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FAIPE – FACULDADE DE TECNOLOGIA DO IPÊ

CURSO DE DIREITO - 2° SEMESTRE


DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I
Professor: Me. NELO NOCCI
ALUNO: LUIS ALBERTO DOS SANTOS
MATRICULA: 07000399
CUIABÁ, 28 DE NOVEMBRO DE 2022.
ATIVIDADES AVALIATIVAS – QUESTÕES 12
1. É possível afirmar que um ato ilícito produz efeito jurídico? Fundamente.
O ato ilícito (CC, art. 159) produz efeito jurídico, só que este não é desejado
pelo agente, mas imposto por lei. Para que se configure o ato ilícito é mister que haja
um dano moral ou material à vítima, uma conduta culposa (dolo ou culpa “stricto
sensu”) por parte do autor e um nexo causal entre o dano configurado e a conduta
ilícita. Ilícito civil gera uma obrigação indenizatória pelos danos efetivos e, em
alguns casos, pelo que a vítima deixou de lucrar com o dano provocado. Tal
obrigação decorre da responsabilidade civil, que é a possibilidade jurídica que
determinada pessoa tem de responder pelos seus atos, sejam eles lícitos ou não.
A responsabilidade pode ser direta (responder pelos próprios atos) ou indireta
(responder por atos de terceiros).

2. O Código Civil dispõe a respeito do abuso de direito. Para a sua configuração


não é necessária a intenção de prejudicar terceiro. Explique tal afirmação.
O instituto do abuso de direito traz a premissa da relativização dos direitos,
visando evitar o exercício abusivo dos mesmos pelos seus titulares, com escopo de
garantir o bem-estar das relações jurídicas na sociedade. Logo, todo aquele que
excede os parâmetros da boa-fé objetiva, dos bons costumes e a finalidade social ou
econômica dos direito ou prerrogativa deve ter sua conduta repelida pelo Direito, já que
o exercício absoluto de um direito causa um desequilíbrio nos valores ético-sociais, que
fundamentam a vida em sociedade.

3. A prescrição e a decadência são institutos jurídicos diversos. Apresente uma


distinção entre eles. Em seguida, dê exemplo de cada um.
A prescrição - diz respeito à extinção da necessidade de uma devida prestação, um
direito que continua existindo na relação jurídica de direito material em função de um
descumprimento que acabou gerando aquela ação. É a extinção do direito do Estado
de punir alguém por um crime cometido. No Código Penal, cada situação pode ter um
prazo diferente e, por isso, é importante que o caso seja investigado. Exemplo: de
maneira geral, ocorre a prescrição de um crime quando o período em que a
pessoa que cometeu o crime deveria ter sido punida já venceu.
A decadência - refere-se à perda efetiva de um direito pelo seu não exercício no prazo
estipulado, ou seja, a pessoa demorou demais para reivindicar. Exemplo: é quando o
ofendido perde o direito de ação por ter ficado em inércia, gerando o vencimento
do prazo fixado em lei. A sua consequência é a extinção da punibilidade, como
manda o Código Penal, ou seja, não é mais possível mover uma ação contra a
pessoa que cometeu o crime.
4. A prescrição pode ser objeto de impedimento, suspensão e interrupção.
Explique cada um desses institutos. Em seguida, dê um exemplo de cada.
No impedimento, o prazo prescricional sequer se iniciou. Exemplo: incapacidade
absoluta, de que trata o art. 3º do Código Civil (art. 198, I, do Código Civil). Não corre o
prazo de prescrição trabalhista contra menor de 18 anos (art. 440 da Consolidação das
Leis do Trabalho e art. 10, parágrafo único, da Lei n. 5.889/73 — Lei do Trabalhador
Rural). Trata-se de causa impede que o prazo prescricional, independentemente de
ser o menor absoluta ou relativamente incapaz .

Na suspensão, o prazo prescricional já se iniciou e ao tornar a correr, leva-se


em conta o período anteriormente transcorrido. Exemplo: ato sobre o qual pende
condição suspensiva e não estando vencido o prazo (art. 199, I e II, do Código Civil).
Havia quem defendesse que a doença do empregado era uma causa suspensiva da
fluência da prescrição, por analogia ao art. 199, I, CC. Todavia, o Tribunal Superior do
Trabalho firmou entendimento de que “a suspensão do contrato de trabalho, em
virtude da percepção do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, não impede
a fluência da prescrição quinquenal, ressalvada a hipótese de absoluta impossibilidade
de acesso ao judiciário” (Orientação Jurisprudencial n. 375 da SBDI- I).

Na interrupção, o prazo prescricional também já se iniciou, mas, ao tornar a correr, o


prazo recomeça do zero. Exemplo: despacho do Juiz, mesmo incompetente, ordenando a
citação, desde que esta seja promovida pelo interessado, no prazo e na forma da lei
processual (art. 202, I, Código Civil). De acordo com o Código Civil o efeito
interruptivo decorre da citação válida que retroagirá à data do despacho, se
promovida no prazo e na forma estabelecidos no Código de Processo Civil, ou à data
da distribuição, onde houver mais de uma vara. Proposta a ação no prazo legal, em
caso de demora da citação ou de obtenção de despacho por motivos inerentes ao
mecanismo da Justiça, não há que se falar em declarar a prescrição ou a decadência,
uma vez que não houve inércia do titular da ação e sim do próprio Judiciário .

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