PDF Cap. 23 - Independência Dos EUA e Da América Espanhola

21/09/2022 18:07 Estante de Conteúdo
Capítulo 23
Capítulo 23
Independência dos Estados Unidos e

da América espanhola
O continente americano conta, atualmente, com 35 países, tendo como uma de suas marcas
a grande pluralidade. Existem Estados com apenas algumas dezenas de milhares de habitantes,
como é o caso de São Cristóvão e Nevis, enquanto outras nações contam com uma população
superior a 100 milhões de pessoas, como os Estados Unidos, o Brasil e o México.
As tradições culturais, linguísticas, sociais, econômicas e políticas também são muito

diversificadas. As populações locais falam idiomas como inglês, francês, espanhol, português,
além de inúmeras línguas indígenas e africanas. Porém, uma característica comum na história de
todos os países americanos é a sua origem a partir da colonização europeia no final do século
XV. Por quase trezentos anos, não existiram Estados nacionais independentes na América, pois
todo o continente estava submetido às metrópoles europeias.
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https://livrosdigitais.portalsas.com.br/capitulos/1f84390b-a0b2-4aed-aad3-7056780e3613?collectionId=9&materialId=17461&chapterId=27220 1/36
Em cartaz desde 2015 na Broadway (Nova York), o premiado musical Hamilton traz, por meio de canções em
ritmos modernos – como hip-hop e pop –, a biografia de Alexander Hamilton, um dos líderes políticos da
independência dos Estados Unidos. Com um elenco multiétnico, o espetáculo adapta eventos e temas
como o controle inglês sobre colônias americanas, a popularidade da obra Senso comum, de Thomas Paine,
e a escritura da Constituição dos Estados Unidos.
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Até meados do século XVIII, essa ordem colonial não foi contestada de forma sistemática
pelos colonos que viviam na América. As medidas adotadas pelas metrópoles para explorar as
riquezas coloniais ocasionavam insatisfação entre as populações locais, mas esse
descontentamento resultava apenas em revoltas e rebeliões pontuais, e não na defesa da
criação de Estados nacionais independentes. Esse cenário, porém, começou a mudar na segunda
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metade do século XVIII, quando a Inglaterra passou a tomar medidas para explorar ainda mais
suas colônias americanas. Isso fez com que se iniciasse o primeiro movimento de independência
de uma região da América no atual território dos Estados Unidos.
O sucesso da luta dos norte-americanos contribuiu para o avanço dos embates travados em
outras regiões da América, as quais reivindicavam a emancipação política de seus territórios. A
partir do final do século XVIII e início do século XIX, as ideias emancipatórias intensificaram sua
difusão por grande parte do continente americano e auxiliaram o processo de organização dos
atuais países americanos. A maior parte das emancipações políticas ocorreu até a década de
1830. Neste capítulo, você verá como aconteceu esse processo.
Os ingleses na América do Norte

Como visto no capítulo sobre Impérios coloniais, a América inglesa foi marcada pela
presença de dois padrões de colonização diferentes: as colônias de povoamento, no centro-
norte, e as colônias de exploração, no sul. Diferentemente do que ocorrera com outras colônias
do continente, as Treze Colônias inglesas na América tinham certa autonomia política e
comercial, e seus colonos podiam tomar diversas decisões relacionadas à administração da
região.
Tela representando a batalha da Baía de Quiberon, em 1759, entre ingleses e franceses.
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Porém, a partir de meados do século XVIII, a Inglaterra começou a tomar medidas para
aumentar o controle sobre suas colônias americanas. Esse processo está diretamente
relacionado a uma série de conflitos militares ocorridos na Europa entre a Inglaterra e a França,
entre os quais a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), que abrangeu diversos países europeus.
Representação da Batalha de Québec, de 1759, um dos conflitos da Guerra dos Sete Anos.
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A guerra foi liderada por ingleses e franceses, mas envolveu grande parte dos Estados
europeus, além de ter sido marcada por conflitos na Europa, na América, na África e na Ásia. Ao
final, os ingleses obtiveram êxito e conseguiram se impor como a potência dominante na
Europa, além de passar a controlar algumas das principais rotas comerciais marítimas do
mundo. Apesar da vitória, o custo da guerra foi muito elevado para os ingleses, o que levou as
autoridades metropolitanas a optar pela intensificação da cobrança de impostos de suas
colônias na América.
Para aumentar a arrecadação tributária, os ingleses passaram a restringir as liberdades

políticas dos colonos e a criar leis mais rígidas para a organização dos territórios coloniais. Em
1764, por exemplo, foi criada a Lei do Açúcar, a qual elevava o imposto que incidia sobre o
produto e proibia os colonos de comprarem melaço – entre outros artigos – de países
estrangeiros.
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A Lei do Açúcar afetava diretamente uma das principais atividades econômicas das colônias
do Norte, o comércio triangular. Como visto no capítulo sobre Impérios coloniais, esse sistema
envolvia a compra de pessoas escravizadas na África para serem vendidas em colônias
americanas e nas Antilhas, tendo como uma de suas principais moedas de troca na África o rum
produzido a partir do melaço. Assim, a Lei do Açúcar significaria uma elevação dos custos de
produção do rum e a consequente diminuição dos lucros dos comerciantes envolvidos no
comércio triangular.
Tal situação provocou grande insatisfação entre os colonos. A difusão de ideias iluministas e
liberais, especialmente na perspectiva teórica sustentada por John Locke, propiciou a muitos
colonos a possibilidade de questionamento da ordem colonial, alegando terem o direito de
constituir seu próprio governo.
Cresce a insatisfação colonial

Em 1765, a Inglaterra estabeleceu a Lei do Selo, a qual determinou que todos os documentos
e publicações, como jornais e livros, deveriam pagar imposto à metrópole inglesa. A nova lei,
vista como ilegal, provocou a ira de setores da população colonial. Alguns indivíduos passaram a
defender a desobediência imediata da nova lei. Para tentar apaziguar a situação, a metrópole
decidiu anular a lei no ano seguinte.
Mesmo com a resistência às políticas metropolitanas, os ingleses continuaram tomando

medidas para ampliar o controle colonial. Em 1767, o Parlamento inglês criou os Atos Townhend,
determinando a tributação de diversos produtos de uso cotidiano, como chumbo, tinta, papéis e
chás. Novamente, os colonos questionaram a legitimidade dessa medida e defenderam o boicote
de produtos ingleses. Ainda assim, como eram itens importantes para o dia a dia da população, a
organização dos colonos não conseguiu afetar os negócios ingleses, então as decisões desse Ato
só foram parcialmente revogadas em 1770.
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Ilustração da “Festa do chá”, episódio em que colonos americanos atacaram embarcações inglesas,
questionando o monopólio da venda do chá na região.
Em 1773, os ingleses decidiram ampliar mais uma vez os impostos, por meio da Lei do Chá.
Essa decisão aumentou a insatisfação dos colonos e culminou na organização do Primeiro
Congresso Continental da Filadélfia, em 1774, evento que contou com a presença de
representantes de doze das Treze Colônias inglesas e defendeu a união dos colonos para lutar
contra os ingleses. Em meio ao clima de acirramento das tensões, os grupos mais radicais
começaram a defender a ideia de lutar pela independência.
As autoridades coloniais, no entanto, não ficaram satisfeitas com a organização do Congresso

e passaram a reprimir a organização, o que resultou, no ano seguinte, em um conflito entre
colonos e soldados ingleses. Isso acabou fortalecendo as ideias mais radicais, já que muitos
colonos acreditavam que os ingleses usariam a força para continuar ampliando os impostos e
limitar as liberdades coloniais.
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Ilustração do Primeiro Congresso Continental na Filadélfia, realizado em 1774.
Esse contexto de enfrentamento e descrédito em relação às políticas metropolitanas

possibilitou a organização do Segundo Congresso Continental, em 1776. Nesse congresso, os
enviados defenderam a independência das Treze Colônias e o direito de organizar um exército
para lutar contra as forças inglesas, caso não aceitassem a decisão tomada pelos colonos. Pouco
depois, os congressistas elaboraram o documento que oficializava a decisão de separação das
colônias, a Declaração de Independência. As Treze Colônias passavam a formar uma
confederação, autodenominada Estados Unidos da América.
Os ingleses, porém, não aceitaram a decisão, por isso enviaram forças militares com o intuito
de reprimir o movimento e obrigar todas as colônias a reconhecerem a autoridade da Inglaterra,
bem como o direito de o Parlamento impor leis tributárias aos colonos. O resultado desse
confronto entre posições antagônicas foi o início da Guerra de Independência dos Estados
Unidos.
AGORA É COM VOCÊ
A proposta de independência das Treze Colônias inglesas foi o resultado das ideias de
muitos pensadores e políticos que viviam na América em meados do século XVIII. Um dos
indivíduos envolvidos nos debates foi o inglês Thomas Paine. Profundamente influenciado
pelo Iluminismo, ele se mudou para a América no início da década de 1770 e participou
ativamente das discussões dos colonos contra as medidas inglesas de elevação de impostos
e de maior controle sobre os territórios coloniais. Suas ideias foram sintetizadas na obra
Senso comum (1776), um panfleto que defendia a luta das pessoas comuns contra a
dominação inglesa e afirmava ser necessário criar um governo igualitário na América. O
trecho a seguir é um pequeno fragmento dessa obra. Leia-o atentamente e depois responda
ao que se pede.
Estes são tempos que testam as almas dos homens. O soldado inconstante e o patriota de
ocasião 48agora,
irão, nesta crise, desertar o serviço de seu país; mas aquele que suporta isso
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merece o amor e a gratidão de homens e de mulheres. A tirania, como o Inferno, não é

conquistada facilmente; e contudo nós temos esse consolo: quanto mais difícil é o conflito,
mais glorioso é o triunfo. Àquilo que obtemos barato demais, não damos a devida estima:
apenas a preciosidade dá valor às coisas. Só Deus sabe como colocar um preço apropriado
em seus bens; e seria estranho, de fato, se um artigo tão celestial como a LIBERDADE não
tivesse um alto preço. A Grã-Bretanha, com um exército para impor sua tirania, declarou que
tem o direito (não apenas à cobrança de IMPOSTOS), mas de nos “IMPOR RESTRIÇÕES em
TODOS E QUAISQUER CASOS”, e, se estar restrito dessa forma não é escravidão, então não
existe isso de escravidão sobre a terra. Até a expressão é ímpia, de um poder tão ilimitado
que somente a Deus poderia pertencer.
Senso comum, de Thomas Paine.
1. Thomas Paine afirma que os colonos vivem tempos que “testam as almas dos homens”.
Formule uma hipótese para explicar a que ele se refere com tal expressão.
2. Esse fragmento pode ser considerado uma defesa da luta dos colonos contra o domínio
colonial inglês? Justifique sua resposta.
3. De que maneira Thomas Paine relaciona a luta pela independência com a elevação dos
impostos pelos ingleses?
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A Guerra de Independência e a formação do

novo país
Os colonos americanos ganharam aliados em sua luta contra a Inglaterra. Forças francesas e
espanholas foram enviadas para a América com o intuito de apoiar a independência das Treze
Colônias. Esse apoio de nações absolutistas tinha uma razão específica: França e Espanha
desejavam o enfraquecimento da Inglaterra, a qual perderia um importante centro econômico
dentro de seu império.
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TOME NOTA 48
Vale destacar que nem todos os colonos apoiaram a luta pela independência. Alguns setores
– especialmente a região sul, baseada na grande propriedade agrária exportadora –
permaneceram leais aos ingleses, já que consideravam que a manutenção dos vínculos
coloniais era favorável aos seus negócios. Ainda assim, a maior parte da colônia se envolveu
na luta pela independência e combateu as forças inglesas.
O apoio estrangeiro fortaleceu os colonos, os quais contavam com vantagens estratégicas,

uma vez que tinham melhor conhecimento dos territórios e podiam se organizar de modo mais
eficiente. Assim, mesmo contando com menos recursos, os colonos foram progressivamente
superando as tropas inglesas.
Representação das tropas estadunidenses comandadas por George Washington, após a vitória na batalha
de Princeton.
O resultado dessa conjunção de fatores favoráveis aos colonos foi a derrota definitiva das
forças inglesas em 1781. Dois anos depois, os ingleses assinaram um tratado reconhecendo a
derrota e a formação de um novo país, os Estados Unidos da América. Surgiu, assim, o primeiro
governo independente na América. A vitória dos norte-americanos, como será vista adiante,
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tornou-se um símbolo importante para colonos de outras regiões do continente e estimulou a
organização de novos movimentos separatistas em territórios espanhóis, portugueses e

franceses.
A partir da vitória na guerra, teve início o processo de organização política do novo país. Para
isso, foi necessário superar as diferenças de interesses próprios de cada uma das Treze Colônias.
Elas se uniram durante a Guerra de Independência, mas ao final do conflito começaram a
expressar motivações distintas e contraditórias. Como consequência, foi necessário um processo
lento de negociação, visando à criação de uma Constituição que garantisse a autonomia das
antigas colônias e permitisse, simultaneamente, a criação de um país unificado.
A solução encontrada foi a introdução do conceito de federalismo na Constituição que

organizaria o novo país, que previa grande autonomia para o governo de cada uma das antigas
colônias – agora identificadas como Estados –, mas também concedia poderes importantes ao
governo central, o chamado governo federal. Dessa forma, a Constituição articulava a
autonomia regional com o poder central, o que evitou conflitos e movimentos separatistas nas
primeiras décadas de existência do país. Entretanto, os interesses contraditórios não foram
inteiramente superados pela opção federalista, resultando em uma grande guerra civil em
meados do século XIX.
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Graças ao federalismo, a Constituição foi aceita pelos Treze Estados e ratificada pelo
Congresso do novo país em 1790. Além da garantia de autonomia, a nova lei manteve a
legitimidade da escravidão, já que grande parte das elites dos Estados Unidos defendia o
trabalho escravo e se posicionava contra sua abolição. A Constituição também adotou o
princípio da divisão dos poderes e garantiu uma série de direitos aos cidadãos norte-
americanos, como liberdade de expressão, religião e pensamento.
TOME NOTA
Vale destacar que a noção de cidadania era muito mais restrita do que a noção
contemporânea. Nem todos os moradores dos Estados Unidos eram considerados cidadãos;
as pessoas escravizadas, por exemplo, não tinham direitos de cidadania. As mulheres
tinham direitos muito menores que os homens e eram marginalizadas, inclusive, do
processo eleitoral. Nesse caso, pode-se dizer que a Constituição norte-americana defendeu
os interesses dos homens brancos proprietários e de setores das classes médias urbanas,
enquanto o restante da sociedade acabou excluído das principais decisões do novo país.
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Reprodução de panfleto que anunciava a venda de pessoas escravizadas nos Estados Unidos pós-
p ç p q p p
independência.
A crise do sistema colonial na América

espanhola
Como já estudado anteriormente, a América espanhola desenvolveu uma sociedade com
características bastante hierarquizadas. As elites econômicas locais, os chamados criollos,
detinham diversos privilégios, mas não contavam com poderes para decidir os rumos da
administração colonial. O poder político estava nas mãos dos chapetones, espanhóis enviados
para os territórios coloniais e detentores dos principais cargos políticos e administrativos da
colônia.
Até a segunda metade do século XVIII, os criollos aceitaram essa ordem social sem organizar
grandes movimentos de contestação. Nos primeiros séculos de colonização, os principais
movimentos do gênero foram encabeçados por indígenas, africanos, pessoas pobres e excluídas,
isto é, os grupos desfavorecidos no interior do processo colonizador. Um exemplo disso foi o
movimento liderado pelo chefe inca Atahualpa entre 1742 e 1756. Ele pretendia expulsar os
espanhóis dos antigos territórios incas e restaurar o império indígena. A reação espanhola
seguiu o caminho da repressão, as autoridades coloniais debelaram esse movimento e
conseguiram manter a ordem colonial.
Algumas décadas depois, em 1780, outro movimento indígena defendeu o fim do

colonialismo espanhol nos antigos territórios incas. Dessa vez, a liderança coube a José Gabriel
Condorcanqui, autodenominado Tupac Amaru, em referência aos governantes incas. Tal qual o
movimento anterior, a rebelião de Tupac Amaru foi sufocada pelas autoridades coloniais, as
quais derrotaram os insurgentes em 1781.
Já os criollos organizaram apenas movimentos de questionamento a aspectos pontuais da

dominação colonial, como a elevação de impostos ou a criação de novas regras para o comércio.
Porém, tais ações não propuseram o fim dos vínculos coloniais a partir da proposta de
emancipação política.
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Porém, entre o final do século XVIII e o início do século XIX, diante do sucesso da
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independência dos Estados Unidos, intensificou-se entre os criollos a defesa do ideário de
emancipação política dos territórios coloniais espanhóis na América. Além disso, o movimento
de independência da colônia francesa do Haiti, como será abordado no texto a seguir, teve
grande impacto nas elites dos territórios coloniais espanhóis.
Tupac Amaru II, líder da rebelião indígena contra os colonos espanhóis no Peru.
SAIBA MAIS
A Revolução Haitiana
O atual território do Haiti era uma das áreas coloniais mais importantes da França. A ilha
constituía um dos principais centros produtores de açúcar no século XVIII, e sua relevância
econômica era tamanha para os franceses, que fora apelidada de “joia das Antilhas” pelos
colonizadores. Para garantir o crescimento contínuo da produção açucareira nos engenhos
locais, os franceses utilizavam um número elevado de pessoas escravizadas em todas as
etapas da produção dessa mercadoria. Há estimativas de que, na segunda metade48
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do século
XVIII, a colônia tinha cerca de 30 mil habitantes brancos e mais de meio milhão de pessoas
escravizadas de origem africana. Entre esses dois estratos sociais, existia uma parcela da
população composta por negros libertos, os quais, contudo, viviam na pobreza e sofriam
diversas formas de exploração por parte das elites brancas da ilha.
Nesse cenário de opressão, a tensão social era muito forte; para agravar ainda mais, a
exploração metropolitana era bastante intensa sobre os colonos franceses. Por isso, as
elites brancas também nutriam grandes insatisfações e desejavam mudanças na ordem
colonial, especialmente a partir da segunda metade do século XVIII. Quando eclodiu a
Revolução Francesa, em 1789, as elites coloniais, os africanos escravizados e os negros
libertos passaram a se organizar para exigir mudanças na organização social do território
colonial. Porém, esses grupos tinham objetivos distintos. As elites brancas pretendiam
maior igualdade política e menor controle colonial, enquanto os setores escravizados, por
sua vez, buscavam o fim da escravidão baseado nos princípios de igualdade entre todos os
seres humanos defendidos pelos revolucionários.
Com esse cenário de forte instabilidade social e política, as tensões sociais no Haiti se
agravaram e abriram caminho para a organização de uma grande revolta escrava a partir de
1791. O governo revolucionário da França tentou conter o movimento enviando forças
militares para a ilha, porém os revoltosos conseguiram superar as forças metropolitanas.
Nem mesmo a decisão de abolir a escravidão, tomada em 1793, acalmou os ânimos e, em
1804, após um longo conflito, o Haiti conquistou sua independência.
As antigas elites econômicas perderam o poder. Um grande número de brancos da elite foi
morto durante a revolta ou perdeu suas terras e propriedades. Esse desfecho da
independência haitiana teve um grande impacto no restante das colônias americanas,
levando muitos criollos a temerem o risco de que uma revolta de escravos se propagasse,
provocando o colapso da ordem existente nas sociedades coloniais espanholas da América.
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Toussaint L'Ouverture, líder da luta por emancipação da população africana escravizada, durante a
Revolução Haitiana.
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AGORA É COM VOCÊ
Observe
Avaliara imagem a seguir. Trata-se de uma gravura francesa do final do século XVIII,
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intitulada Incêndio do Plaine du Cap. Ela representa a revolta iniciada em 1791 na colônia
francesa do Haiti, sob liderança de pessoas escravizadas. Com base nos elementos da
imagem, responda ao que se pede.
1. Descreva a imagem.
2. Pode-se dizer que a pintura representa a revolta no Haiti de forma positiva? Justifique
sua resposta.
3. O que diferencia o processo de independência do Haiti do processo de independência

dos Estados Unidos?
A América a caminho da independência

A independência dos Estados Unidos e a independência do Haiti se transformaram em dois
modelos diferentes de processo de emancipação na América. Enquanto a primeira foi48
Avaliar liderada
por setores da elite colonial e preservou as hierarquias sociais existentes, a segunda foi um
movimento popular que provocou grandes mudanças sociais. O temor de um processo de

independência como o haitiano, conduzido por setores subalternos, fez com que os criollos
passassem a articular a luta pela independência antes que setores populares iniciassem revoltas
capazes de desestabilizar a ordem local.
Em 1806, o líder criollo Francisco Miranda (1750-1816) tentou organizar o primeiro

movimento de emancipação da América espanhola na região da capitania-geral da Venezuela. O
movimento não teve grande apoio social e acabou sendo reprimido pelas autoridades
metropolitanas espanholas. Ainda assim, sua experiência sinalizou uma mudança importante de
perspectiva, evidenciando o interesse dos criollos em projetos de independência.
A partir de 1807, alterações na dinâmica política europeia repercutiram no cenário colonial

espanhol. Teve início a Guerra Peninsular na Europa, conflito causado pela decisão de Napoleão
Bonaparte – imperador da França – de ocupar os territórios de Portugal e da Espanha. A decisão
francesa resultou na invasão e deposição do rei da Espanha, substituído pelo irmão de
Napoleão, José Bonaparte. Isso resultou na desorganização do Estado espanhol, inclusive dos
mecanismos de controle dos territórios coloniais.
Pintura que retrata a repressão francesa à insurgência espanhola em 3 de maio de 1808, durante a Guerra
Peninsular.
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Os chapetones não aceitaram o governo de Bonaparte, recusando-se a cumprir as ordens

enviadas da Espanha. Já os criollos identificaram o enfraquecimento da Coroa espanhola como a
oportunidade para iniciar a organização de movimentos separatistas nas colônias. Em 1808,
ocorreram os primeiros conflitos entre criollos e chapetones na região do vice-reino da Nova
Granada e na capitania-geral da Venezuela. De forma semelhante, em 1810, na região do vice-
reino do México, grupos de criollos passaram a lutar contra a autoridade dos chapetones. Esses
movimentos foram inicialmente reprimidos pelas forças metropolitanas, mas possibilitaram a
organização de novos agrupamentos locais que conquistaram a independência dessas regiões
entre as décadas de 1810 e 1820.
Na região do vice-reinado do Rio da Prata, os criollos também constituíram movimentos

emancipacionistas após a deposição do rei da Espanha. Em 1811, a região do Paraguai declarou
sua independência, e em 1816 a cidade de Buenos Aires e arredores declararam sua
emancipação, originando as Províncias Unidas do Prata, posteriormente unificadas como
Argentina.
Novos países
As autoridades espanholas tentaram sufocar todos esses movimentos, especialmente a partir
de 1814, quando as forças napoleônicas foram derrotadas e a Coroa espanhola foi restaurada. A
partir desse momento, tropas espanholas começaram a ser enviadas para a América com o
objetivo de restabelecer o controle local.
Assim, o período até 1825 ficou marcado pela luta das tropas espanholas contra as forças
organizadas pelos criollos em diversas partes da América. Nessas guerras, destacaram-se
algumas lideranças locais, como José de San Martín (1778-1850) e Bernardo O'Higgins (1778-
1842), comandantes das guarnições coloniais em regiões do Rio da Prata e dos atuais territórios
do Chile e da Bolívia, assim como Simón Bolívar (1783-1830) nas atuais regiões da Venezuela, da
Colômbia, do Peru e da Bolívia. Eles foram responsáveis por diversas vitórias militares que
contribuíram para enfraquecer os espanhóis e ajudaram a consolidar a independência do
território.
TOME NOTA
Pan-americanismo é o nome dado a um movimento para a cooperação econômica, política,

militar e social de diversos países das Américas do Norte, Central e do Sul.
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VICENTINO, 2011.
Além disso, Bolívar e outros líderes tinham um projeto de construção de uma confederação
de Estados nos antigos territórios espanhóis, o que ficou conhecido como pan-americanismo.
Sua ideia era garantir que os novos países mantivessem vínculos econômicos, sociais e políticos
entre Avaliar
si, o que possibilitaria seu fortalecimento mútuo, tornando-os uma potência regional
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importante. Com esse intuito, Bolívar foi um dos idealizadores do Congresso do Panamá,
realizado em 1826. Nesse encontro, representantes de diversas partes da América espanhola

foram enviados para negociar a criação da confederação. Contudo, a existência de grandes
diferenças econômicas e políticas entre as diversas partes dos antigos territórios coloniais
espanhóis enfraqueceu a ideia de confederação e fez com que ela não fosse levada adiante.
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Ainda assim, os movimentos emancipacionistas garantiram a criação de diversos Estados

independentes nas antigas colônias espanholas. Até a década de 1840, a maior parte dos
territórios coloniais espanhóis havia conquistado sua independência. A principal exceção foi a
ilha de Cuba, um importante centro produtor de açúcar e de outras mercadorias coloniais, o qual
permaneceu sob controle espanhol até 1898.
Os desdobramentos da independência da
América espanhola
O processo de independência da América espanhola resultou na formação de um grande
número de novos Estados. No final da década de 1830, já existiam 15 novos países autônomos
nos territórios que formavam a América espanhola. Ao estabelecerem sua organização política,
esses países adotaram o modelo republicano de governo. Uma característica central desses
novos governos foi o controle exercido pelos criollos. Assim, esses grupos se tornaram as
principais elites econômicas e políticas desses novos países americanos.
Mais uma característica a ser destacada no processo de independência da América espanhola

é que, diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos, iniciou-se o processo de abolição da
escravatura nas novas repúblicas. Ainda que em muitos casos isso não tenha ocorrido
imediatamente, em um tempo relativamente curto foram formuladas leis que proibiram o tráfico
ou libertaram as pessoas escravizadas. No início da década de 1850, a maior parte dos países da
América Latina já tinha abolido integralmente a escravidão. Esse processo está diretamente
relacionado com as guerras de independência, já que muitos africanos escravizados e libertos
apoiaram as lutas contra as forças metropolitanas.
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Representação de uma das campanhas promovidas por Juan Manuel Rosas no interior da Argentina, as
quais o tornaram símbolo do caudilhismo no país.
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No entanto, o processo de independência não foi acompanhado por medidas sociais

redutoras das imensas desigualdades sociais existentes nas sociedades americanas. Grande
parte da população dos novos países era formada por setores empobrecidos e se encontrava
subordinada aos interesses das elites locais. A ausência de políticas públicas de combate à
pobreza e distribuição de terras criava um círculo vicioso no qual os setores empobrecidos das
populações dos novos países dependiam de favores e auxílios prestados pelos criollos.
O resultado dessa situação foi o surgimento dos chamados caudilhos, grandes proprietários
de terras ou responsáveis por outras atividades econômicas importantes. Como detinham
grande poder político e econômico, tornaram-se as autoridades mais importantes nas
comunidades onde viviam. A concessão de favores e auxílios ajudava-os a contar com o apoio da
população desfavorecida, o que lhes permitia desenvolver formas de manipular as eleições e os
meios de atuação dos novos Estados.
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Muitos caudilhos tinham mais força na comunidade onde viviam do que funcionários do
governo, como juízes, policiais ou mesmo políticos. Além disso, muitos deles contavam com
bandos armados que obedeciam às suas ordens e aterrorizavam seus opositores. Por essa razão,
frequentemente as leis só eram cumpridas quando atendiam aos interesses desses chefes
políticos. Entretanto, os indivíduos ou grupos que questionassem essa ordem sofriam repressão,
podendo ser mortos pelos bandos armados.
Durante todo o século XIX e as primeiras décadas do século XX, os caudilhos conseguiram
manter seus privilégios e tiveram grande influência na organização das sociedades da América
Latina. Foi apenas a partir da industrialização e do crescimento urbano desses países que a
influência desses indivíduos começou a declinar lentamente. Ainda assim, esse processo ocorreu
de forma distinta em cada país da América Latina e, em alguns casos, a influência dos caudilhos
continuou forte até meados do século XX.
ENQUANTO ISSO...
A conquista europeia da Austrália
A Oceania foi o último continente a ser conquistado e colonizado pelos europeus. Os

holandeses foram os primeiros a realizar expedições para regiões hoje pertencentes à
Austrália, ainda no século XVII. Deve-se destacar a existência de uma grande variedade de
povos aborígenes na região, os quais contavam com culturas e hábitos sociais plurais e
muito ricos. Os holandeses, contudo, não conseguiram explorar de forma sistemática a
região.
Em 1769, o capitão inglês James Cook recebeu ordens para explorar a localidade e
identificar os recursos naturais e animais com potencial valor comercial para os europeus. O
navegante chegou à costa leste do continente e foi responsável pelo mapeamento da região,
retornando para a Europa com informações detalhadas. Com base nos dados recolhidos, os
ingleses decidiram iniciar a conquista da região com o objetivo primário de construir uma
colônia penal à qual poderiam ser enviadas pessoas condenadas ao degredo.
A primeira expedição efetiva de conquista e colonização foi enviada em 1787, alcançando a

Austrália em 1788. Dois anos depois, seguiu-se uma segunda expedição sob organização de
traficantes de escravos que transportaram mil prisioneiros para a colônia penal ali
instalada. O transporte de condenados durou até 1868, e estima-se que mais de 160 mil
prisioneiros tenham sido levados para a Austrália no período.
Além da transformação da região em uma grande colônia penal, a conquista inglesa da

Austrália resultou na morte de um grande número de aborígenes. Esse cenário desolador
ocorreu tanto por ações violentas dos colonos ingleses quanto por epidemias relacionadas
Avaliar 48
à transmissão de doenças desconhecidas desses povos. Estimativas indicam que os povos
Kameygal e Cadigal, por exemplo, foram reduzidos a menos de 10% de seu tamanho original
em apenas três anos de contato com os ingleses. Ainda assim, muitos povos conseguiram
resistir e preservar seus modos de vida tradicionais até o presente.
Representação do contato entre povos aborígenes e europeus.
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AGORA É COM VOCÊ
Observe
Avaliaratentamente o mapa a seguir. Ele representa os territórios da América Latina
48 na
década de 1830. Com base nisso, responda ao que se pede.
BETHELL, Leslie (org.). História de América Latina. v. 6. Barcelona: Editorial Crítica, 1991. p. 4.
1. É possível afirmar que todos os territórios coloniais espanhóis conquistaram sua

independência na década de 1830? Justifique sua resposta.
2. Com base no mapa, qual é a principal diferença entre os desdobramentos da

independência dos Estados Unidos e da América espanhola?
3. O mapa evidencia o fracasso da proposta política defendida por Simón Bolívar.

Justifique essa ideia.
Avaliar 48
ASSISTA
O último dos moicanos
Filme de Michael Mann (1992), baseado em um livro de ficção do século XIX, aborda a luta de
ingleses e franceses durante a Guerra dos Sete Anos, auxiliando a refletir sobre o impacto
dessa guerra nas colônias inglesas da América.
Data de lançamento: 26 de agosto de 1992 (França)
Direção: Michael Mann
Classificação indicativa: 16 anos
ESTE CAPÍTULO ABORDOU
O impacto da Guerra dos Sete Anos nas relações entre a Inglaterra e suas colônias
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americanas. 48
O crescimento da insatisfação colonial na América inglesa.
A Guerra de Independência e a criação dos Estados Unidos.
A crise colonial na América espanhola.
O impacto da Revolução Haitiana nas colônias espanholas.
Os movimentos de independência da América espanhola.
A América Latina após a independência.
Página 60
ATIVIDADES PARA SALA
Questão 01
O texto a seguir é um fragmento da obra O federalista, que foi escrita por diversos políticos
responsáveis pela criação da Constituição dos Estados Unidos e que defendia a importância do
modelo federativo. O fragmento selecionado foi escrito por John Jay, conselheiro de George
Washington e um dos presidentes da Suprema Corte dos Estados Unidos após a independência.
No trecho, ele questiona uma posição política contrária aos princípios do federalismo. Explique
o que essa posição defendia e aponte a razão pela qual ela se diferenciava do federalismo.
Até recentemente, tem sido uma opinião aceita e não contrariada que a prosperidade do povo
da América depende de ele continuar firmemente unido, e os desejos, preces e esforços de
nossos melhores e mais prudentes cidadãos têm sido constantemente orientados nesse sentido.
Todavia, surgem agora políticos que insistem que essa opinião é errônea e que, ao invés de
buscar a segurança e a felicidade da união, devemos procurá-la numa divisão dos Estados em
distintas confederações ou soberanias. Por mais extraordinária que esta nova doutrina possa
parecer, ela tem, contudo, seus adeptos e algumas personalidades, que a princípio a ela se
opunham, agora estão entre eles. Quaisquer que sejam os argumentos ou motivos que tenham
forjado esta mudança nos sentimentos e declarações desses cavalheiros, certamente não seria
prudente para o povo em geral adotar essas novas doutrinas políticas sem estar plenamente
Avaliar 48
convencido de que estão fundadas na verdade e em sadia orientação.
O federalista, de John Jay.
Texto para as questões 2 e 3.
O texto a seguir é um trecho de um discurso pronunciado por Simón Bolívar durante o

processo de independência dos territórios coloniais espanhóis na América. Leia-o atentamente e
responda ao que se pede.
[...] uma única deve ser a pátria de todos os americanos [...] nos apressaremos, com o mais
vivo interesse, para estabelecer, de nossa parte, o pacto americano que, formado de todas as
nossas repúblicas um corpo político, apresente a América ao mundo com um aspecto de
majestade e grandeza sem paralelo nas nações antigas.
BOLÍVAR, Simón. Nuestra patria es América: discursos y documentos de Simón Bolívar. Buenos Aires: Punto de
Encuentro, 2013.
Questão 02
Qual é a ideia central defendida por Bolívar no trecho selecionado?
Questão 03
Explique a razão pela qual esse projeto defendido por Bolívar não se concretizou após a
independência das colônias espanholas da América Latina.
Texto para as questões 4 e 5.
Observe a imagem a seguir. Trata-se de uma obra de arte na qual é representada a execução
de Tupac Amaru pelas autoridades espanholas no século XVIII. Essa obra está exposta no Museu
Histórico Regional de Cusco, um local dedicado à preservação da memória de episódios
importantes da história do Peru e dos povos indígenas que se desenvolveram na região. Com
base nisso e na análise da imagem, responda ao que se pede.
Avaliar 48
Questão 04
De que modo a imagem representa a execução de Tupac Amaru?
Questão 05
Formule uma hipótese para explicar a relevância de um museu dedicado à memória dos povos
indígenas com o objetivo de preservar a representação da execução de Tupac Amaru.
Página 61
ATIVIDADES PROPOSTAS
Questão 01
(UFPR) Leia o texto a seguir.
Avaliar 48
É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o mundo novo uma só nação com um só
vínculo, que ligue suas partes entre si e com o todo. Já que tem uma mesma origem, uma
mesma língua, mesmos costumes e uma religião, deveria, por conseguinte, ter um só governo
que confederasse os diferentes Estados que haverão de formar-se [...].
Disponível em: http://www.iela.ufsc.br/noticia/sim%C3%B3n-bol%C3%ADvar-e-carta-da-jamaica. Acesso em:

6 ago. 2017.
Considerando o extrato da “Carta de Jamaica”, de Simón Bolívar, e com base nos conhecimentos
sobre as independências na América espanhola, assinale a alternativa correta.
a) Os movimentos de independência na América espanhola foram impulsionados pela tentativa

de invasão napoleônica no Haiti recém-libertado. A Carta de Jamaica foi o documento que
fundamentou esses movimentos.
b) Os movimentos de independência foram liderados por mestiços e escravos que ansiavam

conseguir a liberdade expulsando os espanhóis. Aproveitando a ausência do rei Fernando VII,
encarcerado por Napoleão, Bolívar escreveu a carta na Jamaica, chamando todas as colônias
a se unirem para formar uma grande federação contra a Coroa espanhola.
c) Simón Bolívar foi o grande artífice das independências da América espanhola. Seu carisma e
poder de mando permitiram unir todos os movimentos em uma grande frente libertadora,
que começou na Argentina em 1816 e chegou até a Colômbia em 1821.
d) O projeto de Simón Bolívar era tornar as colônias governadas pela Espanha uma grande
confederação de Estados nos moldes das colônias americanas do Norte, porém as diferenças
entre alguns líderes no interior do movimento anticolonial não permitiam o avanço desse
projeto.
e) A Carta de Jamaica foi a primeira declaração de independência das colônias espanholas.

Escrita no formato da declaração de independência haitiana, declarava o fim da escravidão
nas colônias e a expulsão dos peninsulares das terras americanas.
Questão 02
(ESPCEX-AMAN) Em 1781, o general inglês Cornwallis rendeu-se aos revoltosos norte-
americanos, na batalha de Yorktown, dando início às negociações que levaram a Inglaterra a
reconhecer
Avaliaros Estados Unidos da América como nação livre. 48
Na formação desse novo Estado, pode-se destacar

a) um poder central forte e nenhuma autonomia política e administrativa aos Estados-
membros.
b) a adoção do sistema parlamentarista.
c) a participação política dos indígenas e negros.
d) um poder central muito fraco e Estados-membros com muita autonomia política e

administrativa.
e) a formação de um Estado com base em ideias oriundas do Iluminismo.
Questão 03
(UNESP) No movimento de Independência atuam duas tendências opostas: uma, de origem
europeia, liberal e utópica, que concebe a América espanhola como um todo unitário,
assembleia de nações livres; outra, tradicional, que rompe laços com a Metrópole somente para
acelerar o processo de dispersão do Império.
PAZ, Octavio. O labirinto da solidão, 1999. (adaptado)
O texto refere-se às concepções em disputa no processo de independência da América Latina.

Tendo em vista a situação política das nações latino-americanas no século XIX, é correto concluir
que
a) os Estados independentes substituíram as rivalidades pela mútua cooperação.
b) os países libertos formaram regimes constitucionais estáveis.
c) as antigas metrópoles ibéricas continuavam governando os territórios americanos.
d) o conteúdo filosófico das independências sobrepôs-se aos interesses oligárquicos.
e) as classes dirigentes nativas foram herdeiras da antiga ordem colonial.
Avaliar 48
Questão 04
(UFPR) Considere o seguinte extrato da declaração de independência haitiana:
1º de janeiro de 1804
O General em Chefe ao Povo do Haiti,
Cidadãos – compatriotas –, eu reuni, neste dia solene, os corajosos comandantes que, às

vésperas de receber o último suspiro da liberdade agonizante, derramaram seu sangue para
preservá-la. Estes generais, que comandaram as lutas de vocês contra a tirania, ainda não
terminaram. A reputação francesa ainda obscurece nossas planícies: todas as coisas evocam a
lembrança das crueldades daquele povo bárbaro. Nossas leis, nossos costumes, nossas cidades,
tudo encerra características dos franceses. Ouçam o que estou dizendo! Os franceses ainda têm
um pé em nossa ilha! E vocês se creem livres e independentes daquela república, que combateu
todas as nações, é verdade, mas nunca conquistou aqueles que seriam livres!
Transcrição a partir da versão publicada em David Armitage. Declaração de independência: uma história
global. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
Com base nesse fragmento e nos conhecimentos sobre o assunto, considere as seguintes
afirmativas sobre a Revolução Haitiana (1791-1804) e seu significado para as independências
americanas:
I. Antes de se chamar Haiti, a ilha se chamava Santo Domingo e estava sob domínio espanhol,
sendo invadida pelos franceses a mando de Napoleão.
II. O Haiti foi a primeira república das Américas a se libertar da dominação europeia e abolir a
escravidão.
III. A particularidade da Revolução Haitiana é que foi dirigida por escravos, libertos e mulatos e
inspirada nos princípios que os próprios franceses teriam levantado durante sua revolução.
IV. A Revolução Haitiana contou com o apoio de escravos e libertos da colônia espanhola de
Cuba.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.

Avaliar 48
c) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
e) As afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.
Página 62
Questão 05
(CFTRJ-Adaptada) Sobre o processo de independência das Treze Colônias inglesas, pode-se
afirmar que
a) Teve amplo apoio da Espanha, que, inclusive, liderou o movimento de emancipação política
nas Treze Colônias, quando estas se enfraqueceram durante a guerra contra a Inglaterra.
b) Contou com a influência das ideias iluministas que questionavam as formas de poder
existentes, além de divulgar ideais de liberdade.
c) Trouxe mudanças significativas para os escravos, tendo em vista que essa forma de trabalho
fora abolida depois da independência, em 1776.
d) Estabeleceu, no final do movimento, uma nova nação republicana e federalista com

características econômicas e sociais semelhantes entre o norte e o sul.
Questão 06
(UNESP) Todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos
inalienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para assegurar
esses direitos, entre os homens se instituem governos, que derivam seus justos poderes do
consentimento dos governados. Sempre que uma forma de governo se dispõe a destruir essas
finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la, e instituir um novo governo,
assentando seu fundamento sobre tais princípios e organizando seus poderes de tal forma que a
ele pareça ter maior probabilidade de alcançar-lhe a segurança e a felicidade.
Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776). In: Harold Syrett (Org.). Documentos históricos dos
Estados Unidos, 1988.
Avaliar 48
O documento expõe o vínculo da luta pela independência das Treze Colônias com os princípios
a) liberais, que defendem a necessidade de impor regras rígidas de protecionismo fiscal.
b) mercantilistas, que determinam os interesses de expansão do comércio externo.
c) iluministas, que enfatizam os direitos de cidadania e de rebelião contra governos tirânicos.
d) luteranos, que obrigam as mulheres e os homens a lutar pela própria salvação.
e) católicos, que justificam a ação humana apenas em função da vontade e do direito divinos.
Questão 07
(UNISINOS) Em determinados períodos da História, há mudanças significativas que acontecem
em curto espaço de tempo. Foi assim no início do século XIX, mais precisamente entre 1808 e
1824, na América de colonização espanhola.
PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014. p. 25.
As autoras, nesse trecho em particular, estão se referindo a que conjuntura, especificamente?
a) Às diferentes revoltas de escravos nos vice-reinos espanhóis, as quais foram responsáveis

pela abolição do regime de trabalho compulsório na América espanhola ao longo da primeira
metade do século XIX.
b) Às lutas de indígenas e mestiços pela expulsão da Igreja Católica dos domínios espanhóis,
haja vista sua sistemática tentativa de tornar cativa essa população desde o século XV até
aquele momento.
c) Ao movimento político iniciado pelas elites nativas no início do século XIX, tendo em vista a
substituição do domínio espanhol sobre os territórios americanos por uma monarquia
constitucional soberana e independente do jugo europeu.
d) À constituição, no início do século XIX, de diferentes vice-reinos no território sob dominação

espanhola, tendo em vista maior controle e melhor administração das colônias espanholas
na América.
e) Ao contexto das lutas pela independência política das diferentes porções do continente
48
Avaliar e à decorrente formação de Estados nacionais republicanos naquele vasto
americano
território.
Página 63
Questão 08
(CFTRJ) Um dos nomes mais reivindicados por lideranças políticas populares da América do Sul
atual é o de Simón Bolívar (1783-1830). Hugo Chávez (1954-2013) foi o maior exemplo disso: em
seus discursos oficiais como presidente da Venezuela, Chávez normalmente aparecia com a
imagem de Bolívar ao fundo. Tais lideranças, ao usarem a imagem de Bolívar, reivindicam a ideia
do pan-americanismo. Qual alternativa apresenta corretamente essa ideia?
a) O pan-americanismo seria a união política da América Latina.
b) O pan-americanismo seria a união econômica da América Latina com a Europa.
c) O pan-americanismo seria a união política da América Latina com a África.
d) O pan-americanismo de Bolívar defendia que todos os países ibéricos deveriam ser

comunistas.
Questão 09
(UPE) O XIX foi o século de efervescência nacionalista na Europa, marcado pela implantação das
instituições da Revolução Francesa e pelo desenvolvimento das forças produtivas via Revolução
Industrial inglesa. A ruptura com o processo colonial no Novo Mundo se deriva dessas revoluções
europeias. Surge uma coleção de nações com variados processos genéticos e padrões de
construção diferenciados.
LESSA, Carlos. Nação e nacionalismo a partir da experiência brasileira. São Paulo: Estudos Avançados. 22 (62),
2008. (adaptado)
Os primeiros processos de emancipação política, no contexto descrito, que causaram grande

impacto na América Latina e influenciaram fortemente os demais territórios ocorreram,
respectivamente,
a) no Brasil e na Argentina.
Avaliar 48
b) na Guiana e no Suriname.
c) no México e na Venezuela.
d) na Colômbia e no Equador.
e) nos Estados Unidos e no Haiti.
Questão 10
(UFRGS) Leia o texto a seguir.
Nenhum dos grupos em disputa pelo poder pretendia modificar a estrutura econômica e social
herdada da colônia. Assim, os novos países permaneceram predominantemente agrários, com
base no latifúndio; mantiveram as relações produtivas pré-capitalistas, inclusive com o
crescimento do trabalho compulsório (servil, semisservil e escravo).
WASSERMAN, Claudia. História contemporânea da América Latina, 1900-1930. Porto Alegre: Editora da
Universidade, 1992. p. 9-10.
O segmento faz referência a um contexto histórico da América Latina. Assinale a alternativa que
representa esse contexto.
a) Derrota dos diversos movimentos de independência latino-americanos, no início do século

XIX, e manutenção da dominação espanhola até o início do século XX.
b) Manutenção das estruturas sociais herdadas do período colonial e constituição de Estados

oligárquicos em toda a América Latina, no século XIX.
c) Diversificação produtiva, característica das economias nacionais latino-americanas no século

XIX.
d) Criação de Estados democráticos em toda a região, após as guerras de independência do

século XIX.
e) Vitória das diversas revoltas de indígenas e escravos, logo após as independências, e fim do
trabalho compulsório por toda a região.
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PDF Cap. 23 - Independência Dos EUA e Da América Espanhola

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21/09/2022 18:07 Estante de Conteúdo

Independência dos Estados Unidos e

As tradições culturais, linguísticas, sociais, econômicas e políticas também são muito

Os ingleses na América do Norte

Tela representando a batalha da Baía de Quiberon, em 1759, entre ingleses e franceses.

Para aumentar a arrecadação tributária, os ingleses passaram a restringir as liberdades

Cresce a insatisfação colonial

Mesmo com a resistência às políticas metropolitanas, os ingleses continuaram tomando

As autoridades coloniais, no entanto, não ficaram satisfeitas com a organização do Congresso

Ilustração do Primeiro Congresso Continental na Filadélfia, realizado em 1774.

Esse contexto de enfrentamento e descrédito em relação às políticas metropolitanas

AGORA É COM VOCÊ

merece o amor e a gratidão de homens e de mulheres. A tirania, como o Inferno, não é

Senso comum, de Thomas Paine.

A Guerra de Independência e a formação do

O apoio estrangeiro fortaleceu os colonos, os quais contavam com vantagens estratégicas,

organização de novos movimentos separatistas em territórios espanhóis, portugueses e

A solução encontrada foi a introdução do conceito de federalismo na Constituição que

A crise do sistema colonial na América

Algumas décadas depois, em 1780, outro movimento indígena defendeu o fim do

Já os criollos organizaram apenas movimentos de questionamento a aspectos pontuais da

AGORA É COM VOCÊ

3. O que diferencia o processo de independência do Haiti do processo de independência

A América a caminho da independência

movimento popular que provocou grandes mudanças sociais. O temor de um processo de

Em 1806, o líder criollo Francisco Miranda (1750-1816) tentou organizar o primeiro

A partir de 1807, alterações na dinâmica política europeia repercutiram no cenário colonial

Os chapetones não aceitaram o governo de Bonaparte, recusando-se a cumprir as ordens

Na região do vice-reinado do Rio da Prata, os criollos também constituíram movimentos

Pan-americanismo é o nome dado a um movimento para a cooperação econômica, política,

realizado em 1826. Nesse encontro, representantes de diversas partes da América espanhola

Ainda assim, os movimentos emancipacionistas garantiram a criação de diversos Estados

Mais uma característica a ser destacada no processo de independência da América espanhola

No entanto, o processo de independência não foi acompanhado por medidas sociais

A conquista europeia da Austrália

A Oceania foi o último continente a ser conquistado e colonizado pelos europeus. Os

A primeira expedição efetiva de conquista e colonização foi enviada em 1787, alcançando a

Além da transformação da região em uma grande colônia penal, a conquista inglesa da

Representação do contato entre povos aborígenes e europeus.

AGORA É COM VOCÊ

1. É possível afirmar que todos os territórios coloniais espanhóis conquistaram sua

2. Com base no mapa, qual é a principal diferença entre os desdobramentos da

3. O mapa evidencia o fracasso da proposta política defendida por Simón Bolívar.

O último dos moicanos

Data de lançamento: 26 de agosto de 1992 (França)

Direção: Michael Mann

Classificação indicativa: 16 anos

ESTE CAPÍTULO ABORDOU

O crescimento da insatisfação colonial na América inglesa.

A Guerra de Independência e a criação dos Estados Unidos.

A crise colonial na América espanhola.

O impacto da Revolução Haitiana nas colônias espanholas.

Os movimentos de independência da América espanhola.

A América Latina após a independência.

ATIVIDADES PARA SALA

O federalista, de John Jay.

Texto para as questões 2 e 3.

O texto a seguir é um trecho de um discurso pronunciado por Simón Bolívar durante o

Texto para as questões 4 e 5.

Disponível em: http://www.iela.ufsc.br/noticia/sim%C3%B3n-bol%C3%ADvar-e-carta-da-jamaica. Acesso em:

a) Os movimentos de independência na América espanhola foram impulsionados pela tentativa

b) Os movimentos de independência foram liderados por mestiços e escravos que ansiavam

e) A Carta de Jamaica foi a primeira declaração de independência das colônias espanholas.