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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 21ª REGIÃO

SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS


BANCÁRIOS DO RIO GRANDE DO NORTE, inscrito no CNPJ n.º
08.344.822/0001-00, com sede na Av. Deodoro da Fonseca, 419, Petrópolis, Natal/RN,
CEP.: 59.020-025, neste ato representado por seu Coordenador Geral o Sr. Evandro
Eduardo, inscrito no CPF de nº 338.398.274-15, bancário, casado, brasileiro, residente
e domiciliado na Av. Maria Montebranco, 15, Bl. a, Ap. 101 - Condomínio Nova
Friburgo - Nova Parnamirim, Parnamirim/RN, CEP.: 69.152- 600, endereço eletrônico
desconhecido, vem, perante Vossa Excelência, com base nos arts. 8º, III e 114,§ 2º, da
CF e 856 e ss da CLT, ajuizar a presente

AÇÃO COLETIVA

em face de BANCO SANTANDER S/A, inscrito no CNPJ nº


80.500.888/2377-46, situado na av. Governador Valadares, n° 320, Lagoa Seca -
Natal/RN, CEP.: 59022- 305, com endereço eletrônico desconhecido, consoante razões
de fato e de direito a seguir aduzidas
I. DOS FATOS

Trata-se de ação coletiva, onde o sindicato pretende obter o pagamento dos 15


minutos diários de descanso que antecedem o início da prestação de horas extras (art.
384 da CLT), com adicional de 50% e reflexos, na qualidade de substituto processual
das empregadas do Banco Requerido, lotadas no Estado do Rio Grande do Norte,
considerando que o Banco Santander não respeita a Lei que garante o intervalo para
mulheres, pois efetivamente não há a concessão do intervalo de 15 minutos antes da
bancária iniciar a jornada extraordinária, apesar de tal atividade comumente exigir a
realização de horas extras.
Tendo em vista que o direito pleiteado foi habitual, as substituídas têm direito
também a perceber os respectivos reflexos em 13º salário, férias com 1/3, aviso prévio,
FGTS + 40%, e repousos semanais remunerados, nestes incluídos sábados e feriados.
Pede a imposição de multa em caso de descumprimento da condenação da
obrigação de fazer.

II.DA APLICAÇÃO DO ART. 18 DA LACP E DA JUSTIÇA GRATUITA

Em razão da natureza de ação coletiva da presente demanda, tem-se como


aplicáveis as regras da Lei n. 7.347/85, no tocante à disciplina das ações civis públicas
e ações civis coletivas. Nesta dinâmica do processo coletivo, se faz aplicável também
no caso em lume o disposto no Art. 18 do aludido diploma normativo, o qual se cita:

Art. 18 - Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de
advogado, custas e despesas processuais.
Sobre o aludido dispositivo, pontua HUGO NIGRO MAZZILLI1:

Nos termos do art. 18 da LACP, em ação civil pública ou coletiva, não haverá:
• Adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer
despesas pelos legitimados ativos;
• Condenação de associação autora em honorários de advogado, costas e
despesas processuais, salvo comprovada má-fé.
A lei não diz que não haverá encargos de sucumbência na ação civil pública,
e sim diz que não haverá adiantamento desses encargos, nem condenação da
associação autora que tenha agido de boa-fé. Assim, a contrário sensu: a) o
réu deve adiantar as custas, emolumentos, honorários periciais e despesas
decorrentes dos autos sob sua responsabilidade; b) quem sucumbir arcará com
os encargos da sucumbência, salvo a associação autora, que tenha agido de
boa-fé.

É importante que se ressalte que o SINDEEB-RN ajuíza a presente demanda


imbuído da mais cristalina boa-fé, de modo a promover a defesa dos interesses de seus
filiados, bem como de toda uma categoria. Não existe, por conseguinte, qualquer
possibilidade de se vislumbrar algum quinhão de má-fé na pretensão do sindicato, que
no presente caso está exercendo suas prerrogativas legais e institucionais, se insurgindo
contra ato reprovável cometido pelo Estado-empregador, no tocante à disciplina que
merece intervenção do Poder Judiciário.

Conforme se vê, não obstante a LACP preveja expressamente a falta de


necessidade de adiantamento de custas, acompanhada pela doutrina e pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é necessário ainda que a parte Autora
pugne pelos benefícios da justiça gratuita. 2

Nas palavras de FREDIE DIDIER JR e RAFAEL DE OLIVEIRA.

1
MAZZILLI, Hugo Nigro. Tutela dos direitos difusos e coletivos. 7ª Ed. Editora Saraiva. São
Paulo, 2014. (p. 122)
2
“[...] a) justiça gratuita, ou benefício de gratuidade, ou ainda gratuidade judiciária, consiste
na dispensa da parte do adiantamento de todas as despesas, judiciais ou não, diretamente
vinculadas ao processo, bem assim na dispensa do pagamento dos honorários de advogado;”
DIDIER JR., Fredie; OLIVEIRA, Rafael. Benefício da justiça gratuita. 5ª Ed. Editora Jus
Podvum. Salvador, 2012. (p. 11)
O objetivo do benefício da justiça gratuita, tal como já se disse, é a dispensa
do adiantamento das despesas com o processo, imposto pelo art. 19 do CPC.
A discussão doutrinária e jurisprudencial surge quando se indaga quais
despesas estariam abrangidas no benefício. Há quem, como Augusto Tavares
Rosa Marcacini, entenda que a dispensa deve ser a mais ampla possível,
abrangendo não só as despesas processuais como as extraprocessuais, bem
assim os honorários advocatícios sucumbenciais. Também assim entende
Araken de Assis, para quem “o benefício não tolera limitações”, embora, em
determinado momento, entenda que as despesas extraprocessuais, a depender
do modo como se relacionem com o processo, devam ser efetivamente arcadas
pelo beneficiário. [...] Adotamos o entendimento mais ampliativo, defendido
por Marcacini, por considera-lo como o que mais se harmoniza com a ideia
constitucional de assistência jurídica integral de que fala o art. 5º, LXXIV, da
Constituição Federal.3

O Sindicato Reclamante age em representação de suas filiadas, sendo que é


pessoa jurídica de direito privado, sem finalidade lucrativa e que não explora atividade
econômica. Isto é, a instituição é mantida pelos próprios filiados com o fim único de
representar os interesses da categoria, valorizando a profissão e contribuindo para o
engrandecimento da carreira.

Em sendo assim, levando em consideração as afirmações tecidas nas linhas


volvidas, principalmente ao fato da Reclamante ser pessoa jurídica sem fins lucrativos,
o feito, em relação ao polo ativo, deve tramitar sob o pálio da justiça gratuita, sob pena
de violação ao direito de acesso à justiça.

III. DA LEGITIMIDADE AD CAUSAM DO SINDICATO

Prima facie, antes que se adentre ao mérito da contenda, é necessário que se


exponha uma questão de fundamental relevância ao andamento da demanda, qual seja a

3
DIDIER JR., Fredie; OLIVEIRA, Rafael. Benefício da justiça gratuita. 5ª Ed. Editora Jus Podvum. Salvador,
2012. (p. 14/15)
lídima legitimidade do Sindicato para pleitear o direito que compõe a causa de pedir.
Competente citar a Constituição Federal, que em seu Art. 8º, inciso III pontua o seguinte:

Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


[...]
III – Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou
individuais da categoria em questões judiciais ou administrativas.

Conforme se vê, a Carta de Outubro possui disposição incontestável que legitima


expressamente o Sindicato quanto à persecução aos direitos e interesses coletivos ou
individuais da categoria, de modo que o direito vindicado pela peça inicial se enquadra
nos ditames constitucionais.

Alinhada ao desejo do Constituinte, a redação do Art. 513, alínea “a” da


Consolidação das Leis do Trabalho pontua o seguinte:

Art. 513 - São prerrogativas dos Sindicatos:


a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os
interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses
individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida.

Sobre o tema, Hugo Nigro Mazzilli4, ensina que:

O processo coletivo pode ser movido, entre outros colegitimados, por


entidades civis, como são as associações e sindicatos. Para que o façam, é
necessária a ocorrência de uma destas hipóteses: a) ou estejam defendendo
diretamente seus associados ou sindicalizados; b) ou estejam defendendo todo
o grupo (incluindo não associados ou não sindicalizados), desde que isso seja
compatível com seus fins institucionais. Deve-se distinguir quando esses entes
associativos defendem seus associados por meio de representação, e quando
o fazem por meio da substituição processual. Na ação civil pública, na ação
coletiva ou no mandado de segurança coletivo, agindo dentro de suas
finalidades institucionais, a associação e o sindicato não precisarão de
procuração de seus associados para defender o grupo.

4
MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 28ª Ed. Editora Saraiva.
São Paulo, 2015. (p. 363)
Ademais, competente citar o posicionamento consolidado do Supremo Tribunal
Federal (STF), que prega que “(...) o sindicato tem legitimidade para atuar como substituto
processual na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais homogêneos da categoria que
representa (...)" (RE 555.720-AgR).

A matéria também foi pauta da 1ª Jornada de Direito Material e Processual do


Trabalho (TST, ANAMATRA, ENAMAT, CONEMATRA), ocasião em que foi
editado o Enunciado n.º 77, in verbis:

Ação civil pública. Interesses individuais homogêneos. Legitimação dos


sindicatos. Desnecessidade de apresentação de rol dos substituídos. I – Os
sindicatos, nos termos do art. 8º, III, da CF, possuem legitimidade
extraordinária para a defesa dos direitos e interesses – individuais e
metaindividuais – da categoria respectiva em sede de ação civil pública ou
outra ação coletiva, sendo desnecessária a autorização e indicação nominal
dos substituídos. II – Cabe aos sindicatos a defesa dos interesses e direitos
metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos) da categoria,
tanto judicialmente quanto extrajudicialmente. III – Na ausência de sindicato,
é da federação respectiva a legitimidade extraordinária para a defesa dos
direitos e interesses da categoria e, na falta de ambos, da confederação. IV –
O art. 16 da Lei da ação civil pública contraria toda a filosofia e sistemática
das ações coletivas. A decisão proferida nas ações coletivas deve ter alcance,
abrangência e eficácia em toda área geográfica afetada, seja em todo o
território nacional (âmbito nacional) ou em apenas parte dele (âmbito supra-
regional), conforme a extensão do ato ilícito e/ou do dano causado ou a ser
reparado“.

Desse modo, fica evidente a legitimidade ad causam do Reclamante, razão


pela qual eventual impugnação acerca da legitimidade ativa do SINDEEB-RN não
merecerá prosperar, posto que já está pacífico na jurisprudência que sindicatos podem
atuar em juízo defendendo os interesses de seus filiados.
IV. DO MÉRITO

IV.I DO INTERVALO DA MULHER

A Reclamada não concede 15 (quinze) minutos para as Reclamantes


representadas neste ato pelo SINDEEB-RN, antes de iniciarem suas jornadas
extraordinárias, bem como não eram remuneradas pelas mesmas.
No entanto, o artigo 384 da CLT estabelece que para toda empregada, em caso
de prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso de quinze minutos no
mínimo, antes do início do período extraordinário do trabalho, fato este jamais
observado no caso em tela.
Assim, requer a Reclamante, 15 minutos diários com adicional de 50%
(cinquenta por cento) pela não concessão do respectivo intervalo.
Pela sua habitualidade, pleiteia os seus reflexos nas verbas contratuais (13º
salário, férias mais 1/3, DSR e FGTS) e rescisórias (aviso prévio, 13º salário
proporcional, férias proporcionais mais 1/3 e multa de 40% sobre o FGTS).
A aludida hora extra deverá ser acrescida do adicional de 50%, e com os
seguintes divisores:

a) divisor de 150 (Súmula nº 124, I, “a” do TST), para os empregados submetidos


à jornada de seis horas, prevista no caput do art. 224 da CLT;

b) divisor de 220 (Súmula nº 124, I, “b” do TST), para os empregados submetidos


à jornada de oito horas, nos termos do § 2º do art. 224 da CLT.

Vejamos recentes julgados regionais neste sentido:


34115181 - INTERVALO DE 15 MINUTOS ANTES DA PRORROGAÇÃO
DA JORNADA DE TRABALHO DA EMPREGADA.ART. 384 DA CLT. É
cediço que, normalmente, a mulher tem mais de uma jornada de trabalho, pois
não apenas presta o labor como empregada, mas, também, depois, ainda cuida
da casa e dos filhos e até mesmo do próprio marido, numa jornada dupla ou
tripla, sempre com um desgaste físico e emocional que via de regra repercute
mais na sua saúde do que ocorre com o homem. Por isto, inegavelmente, está
sujeita a doenças que nelas costumam ser mais sérias e mais perigosas que nos
homens, sobretudo as advindas do estresse e de problemas cardiológicos.
Doutro lado a própria constituição, sem que se possa falar em colisão de
direitos, tem normas que, a despeito do dispositivo fundamental do art. 5º,
privilegiam a mulher a demonstrar que a constituição está atenta a
desigualdade real entre homem e mulher no tocante às condições de trabalho.
É o caso do art. 7º, XX e art. 201, § 7º, I e II. E tudo exatamente em razão de
que não há, de fato, do ponto de vista físico, que tem estreita relação com o
trabalho, real igualdade entre homens e mulheres. Portanto, entendo
constitucional o direito das mulheres de gozarem de um descanso de quinze
minutos antes do início da jornada de trabalho extraordinária. Reflexos do
intervalo intrajornada. Com a promulgação da Lei nº 8.923/94, a não
concessão ou redução do intervalo para repouso e alimentação passou a
constituir direito ao pagamento de hora extra, na forma do artigo 71, § 4. º, da
CLT. Assim, a referida parcela possui natureza salarial, motivo pelo qual
reflete sobre as demais parcelas salariais, conforme entendimento preconizado
pelo c. TST no item III da Súmula nº 437. (TRT 17ª R.; RO 0006100-
49.2012.5.17.0002; Primeira Turma; Rel. Des. Gerson Fernando da Sylveira
Novais; Julg. 04/02/2014; DOES 17/02/2014; Pág. 88).

INTERVALO DO ART. 384 DA CLT. O art. 384 da CLT foi devidamente


recepcionado pela Constituição Federal, fazendo jus a trabalhadora a um
intervalo de 15 minutos antes do início da prorrogação da jornada de trabalho.
No caso em exame, em que a reclamante trabalhava em horário extraordinário,
faz jus ao pagamento, como extra, do intervalo previsto no art. 384 da CLT,
na medida em que o descumprimento da norma traz como conseqüência não
só a imposição de penalidade de multa ao empregador, gerando efeitos
pecuniários também à trabalhadora. Aplicável à espécie, por analogia, o
disposto no § 4º do art. 71 da CLT. Sentença reformada. (TRT 04ª R.; RO
0000207-71.2010.5.04.0661; Quarta Turma; Rel. Des. Hugo Carlos
Scheuermann; Julg. 15/03/2012; DEJTRS 26/03/2012; Pág. 75) CLT, art. 384
CLT, art. 71.

25064292 - RECURSO DA RECLAMADA. INTERVALO DE 15


MINUTOS PREVISTO NO ART. 384 DA CLT. TRABALHADORA
MULHER. DEVIDO. CEF. A não concessão à empregada mulher do
intervalo de 15 minutos antes do início da prorrogação da jornada de trabalho
não viola o princípio da isonomia previsto na Constituição Federal, sobretudo
diante do cunho protetivo da norma consolidada em questão, conferindo o
direito à trabalhadora à percepção desse período como extraordinário.
Aplicação analógica do art. 71, § 4º, da CLT. Recurso improvido. Recurso das
reclamantes. Honorários advocatícios. O fundamento para a concessão dos
honorários de advogado repousa nas disposições dos art. 133 da CF/88 e art.
20 do CPC, sob o percentual de 15% sobre o valor da condenação. As Súmulas
nºs 219 e 329 não são dotadas de efeito vinculante. Recurso provido. (TRT
07ª R.; RO 1473-13.2010.5.07.0014; Segunda Turma; Relª Desª Maria Roseli
Mendes Alencar; DEJTCE 07/02/2012; Pág. 24) CLT, art. 384.

O TST também já se pronunciou sobre a questão, senão vejamos:

"MULHER - INTERVALO DE 15 MINUTOS ANTES DE LABOR EM


SOBREJORNADA- CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 384 DA CLT
EM FACE DO ART. 5.º, I, DA CF.

1. O art. 384 da CLT impõe intervalo de 15 minutos antes de se começar a


prestação de horas extras pela trabalhadora mulher. Pretende-se sua não
recepção pela Constituição Federal, dada a plena igualdade de direitos e
obrigações entre homens e mulheres decantada pela Carta Política de 1988
(art. 5.º, I), como conquista feminina no campo jurídico.

2. A igualdade jurídica e intelectual entre homens e mulheres não afasta a


natural diferenciação fisiológica e psicológica dos sexos, não escapando ao
senso comum a patente diferença de compleição física entre homens e
mulheres. Analisando o art. 384 da CLT em seu contexto, verifica-se que se
trata de norma legal inserida no capítulo que cuida da proteção do trabalho da
mulher e que, versando sobre intervalo intrajornada, possui natureza de norma
afeta à medicina e segurança do trabalho, infensa à negociação coletiva, dada
a sua indisponibilidade (cfr. Orientação Jurisprudencial 342 da SBDI-1 do
TST).

3. O maior desgaste natural da mulher trabalhadora não foi desconsiderado


pelo Constituinte de 1988, que garantiu diferentes condições para a obtenção
da aposentadoria, com menos idade e tempo de contribuição previdenciária
para as mulheres (CF, art. 201, § 7.º, I e II). A própria diferenciação temporal
da licença-maternidade e paternidade (CF, art. 7.º, XVIII e XIX; ADCT, art.
10, § 1.º) deixa claro que o desgaste físico efetivo é da maternidade. A praxe
generalizada, ademais, é a de se postergar o gozo da licença-maternidade para
depois do parto, o que leva a mulher, nos meses finais da gestação, a um
desgaste físico cada vez maior, o que justifica o tratamento diferenciado em
termos de jornada de trabalho e período de descanso.
4. Não é demais lembrar que as mulheres que trabalham fora do lar estão
sujeitas a dupla jornada de trabalho, pois ainda realizam as atividades
domésticas quando retornam à casa. Por mais que se dividam as tarefas
domésticas entre o casal, o peso maior da administração da casa e da educação
dos filhos acaba recaindo sobre a mulher.

5. Nesse diapasão, levando-se em consideração a máxima albergada pelo


princípio da isonomia, de tratar desigualmente os desiguais na medida das
suas desigualdades, ao ônus da dupla missão, familiar e profissional, que
desempenha a mulher trabalhadora corresponde o bônus da jubilação
antecipada e da concessão de vantagens específicas, em função de suas
circunstâncias próprias, como é o caso do intervalo de 15 minutos antes de
iniciar uma jornada extraordinária, sendo de se rejeitar a pretensa
inconstitucionalidade do art. 384 da CLT. Incidente de inconstitucionalidade
em Recurso de Revista rejeitado." (IIN-RR-1540/2005-046-12-00.5, Relator
Ministro: Ives Gandra Martins Filho, Data de Julgamento: 17/11/2008,
Tribunal Pleno, Data de Publicação: 13/2/2009.)

O Colendo TST recentemente julgou matéria nesse sentido, no processo RR-


2109000-98.2008.5.09.0015 onde a ministra Maria Calsing destacou que o Tribunal
Pleno do TST, em novembro de 2008, julgou caso semelhante e que ficara decidido que
o intervalo previsto no artigo 384 da CLT para mulheres permanece em vigor mesmo
depois da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Na
ocasião, verificou-se que o artigo está inserido no capítulo que cuida da proteção ao
trabalho da mulher e possui natureza de norma pertinente à medicina e à segurança
trabalho.

Os Ministros também observaram que a própria Constituição reconhecera que a


mulher trabalhadora sofre maior desgaste do que os homens, tanto que garantiu ao sexo
feminino menos idade e tempo de contribuição para a obtenção da aposentadoria, sem
falar no maior tempo de licença maternidade em relação à paternidade. Nessas
condições, a relatora defendeu a manutenção do artigo 384 da CLT não somente pelo
aspecto fisiológico que caracteriza a mulher, mas também em função da desigualdade
constatada no âmbito familiar.

Assim faz jus a reclamante, receber a titulo de horas extraordinárias decorrentes


da não concessão do intervalo previsto no art. 384 da CLT, 01h (uma) hora extra por dia
de efetivo trabalho, com adicional de 50% e divisores de 150 (Súmula nº 124, I, “a” do
TST) e 220 (Súmula nº 124, I, “b” do TST), nos últimos 05(cinco) anos de labor exercido
pelas substituídas, conforme demonstrado nessa peça e em todo o conjunto probatório.

Salvo melhor entendimento, não sendo deferida 01h (uma) hora extra por dia de
efetivo trabalho, requer seja concedido o intervalo de 15 (quinze) minutos previsto no
artigo 384 da CLT.

I.DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer que Vossa Excelência receba a petição inicial, para:

1. Que seja isenta a necessidade do pagamento das custas


processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 18
da Lei de Ação Civil Pública;

2. Determine a citação do Reclamado, na pessoa de seu


representante legal para, querendo, contestar a ação, sob pena
de incidir nos efeitos da revelia;

3. Determine a intimação do Ministério Público do Trabalho;


4. Que ao fim sejam os pedidos julgados procedentes para que
seja o Reclamado condenado ao pagamento de horas extras de
15 minutos, conforme art. 384, da CLT.

5. Que seja a Reclamada condenada ao pagamento de custas


processuais e honorários advocatícios de 15%, conforme art
791-A da CLT.

6. Aplicação das Súmulas 200 e 381 do TST no que tange aos


juros e correção monetária.

7. Aplicação do art 767 da CLT para que sejam compensados


todo e qualquer valor pago.

Protesta-se pela efetiva produção de todos os meios de prova em direito


admitidos, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados no Código
de Processo Civil, consoante preconiza o Art. 332 do aludido diploma processual,
notadamente pela apresentação de novos documentos.

Atribui-se à causa o valor R$ ...

Nesses Termos,
pede deferimento.

Advogado...
OAB...

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