Trata-se de inovação da Constituição de 88, inspirada no art. 283 da Constituição
portuguesa. O que se busca com a ADO é combater uma “doença”, chamada pela doutrina de “síndrome de inefetividade das normas constitucionais”. O art. 103, § 2º, da CF/88 determina que, declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva a norma constitucional, será dada ciência ao poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. O que busca é tornar efetiva a norma constitucional destituída da efetividade, ou seja, somente as normas constitucionais de eficácia limitada. Abrimos um pequeno parêntese, na ADO temos os controle concentrado, através do Mandado de Injunção temo o controle difuso, pela via de exceção ou defesa e, atualmente, com algumas particularidades previstas na Lei n.º 13.300/2016, que o regulamentou. Desse modo é importante ressaltar que a Lei nº 12.063/2009, que passou a estabelecer a referida disciplina processual da ADO será segmentada em: Espécies de Omissão; Objeto; Competência; Legitimidade; Natureza Jurídica dos Legitimados e Procedimento. Quanto às Espécies de Omissão, esta é divida em duas categorias, podendo ser total ou parcial. É total quando não houver o cumprimento do dever de normatizar, editando medida para tornar efetiva a norma constitucional; e é parcial quando houver a normatização infraconstitucional, porém de forma insuficiente. Como exemplo de inconstitucionalidade por omissão total ou absoluta, destaca-se o art. 37, VII, que prevê o direito a greve para os servidores públicos, ainda não regulamentado por lei. Outro exemplo é o revogado art. 192, § 3.º, que dependia de lei sobre a limitação da taxa de juros de 12% ao ano - cf. S. 648/STF e SV 7/2008. A inconstitucionalidade por omissão parcial, por sua vez, dividi-se em duas: parcial propriamente dita ou parcial relativa. A primeira é verificada quando encontra-se ato normativo que, apesar de editado, regula de forma deficiente o texto. Como exemplo, temos o art. 7º, IV, que dispõe sobre o direito ao salário mínimo. A lei que fixava seu valor estabelecido existe, mas o regulamente de forma deficiente, pois o valor estabelecido é muito inferior ao razoável para cumprir toda a garantia referida na norma. A segunda surge quando o ato normativo existe e outorga determinado benefício a certa categoria, mas deixa de concedê-lo a outra, que deveria ter sido contemplada. Ness caso, há de se lembrar o entendimento materializado na Súmula 339/STF, potencializada com a sua conversão na Súmula Vinculante 37/2014: "não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento da isonomia". Quanto ao Objeto, a omissão de cunho normativo é mais ampla do que a omissão de cunho legislativo, pois ela engloba "atos gerais, abstratos e obrigatórios de outros Poderes e não apenas daquele ao qual cabe precipuamente, a criação do direito positivo", como expresso no art. 103, § 2º ao mencionar "omissão de medida" para tornar efetiva norma constitucional em razão de omissão de qualquer dos Poderes ou de órgão administrativo. Desse modo, são impugnáveis no controle abstrato da omissão, a inércia legislativa em editar quaisquer dos atos normativos primários suscetíveis de impugnação em ação direta de inconstitucionalidade. O objeto aqui, porém, é mais amplo: também caberá a fiscalização da omissão inconstitucional em se tratando de atos normativos secundários, como regulamentos ou instruções, de competência do Executivo. Portanto, o STF já decidiu que, pendente julgamento de ADO, se a norma constitucional que não tinha sido regulamentada vier a ser revogada, a ação deverá ser extinta por perda de objeto, julgando-se prejudicada. Quanto à Competência, compete unicamento ao STF apreciar a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, como previsto nos arts. 103, § 2º, combinado com o 102, I,"a". Quanto à Legitimidade, os legitimados para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão são os mesmos legitimados pela Ação Direta de Inconstitucionalidade, ou seja, o rol previsto no art. 103, com as peculiaridades já apontadas em relação à pertinência temática. Ademais, a Lei n. 12.063/2009 ratificou esse posicionamento, não havendo mais quaisquer dúvidas sob a questão. Quanto à Natureza Jurídica dos legitimados, assim como na ADI genérica, o processo de controle na ADO tem por escopo a defesa da ordem fundamental de condutas com ela incompatíveis, não sendo destinadas pela própria indóle à proteção de situações individuais ou de relações subjetivadas, mas visa precipuamente à defesa da ordem jurídica. Desse forma, os legitimados agem como advogados do interesse público, e assim a consumação do típico processo objetivo. Quanto ao Procedimento, é o mesmo da ADI genérica, só que com algumas peculiaridades. Nos termos do art. 12 - B da Lei n. 9868/99, a petição inicial, acompanhada de procuração, se for o caso, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias dos documentos necessários para comprovar a alegação de omissão, indicando então a: omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento do dever constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa; e o pedido com suas especificações. A petição inicial inepta, não fundamentada, e a manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator, cabendo agravo da referida decisão. Por fim, quanto à Medida Cautelar, está poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal. Segundo o art. 12-F da Lei n. 9868/99, em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, observado no disposto do art. 22, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se num prazo de 5 dias. O relator, julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da República no prazo de 3 dias. No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão inscontitucional, na forma do previsto pelo Regimento do Tribunal. Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar, em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União, a parte dispositiva da decisão no prazo de 10 dias, devendo solicitar as informações à autoridade ou ao órgão responsável pela omissão inscontitucional, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I do Capítulo II da Lei n 9868/99.
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