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DESVALORES JURÍDICOS*

Desvalor jurídico: consequência desfavorável que impede ao infrator da norma jurídica a produção de certo
efeito ou resultado pretendido, valorando negativamente o ato praticado.

ILICITUDE LATO SENSU


(contrariedade à ordem jurídica, que se autonomiza da sua eventual consequência)

Contrariedade à lei, que pode geral uma situação de ineficácia ou de invalidade, ou ainda a
ILEGALIDADE aplicação de uma sanção jurídica [e.g., o internamento de um maior acompanhado sem autorização
expressa ou ratificação do tribunal (artigo 148.º do CC)]

Contrariedade à ordem jurídica no seu todo, valorando negativamente condutas que, embora
ILICITUDE
legais na sua aparência, contrariam princípios jurídicos ou cedem após ponderação com
STRICTO SENSU
outras normas [e.g., abuso de direito (artigo 334.º do CC) e colisão de direitos (artigo 335.º do CC)]

INEFICÁCIA LATO SENSU


(não produção de um ato, atendendo à sua desconformidade normativa)

O Direito considera que o ato praticado não tem qualquer relevo jurídico; o ato nem sequer é
INEXISTÊNCIA tido como existente para efeitos da ordem jurídica [e.g., falta de promulgação do ato legislativo pelo
Presidente da República (artigos 137.º e 140.º, n.º 2, da CRP)].

Consequência mais gravosa, em que, por motivos de interesse público,


INVALIDADE o ato praticado não produz quaisquer efeitos jurídicos, os quais são

(Falta de valor jurídico; retroativamente destruídos (artigo 289.º do CC). A nulidade não é sanável
o ato praticado não tem NULIDADE e pode ser invocada a todo o tempo por qualquer interessado, ou mesmo
o valor que o Direito lhe declarada oficiosamente pelo tribunal – i.e., por sua própria iniciativa
pretenderia atribuir) (artigo 286.º do CC) [e.g., inobservância da forma legal exigida para o ato
(artigo 220.º do CC); contrariedade à Constituição (artigo 3.º, n.º 3, da CRP)].

* O presente documento não exclui a necessidade de consulta da bibliografia recomendada para a disciplina de Introdução ao Estudo do Direito,
limitando-se a resumir, de modo esquemático e simplificado, a matéria. Bom trabalho!
Consequência menos gravosa, em que tipicamente se tutelam interesses
particulares, destruindo-se igualmente os efeitos jurídicos produzidos
pelo ato praticado (artigo 289.º do CC). Contrariamente à nulidade, a
ANULABILIDADE anulabilidade pode ser sanada mediante confirmação do ato praticado
(artigo 288.º do CC), apenas pode ser arguida por certos interessados e
dentro de determinado prazo (artigo 287.º do CC) [e.g., ato praticado por
menor sem a devida autorização ou representação (artigo 125.º do CC)].

É prescrito um regime específico que conjuga, simultaneamente, traços


INVALIDADES característicos da nulidade e da anulabilidade [e.g., venda de bens alheios,
ATÍPICAS que prescreve uma nulidade atípica que apenas pode ser invocada por certos
interessados (artigo 892.º do CC)]

O desvalor encontra-se associado a um vício de procedimento (e não de conteúdo) do ato


INEFICÁCIA praticado, que o impede de produzir todos os seus efeitos, tornando-o inoponível perante
STRICTO SENSU terceiros [e.g., falta de publicação dos atos legislativos em Diário da República (artigo 119.º, n.º 2, da
CRP), ou de registo da cláusula de reserva de propriedade de bem imóvel (artigo 409.º, n.º 2, do CC)]

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