Você está na página 1de 7

Centro universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson.

NOME: Jaime Ramos – RA: 2010330 – SEMESTRE: 5º


NOME: Jessica Grossklauss – RA: 2010332 – SEMESTRE: 5º
NOME: Jayme Petena Jr – RA: 1920013 – SEMESTRE: 5º

RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ADVOGADO
INTRODUÇÃO
HISTORIA
A responsabilidade civil encontra-se pautada nos primórdios da civilização humana, onde seu
ponto de partida é o Direito Romano. Nas primeiras formas de sociedade e nas civilizações
romanas, não se cogitava o fator culpa, era predominante a concepção de vingança privada,
como meio de reagir contra a lesão sofrida. Os homens baseavam-se na Lei de Talião, onde as
formas de reparação que dominava na época eram “olho por olho”, “dente por dente”, de
modo que o dano causava uma reação imediata, com traços de brutalidade do ofendido.
Posteriormente a esse período há o da composição, diante da observância do fato de que seria
mais conveniente entrar em composição com o autor da ofensa – para que fosse reparado o
dano por meio da prestação chamada poena (pagamento de certa quantia em dinheiro), a
critério da autoridade pública, se o delito se tratasse de direito público (perpetrado contra
direitos relativos à res publica), e do ofendido, caso fosse de direito privado (efetivado contra
interesses de particulares) – ao invés de cobrar a retaliação, eis que a mesma não reparava
dano algum, proporcionando na verdade duplo dano, o do ofendido e o de seu ofensor, depois
de punido.
Desta forma, a reparação realizada por meio da poena, provocava satisfação do ofendido bem
como do agressor que adquiria o direito ao perdão da vítima.

RESPONSABILIDADE CIVIL
No que concerne ao Código Civil Brasileiro de 2002, Carlos Roberto Gonçalves traz que O
Código Civil de 2002, permanece seguindo o princípio da responsabilidade baseada na culpa
(artigo 927) definindo o ato ilícito no art. 186.
Para a Maria helena Diniz:
“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar
dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de alto por ela mesma praticado,
por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples
imposição legal”.
A noção jurídica de responsabilidade vem da atividade danosa de alguém que, atuando a
priori ilicitamente, infringe uma norma jurídica preexistente, que pode ser legal ou contratual,
sendo submetido às consequências do seu ato consistentes na obrigação de reparar.
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do direito obrigacional, pois a principal
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para o seu autor, de
reparar o dano, obrigação esta de natureza pessoal, que se resolve em perdas e danos.
Costuma-se conceituar a “obrigação” como “o direito do credor contra o devedor, tendo por
objeto determinada prestação.” A característica principal da obrigação consiste no direito
conferido ao credor de exigir o adimplemento da prestação. É o patrimônio do devedor que
responde por suas obrigações.
DESENVOLVIMENTO
Art. 32 O advogado é responsável pelos atos que no exercício profissional, praticar com dolo
ou culpa.
Observa-se, além da responsabilidade disciplinar, o advogado responde civilmente pelos
danos que causar ao cliente, em virtude de Dolo ou Culpa.
Conforme Venosa:
“a responsabilidade civil do advogado é contratual e decorre especificamente do mandato”.
Assim, o advogado deverá responder contratualmente perante seu constituinte, em virtude de
mandato, pelas suas obrigações contratuais de defendê-lo em juízo ou fora dele de aconselhá-
lo profissionalmente.
Dessa forma, responderá civilmente o Advogado pelos erros de direito, se forem graves,
desencadeando à anulação ou nulidade do processo; pelos erros que de fato vier a praticar no
exercício de sua função de advogado; pelas omissões de providências necessárias para
resguardar os direitos do seu constituinte; pela perda do prazo, pela desobediência às
instruções do constituinte, modificando-as, exercendo aos poderes nelas contidos ou
utilizando os concedidos pelo modo prejudicial ao cliente.
Também Responderá o Advogado pelos pareceres dados, contrários à lei, à jurisprudência e à
doutrina; pela omissão de instrução, fazendo com que seu cliente perca seu direito ou obtenha
um resultado desfavorável; pela violação de segredo profissional, em face de imposição de
ordem pública; pelo prejuízo causado a terceiro, embora excepcionalmente, pois seus
procedimentos são encarados como sendo do seu cliente, exceto se houver desvio, excesso ou
abuso de poder; pelo fato de não representar o cliente, para evitar-lhe prejuízo, nos dez dias
seguintes a notificação de sua renúncia ao Mandato Judicial, conforme o artigo 5º, § 3º, do
Estatuto da OAB, e artigo 45 do Código de Processo Civil.
Ainda o Advogado será responsabilizado pela circunstância de ter elaborado publicações
desnecessárias sobre obrigações forenses ou relativas a causas pendentes; por ter servido de
testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, sobre fato relacionado com
pessoa de quem seja ou foi Advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo cliente,
bem como sobre fato que constitua sigilo profissional; por reter ou extraviar autos que se
encontravam em seu poder;pela imputação, em nome do constituinte, sem anuência deste, a
terceiro de fato definido como crime; pelo locupletamento à custa do cliente ou parte adversa,
por si ou por interposta pessoa; pela recusa injustificada a prestar contas ao cliente de quantias
recebidas dele ou de terceiros por conta dele; pela omissão de informação sobre vantagens e
desvantagens da medida judicial proposta e a ser proposta; pela conduta culposa que resultar
em perda da chance de um direito de seu cliente.
MANDATO
De acordo com Ramos:
“O mandato é um contrato consensual, não solene, intuitopersonae, e via de regra gratuito.
O mandato judicialdiferencia-se do mandato comum em dois aspectos. O primeiro, porque é
oneroso, remunerado. O segundo, porque tem duplo caráter, ou seja, engloba tanto a
representação, quanto a prestação de serviços”.
A prova do mandato se estabelece pela apresentação de seu instrumento, que é a procuração.
Art. 37 Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo.
Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição,
bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o
advogado se obrigará, independentemente de caução, a exigir o instrumento de mandato no
prazo de 15 (quinze dias), por despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos como inexistentes,
respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.
De acordo com o artigo 5º do Estatuto da OAB, em seu § 2º, a procuração para foro em geral
habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os
que exijam poderes especiais.
Conforme a legislação processual civil, no Artigo 38 do Código, consideram-se poderes
especiais os de receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido,
transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e
firmar compromisso.
Referente à sociedade de Advogados, aduz Venosa:
“o Estatuto determina que as procurações devem ser outorgadas individualmente aos
advogados, indicando a sociedade que façam parte”.

É importante observar, que abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez
dias da comunicação da renúncia ao mandante implica infração disciplinar, punida com
censura, nos termos dos artigos 34, inciso XI, e 36, inciso I, do Estatuto da OAB.
Art. 34. Constitui infração disciplinar: (...)
XI – abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação
da renúncia.
Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:
I – infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do artigo 34.
De acordo com Ramos:
“Conforme estabelece o Estatuto, assim como O Código de Processo Civil, O juízo de
conveniência e oportunidade para a renúncia é do advogado, limitado apenas por
imperativos de Ética Profissional. A Única Exigência é que permaneça em exercício das suas
funções pelo período mínimo de 10(dez) dias, que se contam a partir da data em que o
constituinte foi notificado formalmente do fato. Pode haver uma redução no prazo, caso o
advogado seja substituído antes que o mesmo chegue a seu termo. O CPC ressalva, ainda
que a representação, neste período, ocorre pela necessidade de evitar prejuízo ao
Outorgante”.
A renúncia terá que ser expressa e compete ao advogado fazê-la chegar ao conhecimento do
constituinte, bem como juntar aos autos o comprovante de recebimento pelo mesmo.
OBRIGAÇÃO DE MEIO
Com o intuito de identificar a natureza da Culpa Contratual, a doutrina moderna sugere uma
análise fundada sobre a distinção das obrigações de meio e resultado.
De acordo com Venosa:
“A responsabilidade do advogado, no campo litigioso, é de uma obrigação de meio.
Assemelha-se à responsabilidade do médico. O advogado está obrigado a usar de sua
diligência e capacidade profissional na defesa da causa, mas não se obriga pelo resultado,
que sempre é falível e sujeito às vicissitudes intrínsecas ao processo”.
Existem segmentos de atuação da Advocacia que, em princípio, são caracterizadas como
obrigações de resultado (na elaboração de um contrato ou de uma escritura, por exemplo), o
advogado compromete-se teoricamente, a obter o resultado. A matéria, porém, implica em
dúvidas e o caso concreto definirá se houver falha do advogado que o mesmo tenha o dever de
indenizar.
Quanto ao sigilo profissional, dispõe o artigo 34, inciso VII, do Estatuto da Advocacia.
Art. 34. Constitui infração disciplinar: (...)
VII – violar sem justa causa, sigilo profissional.
Sobre o sigilo profissional aduz Madeira:
“O primeiro dever de um advogado em relação ao seu cliente é ser-lhe fiel. A parte confia-
lhe seus segredos e deixa em suas mãos a defesa de seus interesses. Se o advogado quiser,
que recuse a causa, pois para isso é livre, más se aceita-la, deverá ser digno da confiança
nele depositada”.
Se o advogado faltar com este dever, se de alguma maneira trair a confiança de seu cliente,
comete crime de prevaricação: não importa se violou um segredo profissional ou se ofereceu a
parte contrária.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO EMPREGADO


Mesmo o Advogado sendo um profissional liberal, está suscetível a um contrato de trabalho,
em que se verifique uma subordinação, regulada pela CLT.
As funções de chefia dos departamentos jurídicos das empresas devem ser entregues,
obrigatoriamente, a um advogado, de acordo com o artigo 1º, inciso II, do Estatuto da OAB.
Art. 1º. São atividades privativas de advocacia:
II – as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
É também importante ressaltar, a advertência da artigo 18 do Estatuto da OAB de que a
relação de emprego não inibe a isenção técnica nem reduz a independência profissional do
Advogado assalariado.
Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem
reduz a independência profissional inerente a advocacia.
Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços
profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego.
Assim sendo, se o Advogado se recusar a prestar em nome da empresa, ato que julgar
irregular, não estará comprometendo seu contrato de trabalho, pois seu vínculo empregatício,
não elimina sua independência profissional. O mesmo princípio vale para o Advogado que é
pressionado para prestar serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores,
fugindo da relação de emprego.
Relacionada à Responsabilidade Civil do Advogado empregado, este responderá junto a seu
cliente, conforme o Advogado profissional Liberal, pelo efetivo prejuízo que lhe causar, não
se desvinculando à regra do artigo 32 do Estatuto da OAB. Essa responsabilidade é subjetiva,
baseada na culpa. Devendo ser feita prova de que o dano ocorreu, resultante de culpa atribuída
ao profissional e que existia entre o dano e a Culpa um nexo causal.

RESPONSABILIDADE CIVIL DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS


As sociedades estão previstas legalmente nos artigos 15 a 17 do Estatuto da OAB, onde
devemos destacar o artigo 15:
Artigo 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de
advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no Regulamento Geral.
Com respeito a danos causados a cliente, é da própria sociedade, respondendo o sócio
subsidiária e ilimitadamente, conforme dispõe o artigo 17 do Estatuto da OAB.
Art. 17 Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e ilimitadamente pelos danos
causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da
responsabilidade disciplinar em que possa incorrer.
Quando a sociedade age com o uso da razão social, não são os sócios individualmente que
praticam o ato incriminado, e sim a totalidade dos integrantes da sociedade.

CONCLUSÃO
Concluímos assim, que A Responsabilidade Civil do Advogado, esta diretamente ligada à
liberdade com que ele desenvolve sua profissão, que necessita obrigatoriamente de um
mandato, sendo assim, estamos diante de uma responsabilidade contratual.
O contrato advocatício não obriga o Advogado a sair da causa vitorioso. O que lhe compete é
representar o cliente em juízo, defendendo na melhor forma possível os interesses que lhe
foram confiados.
O Advogado deve atentar as regras de ética, contidas no Código de Ética e Disciplina,
mantendo sempre uma conduta compatível com o status constitucional, de fundamental
relevância, para a aplicação da justiça que a Constituição da República Federativa do Brasil
lhe conferiu.
O serviço prestado pelo Advogado, configura obrigação de meio, jamais de resultado. Dessa
forma, quando os meios são manejados com negligência, imprudência ou imperícia, como
ocorre quando perde prazos, comete erros grosseiros ou deixa de formular pedidos
necessários, age com culpa acarretando danos ao cliente.
Recebendo a procuração, o Advogado tem o dever contratual de acompanhar o processo em
todas as suas fases, observando os prazos e cumprindo as imposições do patrocínio: falar nas
oportunidades devidas, comparecer às audiências, apresentar as provas cabíveis, agir na
defesa do cliente, e no cumprimento das legítimas instruções recebidas.
BIBLIOGRAFIAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1984.
PAMPLONA FILHO, Rodolfo; Pablo Stolze. Novo Curso de Direito Civil:
Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva, 2003.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Contratos em espécie. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
v.3.
RAMOS, Gisela Gondin. Estatuto da Advocacia: comentários e jurisprudência selecionada. 4
ed. Florianópolis. Editora OAB/SC, 2003.
MADEIRA, Hélcio Maciel França. História da Advocacia. São Paulo. Editora Revista dos
Tribunais, 2002.
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Ética do advogado. São Paulo: Jurídica Brasileira, 2000.

Você também pode gostar