movimentos outros, como “cultura histórica” e “people’s history”,
respectivamente; a problematização dos sujeitos produtores de história; os critérios de
valoração da atuação em história pública e sua relação com as instâncias avaliadoras e
legitimadoras da produção acadêmica; os avizinhamentos com áreas como a sociologia
pública, a antropologia pública e, de modo amplo, as comunicações; os problemas
metodológicos e técnicos da prática da história pública. A literatura estrangeira
especializada será amplamente utilizada nesta parte do estudo, somada a outras
reflexões correlatas realizadas em nosso país;
b) Executar um mapeamento inicial de experiências de história pública no Brasil, em
trabalhos não necessariamente alinhados com a expressão. Visa-se realizar uma

13
Veja-se, por exemplo, a criação do Comitê de Assessoramento de Divulgação Científica do CNPq, e
principalmente a concessão de bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) e Produtividade em Desenvolvimento
Tecnológico e Extensão Inovadora (DT), a partir do ano de 2013, para pesquisadores cuja atuação se centre na
divulgação científica e em ações que contribuam para a repercussão da pesquisa acadêmica.

11
primeira incursão no estudo da circulação popular da história em seus diferentes
suportes e linguagens, através de um levantamento abrangente, mas não exaustivo,
baseado no modelo de pesquisa que utilizei em minha tese de doutorado (Santhiago
Corrêa, 2013). Esta parte da pesquisa oferecerá uma base que favorecerá a
compreensão das similaridades e das diferenças da história pública produzida no Brasil
com as “histórias públicas” praticadas em outros cenários intelectuais. A literatura
especializada oriunda de países como os Estados Unidos, a Inglaterra e a Austrália tem
nutrido experiências e contribuído para o debate global; porém, considerando-se o
impacto da cor local sobre a prática da história pública, esta é uma tarefa importante a
fim de que se possa sinalizar para as especificidades da história pública tal qual
produzida e analisada no Brasil. Entre os elementos a se estudar, que hipoteticamente
direcionam formas específicas de conceber história pública, estão: concepções
distintas sobre público e privado, esfera pública e esfera íntima; a cultura intelectual e
o funcionamento das instituições universitárias, com destaque para o papel da
universidade pública e gratuita; o funcionamento dos canais de circulação da história,
especialmente as mídias, e as disparidades em termos de acessibilidade e
universalidade tecnológica; os ritmos de formação e crescimento de mercados
consumidores, especialmente para bens culturais; o lugar do intelectual público e do
pesquisador independente em contraste com a do professor/pesquisador
universitário; a dinâmica de financiamento à pesquisa e às produções culturais.
c) Promover uma avaliação do recente movimento institucionalizado de debates sobre a
história pública no Brasil, buscando compreender o significado desta articulação; as
razões para sua emergência; sua relação com o cenário político, econômico, cultural e
social de seu tempo; sua relação com iniciativas anteriores de reflexão sobre a
circulação popular da história; as potencialidades e os limites de sua inserção
institucional; sua relação com os campos de história pública tal qual constituídos em
outros países e internacionalmente.
Portanto, com base nessas três linhas de ação, se organiza o programa de ação para
promover o debate sobre a história pública nas suas múltiplas dimensões no Brasil .

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