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Regulamento sobre Estágio

ORDEM DOS ADVOGADOS DE ANGOLA

CONSELHO NACIONAL

REGULAMENTO SOBRE ESTÁGIO

O Estatuto da Ordem dos Advogados estabelece as grandes


linhas de acção que devem nortear a actividade dos
estagiários e a forma de organização e desenvolvimento dos
estágios como mecanismo de aprofundamento dos
conhecimentos adquiridos nas instituições de ensino e de
preparação dos jovens advogados para a vida prática.

O estagiário, como se frisa no Estatuto da Ordem dos


Advogados, " tem por fim familiarizar o advogado estagiário
com os actos e termos mais usuais da prática forense e, bem
assim, inteirá-lo dos direitos e deveres dos advogados".

A Ordem dos Advogados, como órgão responsável pela


organização geral dos estágios, tem vindo a definir a
regulamentação que servirá de base à sua estruturação,
estabelecendo a metodologia e a forma do seu
desenvolvimento, quer na sua parte teórica como na parte
prática.
Nestes termos, ao abrigo do estabelecido nos artigos 103º e
seguintes do Estatuto da Ordem dos Advogados e da
competência que lhe é atribuída pela alínea e) do artigo 33º
do Estatuto da Ordem dos Advogados de Angola, o Conselho
Nacional delibera o seguinte :

CAPÍTULO I

Objecto, Duração e Conteúdo

Artigo 1º

(Do estágio)

1.Está sujeito a estágio o Advogado Estagiário inscrito nos


termos do Artigo 98º e seguintes do Estatuto da Ordem dos
Advogados.

2. O exercício de funções de Magistrado Judicial e do


Ministério Público com boa informação por um período igual
ou superior ao do estágio equivale à realização do estágio.

3. São dispensados do estágio os docentes e antigos


docentes do ensino Superior de direito e os doutores em
direito.

Artigo 2º

(Objectivo do Estágio)
O estágio tem por fim familiarizar o advogado estagiário com
os actos e termos mais usuais da prática forense e, bem assim,
inteirá-lo dos direitos e deveres dos advogados.

Artigo 3º

(Duração e Direcção do Estágio)

1. O estágio tem a duração de dezoito meses e é realizado


sob direcção de um advogado com pelo menos cinco anos de
efectivo exercício da advocacia.

2. Sem prejuízo do que se dispõe no número anterior o


estágio tem a duração de seis meses para os Advogados que
tenham realizado o seu estágio no sistema de direito Anglo-
saxónico e de três meses para os que tenham efectuado o
estágio no sistema de direito Romano Germânico.

3. Durante o período de estágio o advogado estagiário é


obrigado a prestar em média, um serviço mínimo de três
horas diárias no escritório do patrono.

Artigo 4º

(Conteúdo do Estágio)

1. Durante o primeiro período de estágio, o estagiário não


pode praticar actos próprios das profissões de advogados ou
de solicitador judicial senão em causa própria ou de cônjuge,
ascendente ou descendente.

2. Durante o segundo período de estágio, o estagiário pode


exercer quaisquer actos da competência dos solicitadores e,
bem assim:

a) Exercer a advocacia em qualquer processo, por


nomeação oficiosa;

b) Exercer a advocacia em processos penais;

c) Exercer a advocacia em processos não penais cujo valor


caiba na alçada dos tribunais da 1ª instância e ainda nos
processos dos tribunais de menores;

d) Dar consulta jurídica

3. Para efeitos das alíneas a) e b) do número anterior o


Advogado estagiário deve realizar um mínimo de quinze
intervenções processuais de natureza penal sendo sete em
processos em fase de instrução e oito em fase de
julgamento.

4. Em matéria não penal prevista na alínea c) do número 2


do presente artigo, o Advogado estagiário deve realizar um
mínimo de doze intervenções processuais.

5. O Advogado estagiário organiza um processo completo


com cópias dos articulados, cartas e actas de reuniões que
produzir, bem como de requerimentos e alegações que fizer,
procedendo à sua entrega à Ordem dos Advogados, no final do
estágio, anexo ao relatório do Patrono previsto no artigo 9º do
presente regulamento.

Artigo 5º

(Trabalho sobre Ética e Deontologia)

O Advogado estagiário deve apresentar no final do estágio,


um trabalho de dissertação, escrito, sobre ética e deontologia,
com um mínimo de 15 páginas e de acordo com as regras de
apresentação que constarão de anexo ao presente
regulamento.

CAPÍTULO II

Sobre o Patrono

Artigo 6º

( Função do Patrono)

1. Compete ao patrono orientar e dirigir a actividade


profissional do estagiário, iniciando-o no exercício efectivo da
advocacia e na sua actuação dentro do cumprimento das
regras deontológicas da profissão.
2. Ao patrono cabe ainda apreciar a idoneidade moral, ética
e deontológica do estagiário para o exercício da profissão.

Artigo 7º

(Sobre a Escolha do Patrono)

O patrono pode ser proposto pelos Advogados estagiários ou


escolhido pela Ordem dos Advogados de Angola, devendo, em
qualquer dos casos, haver a anuência do advogado que servirá
de patrono.

Artigo 8º

(Deveres do Patrono)

Ao aceitar um estagiário o Advogado-Patrono fica vinculado


perante a Ordem dos Advogados e durante o período de
estágio a:

a) Permitir ao estagiário o acesso ao seu escritório e a


utilização deste nas condições e com as limitações que
venham a estabelecer;

b) Aconselhar e apoiar o estagiário na sua actividade


profissional;

c) Fazer-se acompanhar do estagiário em diligências judiciais,


pelos menos quando este o solicita ou o interesse das
questões debatidas o recomende;
d) Permitir ao estagiário a utilização dos serviços do
escritório designadamente de dactilografia, telefones, telex,
telefax, computadores e outros, nas condições e com as
limitações que venha a determinar;

e) Permitir a aposição da assinatura do estagiário, por si ou


em conjunto com a do Patrono, em todos os trabalhos por
aqueles realizados, no âmbito da sua competência.

Artigo 9º

(Escusa do Patrono)

1. O patrono pode a todo o tempo pedir escusa da


continuação do patrocínio a um estágio, por violação de
qualquer dos deveres impostos a estes ou qualquer outro
motivo fundamentado.

2. O pedido de escusa do patrocínio deve ser dirigido ao


Conselho Provincial competente, segundo o regime do artigo
106º, do estatuto da Ordem dos Advogados, com a exposição
dos factos que o justificam, podendo, sendo o caso, ser
instaurado procedimento disciplinar contra o estagiário
faltoso.

Artigo 10º

(Relatório do Patrono)
No termo do período de estágio o Patrono elabora um
relatório sumário da actividade exercida pelo estagiário que
incluirá a sua opinião sobre o trabalho de ética e deontologia
e concluirá por um parecer fundamentado sobre a aptidão ou
inaptidão do estagiário para o exercício da profissão.

CAPÍTULO III

Deveres do Estagiário

Artigo 11º

(Deveres do Estagiário)

São deveres específicos do estagiário durante o período de


exercício da actividade com o patrono:

a) Observar escrupulosamente as regras, condições e


limitações de Utilização do escritório do patrono.

b) Guardar respeito e lealdade para com o patrono;

c) Colaborar com o patrono sempre que este o solicite e


efectuar os trabalhos que lhe sejam determinados, desde que
compatíveis com a actividade e dignidade de Advogado
Estagiário.

d) Guardar absoluto sigilo profissional


Artigo 12º

(Indicação da Qualidade de Estagiário)

O Advogado Estagiário deve identificar-se sempre nessa


qualidade quando se apresente ou intervenha em qualquer
acto de natureza profissional.

Artigo 13º

(Nomeações Oficiosas e Assistência Judiciária)

1. Nos processos de nomeação oficiosa ou quando o


requerente de assistência judiciária não indicar advogado,
solicitador ou advogado estagiário e não haja motivos
excepcionais que determinem a imediata nomeação de
advogado ou solicitador, deverão os juizes remeter, ao
Conselho Provincial da Ordem dos Advogados ou Delegado da
área, os pedidos de nomeação de patrono ou defensor oficioso
respeitante a processos compreendidos na competência
própria dos estagiários.

2. O Advogado estagiário é notificado, através do escritório


do seu patrono, para intervir na assistência judiciária, nos
termos da alínea c) do artigo 7º do Decreto-lei n.º15/95, de 10
de Novembro.
3. Para efeitos do número anterior o Presidente do Conselho
Provincial envia uma lista nominal dos Advogados Estagiários
quer ao Presidente do Tribunal Provincial quer ao Director
Provincial da Investigação Criminal.

4. Do estado dos processos acima referidos o Advogado


Estagiário dá conhecimento por escrito ao Patrono.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 14º

(Resolução de Dúvidas)

As dúvidas surgidas na interpretação e aplicação do presente


instrutivo são resolvidas pelo Conselho Nacional da Ordem
dos Advogados.

Artigo 15º

(Entrada em Vigor )

O presente Instrutivo entra em vigor na data da sua


publicação.

O Bastonário

Manuel Gonçalves

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