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História

Século XVIII: Geral e Brasil

Teoria

Geral
O Século das Luzes
O Iluminismo foi uma corrente filosófica iniciado no século XVIII,
na França, que promoveu uma série de rupturas com o Antigo
Regime, ou seja, o poder absoluto dos reis, a sociedade estamental,
o mercantilismo e o monopólio da Igreja Católica no campo da
cultura. Ele influenciou movimentos de contestação ao Antigo
Regime, como a Revolução Francesa, a Independência das Treze
Colônias, a Conjuração Mineira, entre outros.

Do ponto de vista político, questionava-se sobretudo o poder absoluto dos reis, modelo adotado
desde a formação das monarquias nacionais, na passagem da Idade Média para a Moderna. Em
vez do absolutismo, muitos filósofos defendiam modelos políticos que limitavam a autoridade do
monarca, como as monarquias constitucionais ou até mesmo o regime republicano. Um dos
filósofos precursores do Iluminismo foi John Locke (1632–1704). Locke viveu na Inglaterra, no
contexto das Revoluções Inglesas; criticando a sociedade de sua época, defendia a ideia de que os
homens possuem direitos naturais: vida, liberdade, igualdade e propriedade privada – essa última
seria derivada do trabalho e, portanto, natural.

No campo político, é fundamental destacarmos as concepções filosóficas de Montesquieu (1968–


1755). Ao criticar o absolutismo monárquico, ele defendia a teoria da tripartição dos poderes, ou
seja, a divisão do Estado em três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Do ponto de vista social,
o movimento iluminista criticava a sociedade estamental, na qual as desigualdades eram
determinadas pelo nascimento. Desse modo, seus filósofos questionavam a ideia de o primeiro e o
segundo Estados (clero e nobreza) deterem privilégios, ao passo que o terceiro (burguesia,
camponeses e trabalhadores urbanos) era visto como inferior.

Os iluministas buscaram, a partir da razão, questionar esse modelo de sociedade, que garantia
privilégios oriundos do nascimento; ao contrário disso, defendiam a igualdade jurídica entre os
indivíduos. Pode-se dizer que, do ponto de vista social, defendiam que todos os homens nasciam
iguais, contrários à sociedade do Antigo Regime, ainda fundamentada em privilégios feudais.
Voltaire (1694–1778) foi bastante importante nesse aspecto, pois criticou os privilégios da nobreza
e da Igreja, defendendo as liberdades individuais.

O movimento iluminista também influenciou o âmbito econômico. Ideias como a liberdade de


mercado e o fim dos monopólios da nobreza e do rei surgiram nessa época. Houve, assim, a crítica
às práticas mercantilistas e a defesa do liberalismo econômico. Considerado o “pai” do liberalismo
e um dos grandes nomes da Escola Liberal Clássica, Adam Smith, em seu livro “A Riqueza das
Nações”, defendia que o governo não deveria intervir em assuntos econômicos. Para ele, os preços
e tarifas seriam regulados pela “mão invisível” do mercado, a lei da oferta e da procura.
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Além dos filósofos citados, devemos lembrar a importância de Rousseau (1712–1778), tido como
o mais radical entre os iluministas, pois criticava a sociedade burguesa, a propriedade privada e
defendia a soberania popular.

Enquanto as ideias iluministas se difundiam dentro e fora da Europa, os monarcas absolutistas,


temendo os crescentes questionamentos ao Antigo Regime, procuraram pôr em prática certas
ideias liberais, mas sem renunciar a seu poder absoluto. Esses governantes ficaram conhecidos
como déspotas esclarecidos. Alguns autores também chamam o despotismo esclarecido de
absolutismo ilustrado. Vale lembrar, no entanto, que os déspotas esclarecidos adotaram apenas as
ideias iluministas compatíveis com seus interesses, rejeitando sistematicamente as propostas que
pusessem em xeque seus poderes ou que garantissem efetivamente maior participação da
população nas decisões políticas.

Revolução Industrial
Como consequência da ascensão da burguesia ao poder, houve um crescimento comercial na
Inglaterra proporcionado pela abertura na política econômica que beneficiava diretamente a classe
burguesa, a qual agora possuía legitimidade política para fazer com que
seus interesses fossem atendidos.

Assim, a Lei de Cercamentos (Enclosure Acts), atualizada ao longo dos


séculos por monarcas ingleses, ganhou consistência no século XVIII,
quando as terras utilizadas de forma comunitária pelos camponeses
foram privatizadas. Sem ter uma forma de sustento e sem emprego, esses
camponeses migraram para as cidades a fim de tentar melhorar sua condição de vida. Ao chegarem
às cidades, não havia emprego suficiente para todo o contingente populacional, o que criou um
enorme contingente de mão de obra disponível para a Revolução Industrial.

A fabricação têxtil foi um dos principais setores de investimento dos ingleses, que a princípio
utilizavam a lã de carneiro e passaram a usar, devido ao baixo custo, o algodão plantado na sua
colônia na América. Com um mercado cada vez maior, a produção inglesa se expandiu, assim como
os investimentos na melhoria do processo produtivo, fazendo surgir tecnologias que foram
empregadas dentro das manufaturas, as quais gradativamente se transformaram até virarem
indústrias.

Munidos de estoque de ferro e carvão mineral, a descoberta da máquina a vapor foi uma importante
invenção, que impulsionou aos poucos a substituição da mão de obra humana pelas máquinas.
Desenvolvida por James Watt, em 1769, foi aperfeiçoada e adaptada, gerando uma série de outras
tecnologias que facilitaram a produção industrial em larga escala.

A Revolução Industrial surgiu em uma Inglaterra que reunia condições propícias para a criação de
maquinários e o desenvolvimento das indústrias, iniciando o que se denomina a primeira fase da
revolução. Depois da Inglaterra, ainda no século XVIII, a Bélgica também se industrializou, e
posteriormente, ao longo do século XIX, países como Japão, França, Estados Unidos e Prússia
passaram por processo semelhante.

A Revolução Industrial também deu palco para o surgimento de uma nova classe social, o
proletariado. Embora o consumo tivesse aumentado por causa da mão de obra assalariada, a maior
parte do lucro proveniente da industrialização se concentrava nas mãos dos donos dos meios de
produção. Tendo em vista a extrema precariedade nessa fase da Revolução Industrial, grupos de
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operários passaram a se organizar principalmente de duas formas: em associações e sindicatos –
inicialmente conhecidos como trade unions –, agindo por meio da quebra de maquinário, sob
influência do ludismo; e numa resistência mais legalista, com o cartismo.

Independência das Treze Colônias


A colonização inglesa na América teve suas peculiaridades. Enquanto o sul das Treze Colônias era
agroexportador, com latifúndios, monocultura e mão de obra escrava – ou seja, viviam no sistema
de plantation e seguiam o exclusivo metropolitano –, o Norte, por outro lado, era povoado
principalmente por protestantes fugidos da Inglaterra. Lá, a agricultura se desenvolvia de forma
autônoma, em pequenas propriedades, voltada para o mercado interno; a produção era
manufatureira e o comércio também se desenvolvia o de forma autônoma.

Tal liberdade comercial dessa região se explica pela negligência salutar, ou seja, pela autonomia
que possuía em relação à metrópole. Esse foi um ponto fundamental no processo de independência
dos Estados Unidos da América (EUA). Tradicionalmente as colônias mais ao norte tinham grande
autonomia, o que foi modificado após a Guerra dos Sete Anos (1756–1763). A Inglaterra saiu
vitoriosa do conflito contra a França, porém os gastos militares geraram uma forte crise econômica
no país. Para se recuperar economicamente, os ingleses adotaram uma nova política administrativa
sobre suas colônias. No lugar da liberdade comercial que os colonos possuíam até então, criaram-
se rígidas práticas de controle.

Para responder à rígida política de pressão adotada pela Inglaterra, as colônias realizaram o
Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, em 1774. Nele, foi redigida a Primeira Declaração de
Independência, que objetivava romper com a dominação metropolitana. A reação repressiva da
Inglaterra deflagrou os primeiros conflitos entre os colonos e as tropas britânicas, dando início às
guerras de independência. Durante os conflitos, os colonos se reuniram no Segundo Congresso
Continental da Filadélfia, afirmando a ruptura com a metrópole. Em 4 de Julho de 1776 foi
promulgada a Declaração de Independência; com isso, as lutas se intensificaram.

Os colonos americanos contaram com a ajuda externa da França e da Espanha, que pretendiam
enfraquecer o poderio britânico. A ajuda estrangeira foi fundamental para a vitória dos colonos no
conflito. Em 1783, foi selada a paz definitiva com a assinatura do Tratado de Versalhes, por meio
do qual a Inglaterra reconheceu a independência e a formação dos Estados Unidos da América.

Defendendo ideais emancipatórios e republicanos, a Independência das Treze Colônias teve


influência das ideias iluministas, especialmente de John Locke. Sendo o primeiro país da América
a se tornar independente, influenciou outros movimentos de emancipação na América ao longo do
século XIX.

Revolução Francesa
Período pré-revolucionário
Entre os fatores que resultaram na Revolução Francesa, podemos destacar a crise pela qual
passava a economia francesa às vésperas de 1789. No setor agrícola, crises climáticas frequentes,
ao longo da década de 1780, provocaram uma onda de fome e revolta. Para aumentar a
arrecadação, recaía sobre os camponeses imposições de todo tipo, como os impostos reais, além
das obrigações em dinheiro. A crise econômica foi agravada pelo envolvimento da França na Guerra
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dos Sete Anos e nas guerras de Independência das Treze Colônias, assim como pelos excessivos
gastos da Corte.

A desastrosa administração financeira da França desde Luís XV


chegou ao ápice com Luís XVI, no trono desde 1774. Diante da
crise, o então ministro das Finanças, Jacques Necker, propôs a
convocação dos Estados Gerais – uma reunião com
representantes das três ordens sociais –, em que sugeriu a
cobrança geral de impostos, isto é, a extensão dos tributos ao
primeiro e ao segundo Estado.

Assembleia dos Estados Gerais


A reunião dos Estados Gerais, em maio de 1789 no Palácio de Versalhes, dava imediata vantagem
ao clero e à nobreza, já que a votação das propostas era feita por estamento e não por cabeça. Clero
e nobreza, ambos privilegiados, tendiam a votar contra o terceiro Estado. Esse, representado
sobretudo por políticos da burguesia e ciente da sua posição desfavorável, passou a contestar a
organização da assembleia, exigindo que a votação fosse feita por cabeça.

Após um mês de infrutíferas discussões, o terceiro Estado se separou e se proclamou legítimo


representante da nação, pressionando o rei a elaborar e aprovar uma Constituição. Diante da
pressão, o rei aceitou a proclamação da Assembleia Nacional Constituinte. Ele, no entanto,
preparava um contra-ataque para recuperar o controle da situação, que se radicalizou na sociedade
francesa. No dia 14 de julho de 1789, o povo parisiense, revoltado, tomou a Bastilha, libertando os
presos políticos. O acontecimento, acompanhado de motins camponeses por toda França, marcou
o início da Revolução Francesa. A partir de então, o temor se propagou por todo país, período que
ficou conhecido como o Grande Medo.

Primeira fase: Assembleia Nacional Constituinte (1789–1792)


A Assembleia destituiu todos os privilégios dos nobres e elaborou a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão. A Declaração foi um marco, pois estabeleceu a ideia de igualdade perante a
lei e garantiu a liberdade e a propriedade privada. Em 1790, a Assembleia instituiu a Constituição
Civil do Clero, que confiscou propriedades da Igreja e determinou que seus membros seriam
funcionários civis do Estado. Em 1791, foi votada a primeira Constituição francesa, que estabeleceu
a liberdade de comércio, o voto censitário (só proprietários poderiam votar) e a confirmação do
direito à propriedade privada. O sistema de governo passou a ser a Monarquia Constitucional.

Segunda fase: Monarquia Constitucional (1791–1792)


A Constituição deixou evidente as divergências no interior do terceiro Estado, já que alguns de seus
aspectos – como o voto censitário – continuavam excluindo a grande maioria da população das
decisões políticas francesas. A Assembleia Legislativa eleita tinha maioria de membros da alta
burguesia, chamados de girondinos à época. A minoria era formada pelos jacobinos, integrantes da
pequena e média burguesia.

Nesse mesmo contexto, o rei tentou fugir da França, mas foi preso e acusado de conspirar contra
os revolucionários. Em 1792, a Prússia invadiu a França, e as tropas francesas, constituídas em sua
maioria pelos sans culottes, derrotaram os prussianos. Com isso, os radicais se fortaleceram e
pressionaram a substituição da monarquia pela república, isto é, a substituição da Assembleia
Legislativa pela Convenção Nacional, que foi eleita pelo voto universal masculino.
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Terceira fase: República (1792–1795)
Na fase republicana, a Convenção Nacional assumiu o comando do país, cabendo a ela julgar o
destino de Luís XVI e sua família. Os parlamentares condenaram o rei e sua família à execução na
guilhotina, que foi cumprida em 21 de janeiro de 1793.

Nesse período, ampliaram-se as tensões entre os deputados da Convenção. Os girondinos (que se


sentavam à direita), conhecidos como Planície, assumiram posições conservadoras, com o objetivo
de garantir o direito à propriedade. Os jacobinos (que se sentavam à esquerda), também chamados
de Montanha, eram liderados por Robespierre e apoiados pelos sans culottes.

Nessa fase, teve início o Período do Terror, com os jacobinos no poder, opositores foram mortos e
perseguidos. No entanto, vale lembrar que o período também foi marcado por transformações
significativas, como a reforma agrária, o tabelamento do preço dos alimentos (Lei do Máximo), o
voto universal masculino e a abolição da escravatura. Diante da crescente instabilidade e das
perseguições internas, grupos conservadores conseguiram restabelecer o poder por meio do Golpe
9 do Termidor. Robespierre foi guilhotinado, e as medidas anteriormente aprovadas, anuladas.
Assim, a alta burguesia girondina voltou novamente ao poder, restabelecendo o voto censitário e a
escravidão nas colônias. Começou, a partir daí, a quarta fase da Revolução.

Quarta fase: Diretório (1795–1799)


Na fase final da Revolução, a alta burguesia recuperou o poder e a França vivia uma desastrosa
situação econômica, política e social. No âmbito externo, Napoleão Bonaparte ganhava destaque
nas campanhas militares. Internamente, a Conspiração dos Iguais emergia com o apoio popular.
No entanto, a insurreição foi esmagada em Paris pelas tropas do governo. Suas demandas eram
basicamente o fim da propriedade privada, igualdade absoluta aos homens e a instalação de um
governo popular e democrático, formando “uma comunidade de bens e de trabalho”. Graco Babeuf
era o principal líder.

Nesse contexto, a situação na França era dramática; a fome, miséria e revolta imperavam na vida
dos camponeses e dos operários e trabalhadores urbanos. Com a instabilidade do poder e as
intensas guerras, a alta burguesia, em conjunto com o exército, planejou um golpe para conter os
ímpetos da população, e o jovem general Napoleão Bonaparte derrubou o governo em vigor, no
Golpe do 18 Brumário, colocando fim à Revolução Francesa.

Brasil
América portuguesa: Século do Ouro
As primeiras minas de ouro foram encontradas por bandeirantes paulistas no final do século XVII,
concretizando uma antiga pretensão portuguesa. A primeira consequência da descoberta de ouro
foi a migração de um enorme contingente populacional para a região das minas em busca de
enriquecimento. O ouro achado na América portuguesa era o chamado “ouro de aluvião”,
encontrado nos leitos e nas margens dos rios e, portanto, de fácil retirada. A chegada dos novos
habitantes à região provocou a Guerra dos Emboabas, que opôs bandeirantes e os recém-chegados
(chamados pejorativamente pelos bandeirantes de “emboabas”). Esses últimos venceram o
conflito, levando a migração de bandeirantes para outras regiões mais ao interior da então colônia,
importante fator no processo de interiorização.
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Após o conflito, a fiscalização portuguesa se fez cada vez mais presente na região mineradora. Foi
criada uma série de impostos, como o Quinto. o qual impunha que 20%, ou seja, a quinta parte do
ouro retirado fosse entregue à metrópole. As jazidas foram divididas em datas e passadas para os
exploradores por meio de sorteio, promovido pela Intendência das Minas, principal órgão de
controle e de fiscalização da mineração do ouro. Apesar do aparato criado pela coroa portuguesa,
a cobrança do Quinto encontrava um grande desafio: o crescente contrabando do ouro em pó na
região. Era, inclusive, comum que o metal fosse contrabandeado dentro de esculturas de santos
feitas em madeira oca, conhecidas como “santos de pau oco”.

Para reduzir o contrabando, foram criadas, em 1720, as Casas de Fundição – locais onde o ouro era
transformado em barras timbradas e quintadas, ou seja, era retirada a quinta parte como tributo à
coroa. Após essa medida, a circulação de ouro em pó foi proibida na região das minas. Pouco tempo
depois, foi criada a Captação, imposto por meio do qual se cobravam 17 gramas por escravizado
em atividade na mineração.

Em 1750, época do apogeu do ouro, foi instituída a Finta, a qual consisti na fixação de uma cota fixa
de 100 arrobas que incidia sobre toda a região aurífera. A partir daí, já com o prenúncio da
decadência da mineração, essa cota não era alcançada, o que deixou a população da região
endividada com a metrópole. Foi devido a isso que se instituiu a Derrama, forma arbitrária de
cobrança do Quinto atrasado, que deveria ser paga por toda a população da região, inclusive com
bens pessoais.

A descoberta de ouro é central para compreendermos o processo de interiorização da América


Portuguesa. O século XVIII – que convencionamos chamar de "O Século do Ouro" – foi marcado
pelo afluxo de milhares de pessoas para a região, promovendo um processo de urbanização com o
surgimento de vilas, a ampliação do comércio e do mercado interno, assim como transformações
na configuração social. A região das minas foi responsável por uma maior articulação econômica
na colônia. A região Sul, por exemplo, foi uma importante fornecedora de gado, utilizado para
alimentação, vestimenta (couro) e como meio de transporte.

A atuação de Minas Gerais como um polo de atração econômica favoreceu um processo de


integração (embora ainda limitado) entre regiões que eram dispersas. Surgiu, assim, um mercado
interno articulado, a partir do qual houve o deslocamento do eixo
econômico do Nordeste para o Sudeste. Não por acaso, em 1763 a capital
foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.

Do ponto de vista social, podemos falar que a sociedade mineradora era


mais diversificada do que a açucareira, embora conservasse a lógica
escravista. Houve o crescimento das chamadas “camadas médias”,
composta por donos de vendas, artesãos (como alfaiates, carpinteiros, sapateiros) e tropeiros. E,
ainda, pequenos roceiros que, em terrenos reduzidos, entregavam-se à agricultura de subsistência.
A maior parte da população era composta ainda por escravizados, a quem competiam os trabalhos
mais pesados e degradantes. A diversificação e o crescente processo de urbanização permitiram,
além disso, que os escravizados atuassem cada vez mais em atividades urbanas. Muitos eram
transformados em “escravos de ganho” e realizavam atividades como transporte de cargas e
pessoas, fabricação de utensílios ou venda de produtos nas feiras. Geralmente, o seu senhor ficava
com a maior parte dos lucros obtidos ao longo do dia. A parcela destinada ao escravizado poderia
ser utilizada para alimentação, vestuário e até mesmo para a compra de sua alforria.
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Outro acontecimento extremamente importante no período foi o Tratado de Methuen, popularmente
conhecido como “Tratado de Panos e Vinhos”, feito entre Portugal e Inglaterra. Posteriormente
desfavorável aos portugueses, uma vez que a demanda de tecido era muito maior do que a de vinho,
o acordo teve duas consequências imediatas: Portugal passou a ser dependente economicamente
da Inglaterra e o ouro extraído na colônia portuguesa passava direto para as mãos
dos ingleses.

Durante os séculos coloniais, as revoltas de nativos, escravizados e colonos eram


recorrentes. Eles reivindicavam desde questões básicas – como direito à vida e à
liberdade – até mais complexas – como a hegemonia na exploração aurífera ou o
domínio de territórios. Entre as principais revoltas, podemos citar:

Movimento com influência da Independência das Treze Colônias, que


havia ocorrido há pouco tempo. Desejavam contestar não só taxas
abusivas, como a Derrama, mas também discutir o fim do pacto colonial
Inconfidência
e a emancipação política e econômica entre a colônia e a metrópole,
Mineira (1789)
instalando na região central do Brasil um regime republicano. Composto
majoritariamente pela elite, o movimento contou com a participação do
alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes.

A conspiração organizada na Bahia teve influência das Revoluções


A Conjuração Francesa e Haitiana e contou com uma participação muito mais popular.
Baiana (1798) O movimento defendia a emancipação política, a liberdade comercial –
com o fim do pacto colonial – e a abolição da escravidão.

Como cai no Enem?


A nível de Brasil, a prova cobra o surgimento do Ciclo do Ouro e
as mudanças provocadas por ele: aumento da integração
econômica entre as regiões coloniais, dinamização da
escravização (com maior número de alforrias), formação de uma
sociedade mais diversificada e revoltas em prol da
independência de determinadas regiões. A nível geral, o Enem
pede o surgimento e a expansão das ideias iluministas, a
Revolução Francesa e sua importância para a queda do
absolutismo, além do nascimento da fase industrial do
capitalismo.
História
Exercícios de fixação

1. A valorização da razão no século XVIII levou ao aumento das críticas por parte de qual classe
social e sobre que tipo de regime político?
(A) Camponeses; fisiocracia.
(B) Burguesia; feudal.
(C) Burguesia; absolutista.
(D) Camponeses; capitalismo.

2. Por que podemos afirmar que, apesar do lema “Liberdade, igualdade e fraternidade”, a
primeira fase da Revolução foi extremamente desigual e excludente?

3. Entre as características do Iluminismo, podemos citar:


(A) Universalismo e ação baseada na fé.
(B) Racionalidade e igualdade econômica.
(C) Liberdades individuais e o método dedutivo.
(D) Anticlericalismo e a igualdade civil.

4. Com o emprego de máquinas na produção, nasceu uma nova fase do capitalismo, que
superou a que chamamos de
(A) Capitalismo comercial.
(B) Capitalismo industrial.
(C) Capitalismo monopolista.
(D) Capitalismo selvagem.

5. A descoberta do ouro fez com que a Coroa portuguesa mantivesse uma presença mais efetiva
na região, com a criação de um aparato administrativo que tinha a intenção de
(A) Coibir o contrabando.
(B) Vigiar os donos das minas.
(C) Garantir a lei contra escravidão indígena.
(D) Promover uma distribuição de renda na região.
História
Exercícios de vestibulares

1. (Enem PPL, 2020) A Inglaterra não só os produzia em condições técnicas mais avançadas do
que o resto dos países, como os transportava e distribuía. Tinha, pois, necessidades de
mercados, e foi por isso que se esforçou, naquela etapa de sua história, para criá-los e
desenvolvê-los. O Tratado de Methuen em 1703 estabelecia a compra dos tecidos ingleses
por parte de Portugal, enquanto a Inglaterra se comprometia a adquirir a produção vinícola
dos lusitanos.
SODRÉ, N. W. As razões da independência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969 (adaptado).

No contexto político-econômico da época, esse tratado teve como consequência para os


britânicos a:
(A) Aplicação de práticas liberais.
(B) Estagnação de superávit mercantil.
(C) Obtenção de privilégios comerciais.
(D) Promoção de equidade alfandegária.
(E) Equiparação de reservas monetárias.
2. (Enem, 2019) A partir da segunda metade do século XVII, o número de escravos recém-
chegados cresce no Rio e se estabiliza na Bahia. Nenhum lugar servia tão bem à recepção de
escravos quanto o Rio de Janeiro.
FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão. O Globo, 5 abr. 2015 (adaptado).

Na matéria, o jornalista informa uma mudança na dinâmica do tráfico atlântico que está
relacionada à seguinte atividade:
(A) Coleta de drogas do sertão.
(B) Extração de metais preciosos.
(C) Adoção da pecuária extensiva.
(D) Retirada de madeira do litoral.
(E) Exploração da lavoura de tabaco.

3. (Enem, 2019) O século XVIII é, por diversas razões, um século diferenciado. Razão e
experimentação se aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro caminho para o
estabelecimento do conhecimento científico, por tanto tempo almejado. O fato, a análise e a
indução passavam a ser parceiros fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que o
homem começa a tomar consciência de sua situação na história.
(ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.)

No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão filosófica mencionada no texto tinha


como uma de suas características a
(A) aproximação entre inovação e saberes antigos.
(B) conciliação entre revelação e metafísica platónica.
(C) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa.
(D) separação entre teologia e fundamentalismo religioso.
(E) contraposição entre clericalismo e liberdade de pensamento.
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4. (Enem, 2020) Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão -1789
Os representantes do povo francês, tendo em vista que a ignorância, o esquecimento ou o
desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção
dos governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis e sagrados
do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os membros do corpo
social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de que as
reivindicações dos cidadãos, fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam
sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral.
Disponível em: www.direitoshumanosusp.br. Acesso em: 7 jun. 2018 (adaptado)

Esse documento, elaborado no contexto da Revolução Francesa, reflete uma profunda


mudança social ao estabelecer a:
(A) Manutenção das terras comunais.
(B) Supressão do poder constituinte.
(C) Falência da sociedade burguesa.
(D) Paridade do tratamento jurídico.
(E) Abolição dos partidos políticos.

5. (Enem, 2017) Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século
XVIII — em 1789, precisamente — que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em
Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como
necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no
plano das ideias e das mentalidades: o lluminismo.
FORTES, L. R. S. O lluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado).

Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de


pensamento que tem como uma de suas bases a
(A) modernização da educação escolar.
(B) atualização da disciplina moral cristã.
(C) divulgação de costumes aristocráticos.
(D) socialização do conhecimento científico.
(E) universalização do princípio da igualdade civil.
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6. (Enem PPL, 2020) Uma sombra pairava sobre as tão esperadas descobertas auríferas: a
multidão de aventureiros que se espalhara por serras e grotões mostrava-se criminosa e
desobediente aos ditames da Coroa ou da Igreja. Carregavam consigo tantos escravos que o
preço da mão de obra começara a aumentar na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Ao fim
de dez anos, a tensão entre paulistas e forasteiros, entre autoridades e mineradores, só fazia
aumentar.
DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta, 2010.

No contexto abordado, do início do século XVIII, a medida tomada pela Coroa lusitana visando
garantir a ordem na região foi a:
(A) regulamentação da exploração do trabalho.
(B) proibição da fixação de comerciantes.
(C) fundação de núcleos de povoamento.
(D) revogação da concessão de lavras.
(E) criação das intendências das minas.

7. (Enem, 2016) Quanto mais complicada se tornou a produção industrial, mais numerosos
passaram a ser os elementos da indústria que exigiam garantia de fornecimento. Três deles
eram de importância fundamental: o trabalho, a terra e o dinheiro. Numa sociedade comercial,
esse fornecimento só poderia ser organizado de uma forma: tornando-os disponíveis à
compra. Agora eles tinham que ser organizados para a venda no mercado. Isso estava de
acordo com a exigência de um sistema de mercado. Sabemos que em um sistema como esse,
os lucros só podem ser assegurados se garante a autorregulação por meio de mercados
competitivos interdependentes.
(POLANYI, K. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000 (adaptado).)

A consequência do processo de transformação socioeconômica abordado no texto é a


(A) expansão das terras comunais.
(B) limitação do mercado como meio de especulação.
(C) consolidação da força de trabalho como mercadoria.
(D) diminuição do comércio como efeito da industrialização.
(E) adequação do dinheiro como elemento padrão das transações
8. (Enem, 2016) O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras situações de
contestação política na América portuguesa, é que o projeto que lhe era subjacente não tocou
somente na condição, ou no instrumento, da integração subordinada das colônias no império
luso. Dessa feita, ao contrário do que se deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avançou
sobre a sua decorrência.
JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C. G. (Org.) Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-
2000). São Paulo: Senac, 2000.

A diferença entre as sedições abordadas no texto encontrava-se na pretensão de


(A) eliminar a hierarquia militar.
(B) abolir a escravidão africana.
(C) anular o domínio metropolitano.
(D) suprimir a propriedade fundiária.
(E) extinguir o absolutismo monárquico.
História

9. (Enem, 2014) Sendo os homens, por natureza, todos livres, iguais e independentes, ninguém
pode ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem sem dar
consentimento. A maneira única em virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia à liberdade
natural e se reveste dos laços da sociedade civil consiste em concordar com outras pessoas
em juntar-se e unir-se em comunidade para viverem com segurança, conforto e paz umas com
as outras, gozando garantidamente das propriedades que tiverem e desfrutando de maior
proteção contra quem quer que não faça parte dela.
(LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1978.)

Segundo a Teoria da Formação do Estado, de John Locke, para viver em sociedade, cada
cidadão deve
(A) manter a liberdade do estado de natureza, direito inalienável.
(B) renunciar a seus direitos individuais em prol do bem comum.
(C) abdicar de sua propriedade e submeter-se ao poder do mais forte.
(D) concordar com as normas estabelecidas para a vida em sociedade.
(E) renunciar à posse jurídica de seus bens, mas não à sua independência.

10. (Enem PPL, 2012)


TEXTO I
O Estado sou eu.
(Frase atribuída a Luís XIV, Rei Sol, 1638-1715. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br. Acesso em: 30 nov.
2011.)

TEXTO II
A nação é anterior a tudo. Ela é a fonte de tudo. Sua vontade é sempre legal; na verdade é a
própria lei.
(SIEYÈS, E-J. O que é o Terceiro Estado. Apud. ELIAS, N. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos
XIX e XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.)

Os textos apresentados expressam alteração na relação entre governantes e governados na


Europa. Da frase atribuída ao rei Luís XIV até o pronunciamento de Sieyès, representante das
classes médias que integravam o Terceiro Estado Francês, infere-se uma mudança decorrente
da
(A) ampliação dos poderes soberanos do rei, considerado guardião da tradição e protetor de
seus súditos e do Império.
(B) associação entre vontade popular e nação, composta por cidadãos que dividem uma
mesma cultura nacional.
(C) reforma aristocrática, marcada pela adequação dos nobres aos valores modernos, tais
como o princípio do mérito.
(D) organização dos Estados centralizados, acompanhados pelo aprofundamento da
eficiência burocrática.
(E) crítica ao movimento revolucionário, tido como ilegítimo em meio à ascensão popular
conduzida pelo ideário nacionalista.

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História
Gabaritos

Exercícios de fixação

1. C
A burguesia aproveitou o movimento iluminista para dar base às suas críticas contra o regime
absolutista, a sociedade estamental – que era baseada nos privilégios do clero e da nobreza –,
e as práticas mercantilistas – que eram vistas como um empecilho para o amplo
desenvolvimento comercial e industrial.

2. Ainda que a Revolução tivesse buscado a queda dos privilégios da nobreza e a igualdade de
todos perante a lei, a Constituição francesa de 1791 estabeleceu o voto censitário (só
proprietários poderiam votar), o que limitou a participação de boa parte da população.

3. D
O movimento construído ao longo do século XVIII nasceu com a proposta de trazer a “luz” para
iluminar as “trevas”. As “trevas” faziam referência ao Antigo Regime; sendo assim, o
anticlericalismo foi uma das bandeiras desses pensadores, que entendiam que a instituição
religiosa não poderia interferir na sociedade de forma tão abrangente. Além disso, a igualdade
perante a lei visava a quebrar a lógica estamental do absolutismo.

4. A
Durante a transição da Idade Média para Idade Moderna, houve a formação e a consolidação
do capitalismo comercial, popularmente conhecido como mercantilismo. Com o advento de
máquinas na produção e a formação de indústrias, teve início o capitalismo industrial.

5. A
A criação de um aparato administrativo maior e mais complexo foi resultado de uma presença
mais efetiva da coroa na colônia, com a intenção de coibir o contrabando e garantir a
arrecadação dos impostos.

Exercícios de vestibulares

1. C
Para os ingleses, o Tratado de Methuen representou privilégios comerciais, pois eles lucravam
muito mais com a venda de tecidos em massa do que os portugueses com a venda de vinhos.

2. B
A descoberta do ouro na região das Minas Gerais e a consequente mudança do eixo econômico-
político para o Rio de Janeiro alavancaram o tráfico negreiro, uma vez que a mão de obra
utilizada era a escravizada.

3. E
O século XVIII, conhecido também como o “Século das Luzes”, foi marcado pelo surgimento do
movimento iluminista, que valorizava a razão e o cientificismo em detrimento do clericalismo.
Além disso, foi nesse século que as ideias liberais ganharam força dentro do continente
europeu.

4. D
Uma das grandes reivindicações dos revolucionários franceses, influenciados pelo Iluminismo,
foi a igualdade política e jurídica, que foi estabelecida na Declaração de Direitos do Homem e
do Cidadão.
História
5. E
O texto faz uma ligação entre as ideias iluministas e a Revolução Francesa, que se tornou um
símbolo de luta contra o antigo regime e o absolutismo na França. Embalada por ideais de
igualdade e liberdade, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão se tornou um marco
na luta contra uma sociedade nobiliárquica e em prol de uma igualdade civil.

6. E
A Intendência das Minas foi criada no século XVIII para administrar e organizar a exploração
aurífera, garantindo a cobrança de impostos e a divisão e distribuição das áreas que
apresentassem riquezas minerais.

7. C
Uma das consequências da Revolução Industrial foi que a força de trabalho se tornou uma
mercadoria. Se antes os camponeses e artesãos eram donos do seu próprio meio de produção,
com o surgimento de indústrias eles passaram a ter que vender a sua força de trabalho como
forma de sobreviver, e os meios de produção passaram a estar concentrados na mão da
burguesia.

8. B
A Conjuração Baiana e a Inconfidência Mineira foram as primeiras revoltas separatistas no
Brasil colônia. Fortemente inspirada por ideais iluministas, a Revolta dos Alfaiates possuía um
caráter mais radical e popular, uma vez que foi diretamente influenciada pela Revolução
Francesa e as ideias de liberdade e igualdade, inclusive para os escravizados.

9. D
John Locke é considerado o precursor do movimento iluminista e defendia a ideia de que os
homens possuíam direitos naturais, como a vida, a liberdade, a igualdade e a propriedade
privada. Contudo, a garantia desses direitos só poderia se dar por meio de um contrato social,
que mediaria a relação entre o povo e o governo.

10. B
Os trechos apresentam duas concepções do que seria o Estado em diferentes momentos da
história. No Antigo Regime, o que imperava era o absolutismo e a concentração de poder nas
mãos do rei, que era o próprio Estado. Com o advento do movimento iluminista e do liberalismo
político, cresceu a ideia de nação e de modelos de governo baseados na vontade e na defesa
do interesse do povo.

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