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ESTADO DE SANTA CATARINA-SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO.

COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO-CRE


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INDEPENDÊNCIA DOS EUA

Contexto Histórico

Em um período marcado pelo


absolutismo e colonialismo, as ideias
iluministas provocaram importante
impacto. Na América, teve início a
crise do sistema colonial a partir da
independência dos EUA. Na Europa,
consolidou-se a burguesia como
classe politicamente ativa, por meio
da Revolução Francesa.
A origem dos Estados Unidos
reside na ocupação territorial do
litoral leste da América do Norte por
colonizadores ingleses. Essa vasta
região era território da Espanha,
segundo o Tratado de Tordesilhas.
Como os espanhóis não detinham
recursos materiais e humanos para
ocupa-la, sua presença se verificou
em apenas algumas áreas, como na
Flórida, ao sul, e na costa do Pacífico,
ao norte do México. O restante do
território da América do Norte
permaneceu “abandonado” pelos espanhóis, favorecendo a ocupação francesa da região centro-
oeste, a partir do núcleo de povoamento de Nova Orleans, bem como no território dos atuais
Canadá e Caribe, cujos territórios estavam distribuídos entre as potências europeias, com exceção
de Portugal.
Os ingleses também ocuparam ilhas do Caribe, mas em especial o litoral atlântico da América
do Norte, onde formaram treze colônias, marcadas pela sua origem puritana e pelo acentuado grau
de autonomia política. As colônias do sul, como Virgínia, Carolina do Sul e do Norte e Geórgia, foram
organizadas sob o modelo de exploração e dedicaram-se ao cultivo de algodão e tabaco, produtos
absorvidos pelas manufaturas inglesas, cada vez mais desenvolvidas. Essas colônias guardavam
grande semelhança com o Brasil das plantations de açúcar, principalmente o Nordeste, ou seja,
também eram voltadas para a monocultura de exportação, desenvolvida em latifúndios mediante
exploração do trabalho escravo.
Já as colônias do centro, como Maryland, e as do norte, como Massachusetts e Nova York,
organizaram-se segundo o modelo de povoamento, baseado na pequena propriedade, na
policultura, no trabalho livre e no desenvolvimento manufatureiro voltado ao mercado interno, além
de acentuada e rígida moral evangélica. Tanto as colônias do norte como as do sul desenvolveram
modelos econômicos diferentes, mas com grande autonomia.
A independência dos EUA deve ser entendida como elemento integrante das contradições
geradas pelo desenvolvimento do modo de produção capitalista, então em sua fase industrial, e
pelas instituições do Antigo Regime. O absolutismo e o mercantilismo, especialmente em razão de
um de seus pressupostos, o pacto colonial, estavam sendo criticados pela burguesia ascendente na
Europa por meio do Iluminismo.
Os filósofos e economistas criticavam severamente os entraves colocados pelo Antigo
Regime ao livre desenvolvimento das forças produtivas. É nesse contexto de contradições que os
colonos americanos, incentivados pelas ideias iluministas, passaram a lutar contra a opressão
mercantilista colocada em prática pela Inglaterra.

Expansão territorial e fatores da independência

O sucesso da colonização fomentava a expansão territorial. Regiões indígenas a oeste


constituíam uma miragem para os colonizadores, que, acostumados ao trabalho e à formação de
capital, alimentavam grande expectativa de sua anexação. A Guerra dos Sete Anos (1756-1763)
significou para eles o vislumbre dessa ocupação. Tal guerra colonial, basicamente disputada em
função do controle de áreas coloniais por Inglaterra e França, selou o poderio inglês, que conquistou
da França os territórios do Canadá, no continente americano, e da Índia, no continente asiático. Os
colonos lutaram ao lado dos ingleses, almejando o controle das áreas imediatamente a oeste das 13
colônias originais.
Com a vitória inglesa, os colonos esperavam permissão da autoridade colonial para ocupar
essas áreas, mas isso não aconteceu. Além da autoridade negada, os colonos passaram a conviver
com maior rigor tributário e com a criação e o aumento de tarifas. Embora vitoriosa, a Inglaterra
necessitava urgentemente de recursos para compensar as perdas materiais provocadas pela guerra
e para ocupar as áreas conquistadas, o que exigia gastos elevados para organizar uma estrutura
administrativa que
assegurasse seu domínio. A
metrópole, que havia
superado seus problemas
internos, adotava maior rigor
fiscal, pondo fim à
autonomia regional e criando
obstáculos ao
desenvolvimento das
colônias.
Podemos considerar
como os principais fatores
da independência das treze
colônias inglesas na América:
a fácil internalização das
ideias liberais do
Iluminismo, a Guerra dos
Sete Anos e as tentativas da Inglaterra de fortalecer o mercantilismo. Como as colônias foram
povoadas por indivíduos que fugiam da falta de liberdade política e religiosa que reinou durante
algum tempo na Inglaterra e em outras regiões da Europa, o espírito do colono norte-americano era
contrário a qualquer tipo de imposição ou proibição.
Durante algum tempo a Inglaterra não fez valer as práticas mercantilistas sobre as colônias
como também não se preocupou muito com sua situação, voltando-se muito mais para outras
regiões do mundo. Assim, os colonos norte-americanos aproveitaram durante esse período de
relativa autonomia em relação à metrópole, o que provocou um certo clima de liberdade.

Problemas internos: até 1689, a Inglaterra esteve envolvida em conflitos decorrentes da luta
entre puritanos, anglicanos e, em menor medida, católicos, nos episódios que marcaram a
Revolução Inglesa, que dominou o cenário político inglês durante todo o século XVII. Antes, no século
XVI, em 1588, esteve envolvida em conflitos com a Espanha, e, em 1652-1653, com a Holanda.
Guerras e revoluções envolvendo a Inglaterra sem dúvida prejudicaram a organização do império
colonial inglês, efetivada somente no século XVIII, tornando-se mundial no século XIX.

Após a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) contra a França, a Inglaterra viu-se desgastada
financeiramente e, para recuperar o que havia gasto na guerra, resolveu taxar as colônias
americanas.
Dentre as novas leis criadas, destacam-se as seguintes:

➔ Lei do Açúcar: criada em 1764, impunha taxação sobre a importação de produtos, em


especial o açúcar, que não viessem das Antilhas britânicas. Seu objetivo era bloquear a
concorrência das Antilhas francesas e o fornecimento de matéria-prima para a fabricação de
rum, importante manufatura da Nova Inglaterra;
➔ Lei do Selo: implantada em 1765, estabelecia a obrigatoriedade do uso de selos em
documentos legais, jornais, contratos e comprovantes. Essa lei buscava aumentar a receita
da coroa, por meio da taxação sobre a importação, da qual dependiam em especial as
colônias do sul, predominantemente agrícolas e com baixo índice de produção
manufatureira;
➔ Atos Towshend: recebeu esse nome em função de seu criador, o primeiro ministro inglês
Charles Towshend. Foram implantados em 1767, representando um conjunto de impostos
sobre produtos como vidro, papel, chá e corantes. Também criaram tribunais alfandegários
com a finalidade de impedir o contrabando e o comércio internacional ilegal. Ocorreram
protestos em Boston, principal porto colonial, resultando no disparo das tropas contra a
multidão, fato conhecido como Massacre de Boston. A revolta obrigou a suspensão desses
impostos;
➔ Lei da Moeda (Currency Act): proibia a emissão de moeda nas colônias e limitava a alta de
preços dos produtos agrícolas;
➔ Lei do Chá: criada em 1773, determinava o monopólio do comércio do chá indiano à
Companhia das Índias Orientais, reprimindo dessa forma o contrabando e causando grandes
prejuízos aos comerciantes americanos, que contrabandeavam o chá asiático para a América;
➔ Lei do Aquartelamento: colonos deveriam alojar e providenciar transporte para as tropas
inglesas enviadas para combater os próprios colonos.

A Lei do Chá motivou a primeira revolta dos colonos, representada pela Boston Tea Party
(dezembro de 1773), ocasião em que navios da Companhia das Índias Orientais foram invadidos e
tiveram todo seu carregamento lançado ao mar. O governo inglês reagiu decretando as Leis
Intoleráveis (1774), pacote de medidas que determinava, entre outras coisas, o comando do
governo de Massachusetts a um representante inglês, o fechamento do Porto de Boston e o
pagamento de indenização pela carga jogada ao mar. Também houve a ocupação militar desse
estado com o aumento dos contingentes militares ingleses.
Além disso, o Ato de Quebec (1774) decretou o comando das regiões indígenas no centro-
oeste a cargo da autoridade inglesa no Canadá, a partir de Quebec, bem como o aumento da
extensão desse território até os rios Ohio e Mississipi. Esta última medida contrariava frontalmente
os interesses dos colonos, que começavam a expandir-se para o interior em busca de novas
alternativas de vida e de renda – comércio de peles, ocupação agrícola e manufatureira da região
centro-oeste americana.

Companhia das Índias Orientais: esta companhia de comércio inglesa, criada em 1600, não
deve ser confundida com as companhias de nome idêntico formadas na Holanda em 1602 e
na França em 1664. No contexto da Guerra dos Sete Anos, a companhia inglesa conseguiu suplantar
sua rival francesa no comércio com a rica província de Bengala, submetendo essa região em 1757. A
partir daí, estendeu seu domínio sobre a Índia, transformada em centro de operações para todo o
continente asiático. Por ocasião da Guerra dos Cipaios (1857), a companhia inglesa foi extinta.
Opondo-se frontalmente às Leis Intoleráveis, os colonos americanos reuniram-se no Primeiro
Congresso de Filadélfia, em 1774, no qual proclamaram a igualdade de direitos entre eles e os
ingleses da metrópole. O resultado foi a manutenção da lealdade à coroa inglesa, mas com
exigências da revogação das Leis Intoleráveis e do direito de representatividade dos colonos no
Parlamento inglês. Adotou-se boicote aos produtos ingleses como forma de pressão.
As tropas inglesas, tomando conhecimento de que os colonos estavam armazenando armas
em depósitos perto de Boston, resolveram prender os responsáveis e apoderar-se do armamento, o
que provocou pequenos choques armados, com a morte de alguns ingleses. Isto foi o estopim para
o início da Guerra da Independência.

A Guerra da Independência

Em abril de 1775, os colonos americanos resolveram reunir-se outra vez, apresentando agora
um novo caráter: a separação definitiva entre as colônias e a Inglaterra. O Segundo Congresso de
Filadélfia nomeou George Washington como comandante das forças americanas e Thomas
Jefferson ficou encarregado de redigir a Declaração de Independência, que também continha uma
Declaração dos Direitos Humanos. Esse documento foi promulgado e publicado em 4 de julho de
1776, tendo a colaboração de John Dickinson, Samuel Adams, Roger Sherman e outros.
A Guerra da Independência americana ou Revolução Americana estendeu-se de 1776 a 1781.
Inicialmente vitoriosos, os ingleses passaram a sofrer sucessivos reveses a partir da Batalha de
Saratoga, e sua derrota foi consumada na Batalha de Yorktown, em 1781. Na luta contra Inglaterra,
os colonos receberam apoio da França e da Espanha, potências europeias interessadas em diminuir
o poderio inglês e obter novos territórios ou recuperar os perdidos.

França e Espanha almejavam recuperar as perdas coloniais da guerra anterior. A entrada


dessas tropas em ação, com um efetivo de seis mil homens bem armados e treinados, após
a Batalha de Saratoga, auxiliou na vitória americana. O Tratado de Paris, assinado em 1783, devolveu
a Louisiana para a França e a Espanha. A Flórida permaneceria sob posse da Espanha até 1819,
quando foi comprada e incorporada aos EUA, transformando-se, em 1845, em estado americano.

Em 1783, os ingleses reconheceram a independência do novo país por meio do Tratado de


Paris e, em 1787, concluiu-se a primeira e única constituição americana, pelas mãos de Thomas
Jefferson, um dos maiores ideólogos do movimento, sendo escolhido George Washington como
primeiro presidente.
A constituição procurava agregar as duas principais correntes políticas da época, origem dos
atuais partidos Republicano e Democrata. Os republicanos, na época liderados por Thomas
Jefferson, defendiam maior autonomia para os estados e um poder central praticamente simbólico.
Os federalistas, sob o comando de Washington, pregavam o fortalecimento do poder central. Isso
resultou na criação de uma república federativa presidencialista, pela qual o presidente concentrava
poderes, mas se atribuía grande autonomia regional. Vários países, dentre eles o Brasil, ainda hoje
adotam essa forma de regime governamental.
Partidos Republicano e Democrata: o uso dos termos democrata e republicano na história
política dos EUA pode produzir equívocos. A tendência republicana na época da elaboração
da constituição resultou na fundação, em 1792, por Thomas Jefferson, do Partido Democrata
Republicano, que deu origem ao atual Partido Democrata. Já a tendência federalista está na origem
do atual Partido Republicano, sem nenhuma relação com a tendência de mesmo nome do século
XVIII.

A independência dos EUA não marcou apenas o surgimento de mais uma nação, mas
assinalou o início do processo conhecido como crise do sistema colonial, que levou à independência
de territórios americanos em relação às suas metrópoles europeias, incluindo territórios espanhóis
e o Brasil, em 1822. Em todos os casos, a influência do Iluminismo, em geral, e nos EUA em particular,
foi marcante.

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