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21/09/2022 18:06 Estante de Conteúdo

Capítulo 21

Capítulo 21

Revolução Inglesa e Iluminismo

Um dos pilares das democracias liberais modernas é o Princípio de Divisão dos Poderes, que
prevê que as diversas atribuições do Estado (a criação e a aplicação das leis e o julgamento das
leis e das ações dos indivíduos) sejam distribuídas entre diferentes instituições, de modo que
apenas um indivíduo ou grupo não concentre e controle todos os poderes do Estado. Seu
objetivo é evitar a arbitrariedade ou qualquer tipo de autoritarismo; assim, é possível equilibrar
e vigiar os poderes, além de evitar abusos recíprocos.

A divisão dos poderes políticos, na qual se fundamentam as nações democráticas da contemporaneidade, é


fruto de uma conceituação desenvolvida por movimentos históricos, como você verá neste capítulo. Na
foto, a Praça dos Três Poderes, na capital brasileira.
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Todos os países democráticos contemporâneos adotam algum sistema político com base na
divisão dos poderes, e, em geral, quando há a interrupção do processo democrático por golpes
de Estado ou regimes autoritários, um dos primeiros elementos do Estado a ser anulado,
subjugado ou fortemente controlado é justamente o mecanismo de divisão dos poderes. Porém,
essa ideia de divisão do poder é recente no pensamento político. Até o século XVII, ela não era
considerada essencial para o funcionamento social e estatal, existindo antes disso forte
concentração de poderes, e estreitos limites para práticas democráticas. Uma mesma instituição
podia exercer múltiplos poderes e, no caso das monarquias absolutistas, o rei tinha condições
de intervir em todos eles. O Princípio de Divisão dos Poderes nasceu de dois movimentos
distintos. O primeiro foram as chamadas Revoluções Inglesas do século XVII. Elas resultaram na
criação do primeiro regime monárquico europeu no qual existia um sistema de divisão dos
poderes, impedindo, assim, o exercício absoluto do poder pelo rei. Porém, a formulação teórica
e filosófica dessa divisão somente se concretizou no século seguinte, em um contexto no qual
diversos pensadores passaram a defender novas ideias sociais, políticas, científicas e filosóficas.
Esses pensadores, chamados de iluministas, foram os responsáveis pela criação de diversas
ideias que influenciam o mundo até hoje.

Assim, para compreender como as sociedades se organizam no presente, vamos retomar,


neste capítulo, a história desses processos e entender como eles modificaram a organização
social do Antigo Regime e contribuíram para a criação de um novo modo de estruturar a
sociedade.

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A Inglaterra entre os séculos XVI e XVII


A Inglaterra passou por intensas transformações entre o século XVI e as primeiras décadas do
século XVII. Do ponto de vista político, a dinastia Tudor, que conquistou a Coroa britânica em
1485, conseguiu fortalecer seu poder e criar um regime absolutista. Do ponto de vista
econômico, ocorreu um grande desenvolvimento comercial, propiciado pela expansão da
produção manufatureira e pelo controle de diversas rotas marítimas europeias e coloniais,
consolidando o poder de sua frota naval.

As significativas alterações econômicas ocorridas no período promoveram amplos efeitos.


Um dos mais destacados foi a intensificação da exploração econômica da terra por meio da
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propriedade privada, transformando-a em uma mercadoria. Até o século XVI, as terras tinham
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frequentemente caráter comunal. Os camponeses se organizavam; assim, todos trabalhavam no


campo e pagavam uma série de tributos ou serviços à nobreza inglesa. Nessas terras, os
camponeses produziam diversos gêneros agrícolas, especialmente aqueles que sustentavam a
comunidade, e objetos necessários para a vida cotidiana.

Porém, com as transformações econômicas do período e o desenvolvimento do comércio,


setores da nobreza começaram a considerar mais vantajoso interromper essa forma de trabalho
comunal, optando por negociar suas terras com indivíduos que tinham interesse em produzir
gêneros de maior valor comercial, como o algodão. Essas alterações econômico-sociais levaram
à criação de diversas leis que autorizavam os nobres a negociar suas terras e a expulsar os
camponeses que nelas viviam. Esse processo recebeu o nome de cercamento, já que a partir
desse momento as terras foram cercadas e deixaram de ser um bem de uso coletivo, levando a
uma grande migração de camponeses, muitas vezes de modo forçado, para as cidades. Tendo
em vista a nova condição à qual estavam submetidos, os camponeses começaram a se dedicar a
outros tipos de atividades, como o trabalho nas grandes manufaturas que produziam tecidos
para serem vendidos a outras regiões do mundo.

Os cercamentos também resultaram no aumento de crimes como roubo, uma vez que nem
toda a população expulsa de suas casas conseguia ser empregada. É esse aumento de
“vagabundos” (vagabonds, do termo “aquele que vaga”) que impulsiona a criação de leis
anticercamento que buscavam impedir a transformação de terras dedicadas à lavoura em terras
cercadas destinadas a outras atividades produtivas, como pastos. A burguesia, por exemplo, foi
uma das principais beneficiadas com os cercamentos das terras, porque passou a negociá-las e a
utilizá-las para a expansão da produção de manufaturas. Além da burguesia, setores da pequena
nobreza, os chamados gentry, também se beneficiaram. Assim como os burgueses, esses
indivíduos passaram a investir na compra de terras, o que aproximava os interesses econômicos
de ambos. O compartilhamento de interesses em comum fez esses dois grupos se tornarem
aliados e passarem a lutar pela ampliação de seus poderes políticos, pressionando a monarquia
e a alta nobreza a promover reformas políticas no país.

Uma das estratégias adotadas pela burguesia e pelos gentry foi utilizar o Parlamento inglês
como mecanismo de pressão sobre o rei. É importante lembrar que a história da Inglaterra foi
marcada por constante disputa entre os reis e o Parlamento. Em alguns períodos, o monarca
conseguiu se sobrepor e ampliar seus poderes. Em outros, ocorreu o inverso, e o rei foi obrigado
a aceitar uma série de determinações que diminuíam seus poderes. Entre o século XVI e o início
do século XVII, os reis da dinastia Tudor conseguiram se impor sobre o Parlamento e
intensificaram seus poderes.

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Remanescentes de um cercamento em território britânico.

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Após o fim da dinastia Tudor, a subida de Jaime ao poder significou a união das coroas
britânica e escocesa. Jaime I da Inglaterra é Jaime VI da Escócia. Essa informação é relevante,
pois ajuda a compreender os embates entre o monarca e o Parlamento inglês. A Escócia do
século XVII possuía um parlamento, mas, diferentemente do Parlamento da Inglaterra, nunca
possuiu uma verdadeira força de atuação, sendo submetido ao monarca. Quando Jaime subiu ao
poder, a independência e a governabilidade exercidas pelo Parlamento inglês entraram em
choque com o estilo de governo escocês.

Esse período foi marcado por uma nova investida do Parlamento contra o monarca, visando
diminuir os poderes do rei e ampliar a autoridade da Assembleia. Isso deu início a uma série de
disputas, que opôs a realeza à alta burguesia e aos representantes do Parlamento, os dois
últimos apoiados pela burguesia e pela gentry.

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A Revolução Puritana e a queda da


monarquia
No decorrer do reinado de Jaime I, as divergências entre diversos setores sociais e a
monarquia inglesa se acentuaram, especialmente conforme os interesses econômicos, políticos
e religiosos se tornavam conflitantes e difíceis de se conciliar. O novo monarca reprimiu o
Parlamento, inclusive ordenando a sua dissolução, assim como ampliou os mecanismos do
Estado para intervir na economia, diminuindo as liberdades comerciais da burguesia e da gentry.
Seu sucessor foi Carlos I, que assumiu o trono em 1625. Nos primeiros anos de seu reinado, deu
continuidade às ações de ampliação dos poderes monárquicos adotadas por seu pai. Para isso,
tentou intervir na organização da Igreja escocesa, bem como ampliar os impostos do país e
aumentar o controle sobre as atividades por meio da constituição de monopólios.

Esse cenário tenso e conflituoso resultou em grande desgaste político. Para conter as
insatisfações, Carlos I foi obrigado a convocar o Parlamento, tentando aprovar medidas que
fortalecessem seus poderes militares. Os parlamentares, contudo, recusaram-se a conceder mais
poderes ao rei, o que levou a uma crise política, já que Carlos I não aceitou essa recusa e decidiu
adotar medidas para reforçar seu poder sem o apoio do restante da sociedade.

Tal decisão deu início a um conflito militar, opondo, de um lado, o monarca e seus aliados
(como setores da alta burguesia); e, do outro, aqueles contrários ao rei e favoráveis ao
Parlamento (a burguesia e a gentry, principalmente). Os primeiros foram chamados de
cavaleiros, enquanto os segundos receberam o nome de “cabeças redondas”. Os enfrentamentos
iniciais entre os dois grupos ocorreram em 1642.

Os cabeças redondas reivindicavam a redução do poder real e o reconhecimento do papel do


Parlamento no governo inglês, o que não foi aceito por Carlos I. Diante de tal impasse, ocorreu a
radicalização da luta, e, sob a liderança de Oliver Cromwell (1599-1658), os cabeças redondas
derrotaram os apoiadores do rei, em 1649. O monarca acabou executado; já a monarquia foi
extinta e substituída por uma república.

TOME NOTA

A substituição de uma monarquia por uma república, bem como a execução de um rei, eram
acontecimentos inéditos até então na história da Europa. Por isso, o movimento foi
chamado de Revolução Puritana, considerado a primeira revolução na qual a burguesia
desempenhou papel preponderante. Dessa forma, tal evento faz parte das chamadas
Revoluções Burguesas, que, a partir desse momento, passaram a ter grande impacto na
organização política da Europa.
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Nesta pintura de John Barker, está retratada a Batalha de Marston Moor, em 1644, um dos embates do
conflito inglês que levaria à derrota de Carlos I e da monarquia.

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A Inglaterra republicana
Com a proclamação da República, Oliver Cromwell tornou-se o líder do novo governo e
passou a reprimir setores que defendiam uma revolução mais radical, como os diggers, ou
escavadores (defensores, entre outras bandeiras, do fim da propriedade privada), e os levellers,
ou niveladores (defensores de medidas para a promoção da igualdade social na Inglaterra). Ao
mesmo tempo, Cromwell adotou medidas que favoreciam os interesses da burguesia, como a
assinatura dos chamados Atos de Navegação, que determinavam que todos os produtos
comercializados com as colônias inglesas deveriam ser transportados por navios da Inglaterra.
Essa medida ajudou a fortalecer ainda mais os comerciantes ingleses e a desenvolver a
economia inglesa. Por essa razão, pode-se dizer que esse período marcou a consolidação do
fortalecimento da burguesia inglesa, a qual se tornou uma força política e econômica decisiva
no período. Como será visto no capítulo sobre Revolução Industrial, esse é um elemento central
para se entender o início da industrialização na Inglaterra.

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Oliver Cromwell em tela produzida em 1868 pelo artista Charles Lucy.

Durante seu governo, Cromwell tomou medidas autoritárias, inclusive provocando o


fechamento do Parlamento. Por isso, após sua morte, diante do temor de setores burgueses de
que uma revolução social abalasse o seu poderio, diversos grupos sociais ingleses decidiram
que a restauração da monarquia era a melhor opção. Estipularam como condições, no entanto, a
aceitação real da autoridade do Parlamento e a renúncia a qualquer tentativa de restauração do
absolutismo na Inglaterra. Com isso, Carlos II, filho mais velho do rei executado, assumiu o trono
da Inglaterra em 1660.

AGORA
Avaliar É COM VOCÊ 16

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Observe a imagem a seguir. Trata-se de uma representação produzida em 1649 por Gerrard
Winstanley, importante líder do movimento digger. Em seguida, responda ao que se pede.

1. Descreva a imagem.

2. Formule uma hipótese para explicar a qual processo ocorrido na sociedade inglesa
entre os séculos XVI e XVII essa imagem faz referência.

3. De que modo essa imagem pode ser relacionada com os ideais defendidos pelo
movimento digger?

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A Revolução Gloriosa e a Monarquia


parlamentarista
Quando assumiu o trono da Inglaterra, Carlos II se comprometeu a não restabelecer o
absolutismo no país, a respeitar os poderes do Parlamento e a não punir os envolvidos na Guerra
Civil Inglesa. Porém, após sua morte, em 1685, o trono foi ocupado por Jaime II. Diferentemente
de seu antecessor, o novo rei se inclinou na direção do absolutismo.

Essa tendência de Jaime II ocorreu, em parte, devido a questões religiosas que extrapolavam
o embate costumeiro relacionado com a indicação de cargos. Ele foi criado católico, e as
monarquias alinhadas ao catolicismo geralmente seguiam a acepção de “direito divino”. Essa
doutrina, contudo, conflitava com os direitos políticos almejados pelo Parlamento. Além disso, a
tentativa de afrouxar as leis penais bem como de adotar políticas de tolerância religiosa foram
vistas como medidas para desestabilizar a Igreja da Inglaterra, causando desconfiança a setores
da sociedade inglesa.

Diante de tais movimentos da Coroa, considerou-se que o monarca não respeitaria os


acordos que tinham garantido a restauração da monarquia inglesa. Teve início, assim, a
organização de um movimento com o objetivo de destituir Jaime II e estabelecer uma forma de
governo capaz de garantir que os monarcas não pudessem mais abusar de seus poderes. Setores
da burguesia e da nobreza se aliaram com o intuito de substituir o rei, mas estavam preocupados
em constituir uma alternativa política pela qual fosse possível evitar a eclosão de novo conflito
militar e tensões sociais.

Para isso, a filha de Jaime II, Mary Stuart, foi coroada rainha da Inglaterra, e seu marido,
Guilherme de Orange, seria o novo rei. Entretanto, ambos deveriam aceitar a imposição de um
documento que limitava definitivamente o poder dos reis da Inglaterra. Esse documento,
conhecido como Declaração de Direitos (Bill of Rights), reconhecia o poder do Parlamento para
criar leis e estipulava que o próprio monarca deveria obedecer a elas. Guilherme de Orange e
Mary Stuart aceitaram esse acordo e conquistaram apoio para subir ao trono, o que resultou na
abdicação de Jaime II e na sua respectiva fuga para a França.

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Guilherme de Orange e Mary Stuart retratados em tela de 1647, de Gerard van Honthorst.

A queda de Jaime II marcou o fim definitivo do absolutismo monárquico inglês e a criação de


uma nova forma de governo, a monarquia parlamentarista. Como essa transição ocorreu sem
guerras nem derramamento de sangue, esse movimento ficou conhecido como Revolução
Gloriosa.
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Com a Revolução Gloriosa, o Parlamento consolidou o controle do Poder Legislativo e se


tornou a principal instituição responsável pela elaboração das leis inglesas. Assim, a burguesia
passou a ter grande influência nos rumos da política do país, pois exercia influência sobre o
Parlamento. Dessa forma, a partir do final do século XVII, o governo inglês agia de acordo com os
interesses econômicos da burguesia, contribuindo para o enriquecimento e o fortalecimento
desse grupo nas décadas seguintes.

O pioneirismo inglês nesse processo contribuiu para o enriquecimento do país e para a sua
transformação no principal centro econômico da Europa entre as primeiras décadas do século
XVIII e as últimas décadas do século XIX. Além disso, o movimento de fortalecimento político da
burguesia também contribuiu para a difusão de novas ideias e formas de pensamento que
valorizavam as liberdades individuais e os direitos dos cidadãos. A Declaração de Direitos
repercutiu, assim, em diversos documentos que estabeleciam garantias aos indivíduos contra os
abusos de poder dos governantes.

TOME NOTA

A Revolução Gloriosa se tornou marco importante na consolidação do poder político da


burguesia na Europa. Entre os séculos XVIII e XIX, ocorreram outros movimentos burgueses
em várias regiões do continente que possibilitaram a ascensão política desse grupo em
diversos países. Esse processo foi central para o desenvolvimento do capitalismo e para a
profunda transformação das sociedades do Antigo Regime.

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A Revolução Científica
Nos séculos XVI e XVII, houve consideráveis transformações intelectuais e científicas na
Europa. Nesse período, ocorreram importantes descobertas científicas em diversos campos do
saber, como a Medicina, a Matemática, a Física e a Química. Em decorrência do florescimento de
novos conhecimentos, técnicas e teorias, esse momento ficou conhecido como o início da
chamada Revolução Científica europeia.

Na renovação científica em curso, deve-se destacar a convicção de que seria necessário


demonstrar,
Avaliar por meio de experimentos rigorosos, a validade das hipóteses sobre a legalidade
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natural. Os pesquisadores passaram, assim, a desenvolver métodos de pesquisa e a realizar
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experimentos científicos que pudessem ser repetidos, isto é, reproduzidos por outros
pesquisadores. Por meio desses experimentos mais rigorosos, houve gradativamente o
abandono de diversas ideias consideradas verdadeiras desde a Idade Média, ainda que muitas
vezes de forma conflituosa.

Foi no campo da Física que a Revolução Científica se manifestou com contornos mais nítidos,
já que os séculos XVI e XVII foram marcados pelo nascimento da chamada Física moderna. Essa
transformação na compreensão do mundo natural ocorreu graças a contribuições de pensadores
como Nicolau Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-1642), Johannes Kepler (1571-1630) e
Isaac Newton (1643-1727), responsáveis pelo desenvolvimento de novas noções sobre o espaço,
o movimento, as propriedades da luz, a dinâmica dos corpos celestes e outros fenômenos
naturais.

Um movimento similar aconteceu em outros campos científicos, com inúmeras modificações


e inovações dos conhecimentos medievais. Na Medicina, por exemplo, o século XVII foi marcado
por grande avanço no conhecimento do corpo humano. O avanço dos estudos anatômicos
possibilitou novos entendimentos sobre o funcionamento dos órgãos humanos, como nas
questões relacionadas à circulação sanguínea, e, ainda, sobre a fisiologia da audição e da visão.

Também nessa época, na Matemática, por exemplo, diversos estudiosos conseguiram


elaborar fórmulas para a resolução de equações de terceiro e de quarto graus, assim como para
cálculos envolvendo raízes quadradas de números negativos. No mesmo contexto histórico,
iniciou-se o desenvolvimento da chamada Geometria analítica, direcionada para a utilização de
cálculos algébricos na resolução de problemas geométricos. Nesse caso, destacam-se as
contribuições de René Descartes (1596-1650) e Pierre de Fermat (1601-1665).

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Estátua de Nicolau Copérnico em frente à sede da Academia Polonesa de Ciências, em Varsóvia. O


astrônomo polonês contribuiu de maneira marcante para as ciências modernas ao desenvolver a teoria
heliocêntrica, segundo a qual o Sol, e não a Terra, é que estaria no centro do Sistema Solar.

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Novas ideias políticas e sociais


A grande renovação científica não pode ser vista como um caso isolado, pois o mesmo
período histórico experimentou importantes transformações nas ideias políticas e sociais,
devendo-se ressaltar o impacto das Revoluções Inglesas nessa renovação. As mudanças políticas
observadas ao longo do século XVII na Inglaterra, bem como os desdobramentos da guerra civil
na organização da sociedade, estimularam reflexões com repercussão nos séculos seguintes.

Dois pensadores centrais para a renovação do pensamento político do período foram Thomas
Hobbes (1588-1679) e John Locke (1632-1704), embora suas reflexões sobre o processo político
inglês sejam significativamente distintas. Hobbes enxergou a Guerra Civil Inglesa – que instaurou
a República na Inglaterra – como uma grande ameaça para a ordem social e a segurança dos
indivíduos. Diante desse cenário de profunda transformação do poder vigente, elaborou uma
reflexão na qual defendia o fortalecimento do poder absoluto dos governantes e a restrição das
liberdades individuais, pois essa lhe parecia ser a única forma de conter os conflitos entre os
indivíduos e evitar a guerra civil.

Locke viu os desdobramentos da Revolução Gloriosa de forma positiva e defendeu a


importância da criação de governos nos quais as liberdades individuais fossem respeitadas, de
modo que o governante não exercesse o seu poder de forma ilimitada. John Locke se tornou,
assim, o primeiro filósofo a defender o modelo parlamentarista de governo criado na Inglaterra,
e suas ideias se tornaram a base do pensamento liberal que se desenvolveu posteriormente.

Apesar das divergências de suas perspectivas, Hobbes e Locke elaboraram teorias chamadas
posteriormente de teorias políticas contratualistas, na medida em que se baseavam na defesa da
existência de um contrato entre o governante e a sociedade. Esse contrato seria o fundamento
do governo e da organização da sociedade. Essa concepção era bastante inovadora no século
XVII, pois os governos comumente eram apresentados como um elemento natural ou uma
criação divina, sem possibilidades de serem questionados ou contestados. As ideias
contratualistas previam a possibilidade de se dissolver o contrato e se criarem novas formas de
governo. Por isso, tornaram-se a base para inúmeros movimentos revolucionários nos séculos
seguintes.

TOME NOTA

A formulação de novas ideias científicas, políticas e sociais entre os séculos XVI e XVII, assim
como as transformações na organização econômico-social, constituíram condições nas
quais se fortaleceu a convicção de que os seres humanos poderiam utilizar a razão e a
inteligência para modificar seu meio ambiente e seu mundo, bem como reorganizar as
sociedades existentes. Essa crença na razão se intensificou no decorrer do século XVIII,
Avaliar
adquirindo contornos mais nítidos no movimento intelectual iluminista. Ao longo do16 século,

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as ideias desse movimento se espalharam pela Europa e para outras regiões do mundo,
inclusive a América, e tiveram grande impacto na formação do mundo contemporâneo.

AGORA É COM VOCÊ

O texto a seguir é um pequeno fragmento da obra Dois tratados sobre o governo, escrita por
John Locke no final do século XVII. Foi nessa obra que o pensador inglês elaborou suas
principais teorias sobre a organização da sociedade em uma perspectiva contratualista.
Para compreender esse fragmento, é importante notar como Locke visualiza a existência de
dois modos de vida para os seres humanos. O primeiro deles seria a liberdade natural
anterior à vida em sociedade, na qual todos poderiam agir livremente, mas não existiam
regras comuns que poderiam garantir a paz e a tranquilidade de todos. O segundo modo de
vida seria o vigente na sociedade civil, quando as leis e as regras sociais determinariam o
alcance da liberdade dos indivíduos. Com base nisso e na leitura do texto, responda ao que
se pede.

John Locke em retrato produzido pelo pintor Godfrey Kneller.

A única maneira pela qual uma pessoa qualquer pode abdicar de sua liberdade natural e
revestir-se dos elos da sociedade civil é concordando com outros homens em juntar-se e
unir-se em uma comunidade, para viverem confortável, segura e pacificamente uns com
outros, num gozo seguro de suas propriedades e com maior segurança contra aqueles que
dela não fazem parte.

LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 468.

1. De acordo com Locke, as pessoas poderiam abrir mão de suas liberdades naturais
mediante o uso da violência?
Avaliar 16

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2. Qual era o principal objetivo da vida em sociedade segundo Locke?

3. Com base na leitura desse fragmento, é possível afirmar que Locke consideraria válido
que o governo criado após a instauração da sociedade civil agisse de forma arbitrária ou
violenta contra a população?

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O Iluminismo
As transformações científicas, filosóficas e culturais do século XVII ganharam ainda mais
força ao longo do século XVIII, estimulando indivíduos e grupos sociais a defender, em diversas
regiões europeias, a necessidade de promover a emancipação dos seres humanos por meio do
uso da razão. Com isso, os indivíduos poderiam questionar a ordem social no Antigo Regime,
especialmente os poderes absolutistas dos reis, a grande influência intelectual e social da Igreja
e, em alguns casos, até as desigualdades sociais que diferenciavam a nobreza e o povo em uma
sociedade com fortes traços estamentais.

Esse movimento emancipacionista passou a utilizar com frequência a imagem da iluminação


como metáfora de suas propostas. A luz era vista como um símbolo da razão, enquanto a
escuridão era simbolicamente associada à ignorância e ao obscurantismo. Assim, ao promover o
uso da razão como ferramenta de emancipação dos indivíduos, esses pensadores se
consideravam agentes a iluminar a sociedade de seu tempo. Por esses motivos, passaram a ser
chamados de pensadores ou filósofos iluministas.

O Iluminismo se manifestou em diversas partes da Europa. Existiram pensadores iluministas,


por exemplo, na França, na Inglaterra, em Portugal, na Espanha, na Rússia e nos atuais
territórios da Alemanha e da Itália. Ainda assim, foi na França que esse movimento adquiriu mais
força e alcançou seu ápice, resultando em um grande número de obras que se destacaram no
período e influenciaram o pensamento ocidental posterior.

Tendo em vista que o pensamento iluminista era uma forma de crítica aos valores da
sociedade do Antigo Regime, pode-se entender esse fortalecimento dos ideais iluministas na
França pelo expressivo desenvolvimento do Antigo Regime no país. A monarquia francesa no
séculoAvaliar 16 das
XVIII era o principal modelo de absolutismo na Europa, especialmente em virtude

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ações de Luís XIV (1638-1715), representante máximo da centralização do poder nas mãos do
monarca. Além disso, a Corte francesa era uma das mais luxuosas do continente europeu.

Nesse cenário político-social, diversos pensadores passaram a refletir sobre a necessidade de


transformação da realidade francesa como condição para seu desenvolvimento, o que se tornava
mais perceptível ao comparar a situação da França com a crescente força econômica
demonstrada por sua principal rival, a Inglaterra. Esse contexto ajuda a entender a força do
Iluminismo francês, bem como o modo que as ideias de seus principais pensadores se
propagaram pelo continente e moldaram o pensamento europeu no século XVIII. Entre os
principais nomes do Iluminismo francês, podem-se destacar os dos filósofos Charles Louis de
Secondat, o barão de Montesquieu (1689-1755); François-Marie Arouet, mais conhecido como
Voltaire (1694-1778); Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e também os economistas François
Quesnay (1694-1774) e Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781), entre outros.

Esses autores criticaram diferentes aspectos da sociedade do Antigo Regime, como a teoria
do poder divino dos monarcas e a influência da Igreja no Estado. Montesquieu, por exemplo,
questionou o poder excessivo dos reis e defendeu um sistema de divisão dos poderes. Voltaire
centrou suas reflexões na defesa da liberdade de expressão, sendo um crítico incessante dos
poderes da Igreja. Rousseau afirmava que a desigualdade social era um mal que deveria ser
combatido e propunha a criação de um regime político no qual todos os cidadãos participariam
da organização do governo. Já os economistas iluministas questionaram os entraves
protecionistas do mercantilismo, defendendo a liberdade econômica como meio para o
desenvolvimento do país.

Na Escócia, o pensador Adam Smith (1723-1790), em seu livro A riqueza das nações, lançou as
bases do chamado liberalismo econômico, defendendo o trabalho humano como fonte
produtora de riqueza, a se desenvolver sem a intervenção estatal. Outro pensador fundamental
do Iluminismo foi o alemão Immanuel Kant (1724-1804), que elaborou uma das mais
importantes sínteses filosóficas das propostas iluministas, sustentando o esclarecimento (o uso
da razão) como meio pelo qual os seres humanos poderiam deixar a condição de menoridade e
alcançar a maioridade intelectual.

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A crítica ao Antigo Regime foi bastante incisiva entre os pensadores iluministas. A imagem se trata de um
cartum que circulou na França do século XVIII, denunciando o desequilíbrio entre as três principais classes
sociais (estados) da nação – a população em geral (campesinato e burguesia) sustentava o clero e a
nobreza. A legenda, em língua francesa, pode ser traduzida como “Espera-se que esse jogo termine logo”.

Página 25

TOME NOTA
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Diversas mulheres também se destacaram por suas ideias iluministas. Elas formularam as
primeiras teorizações em defesa da igualdade de gênero e do reconhecimento público das
mulheres. A francesa Olympe de Gouges (1748-1793) e a inglesa Mary Wollstonecraft (1759-
1797), por exemplo, foram duas importantes pensadoras do período, elaborando
documentos nos quais defendiam os direitos das mulheres e afirmavam que estas tinham os
mesmos atributos intelectuais que os homens, uma tese recusada por muitos homens
iluministas.

Mary Wollstonecraft em pintura de John Opie.

A Enciclopédia
Os pensadores iluministas nutriam o objetivo de que suas propostas e reflexões se
disseminassem pela sociedade, alcançando o maior número possível de pessoas. Por isso,
preocupavam-se em utilizar diversos canais para divulgar suas ideias, como as academias
científicas, os salões, as casas de pessoas ricas ou influentes, os livros, os jornais e panfletos
diversos.

Dentro da mesma perspectiva universalista, os iluministas também tinham grande interesse


em produzir sínteses do conhecimento humano; assim, qualquer indivíduo poderia estudar e
conhecer as novas propostas defendidas por esses pensadores. Dessa forma, Denis Diderot
(1713-1784) e Jean d'Alembert (1717-1783) coordenaram o ambicioso projeto de organização de
todo o conhecimento humano produzido até então. Esse projeto recebeu o nome de
Enciclopédia e consistiu na publicação de 17 volumes de textos, 11 volumes de ilustrações e
mais de 71 mil artigos diferentes, fruto do esforço colaborativo de diversos pensadores na
produção de textos e imagens. Pode-se dizer que a Enciclopédia é um dos principais 16
Avaliar legados do
Iluminismo, influenciando posteriormente diversas propostas de sistematização do
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conhecimento a fim de torná-lo mais acessível a todos. Esse caráter democratizante contribuiu
para a rápida disseminação das ideias iluministas e sua influência e repercussão sobre
movimentos sociais dos mais diversos espectros ideológicos. Como será visto nos capítulos
sobre independência dos Estados Unidos e da América Espanhola e sobre a sociedade do ouro,
as ideias iluministas desempenharam papel destacado na organização de movimentos
independentistas nas diversas colônias europeias, especialmente a partir de meados do século
XVIII. Além disso, a Revolução Francesa (1789), acontecimento que será abordado com mais
afinco em estudos posteriores, também foi bastante influenciada pelos pensadores iluministas.

Leitura da tragédia de Voltaire O órfão da China no salão de Madame Geoffrin (1812), tela de Anicet
Lemonnier. Nessa obra, está representado o ideal iluminista de ampliação de uma sociedade letrada,
promotora de conhecimento, artes e cultura.

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O despotismo esclarecido
Na segunda metade do século XVIII, os Países Baixos, a França e a Inglaterra passavam por
um momento de forte desenvolvimento. Por outro lado, diversos reinos europeus estavam sob
um cenário econômico pouco favorável em relação a essas nações. Por exemplo, Portugal,
Espanha, Prússia, Áustria, Rússia e Suécia enfrentavam dificuldades crescentes para competir no
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mercado internacional e manter equilibrada sua balança comercial. Além disso, os setores

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produtivos, como o agropecuário e o manufatureiro, quando existentes nessas regiões, estavam


em condições precárias, e, em certos locais, as manufaturas não tinham condições de concorrer
com a produção inglesa e a francesa.

Para contornar tal cenário, uma das questões mais importantes era retomar o
desenvolvimento político-econômico do Estado. Nesse contexto, o Iluminismo foi uma fonte de
inspiração para diversas reformas implementadas no período, e Estados com tendências
reformistas graduais utilizaram parcialmente as ideias do movimento, como Portugal, Espanha,
Rússia e principados germânicos e escandinavos. Assim, houve uma relativa abertura dos
monarcas a algumas ideias iluministas como forma de legitimar seu poder em um período de
crise; e tal processo, combinado com a manutenção do monopólio real do poder, ficou
conhecido como Despotismo Esclarecido.

É nesse sentido, por exemplo, que a atitude da imperatriz da Áustria, Maria Teresa (1717-
1780), de impor o alemão como língua oficial de todos os territórios da dinastia Habsburgo pode
ser interpretada como uma política típica de déspotas esclarecidos. A unificação do idioma fez
parte de uma racionalização, pelo uso de técnicas de simplificação e uniformização. Isso causou
o fortalecimento da burocracia do Estado. Assim, ainda que parcialmente, o Iluminismo
expandia-se, e medidas semelhantes foram adotadas por outros déspotas esclarecidos.

É importante ressaltar que o despotismo esclarecido se apropriou de versões reformistas


iluministas em favor das monarquias, as quais enriqueceram com práticas mercantilistas. A
apropriação de algumas ideias pelos monarcas e seus principais ministros permitiu a elaboração
de discursos que legitimavam o poder do Estado, de forma que ele não era mais um direito
divino, nem dependia mais da Igreja.

Portanto, buscou-se fundar a autoridade das monarquias no Direito Natural Moderno com
base nas noções de felicidade e de progresso dos povos, aspectos iluministas presentes em
reformas jurídicas de monarcas como Frederico II (1712-1786) da Prússia, Maria Teresa e José II
(1741-1790) da Áustria, Catarina II (1729-1796) da Rússia e Gustavo III (1746-1792) da Suécia.
Essas reformas possuíam aspectos em comum além do fundamento no direito natural, como a
abolição da tortura como método judicial para produção da verdade, a interferência em
privilégios do clero e da nobreza, o controle estatal das respectivas igrejas nacionais e a
unificação dos códigos penais. Contudo, alguns monarcas fizeram reformas mais profundas,
como Frederico II, que instituiu a igualdade jurídica e a separação dos poderes, enquanto outros
adotaram reformas mais amenas, como Catarina II, que se limitou a abolir a tortura e a
referendar juridicamente os privilégios aristocráticos com a Carta da Nobreza (1785).

O aspecto mais modernizador do despotismo esclarecido foi a criação de governos no


sentido mais próximo do que conhecemos hoje, ainda que reis e ministros mantivessem
métodos autoritários e restritivos das liberdades dos povos. Foi o caso de governos como o de
Marquês de Pombal (1699-1782), ministro de José I (1714-1777), em Portugal; de Guillaume du
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Tillot (1711-1774), ministro de Filipe Bourbon (Duque de Parma); e de Carlos III (1716-1788), na

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Espanha. Ao passo que racionalizavam o Estado, reformavam aparelhos tradicionais de


repressão e controle, como a inquisição e as censuras, submetendo-os mais estreitamente à
coroa, ou então criavam órgãos autoritários, como a Intendência Geral de Polícia em Portugal.

Nesse sentido, por exemplo, o Marquês de Pombal aplicou medidas que reverberaram na
sociedade colonial brasileira e que ficaram conhecidas posteriormente como Reformas
Pombalinas. Tais reformas representaram uma intervenção autoritária da metrópole no sentido
de reforçar o controle de Portugal sobre a colônia, consolidando o absolutismo português, como
ao intensificar a política fiscal sobre o ouro explorado em Minas Gerais. Isso, em conjunto com
outras reformas de intervenção do governo de Pombal, acirrou as insatisfações da sociedade
brasileira.

Em relação à política econômica, os déspotas esclarecidos também assumiam a condição de


governantes que favoreciam o absolutismo, adotando e reforçando práticas mercantilistas
típicas do século XVII, como o colbertismo e o cameralismo, além de aprofundar a atuação e a
intervenção econômicas do Estado. Mesmo monarcas que tentaram incorporar novas ideias
econômicas, como Gustavo III, logo retomaram práticas interventoras mercantilistas.

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No século XVIII, alguns regimes de déspotas esclarecidos despertaram a simpatia de


filósofos. Sabe-se, por exemplo, que Frederico II foi influenciado pelo pensamento de Voltaire e
que Kant era simpático a regimes ao mesmo tempo ilustrados e fortes, capazes de evitar o que
via como caos e anarquia produzidos por revoluções. Era exatamente a esse tipo de governo que
a denominação “déspotas” se referia, ou seja, eles foram monarcas absolutistas, cuja pretensão
era de aumentar a centralização do Estado, mas ao mesmo tempo “esclarecidos”, isto é, que
absorveram as Luzes. Portanto, o termo adianta o paradoxo e os limites da união entre os
Estados monárquicos europeus e o Iluminismo.

Embora haja diferenças no modo como os monarcas assimilaram as ideias iluministas, é


possível observar similaridades, como o estímulo ao desenvolvimento científico e artístico de
seus territórios, a promoção de reformas judiciais, por vezes atacando os privilégios da nobreza,
além de mudanças administrativas visando modernizar o governo e estimular o crescimento
econômico. É importante ressaltar, contudo, os limites do despotismo esclarecido, pois sua
inspiração foi apenas nas ideias menos radicais defendidas pelos iluministas. As propostas mais
radicais, como a divisão dos poderes e o fim do absolutismo, ou mesmo a plena adoção dos
ideais econômicos liberais, não foram incorporadas por muitos desses monarcas. Esse cenário
passou a ser alterado após movimentos revolucionários transformarem as relações sociais,
econômicas e políticas de diversas partes da Europa no final do século XVIII.
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Frederico II da Prússia (centro) foi um dos monarcas a adotar medidas típicas do despotismo esclarecido e
foi influenciado diretamente por Voltaire.

ENQUANTO ISSO...
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Gregório de Matos

Na mesma época em que se iniciavam os conflitos entre Jaime II e o Parlamento, nascia na


Bahia um dos primeiros grandes poetas do Brasil: Gregório de Matos (1636-1696). Nascido
em Salvador, em uma família abastada, estudou em um colégio jesuítico e, em 1650, foi para
Portugal, onde estudou Direito.

Gregório de Matos viveu em Portugal por cerca de três décadas, retornando ao Brasil aos 47
anos. Nesse longo período, recebeu grande influência da arte barroca, que se desenvolvia
na época, e seus poemas evidenciam diversos temas próprios desse movimento artístico,
como a fugacidade da vida, o combate entre elementos opostos e a instabilidade do mundo.
O poeta também possuía forte espírito satírico, um traço observável em vários de seus
poemas críticos à ordem social vigente.

Em sua obra, encontra-se um dos primeiros registros literários da união da língua


portuguesa com hábitos e práticas indígenas e africanas, bem como um distanciamento do
português falado na metrópole. Ou seja, a linguagem adotada em seus poemas evidencia a
transformação do português europeu em um português americano, influenciado por
múltiplas culturas. Por isso, sua obra é um dos registros fundamentais para compreender a
cultura e a história da formação da sociedade brasileira desenvolvida a partir da expansão
colonial portuguesa na América.

Retrato de Gregório de Matos em uma edição de um livro brasileiro da segunda metade do século XIX.

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ESTE CAPÍTULO VOCÊ ESTUDOU

As características da sociedade inglesa entre os séculos XVI e XVII.

A Revolução Puritana.

A Revolução Gloriosa.

Mudanças no pensamento europeu entre os séculos XVI e XVII.

O Iluminismo e a difusão de suas principais ideias.

O despotismo esclarecido.

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ATIVIDADE PARA SALA

A imagem a seguir é uma representação de um encontro entre Frederico II e Voltaire feita por
um artista alemão do século XIX. Com base na observação atenta da imagem, responda ao que
se pede.

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Questão 01
De que modo o monarca e o filósofo foram representados na imagem?

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Questão 02
Pode-se dizer que esse tipo de representação pretendia construir uma imagem positiva de
Frederico II e ressaltar seu caráter ilustrado. Justifique essa ideia com elementos da imagem
anterior.

O texto a seguir é um fragmento da Declaração de Direitos (Bill of Rights), documento que se


tornou a base da organização política do Estado inglês após a Revolução Gloriosa. Leia
atentamente os trechos selecionados e responda às questões 3 e 4.

1. que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu
cumprimento.

[...]

2. que, do mesmo modo, é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para dispensar
as leis ou o seu cumprimento, como anteriormente se tem verificado, por meio de uma
usurpação notória.

[...]

6. que o ato de levantar e manter dentro do país um exército em tempo de paz é contrário a
lei, se não proceder autorização do Parlamento.

[...]

8. que devem ser livres as eleições dos membros do Parlamento.

9. que os discursos pronunciados nos debates do Parlamento não devem ser examinados
senão por ele mesmo, e não em outro Tribunal ou sítio algum.

[...]

Declaração de Direitos, 1689. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/decbill.htm. Acesso


em: 5 jan. 2018. (adaptado)

Questão 03
Quais eram os principais direitos previstos nos trechos selecionados da Declaração de Direitos
para o Parlamento?

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Questão 04
Com base nos trechos selecionados, explique a razão pela qual o poder do rei inglês deixou de
ser absoluto com a Declaração de Direitos.

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Questão 05
(ESPCEX) O século XVIII registrou profundas transformações na maneira de governar de diversos
dirigentes.

Segundo Boulos Jr. (2011), Frederico II, da Prússia, aboliu as torturas aplicadas aos presos,
incentivou as letras, as artes e as ciências e dirigiu pessoalmente a reforma de Berlim, capital da
Prússia na época. Já o Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I, de Portugal, decretou a
emancipação dos indígenas na América portuguesa, a abolição da escravidão africana e a
fundação da Imprensa Régia, em Portugal. Por sua vez, José II, da Áustria, adotou a tolerância
religiosa, mas manteve intocados o militarismo e a servidão. Catarina II, da Rússia, mandou
construir escolas, fundou hospitais, dirigiu a reforma da capital (São Petersburgo) e combateu a
corrupção nos meios civis e religiosos.

(BOULOS JR, 2011)

Sobre os dirigentes mencionados anteriormente e seus governos, pode-se afirmar que

a) todos foram provavelmente inspirados por ideias iluministas, e o tipo de governo adotado
por eles foi chamado pelos historiadores do século XIX de despotismo esclarecido.

b) somente Frederico II e Catarina II foram inspirados por ideias iluministas, e o tipo de governo
adotado por eles foi chamado de socialismo.

c) todos foram provavelmente inspirados pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau, e o tipo de


governo adotado por eles foi chamado de democracia.

d) Frederico II e Marquês de Pombal militarizaram seus países e adotaram governos comunistas.

e) se fundamentaram em correntes filosóficas diferentes, mas todos adotaram governos


liberais.

ATIVIDADES
Avaliar PROPOSTAS 16

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Questão 01
(ENEM)

Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII – em 1789,
precisamente – que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo
de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e das
mentalidades: o Iluminismo.

FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981. (adaptado)

Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento


que tem como uma de suas bases a

a) modernização da educação escolar.

b) atualização da disciplina moral cristã.

c) divulgação de costumes aristocráticos.

d) socialização do conhecimento cien­tífico.

e) universalização do princípio da igualdade civil.

Questão 02
(IFCE) A Europa Ocidental vivenciou, entre os séculos XVI e XVIII, inúmeras transformações
culturais. É (são) uma dessas transformações:

a) O Movimento Reformista do século XVI foi caracterizado por uma unificação de pensamento e
práticas nos diversos países nos quais se difundiu.

b) O Pensamento Científico, nos séculos XVII e XVIII, fundamenta-se na crítica, no empirismo e


no naturalismo.

c) Os Tribunais da Santa Inquisição foram extintos entre 1545 e 1563, graças à Contrarreforma
Religiosa, que alterou os dogmas católicos a partir de um enfoque humanista.

d) AsAvaliar 16
ideias liberais econômicas, na metade do século XVIII, criticavam o Sistema Colonial e
defendiam a Manutenção dos Monopólios, que eram o principal gerador de riqueza da
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sociedade.
e) O Movimento Iluminista, no século XVIII, baseava-se no racionalismo e criticava os
fundamentos do poder da Igreja, que apoiava os princípios do poder monárquico absoluto.

Página 30

Questão 03
(FGV)

“O gênero humano é de tal ordem que não pode subsistir, a menos que haja uma grande
infinidade de homens úteis que não possuam nada.”

(Dicionário filosófico, verbete Igualdade)

“O comércio, que enriqueceu os cidadãos na Inglaterra, contribuiu para os tornar livres, e essa
liberdade deu por sua vez maior expansão ao comércio; daí se formou o poderio do Estado.”

(Cartas inglesas)

Sobre os trechos de Voltaire, é correto afirmar que o autor

a) define, com suas ideias, os interesses da burguesia como classe, no século XVIII: o comércio
como condição para a acumulação de capital, a riqueza como fator de liberdade e do poder
de Estado e a propriedade ligada à desigualdade.

b) crê, como filósofo iluminista do século XVIII, nas igualdades social e política, pois a filosofia
burguesa elabora uma doutrina universalista que confunde a causa da burguesia com a de
toda a humanidade.

c) critica a centralização do poder na medida em que ela breca a liberdade, impedindo o


progresso das técnicas e a expansão do comércio, que geram riqueza, e, ao mesmo tempo,
aceita a propriedade como fundamento da igualdade.

d) considera que a burguesia não se constitui em uma classe no século XVIII, e que ela precisa
do poder do Estado centralizado para garantir a sua riqueza e, nessa medida, aproxima-se da
nobreza para obter apoio político.

e) defende, como representante da Ilustração, a liberdade ligada à ausência da propriedade e


Avaliar 16
elabora princípios universais, com direitos e deveres para todos os seres humanos, o que faz
a igualdade econômica ser o fundamento da sociedade
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a igualdade econômica ser o fundamento da sociedade.

Questão 04
(PUC) O Iluminismo, como movimento intelectual, reuniu pensadores que abordaram a política,
a organização social e a natureza de formas distintas. Pode-se, no entanto, encontrar um
conjunto de princípios comuns que dão identidade ao pensamento iluminista europeu do século
XVIII. Sobre esse movimento, analise as afirmativas a seguir.

I. As ideias iluministas estão associadas às críticas ao Antigo Regime, em particular ao direito


divino dos reis e aos privilégios hereditários, entendidos como contrários ao direito natural
do ser humano.

II. Os iluministas defendiam que as sociedades humanas tendiam para um estágio inevitável
de progresso material e espiritual que levaria à regeneração do ser humano e que seria
guiada por Deus.

III. A defesa da razão como principal recurso humano para conhecer e explicar os fenômenos
sociais e naturais estava no centro da atitude intelectual dos filósofos iluministas.

IV. A igualdade e a liberdade são, para os pensadores do século XVIII, valores fundamentais e
naturais, que constituem a base política do nascente Estado Absolutista.

São corretas apenas as afirmativas

a) I e II.

b) II e III.

c) III e IV.

d) I e III.

e) I e IV.

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Questão 05

(UPE)

O Princípio de Separação dos Poderes, embora tenha sido positivado por meio da revolução
constitucionalista do final do século XVIII, tem raízes muito mais profundas, tendo em vista que
a preocupação de atribuir as funções fundamentais do estado a órgãos distintos é objeto de
reflexão e discussão desde os primórdios da organização estatal. A separação dos poderes do
Estado tem suas bases definidas por meio de uma teoria, que se desenvolveu ao longo do
tempo, mediante a reflexão de filósofos que remontam à Antiguidade, consagrando-se
efetivamente após a análise de Montesquieu, no século XVIII.

BARBOSA, Marília Costa. Revisão da Teoria da Separação dos Poderes do Estado. Escola Superior do
Ministério Público do Ceará. (adaptado)

Diante do contexto explicado, qual a principal característica da separação dos poderes no


pensamento de Montesquieu?

a) Combater a expansão dos ideais socialistas.

b) Possibilitar a exploração dos trabalhadores.

c) Garantir a manutenção do Antigo Regime.

d) Propiciar a expansão da industrialização.

e) Assegurar a liberdade dos indivíduos.

Questão 06
(UEG) Leia o texto a seguir.

De resto, esta tolerância é tão vantajosa para as sociedades em que se estabelecem que faz a
felicidade do estado. Desde que o culto seja livre, todos ficam tranquilos: a perseguição, ao
contrário, deu lugar às guerras civis mais sangrentas, mais longas e mais destrutivas.

FREDERICO II. In: PAZZINATO, A. L.; SENISE, M. H. V. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Ática,
2000. p. 104.

Avaliar 16
O texto citado, de autoria do monarca prussiano Frederico II (1712-1786), expressa os valores
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a) do Absolutismo Monárquico predominante durante a Idade Moderna.

b) da “Real Política” prussiana que guiou a unificação alemã.

c) do despotismo esclarecido vigente no período iluminista.

d) do Princípio da Autodeterminação dos Povos herdado do luteranismo.

e) da ajuda mútua das monarquias europeias expressa na Santa Aliança.

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Questão 07
(UFRGS) Durante o século XVII, a Inglaterra experimentou um período de profundas e violentas
transformações políticas, desde a eclosão da Guerra Civil Inglesa (1642-1651) até a Revolução
Gloriosa (1688).

Entre as principais consequências desse processo, podem ser enumeradas

a) a transição do absolutismo para uma monarquia constitucional e a limitação dos poderes


políticos do monarca.

b) a abolição da propriedade privada e a adoção de um sistema de terras comunais em todo o


país.

c) a independência das treze colônias inglesas da América do Norte e a abertura dos portos
ingleses aos navios estrangeiros.

d) a derrota militar das forças reformistas e a consolidação do absolutismo monárquico nas


mãos de Oliver Cromwell.

e) a abolição do anglicanismo e a afirmação do calvinismo como religião oficial da Inglaterra.

Questão 08
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(UEG) Leia o texto a seguir.
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Após a decapitação do rei, o Parlamento sofreu nova depuração. Um Conselho de Estado, com 41
membros, passou a exercer o Poder Executivo. Mas o controle do Estado estava de fato nas mãos
de Cromwell [...] Ofereceram-lhe a coroa, mas ele a recusou: na prática, já era um soberano e
podia até fazer seu sucessor.

PILETTI, Nelson; ARRUDA, José Jobson de A. Toda a história. São Paulo: Ática, 2000. p. 228.

Após a morte de seu líder, em 1658, o destino da chamada “República de Cromwell” foi marcado
pela

a) deposição, já no ano seguinte, de seu filho e sucessor, Richard Cromwell, permitindo o início
da fase de Restauração.

b) reformulação e fortalecimento do Parlamento inglês, num golpe militar conhecido como


Revolução Gloriosa.

c) proibição das práticas puritanas, fazendo com que muitos membros do movimento
migrassem para a América.

d) invasão de Guilherme de Orange, que implantou a Lei do Teste, obrigando todos os


funcionários públicos a se declararem católicos.

Questão 09
(MACKENZIE) A Revolução Gloriosa, na Inglaterra (1688-1689), marcou o início de uma época de
grande prosperidade para o país, lançando as bases para o desenvolvimento capitalista, e
permitiu que o país fosse o pioneiro na Revolução Industrial do século XVIII. Pode-se estabelecer
uma relação entre os dois eventos porque

a) o governo passou a impor a religião anglicana, dando fim aos conflitos religiosos e aos
massacres entre católicos e protestantes, liberando mão de obra para as novas técnicas de
produção.

b) o poder real, com a retomada do absolutismo, não encontra empecilhos para dar fim ao
sistema feudal e incentivar a prática capitalista para aumentar os recursos do Tesouro
Nacional.

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c) o país, 16
com o advento do Parlamentarismo, passou por transformações, como o acordo
político e econômico entre a burguesia e a nobreza rural que, juntas, promoveram o
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p g q ,j ,p
desenvolvimento econômico.
d) tanto a tolerância religiosa quanto uma maior liberdade de expressão política por parte da
sociedade civil, características do despotismo esclarecido, incentivaram o desenvolvimento
econômico.

e) o desenvolvimento de uma monarquia, com características de um Estado liberal, permitiu a


união de todas as classes sociais na Inglaterra, o que permitiu a modificação das relações
trabalhistas no campo.

Questão 10
(FUVEST) As chamadas “revoluções inglesas”, transcorridas entre 1640 e 1688, tiveram como
resultados imediatos

a) a proclamação dos Direitos do Homem e do Cidadão e o fim dos monopólios comerciais.

b) o surgimento da monarquia absoluta e as guerras contra a França napoleônica.

c) o reconhecimento do catolicismo como religião oficial e o fortalecimento da ingerência papal


nas questões locais.

d) o fim do anglicanismo e o início das demarcações das terras comuns.

e) o fortalecimento do Parlamento e o aumento, no governo, da influência dos grupos ligados


às atividades comerciais.

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