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Contexto Histótico

No século 15, a Espanha e Portugal eram as grandes potências marítimas que disputavam o controle comercial e
religioso do mundo. Quando Cristóvão Colombo voltou da sua primeira viagem à América, começou uma disputa
entre os dois reinos, mediada pela Igreja Católica, para ver quem tinha o direito sobre esses territórios.
Depois de duras negociações, eles concordaram em dividir o globo.
Para isso, traçaram uma linha que dividia as zonas de navegação do oceano Atlântico e o chamado “novo mundo”
com o Tratado de Tordesilhas.
O acordo dizia que tudo o que ficava à leste dessa linha divisória passaria para as mãos da coroa portuguesa e tudo à
oeste ficaria nas mãos da coroa espanhola.

É por causa dele que, quando Pedro Álvares Cabral chegou à atual costa da Bahia em 1500, o Brasil ficou sob o
controle de Portugal. Os dois impérios coloniais dominaram a maior parte do continente durante mais de 300 anos,
mas terminaram de maneira muito diferente.
Ao se tornar independente, a América espanhola se dividiu em muitos países e a portuguesa se manteve em um só.

Amarelo (leste) = Coroa portuguesa


Rosa (oeste) = Coroa espanhola

Tá, mas por que?

1° Organização territorial.
A forma como a america espanhola estava dividida, inclusive geograficamente, era complexa e
fragmentada.
Ela se estendia do que hoje é parte dos Estados Unidos até o Cone sul, e se dividia em quatro grandes vice-
reinos e quatro capitanias gerais. E o fato de que a Espanha não permitia que eles tivessem relações
comerciais entre si durante séculos fez com que tivessem poucos laços e fossem administrados de maneira
localizada.
2° Igreja catolica.
Outro elemento importante era a Igreja Católica. Na América espanhola, a Igreja estava dividida em cinco
arcebispados, o que contribuí para que a organização dos territórios fosse ainda mais independente.

3° Organização sicial.
A sociedade era formada principalmente por uma elite minoritária de ascendência européia, uma enorme
população de mestiços, que transitavam entre estratos sociais, e trabalhadores escravizados, indígenas e
africanos.
A sociedades também estavam, é claro, sujeita ao poder de um rei que ficava do outro lado do oceano
Atlântico. A América espanhola era comandada pela dinastia dos Bourbon.

4° Divisão de poderes entre as elites politicas.


Na america espanhola a diferença social entre as elites era muito marcada.
De um lado estavam os peninsulares: eles vinham da Espanha e eram a minoria que ocupava os altos cargos políticos
e administrativos.
Do outro, estavam os espanhóis nascidos na América, chamados de crioulos. Muitos eram proprietários de terras,
pecuaristas ou comerciantes. Em meados do século 18, eles eram os que tinham o poder econômico. Mesmo assim,
ocupavam os postos mais baixos da administração. E se sentiam discriminados porque, apesar de serem espanhóis e
de terem recursos, não estavam nos altos níveis do governo.
Essa percepção piorou depois das reformas do rei Carlos 3º. As mudanças durante seu reinado incluíram a
reestruturação da administração colonial e o aumento de impostos sobre as colônias.
Uma das razões para isso é que a Espanha passava por uma profunda crise econômica e precisava de dinheiro para
financiar guerras contra outras potências como a Inglaterra.

Mas a subida dos impostos causou mais indignação nos crioulos contra o que viam como a exploração dos seus
lucros pela coroa. Além disso, as reformas significaram que os crioulos passaram a perder espaço no poder local para
os peninsulares. Esse contexto favoreceu uma organização das elites crioulas, que mais tarde lideraríam os
movimentos de independência.

Durante esses anos também começaram a circular nas Américas ideias que questionavam a autoridade
das monarquias europeias e da Igreja, promovidas pelas guerras de independência nos Estados
Unidos e no Haiti e pela Revolução Francesa. Em meio a tudo isso, as guerras napoleônicas
acabaram sendo um ponto de inflexão na relação entre as coroas ibéricas e suas colônias
americanas.

5° Invasão Napoleanica
Em 1808 Napoleão Bonaparte também invadiu a Espanha.
O rei Carlos 4º e seu filho, Fernando 7º, abdicaram do trono em favor do general francês. E Napoleão cedeu o trono
a seu irmão, que foi coroado como José 1º.
Mas, nas colônias, a elite crioula não reconheceu o novo monarca francês. Isso deixou um vazio de poder no
território espanhol que os crioulos aproveitaram para criar seus próprios governos locais e promover movimentos de
emancipação.
Foi assim que, em 1809, começou uma onda independentista que levou o continente a um longo e complexo
processo de fragmentação.
Finalizando
Os hispânicos não tinham uma experiência compartilhada de governo único. Além disso, nenhum dos novos centros
de poder que surgiram durante essa época, como o México ou Buenos Aires, tinha poder militar para
reunir todo o território sob sua liderança.
Quando Fernando 7º voltou ao poder, em 1814, ele tentou submeter outra vez as colônias à coroa espanhola, em
vez de garantir a autonomia que elas tinham estabelecido depois de alguns anos de autogoverno.

Só que essa decisão aprofundou o ressentimento das elites crioulas. E deu mais força aos movimentos de
independência.

Mas, a esta altura, as colônias já estavam tão fragmentadas que foi impossível estabelecer um só país.
As sangrentas guerras de independência na região durariam ainda muitos anos.

Mas, apesar das divisões entre os territórios espanhóis, também houve propostas de criação de grandes Estados.
Essas propostas variavam de uma união de repúblicas como a Grande Colômbia, formada pelos atuais Colômbia,
Equador, Venezuela e Panamá. Até houve tentativas de criar monarquias comandadas por reis vindos de uma família
real europeia, como as Províncias Unidas do Rio da Prata, que terminariam se tornando Argentina, Paraguai, Uruguai
e Bolívia.
Todas elas fracassaram, e do território espanhol acabaram surgindo 18 países. O último foi o Panamá, em 1903.

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