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CONSIDERANDO QUE:
(i) Nos termos do disposto no n.º2, do artigo 201.º do Estatuto da Ordem dos
Advogados (EOA), aprovado pela Lei n.º 145/2015, de 9 de Setembro “Os
advogados brasileiros cuja formação académica superior tenha sido realizada
no Brasil ou em Portugal podem inscrever-se na Ordem dos Advogados em
regime de reciprocidade”;
(ii) Por força do disposto na supra referida norma do EOA, “(…) os Advogados
brasileiros cuja formação académica superior tenha sido realizada no Brasil ou
em Portugal podem inscrever-se na Ordem dos Advogados desde que idêntico
regime seja aplicável aos Advogados de nacionalidade portuguesa inscritos na
Ordem dos Advogados que se queiram inscrever na Ordem dos Advogados do
Brasil” (cfr. artigo 17.º, n.º 1, do Regulamento de Inscrição de Advogados e
Advogados Estagiários (RIAAE) – Regulamento n.º 913-C/2015, de 28 de
Dezembro de 2015);
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(iii) O regime de reciprocidade permite a inscrição na Ordem dos Advogados
Portugueses de Advogado/a brasileiro/a com dispensa da realização de Estágio
e da obrigatoriedade de realizar prova de agregação (cfr. n.º 2, do artigo 17.º
do Regulamento de Inscrição de Advogados e Advogados Estagiários);
(iv) Por seu turno, o Provimento n.º 129/2008, datado de 8 de Dezembro de 2008,
do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que regulamenta a
inscrição de Advogados portugueses na Ordem dos Advogados do Brasil,
estabelece no seu artigo 1.º que “O advogado de nacionalidade portuguesa, em
situação regular na Ordem dos Advogados Portugueses, pode inscrever-se no
quadro da Ordem dos Advogados do Brasil, observados os requisitos do art.º
8.º da Lei n.º 8.906, de 1994, com a dispensa das exigências previstas no inciso
IV e no 4 § 2.º, e do art. 20.º do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e
da OAB”;
(v) É do conhecimento geral que existe uma diferença notória na prática jurídica
em Portugal e no Brasil, e bem assim dos formalismos e plataformas digitais
judiciais que são essenciais ao exercício da profissão, sendo efetivo o seu
desconhecimento por parte dos Advogados(as) brasileiros(as) e portugueses(as)
quando iniciam a sua atividade quer em Portugal quer no Brasil;
(vi) Os atos próprios de Advogado/a, para quem não dispõe da necessária formação
académica e profissional no âmbito dos ordenamentos jurídicos português e
brasileiro, revelam elevada complexidade técnica;
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têm nenhum acordo de reciprocidade idêntico com a República Federativa do
Brasil que, por sua vez, não integra a União Europeia, não fazendo parte do
Conselho da Europa, o que manifestamente viola, não só o regime de
reciprocidade existente, mas também todos os tratados e diretivas europeias
subscritos por Portugal.
CAPÍTULO I
Disposições gerais
CLÁUSULA PRIMEIRA
(Objeto)
O presente Protocolo tem por objeto definir as condições de inscrição na Ordem dos
Advogados Portugueses de Advogados Brasileiros cuja formação académica superior tenha
sido realizada no Brasil ou em Portugal, bem como, as condições da inscrição na Ordem
dos Advogados do Brasil de Advogados de nacionalidade portuguesa cuja formação
académica superior tenha sido realizada em Portugal ou no Brasil.
CAPÍTULO II
Condições de inscrição na Ordem dos Advogados Portugueses de Advogados brasileiros
CLÁUSULA SEGUNDA
(Prova escrita)
1- Os Advogados brasileiros cuja formação académica superior tenha sido realizada no
Brasil ou em Portugal que pretendam inscrever-se na Ordem dos Advogados
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Portugueses, deverão realizar previamente, com aproveitamento, uma prova
escrita, a qual, terá como finalidade a verificação da capacidade técnica e
científica do Advogado brasileiro, bem como da sua preparação deontológica para o
exercício da profissão nos respetivos países.
2- A prova escrita prevista no número 1 da presente Cláusula deverá ser composta de
duas partes:
a) A primeira parte consistirá num teste, que incidirá sobre as áreas de
deontologia profissional, prática processual civil e prática processual penal;
b) A segunda parte consistirá na elaboração de uma peça processual nos termos
estabelecidos no respetivo enunciado.
CLÁUSULA TERCEIRA
(Condição de exercício do mandato judicial)
1- Os Advogados brasileiros cuja formação académica superior tenha sido realizada no
Brasil ou em Portugal que pretendam inscrever-se na Ordem dos Advogados
Portugueses e que não realizem com aproveitamento a prova escrita prevista na
Cláusula Segunda do presente Protocolo, poderão requerer a sua inscrição na
Ordem dos Advogados Portugueses apenas podendo exercer a representação e o
mandato judicial perante os tribunais portugueses sob a orientação efetiva, por um
período temporal igual ao do período de Estágio, de Advogado com inscrição em
vigor na Ordem dos Advogados Portugueses e que não tenha sido inscrito ao abrigo
do regime de reciprocidade, previsto no n.º2 do artigo 201.º do EOA.
2- Para os efeitos do disposto no número anterior da presente Cláusula, a procuração
forense passada a Advogado brasileiro inscrito na Ordem dos Advogados
Portugueses, deverá identificar devidamente o Advogado inscrito na Ordem dos
Advogados Portugueses responsável pela orientação do patrocínio e a qualidade em
que este intervém.
3- No final do período temporal referido no número 1 da presente Cláusula, o
Advogado responsável pela orientação do patrocínio deverá emitir declaração sob
compromisso de honra, a entregar na Ordem dos Advogados Portugueses, atestando
a adequada preparação, capacidade técnica e deontológica do(a) Advogado(a)
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brasileiro(a) que orientou, para o exercício da profissão no território português,
após o qual poderá o(a) Advogado(a) brasileiros(a) inscrever-se definitivamente na
Ordem dos Advogados Portugueses.
CLÁUSULA QUARTA
(Registo e inscrição de Advogado em outros Estados-Membros da União Europeia)
1 - Aos Advogados brasileiros inscritos na Ordem dos Advogados Portugueses ao abrigo
do regime de reciprocidade previsto no n.º2, do artigo 201.º do Estatuto da Ordem dos
Advogados, será emitida Cédula Profissional onde conste tal informação, com a
advertência de que os(as) mesmos(as) não poderão requerer o registo ou a inscrição
em Ordem dos Advogados ou associação profissional equivalente em outro Estado
membro da União Europeia, a não ser que exista acordo de reciprocidade que o
permita, Tratado Europeu com o Estado Brasileiro que o admita legalmente, ou desde
que sejam cumpridas as disposições impostas para o exercício da advocacia de cada
Estado membro da União Europeia, aos Advogados(as) estrangeiros(as).
2 – Todos(as) os Advogados(as) que foram até à presente data admitidos ao abrigo do
regime de reciprocidade, não estão autorizados ao exercício da Advocacia fora dos
território dos países contraentes, a não ser que exista com os demais Estados membros
da União Europeia acordo de reciprocidade que o permita, Tratado Europeu com o
Estado Brasileiro que o admita legalmente, ou desde que sejam cumpridas as
disposições impostas para exercício da advocacia de cada Estado membro da União
Europeia, aos Advogados(as) estrangeiros(as).
CAPÍTULO III
Inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil de Advogados portugueses
CLÁUSULA QUINTA
(Condições de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil de Advogados portugueses)
O disposto nas Cláusulas Segunda e Terceira do presente Protocolo, aplicar-se-á, com as
devidas adaptações aos Advogados de nacionalidade portuguesa, inscritos na Ordem dos
Advogados Portugueses que se pretendam inscrever na Ordem dos Advogados do Brasil.
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CAPÍTULO IV
Disposições Finais
CLÁUSULA SEXTA
(Prazo para adaptação de regulamentação interna)
1- Com a celebração do presente Protocolo a Ordem dos Advogados Portugueses e a Ordem
dos Advogados do Brasil obrigam-se a promover no prazo máximo de 180 (cento e oitenta
dias) a adaptação da respetiva regulamentação interna referente à inscrição de
Advogados, em conformidade com o disposto no presente Protocolo.
2- Em caso de incumprimento do prazo previsto no número anterior, por qualquer uma das
Partes Outorgantes, cessa o regime reciprocidade de inscrição.
CLÁUSULA SÉTIMA
(Vigência)
O presente Protocolo entra em vigor na data da sua assinatura por ambas as Partes
Outorgantes e terá a duração de […] anos, considerando-se, tacitamente prorrogado por
iguais períodos de tempo, se não for denunciado por qualquer das Partes Outorgantes,
mediante comunicação escrita registada expedida para as moradas referidas no presente
Protocolo, com a antecedência mínima de 90 (noventa) dias relativamente ao termo do
período em curso, sem prejuízo, no entanto, do cumprimento integral das obrigações
entretanto assumidas pelas Partes Outorgantes.
CLÁUSULA OITAVA
(Alterações e comunicações)
1 – Qualquer alteração ou cláusula adicional ao presente Protocolo só será válida se
constar de documento assinado por ambas as Partes Outorgantes.
2 - As comunicações a que haja lugar entre as Partes Outorgantes ao abrigo deste
Protocolo serão efetuadas por escrito, por correio ou correio eletrónico para os seguintes
endereços:
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E-mail: […]
Beto Simonetti