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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de

Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH

Licenciatura em História - EAD

UNIRIO / CEDERJ

AD2 – SEGUNDA AVALIAÇÃO À DISTÂNCIA – 2020.1

DISCIPLINA: HISTÓRIA DA AMÉRICA II

COORDENAÇÃO: Prof. Dr. VANDERLEI VAZELESK RIBEIRO

MEDIADORA À DISTÂNCIA: Prof.ª. NATÁLIA ALMEIDA

Nome: JUAN DA SILVA LEMOS


Matricula: 18216090044
Polo: MIGUEL PEREIRA
Questão 01
Analise as dificuldades para a implantação ou consolidação de uma monarquia no Rio
da Prata e no México.
Resposta: O século XIX representou um período de diversas mudanças políticas e sociais no
continente americano, registrando, especificamente, nas diversas colônias espanholas e
portuguesa na América os anseios pela independência, não sendo diferente para a território da
Nova Espanha e do Rio da Prata, embora tenham sido processos longos e com históricos
problemáticos.

O México, anteriormente conhecido como Vice Reino da Nova Espanha, era um dos
territórios das américas mais lucrativos para a coroa espanhola com população girando em
torno de 6.000.000 de pessoas entre brancos, mestiços e índios. Porém a invasão napoleônica
de 1808 à Espanha transformou drasticamente a relação da metrópole com suas colônias,
inclusive a Nova Espanha, desencadeando assim o processo de independência nas colônias
americanas, cada uma com suas especificados e características. De certo que, a população já
ansiava por mudanças desde o implemento das reformas burbônicas do século XVIII, que
desagradou principalmente as elites locais, e com a deposição (ou usurpação do trono) de
Fernando VII em detrimento ao irmão de Napoleão, José Bonaparte, os Criollos da Nova
Espanha perceberam a oportunidade de implementar um novo regime de poder devido a
ausência do Rei. O movimento de independência do México despontou a partir de 1810 e
experimentou diversas estruturas políticas diferentes e vários grupos sociais, de etnias,
econômicas e status diferentes participaram da formação do estado nacional mexicano, as
camadas mais baixas imputariam seus interesses específicos ao mesmo tempo que a elite
Criolla buscava controlar o rumo dos movimentos e garantir seus privilégios. As revoltas de
Hidalgo e Morelo foram consideradas radicais de mais o que afastou a elite Criolla do
movimento, mas contaram com o apoio dos índios mestiços. Após a supressão das revoltas, a
administração da Nova Espanha adotou uma postura mais pacificadora, restaurando assim a
normalidade e convívio entre as classes, porém o desejo de independência e autonomia
permanecia ali, os Criollos ainda ansiavam por uma proposta de independência moderada,
que concedesse poder político e autonomia para eles. Com o retorno de Fernando VIII ao
trono em 1814, o despotismo real voltava a assombrar os mexicanos, porém, em 1820 a
revolução liberal espanhola, representada pelos militares e liberais descontentes com o
absolutismo de Fernando VIII, alimentou o prosseguimento do movimento independentista
na Nova Espanha, e em 1821 o coronel Agustín Itubirde, que havia participado da repressão
aos movimentos revolucionários anteriores, aliou-se aos rebeldes e constitui o chamado Plano
Iguala, definido a independência total do México, formação de um regime monárquico,
manutenção de estruturas sociais e econômicas, de certo propostas mais conservadoras assim
atraindo a elite Criolla e o clero, e fazendo da Nova Espanha o México independente em
1821.

Mesmo a independência não foi o marco de mudanças radicais no México, durante a


formação do estado mexicano no período de 1821 à 1850 a instabilidade política do México é
causada principalmente pela regionalização política e econômica, novas regiões foram
ocupadas e utilizada para diferentes atividades econômicas e aliada as dificuldade de
transporte e comunicação, o comércio e a produção se caracterizaram por sua regionalidade, e
a política tinha como prerrogativa a de distribuir funções para governos locais, tanto a
economia quanto a política deixaram de esta centralizadas na capital, criando assim a
dificuldade de gerir todas as províncias como uma nação, promovendo a constituição de um
governo estável. Para ascender ao poder e garantir seus interesse, diversas facções políticas
emergiram, como os republicanos, monarquistas, federalistas, centralistas, liberais e
conservadores, que constantemente mudavam de posição, faziam e desfaziam alianças, e em
1822 Itubirde foi proclamado como novo imperador, Agustín I, que mesmo aceito pelo
exército sofria grande oposição e com a dissolução do congresso que culminou num golpe de
estado perpetrado pelo General Santa Anna declarando a república em dezembro de 1822 e
em 1823 Agustín I renunciou e chegava ao fim da tênue monarquia mexicana, anulando
assim o Plano Iguala e o Tratado de Córdoba, as portas estariam abertas para a república.
Com a chegada da república a disputa foi entre federalistas e centralistas, onde os primeiros
saíram vitoriosos e em 1824 foi promulgada a primeira constituição inspirada no federalismo
estadunidense, porém e difícil delimitar as turbulências da política mexicana e a instabilidade,
o federalismo de 1824 deu lugar ao centralismo em 1834, com uma nova constituição em
1836 e derrubada pela invasão dos Estados Unidos em 1846, é certo que a partir de 1831 foi
uma sucessão de golpes, rebeliões e substituições de presidentes, com destaque a atuação do
General Santa Anna, ora apoiando os Centralistas ora apoiando os Federalistas. Todas as
dificuldades econômicas e conflitos políticos deixaram o México independente um nação
fraca para controlar o imenso território herdado dos tempos de colonização espanhola, o
poder executivo nunca havia sido forte, as províncias reivindicavam autonomia em
detrimento ao governo central, o exército e a igreja era as únicas instituições de alcance
nacional e desempenhavam papel importante para manter, com muitos percalços, a unidade
nacional. As fragilidades do México ficam claras na década de 1840 com o início da guerra
contra os Estados Unidos, causados pela independência do Texas em 1836, e a incorporação
aos Estados Unidos em 1845 e o início da guerra em 1846. O Estados Unidos que expandiam
seus territórios para o Oeste desde o início do século XIX venceu a guerra e arrendou através
do Tratado Guadalupe-Hidalgo grande parte dos territórios atuais do Arizona, Novo México,
Utah, Nevada, e Califórnia além do Texas, em troca de uma indenização de 15.000.000 de
dólares. Mesmo assim, a indenização não poupou o governo mexicano de críticas, o modo
aristocrático e característico do antigo regime foi duramente rechaçado, os antigos políticos
não conseguiram construir um estado nacional forte e as dificuldades internas e os conflitos
externos foram grandes obstáculos para construir a nação mexicana independente. Os
conflitos internos entre os índios, mestiços e Criollos, e seus diferentes anseios ajudam a
explicar a o problemático processo de independência mexicano, iniciado em 1808 e
concluído em 1820, e mesmo assim, no pós-independência os conflitos voltaram à tona,
diversas dificuldades econômicas, principalmente de arrecadação e gastos, e uma política
descentralizada fizeram com que o processo de formação do estado nacional do México fosse
conturbado, assim se faz necessário uma análise prévia das estruturas sociais e seus
interesses, os conflitos internos políticos e econômicos para compreensão e da formação da
nação México.

Já o processo de independência do Vice Reino do Rio da Prata também foi complexo e


moroso, iniciado em 1810 com a revolução de maio até 1862 com a unificação das
províncias, primeiro sendo as guerras contra o domínio espanhol, e depois os conflitos
internos no Rio da Prata aconteceram durante a primeira metade do século XIX. Como vimos
anteriormente ao tratarmos do processo de independência da Nova Espanha, a insatisfação
com deposição de Fernando VII por Napoleão foi motor para criação de um autogoverno
local, defendendo a legalidade e legitimidade de Fernando VII contra José Bonaparte, e com
a queda da Junta de Sevilha na Espanha, estavam em pauta a legitimidade do Vice Rei, onde
começaram a discutir a legitimidade da retroversão da soberania, que culminaria
posteriormente na renúncia do Vice Rei do Rio da Prata, Cisneros, e a composição da
primeira Junta de Governo em Buenos Aires, comunicando as demais províncias e
convidando-as a enviarem deputados. Com exceção de Córdoba, das cidades do Ato Peru,
Paraguai e a Banda Oriental onde a cidade Montevidéu onde havia um grande número da
resistência apoiadora da Espanha, outras cidades que compunham o Vice Reino do Rio da
Prata aderiram ao projeto político da Primeira Junta governamental, esta que implantou um
novo executivo, o primeiro triunvirato (1811-1812) e o segundo que foi encarregado de
chamar a constituinte, conhecida como Assembleia Constituinte do Ano XIII, que não
declarou independência, mas institui o fim do tráfico de escravos, fim dos títulos nobiliários,
das cotas de trabalho obrigatório, além de mudanças políticas no executivo como nomeação
de um diretor supremo das Províncias Unidas do Rio da Prata, o General Posadas. O que
gerou descontentamento foi a instituição de uma política centralizada em Buenos Aires
(portenha) e que não declararia a independência de imediato, ao contrário dos anseios de
diversas localidades. Antes da declaração da independência platina em 1816, houve a ideia de
proclamar a filha de Carlos VI, Carlota Joaquina, que já se encontrava nas Américas com seu
marido Dom João IV, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, para perpetuar os
domínios espanhóis no continente. Ansiava então, tornar-se a Imperatriz das Índias ou
minimamente, do Rio da Prata e do Peru, essa primeira tentativa de estabelecimento da
monarquia no Prata foi frustrada com a oposição do próprio marido, D. João, das elites
peninsulares na Espanha e da Inglaterra, além declaração da independência. Em 1816 no
Congresso de Tucumán foi declarada a independência do Prata e retornava a questão da
retroversão de soberania, do poder emanando do povo, Manuel Belgrano havia proposto a
instauração da monarquia constitucional e coroar um inca como rei, na prática seria uma
restauração por legitimidade como acontecia na Europa, a ideia foi muito criticada pelas
elites portenhas, que ao final o Congresso de Tucumán rechaçou a ideia e estabeleceu um
estado republicano e centralista. O fim da Guerra da Cisplatina, na Banda Oriental, trouxe
efeitos para além do Rio da Prata, causando um extenso conflito entre os federalistas e os
centralistas. Destacou-se no cenário político, Juan Manuel de Rosas, que foi governador da
província de Buenos Aires em dois períodos distintos, considerado um terrorista para seus
opositores e um verdadeiro patriota que uniu a Argentina, para seus defensores, Rosas foi um
caudilho que contou com o apoio de fazendeiros e pecuaristas, do qual fazia parte, e das
massas rurais, assim garantir ordem na desordenada Buenos Aires, controlando a alfandega,
Rosas também conseguiu com que não houvesse nenhum poder político acima dele, trazendo
para si o papel mediador das relações exteriores entre outras províncias platinas. Não
demorou para os federalistas se confrontarem com os unitaristas. O Pacto Federal em 1831
organizou as províncias em uma confederação durando até 1853 com a queda de Rosas e a
instituição da Constituição. O regime rosista só terminou quando Justo José Urquiza
conseguiu compor uma frente "antirrosista", composta por unitários (considerados inimigos
por Rosas), federalistas antirrosistas, brasileiros e colorados. Mesmo após a derrota de Rosas,
a frente antirrosista ainda se enfrentaria pela modelo de poder, frente ao avanço do interior, a
elite portenha se uniu para assegurar a unidade e supremacia de Buenos Aires e Urquiza
convocou os governadores das províncias para assinar um acordo, o Acordo de San Nicolas,
para sanção de uma constituição e cada província abrindo mão de sua soberania em
detrimento a um poder central, liberalismo econômico e livre circulação nos rios anteriores
além do fim das alfandegas interiores, e Buenos Aires rejeitou a proposta culminando num
revolução na cidade e os exércitos federalistas e portenho entraram em conflito em 23 de
outubro de 1859 e as tropas portenhas, ordenadas por Bartolomé Mitre são derrotadas na
Batalha de Cepeda. Durante esse período houveram dois estados: A Confederação Argentina
e o Estado de Buenos Aires, até o pacto de San José de Flores para a entrada de Buenos Aires
na confederação desde que suas propostas de reforma fossem aceitas. Ainda assim, Mitre
superou Urquiza na Batalha de Pavón 1861 e se projetou politicamente em todo território
argentino e em 1862 foi eleito presidente das recém unificada nação Argentina, as
presidências fundadoras de Mitre, Sarmiento e Avellaneda (1862 - 1880) proporcionaram a
unidade política e a instituição do Estado moderno argentino como conhecemos.

Mesmo não sendo um colônia espanhola, o Brasil foi o único país experimentou a monarquia
no período imediatamente posterior a independência (1822-1889), enquanto todas as outras
colônias no continente tiveram um período muito efêmero de império, tanto o México de
Itubirde e a Argentina de Belgrano, experimentaram diversos modelos políticos e ambos
culminando na república, federalista ou unitária, de acordo com suas particularidades sociais
e econômicas, tal qual o México e suas zona de influência, como Buenos Aires na Argentina.

Questão 02:
Avalie as disputas entre federalistas e centralistas em torno da organização destes novos
estados durante a primeira metade do século XIX.
Resposta: Os federalistas e Unitaristas confrontaram-se duramente ao longo de toda a
formação dos estados nacionais no continente americano, e trataremos o caso específico da
Argentina e do México.

A Argentina não teve sua formação como unidade política e territorial logo depois da
independência. Pelo contrário, foi um longo percurso que durou de 1816 a 1880. O maior
desafio para formar o Estado Nacional, era o conflito dos centralistas bonaerenses e os
federalistas. Foi construído desta forma um antagonismo de regional entre Buenos Aires e o
interior platino, que orientou toda a política no século XIX. A Constituição de 1853, após o
fracasso de duas tentativas anteriores (em 1819 e 1826, ambas centralistas), apresentou a
solução que certamente orientou-se ao federalismo. A Constituição Argentina de 1853, é
primeira a reger a maior parte do estado – mas não todo, já que a província portenha se recusa
a fazer parte do novo governo, declarando-se independente, ou seja, ainda não há unidade
territorial. A consolidação territorial argentina só acontece com a reunificação, em 1862.
Mesmo com as diversas tentativas para solucionar cisão entre Confederação Argentina e
Buenos Aires, a solução final se deu através da Guerra. Urquiza e seus aliados federalistas
acabam derrotas pelo centralista Bartolomeu Mitre, governador de Buenos Aires, na Batalha
de Pavón, de 1861. Com a derrota, Mitre e os centralistas liberais ascendem ao poder
argentino, unificando (finalmente) o país.

O México também sofreu com na sua formação política, com o advento da república surgem
os desacordos entre os federalistas e centralistas, inicialmente os Federalistas conseguiram
maioria na constituinte e em 1824 promulgaram a primeira constituição mexicana, inspirada
no modelo dos Estados Unidos, dividindo o país em 19 estados e 4 territórios. Em 1836, o
General Santa Anna, ditador e centralista, promulgou as Siete Leyes, e com a suspensão da
Constituição de 1824 o país mergulhou na Guerra Civil, causando a proclamação das
Repúblicas de Yucatán, Rio Grande e do Texas. Fica claro que mesmo durante a república
centralista, o executivo nunca foi forte e comprovava a fragmentação política mexicana. A
perda da guerra e de territórios para os Estados Unidos só intensificou a instabilidade política
mexicana, e em 1857 com a promulgação da nova constituição, inicia o período conhecido
como La Reforma, onde estabeleceu-se uma forma de governo federalista (novamente) e
liberal para promover a constituição de um Estado-Nação no México. Uma possível
autonomia econômica e política das diversas províncias da américa espanhola fica
caracterizada nas disputas entre os federalistas e os centralistas.

Questão 03:
Explique o predomínio político e econômico da Província de Buenos Aires sobre as
demais, a partir da primeira metade do século XIX.

Resposta: Buenos Aires exercia predominância política e econômica sobre as demais


províncias platinas, era a capital do Vice Reino do Rio da Prata e principal cidade do Rio da
Prata, o que fez com que a questão econômica estava apoiada na situação de porto único, ou
seja, qualquer negócio com as províncias do interior do prata deveriam ser realizada através
do porto de Buenos Aires, essa legislação existia desde o período colonial, assim isolando as
demais províncias com portos no litoral interior. Além disso, na década 1820 houve uma
expansão das terras para produção de gado no interior em detrimento à exportação da mesma
elite bonaerense, consolidando assim a constituição de oligarquia pecuarista que controlaria a
política de Buenos Aires e posteriormente do resto do território.

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