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TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA(TAC): UTILIZAÇÃO COMO

CELERIDADE AS DEMANDAS COLETIVAS

Gabriel Luiz Gonçalves da Silva1

Sumário: Introdução; 1. Termo de Ajuste de Conduta (TAC): um panorama do instituto; 2. Análise


Jurisprudencial; Considerações Finais; Referências Bibliográficas.

RESUMO

Por vezes a área jurídica busca instrumentos para que gere celeridade nas ânsias populares, que se
encontram travadas devido ao inchaço do sistema judiciário e a morosidade do sistema processual. O
instituto da mediação, arbitragem, no direito empresarial e cível, e do arrolamento, na área de direito
das famílias, são exemplos da celeridade gerada por novos mecanismos jurídicos. A promulgação do
Código de Defesa do Consumidor alterou a Lei de Ação Civil Pública e incluiu a possibilidade da
utilização do Termo de Ajuste de Conduta como uma ferramenta de compromisso que a parte assume
junto aos legitimados à celebrá-lo e homologado em juízo, gerando a suspensão do processo judicial
em questão e ao finalizar suas adequações o encerramento deste.

Palavra-chave: ajustamento de conduta; celeridade jurídica; acordo jurídico

ABSTRACT
Sometimes the legal area seeks instruments to generate speed in popular anxieties, which are blocked
due to the swelling of the judicial system and the slowness of the procedural system. The institute of
mediation, arbitration, in business and civil law, and listing, in the area of family law, are examples of
the celerity generated by new legal mechanisms. The enactment of the Consumer Defense Code
amended the Public Civil Action Law and included the possibility of using the Conduct Adjustment
Term as a commitment tool that the party assumes with those entitled to celebrate it and ratified in
court, generating the suspension of the judicial process in question and, at the end of its adjustments,
the closing thereof.

Keywords: conduct adjustment; legal speed; legal agreement

1
Graduando em Direito pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Câmpus de Franca
(Unesp – FCHS)
INTRODUÇÃO

Com o avanço de novas ferramentas para a desjudicialização da civil law, o Termo de Ajuste
de Conduta na área dos direitos difusos se transforma em mais uma ferramenta para que seja possível
a celeridade da análise dos casos que envolvem o poder público e suas autarquias frente aos
indivíduos.

Não é fato novo que o Código de Processo Civil de 2015 (“Código Fux”) buscou ideias de
diminuir as lides que chegavam ao sistema judiciário, porém já buscando essa questão o Código de
Defesa do Consumidor (1990) e a Lei de Ação Civil Pública, alterada em 2007, já propunham novas
maneiras de resolução de conflitos.

O Termo de Ajustamento de Conduta, como iniciado, busca facilitar a interação entre entes
públicos e demais forças do poder administrativos que possuem pendências jurídicas que envolvam os
direitos coletivos (meio ambiente, transporte público etc.) e aqueles que possuem lesão destes
(indivíduos). Tal questão já encontra também um panorama internacional que busca trazer as
interações multilaterais e as pessoas jurídicas privadas.

Atualmente, os organismos internacionais também buscam esta atuação – como tratado


anteriormente – , como a criação da mediação de empresas internacionais (Convenção de Singapura) e
se estende na perspectiva de auxiliar os indivíduos no acesso à justiça e na garantia da prestação e
efetiva atuação do sistema administrativo como ganhos ao jus postulandi.

Para o diálogo entre direito e garantias de atuação é de extrema necessidade que


compreendamos os fundamentos dos direitos coletivos, a função do TAC na solução de conflitos e a
base jurídica que se encontram como homologadores dos termos. Com essa ideia, a questão se
desenvolve nas novas intenções positivas para que o direito se encontre em atualização de ferramentas
e na extrema prestatividade aos indivíduos que a ele se socorrem.

1. Direitos Coletivos

Os Direitos Coletivos se encontram disciplinados no Código de Defesa do Consumidor (lei


nº8078/1990) em seu art. 81:

“Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A
defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I – interesses ou direitos difusos,
assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato; II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base; III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim
entendidos os decorrentes de origem comum.” (BRASIL, Código de Defesa do
Consumidor, s.p., 1990)

Para que seja possível a compreensão do arcabouço legal apresentado, os direitos difusos (inc.
I) seriam aqueles que não se pode compreender a titularidade, ou seja, quaisquer impactos gerados
nesses não são possíveis de numeração da identificação dos atingidos. Aqueles contidos no inciso II é
possível a titularidade do grupo, categoria ou classe atingida, onde há uma relação jurídica em questão
que interliga as partes anterior a lesão.

Por fim temos os direitos individuais homogêneos (inc. III), onde a relação dos indivíduos se
encontra somente com a lesão, o objeto pode ser dividido, utilizando ações coletivas com a união da
efetividade do processo e o mesmo interesse de agir, a fase de conhecimento será conjunta e a
execução individualizada.

2. Termo de Ajuste de Conduta (TAC): um panorama do instituto

O Termo de Ajuste de Conduta (TAC) é uma legitimidade concedida à alguns entes na Lei de
Ação Civil Pública (LACP), alterado pelo art. 113 do Código de Defesa do Consumidor, na ideia de
pactuação entre a parte ré que gerou dano se comprometendo com a outra parte em sua total
modificação de postura perante a situação em juízo.

“Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao art. 5º. da Lei n.° 7.347, de
24 de julho de 1985: [...] § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante combinações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.”
(BRASIL, Código de Defesa do Consumidor, s.p., 1990)

Aqueles que possuem legitimidade para a propositura deste termo foram alterados pela lei nº
11.448/2007, se encontrando na seguinte redação:

“Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o


Ministério Público; II – a Defensoria Pública; III – a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios; IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade
de economia mista; V – a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída
há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.” (BRASIL, Lei de Ação Civil Pública, s.p., 2007)
Desta maneira a restrição de pactuação de legitimidade ativa são fundamentados nos mesmos
entes que podem realizar a propositura de uma ação civil pública. Também é válido ter conhecimento
que, mesmo não sendo parte, o Ministério Público cumprirá sua função de fiscal da lei em todas as
demais proposituras, como informado nos §§1° e 3º 2do artigo supracitado.

Por não encontrar uma contrapartida das partes, não é possível enquadrar como uma transição,
figura do direito civil, a finalização do litígio ocorre após o cumprimento das próprias metas
estipuladas no TAC. Assim sendo, como figura de findar uma ação civil pública, o termo também
demonstra o reconhecimento da falha ocorrida, ou seja, uma culpa assumida dos danos gerados, o que
seria incluído e percebido na fase de conhecimento processual.

Sua natureza jurídica é de título extrajudicial e sua assinatura do proponente e do réu o torna
título executivo. Não é necessária assinatura de duas testemunhas, porém de acordo com a formalidade
é necessário:

I – Prazo de Cumprimento das obrigações;

II – Sanções, caso ocorra seu descumprimento, e as medidas que podem ser utilizadas;

A obrigação gerada tem característica de fazer ou não fazer, via de regra, porém pode conter a
entrega de coisa (ex: entrega correta de coquetéis para soro positivos pela distribuição no SUS) ou
pagamento pecuniário (ex: pagamento de indenizações geradas devido a falta de recall por uma
fabricante de carros).

Caso haja composição da lide em que se incluam entes diversos, será aplicado benefício ao
réu, ou seja, será válida a realização do TAC pelo órgão que concorda com a propositura deste. Porém
o órgão também poderá propor ação civil pública, pois caberá assim ao judiciário a análise do termo e
o objeto compromissado.

Válido informar que caberá ao Ministério Público a fiscalização do cumprimento do termo em


caso do arquivamento parcial ou total do inquérito, porém também será necessário para tais ações que
o ajustamento seja submetido ao Conselho Superior do Ministério Público para sua efetiva ação.

3. Análise Jurisprudencial
De sequência, para que consigamos de maneira concreta analisar a jurisprudência atual acerca
do TAC. De início busquemos compreender que a não continuidade e conclusão do termo acabam por
gerar consequências graves no processo paralelo a este ou que possua como materialidade o
ajustamento que não foi cumprido pela parte:
2
Vide na Lei de Ação Civil Pública art. 5º : “§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte,
atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. [...] § 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação
por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.”
PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE CONCESSÃO DE
TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO MUNICIPAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.
DEFASAGEM DA TARIFA. PEDIDOS JULGADOS IMPROCEDENTES.
RECURSO ESPECIAL. NÃO OCORRÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. ÓBICES DE ADMISSIBILIDADE. SÚMULAS N. 5 E 7 DO
STJ. AGRAVO INTERNO. DECISÃO MANTIDA.

I - Na origem, trata-se de ação indenizatória ajuizada contra o Município de São


Sebastião, objetivando acolhimento jurisdicional da pretensão de condenação do
ente federado réu ao pagamento de indenização por prejuízos sofridos em contrato
de concessão de transporte coletivo municipal, em razão da defasagem das tarifas
desde o início da prestação dos serviços, em 2011. II - Na primeira instância, a ação
foi julgada improcedente (fls. 909-913). O Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, em grau recursal, negou provimento ao recurso de apelação autoral,
mantendo incólume a decisão de primeiro grau. O recurso especial interposto foi
inadmitido. III - O agravo interno não merece provimento, não sendo as razões nele
aduzidas suficientes para infirmar a decisão recorrida, que deve ser mantida por seus
próprios fundamentos. IV - No que trata da alegação de negativa de vigência aos
arts. 489, §1º, IV, e 1.022, II, do CPC/2015, não se vislumbra pertinência na
alegação, tendo o julgador dirimido a controvérsia tal qual lhe fora apresentada, em
decisão devidamente fundamentada, sendo a irresignação da recorrente
evidentemente limitada ao fato de estar diante de decisão contrária a seus interesses,
o que não viabiliza o referido recurso declaratório. V - Descaracterizada a alegada
omissão, tem-se de rigor o afastamento da violação dos mencionados artigos
processuais, conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: AgInt
no REsp 1.643.573/RS, relator Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em
8/11/2018, DJe 16/11/2018; AgInt no REsp 1.719.870/RS, relatora Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, julgado em 24/9/2018, DJe 26/9/2018. VI - No que
concerne à irresignação da parte quanto aos argumentos tidos por não expressamente
enfrentados, anote-se que, conforme entendimento pacífico desta Corte: "O julgador
não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já
tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida pelo
art. 489 do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo Colendo
Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador apenas enfrentar as questões
capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão recorrida." (EDcl no MS
21.315/DF, relator Ministra Diva Malerbi (Desembargadora convocada TRF 3ª
Região), Primeira Seção, julgado em 8/6/2016, DJe 15/6/2016.) VII - Em relação à
indicação de negativa de vigência aos arts. 505, 7º e 10 do CPC/2015, é forçoso
esclarecer que a jurisprudência desta Corte Superior tem dois entendimentos
consolidados, o primeiro, no sentido de que o juiz é o destinatário da prova,
cabendo-lhe, com base em seu livre convencimento, avaliar a necessidade de sua
produção; o segundo, no sentido da inaplicabilidade da preclusão pro judicato em
matéria probatória, cabendo às instâncias ordinárias, enquanto destinatárias da
prova, a análise soberana acerca da necessidade de sua produção. Confiram-se os
julgados relacionados à questão: AgInt no REsp n. 1.785.219/RJ, relator Ministro
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, DJe de 28/10/2021; AgInt no REsp n.
1.362.696/PR, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, DJe de 23/6/2021;
REsp n. 1.677.926/SP, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma,
DJe de 25/3/2021. VIII - A respeito da alegação de negativa de vigência aos arts.
112, 113, caput, e §1º, IV, 114, 421, 422, 475, 476 e 843 do Código Civil, a Corte
Estadual firmou convicção, com base nos elementos fáticos dos autos, dentre
eles e principalmente o Contrato de Concessão n. 2011SEGOV020, o laudo
pericial produzido em juízo, as peças da ACP n. 1002639- 66.2017.8.26.0587 e o
termo de ajustamento de conduta firmado entre a recorrente e a
municipalidade recorrida, que a frota de veículos da A. V. S. S. L., à época da
perícia e vistoria deferida na citada ação civil pública, era de 56 (cinquenta e
seis) veículos, inferior ao exigido no edital de concorrência e no contrato de
concessão, tendo, por isso, entendido pelo inadimplemento contratual. Também
entendeu a Corte a quo, não haver provas, fundamentos ou motivos que
sustentem o pedido da recorrente de recomposição de eventuais diferenças de
preços de tarifas. IX - Nesse passo, para se deduzir de modo diverso do decisum
vergastado, entendendo pelo adimplemento contratual, mesmo que parcial, ou pelo
direito da recorrente de recomposição de eventuais diferenças de preço de tarifas, na
forma pretendida no apelo nobre, demandaria o reexame do mesmo acervo fático-
probatório já analisado, providência impossível pela via estreita do recurso especial,
ante os óbices dos enunciados das Súmulas n. 5 e 7/STJ que assim dispõem,
respectivamente: “A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso
especial” e “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.”
A esse respeito, os seguintes julgados: AgInt no AREsp 1.390.328/PR, relator
Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 3/3/2020, DJe 17/3/2020;
AgInt no AREsp n. 413.057/SP, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
Primeira Turma, DJe de 9/10/2017; AgRg no REsp 1.374.326/SP, relator Ministro
Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 6/8/2013, DJe 14/8/2013. X -
Agravo interno improvido. (STJ. AgInt no AREsp 1993387/ PR, 2ª Turma STJ, rel.
Min. Francisco Falcão, j. 12.09.2022)

De igual forma, o papel do julgador em consonância com sua função homologatória dos
ajustamentos e sua recusa em graus superiores, do qual foi lavrado o termo. Indica tal situação que,
mesmo sendo extraoficial inter pars do termo, cabe quando há seu descumprimento, julgamento da
ação civil pública conexa:
ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LOTEAMENTO.
CONSTRUÇÕES. DANO AMBIENTAL. DECISÃO EXTRA E ULTRA PETITA.
CONTEXTO LÓGICO-SISTEMÁTICO DA PETIÇÃO. NECESSIDADE DE
DILAÇÃO PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. PRECEDENTES. TAC.
POSSIBILIDADE DE REANÁLISE. SUMULAS 7/STJ E 283 E 284/STF. BOA-
FÉ. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO. PEDIDOS ALTERNATIVOS OU
COMPLEMENTARES. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SUMULA
282/STF.

I - Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública contra a Cooperativa


Habitacional dos Comerciários do Estado de São Paulo - Seção Marília II e o
Município de Marília, pleiteando, em suma, a condenação dos réus na reparação de
dano ambiental em Área de Preservação Permanente, bem como indenização pelos
danos causados, relativamente ao loteamento denominada Vila dos Comerciários II.
II - A sentença homologou o Termo de Compromisso e Ajustamento e Conduta
formalizado entre as partes, extinguindo o feito com resolução de mérito. III -
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em grau recursal, reformou a
decisão, julgando a ação parcialmente procedente, anulando a homologação do
TAC. IV - Conforme pacífico entendimento jurisprudencial desta Corte, não se
evidencia decisão ultra e/ou extra petita quando o julgador aprecia a controvérsia
diante do contexto lógico-sistemático da petição. Precedentes: AgInt no REsp
1956481/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 29/04/2022,
AgInt no AREsp 1989033/MA, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, DJe 28/04/2022. V - O julgador é o destinatário final das provas, cabendo-
lhe deliberar sobre seu cabimento ou pertinência, no que qualquer alegação de
violação de lei federal nesta instância esbarra no óbice da Súmula n. 7/STJ. VI -
Possibilidade de o Tribunal a quo anular a homologação do TAC, considerando que
tal matéria a ele foi devolvida em sede recursal, inclusive de forma expressa pelo
apelante, e eventual debate acerca da não observância aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, demandaria incursão na seara fático-
probatória dos autos. Incidência da Súmula n. 7/STJ. VII - Ademais, ainda
relacionado ao TAC, os artigos de lei federal invocados pela recorrente como
afrontado pelo decisum não contém comando normativo suficiente a amparar a
pretensão deduzida, no que incidem, também, os óbices das Súmulas n. 283 e
284/STF. VIII - Incide a Súmula n. 7/STJ no que diz respeito à apontada violação
dos arts. 113 e 422, do Código Civil e 4°, III, do Código de Defesa do Consumidor,
relacionada à tese de que teria sido observada a legislação pertinente quando da
aprovação do respectivo loteamento, e cumprido o 1ª TAC firmado, sob a premissa
da boa-fé objetiva por parte da recorrente. IX - Ausente o prequestionamento da
matéria invocada a título de dissídio jurisprudencial, sobre serem os pedidos
alternativos ou complementares, já que nem mesmo fora apontada quando da
oposição dos embargos de declaração. Súmula n. 282/STF. Eventual debate também
esbarraria na Súmula n. 7/STJ. X - Agravo conhecido para conhecer parcialmente do
recurso especial, negando-lhe provimento. (STJ. AgInt no AREsp 2040196 / SP, 2ª
Turma STJ, rel. Min. Francisco Falcão, j. 15.08.2022)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o intuito da proteção dos direitos coletivos e a excepcionalidade trazida na
criação do TAC, é de extrema importância que saudemos o legislador em questão com esta
ferramenta. De certo, o processo jurídico brasileiro, devido a quantidade em análise do sistema
judiciário, tornou-se moroso e tal lastro afastou o Poder Judiciário da sociedade, afinal estes possuem
prazo próprio que se torna incompreensível para a sociedade.

A garantia da justiça e seu acesso, além da própria estrutura judicial já existente e que vierem
a existir, transpassa essa ideia e se fundamenta na ideia de um Judiciário democrático de entendimento
e de atuação concreta dos casos. A figura do MP como um fiscal da justiça, nos casos em que não são
titulares da ação, mas também como “facilitador” de acordos é de extrema importância civilizatória
para totó o sistema do Estado brasileiro.

De fato é necessário uma homologação judiciária que pode ser tardia, em algumas vezes,
porém segue de extrema importância para que se torne título judicial executivo deste acordo inter
pars. Para a vigilância do cumprimento a o papel do Ministério Público, mas que se tenha uma
igualdade de armas e um termo pontualmente exequível, o Judiciário mantém sua função principal da
resolução das lides.

Retomando as considerações já feitas, as ferramentas positivas e aplicáveis de solução de lides


administrativas ou de maneira paralela ao Judiciário devem sempre ser saudadas por auxiliar a
equalização entre as partes. De certo, podemos sempre buscar novas ferramentas e descartar as
obsoletas que não atendem a tal função, porém é de certo indicar que de sua aplicação, 2007, até hoje a
TAC vem se demonstrando como eficaz no direito coletivo e nas atuações apresentadas ao sistema
processual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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