Você está na página 1de 194

Sephora Marchesini

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 1.º Ponto Escrito 15 de março 18h

 2.º Ponto Escrito 26 de abril 18h

 1.ª Frequência 22 de junho 15h

 Exame 2.ª Época 13 de julho 15h


TERÇA QUARTA QUINTA

11h Atendimento - 314

16h OT – E (206)

17h PRÁTICA – E (208)

18h Atendimento - 314 TEÓRICA – EF (anf. 3)

19h TEÓRICA – EF (anf. 3)

20h OT – F (210)

21h PRÁTICA – F (210)


Seman Terça Quarta Quinta
a
13 a 0 - Prática – E 1 - Teórica – EF 0 - Orientação Tutorial – E
18 fev 0 - Prática – F
0 – Orientação Tutorial – F
20 a Carnaval 2 - Teórica – EF 0 - Orientação Tutorial – E
25 fev
27 fev 1 - Prática – E 3 - Teórica – EF 1 - Orientação Tutorial – E
a 04 1 - Prática – F
mar 0 – Orientação Tutorial – F
6 a 11 2 - Prática – E 4 - Teórica – EF 2 - Orientação Tutorial – E
mar 2 - Prática – F
1 – Orientação Tutorial – F
13 mar 3 - Prática – E 5 - Teórica – EF PONTO ESCRITO 3 - Orientação Tutorial – E
a 18 3 - Prática – F
2 – Orientação Tutorial – F
20 a 4 - Prática – E 6 - Teórica – EF 4 - Orientação Tutorial – E
25 mar 4 - Prática – F
3– Orientação Tutorial – F
Semana Terça Quarta Quinta
27 mar a 01 abr 5 - Prática – E 7 - Teórica – EF 5 - Orientação Tutorial – E
5 - Prática – F
4 – Orientação Tutorial – F
3 a 9 abr PÁSCOA

11 a 15 abr 6 - Prática – E 8 - Teórica – EF 6 - Orientação Tutorial – E


6 - Prática – F
5 – Orientação Tutorial – F
17 a 22 abr 7 - Prática – E 9 - Teórica – EF 7 - Orientação Tutorial – E
7 - Prática – F
6 – Orientação Tutorial – F
24 a 29 abr 8 - Prática – E 10 - Teórica – EF PONTO ESCRITO 8 - Orientação Tutorial – E
8 - Prática – F
7 – Orientação Tutorial – F
01 a 6 mai 9 - Prática – E 11 - Teórica – EF 9 - Orientação Tutorial – E
9 - Prática – F
8 – Orientação Tutorial – F
8 a 13 mai 10 - Prática – E 12 - Teórica – EF 10 - Orientação Tutorial – E
10 - Prática – F
9 – Orientação Tutorial – F
15 a 20 mai 11 - Prática – E 13 - Teórica – EF 11 - Orientação Tutorial – E
11 - Prática – F
10– Orientação Tutorial – F
22 a 27 mai 12 - Prática – E 14 - Teórica – EF 12 - Orientação Tutorial – E
12 - Prática – F
11 – Orientação Tutorial – F
29 mai a 03 jun 13 - Prática – E 15 - Teórica – EF REVISÃO 13 - Orientação Tutorial – E
13 - Prática – F
12 – Orientação Tutorial – F
Semana Assunto
13 a 18 fev Título I - Capítulo I e Capítulo II – Direito Civil | Princípios Fundamentais do Direito Civil | Relação Jurídica

20 a 25 fev Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Relação Jurídica | Personalidade Jurídica

27 fev a 04 mar Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Direitos da Personalidade | Capacidade Jurídica (Menor, Maior Acompanhado)

6 a 11 mar Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Domicílio e Ausência | Nacionalidade | Estado Civil

13 a 18 mar 1.º Ponto Escrito | Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Nacionalidade | Estado Civil

20 a 25 mar Título II - Capítulo II – Das Pessoas – Pessoas Coletivas

27 mar a 01 abr Título II - Capítulo II – Das Pessoas – Pessoas Coletivas

3 a 9 abr PÁSCOA

11 a 15 abr Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Esfera Jurídica

17 a 22 abr Título III - Capítulo I Coisas

24 a 29 abr 2.º Ponto Escrito

01 a 6 mai Título III - Capítulo II Prestações | Capítulo III Outros possíveis objetos

8 a 13 mai Título III - Capítulo IV A representação.

15 a 20 mai Título IV - Capítulo I - Situações, relações jurídicas e direitos subjetivos

22 a 27 mai Título IV - Capítulo III O tempo e a estabilização das situações jurídicas

29 mai a 03 jun Revisão para o Exame


Título I Capítulo I – Do Direito
e Direito Civil
Introdução
Capítulo II – A Relação
jurídica
Direito Privado ≠ Direito Público

Direito Civil ≠ Natureza do interesse, natureza dos sujeitos, modo de relacionamento

“As dificuldades de distinção … não são… inultrapassáveis, desde que se abandone a técnica da
classificação dicotómica e se adote um modo de qualificação polar” - PPV/PLPV (9)

Polo Privado Polo Público

“vertente pessoal, a componente individual, particular, “vertente comunitária, a componente social, coletiva,
privada, relativa às pessoas comuns e aos seus interesses, estatal, relativa à comunidade e ao bem comum, de todos
num modo de relacionamento em princípio paritário” - ou da maioria, ou dos interesses que ao Estado cabe
PPV/PLPV (9) prosseguir assistido de poderes de autoridade e de modo
sobre-ordenado” - PPV/PLPV (9)
Tutela dos interesses particulares Tutela dos interesses públicos

Relações entre particulares Intervenção de entes Públicos (com poder e autoridade)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Direito da Família Direito Privado (ex.: impedimentos do casamento / RRP autoridade dos pais)

 Direito Penal Direito Público

 Direito do Trabalho Direito Privado (ex.: limitações a autonomia privada no contrato de trabalho)

 Direito Fiscal Direito Público

 Direito Comercial Direito Privado (ex.: regulações públicas)


 Direito Administrativo Direito Público
 Direito Processual Direito Público

Direito Civil --» componente privada é dominante mas não exclusiva (“interesse e ordem pública”)
 “o Direito Civil constitui o cerne fundamental do Direito Privado. É no seu âmbito que se
concentram os princípios, institutos e regulações que são comuns ao sub-ramos do Direito
Privado e que constituem os próprios fundamentos do Direito Privado, entendido como o
direito das pessoas comuns” - PPV/PLPV

Pessoas
Criado PELAS Pessoas e PARA as Pessoas

Ações
Comportamentos e Finalidades – Sociedade não é inerte

Bens
Satisfação de necessidades e vontades
“pode-se detectar uma série de princípios
1. O Personalismo Ético fundamentais do actual direito civil. esses
princípios formam a ossatura do direito civil,
2. O princípio da autonomia
sustentando as normas que os desenvolvem e
3. O princípio da responsabilidade danto-lhes um sentido e uma função... Esses
princípios jurídicos oferecem-nos assim os traços
4. O princípio da confiança e da aparência fundamentais do sistema do direito civil, na
5. O princípio da boa fé medida em que modelam o conteúdo do direito
vigente, penetrando e cimentando os seus
6. O princípio da paridade jurídica elementos normativos” - CAMP (96)
7. O princípio da equivalência
8. O reconhecimento da propriedade e a sua função
9. O respeito pela família e pela sucessão por morte

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“o personalismo ético exige a proscrição da escravatura, do racismo e de todas as discriminações e prepotências, da pena de
morte e dos tratamentos infamantes, da tortura e da prisão para a obtenção de provas ou para averiguações e da parcialidade
judicial. No Direito Civil, o personalismo ético funda a tutela da personalidade, a autonomia privada, a responsabilidade civil, o
direito subjetivo e a propriedade, o respeito da família e a sucessão por morte” - PPV/PLPV (14)

A Personalidade é originária e inerente à natureza humana


Reconhecimento da personalidade jurídica Tutela dos direitos de personalidade
*Ser pessoa é ser apto para ser sujeito de direitos e obrigações jurídicos
Direito Civil --» aplica-se a convivência humana
Convivência = poderes e deveres jurídicos

Artigo 66.º
Pessoa ≠ Ser Humano
Começo da personalidade
(Pessoa propriamente dita, organização de pessoas, conjunto de 1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.
bens --» personalidade jurídica) 2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“É este círculo de direitos necessários; um conteúdo mínimo e imprescindível da esfera jurídica de cada pessoa” - CAMP (101)

Proteção do Direito civil pode


encontrar correspondente
proteção no Direito Penal (em
simultâneo ser um ilícito penal e
um ilícito civil), mas pode ser
apenas um ilícito civil.

Direitos Absolutos --» impõem ao respeito de todos


Círculo de Direitos de Personalidade – artigo 70.º ss

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/f928078b9b63bce1802589400059990b?OpenDocument

Ac. STJ de 19/01/2023


Proc.º n.º 4060/19.2.TBLRS.L1.S1
SUMÁRIO:
I. O RJMA consagra o critério do primado da vontade do beneficiário não apenas na escolha do acompanhante, mas também
das pessoas que deverão cooperar com este, fiscalizar a sua actuação, e substituí-lo nas suas faltas e impedimentos, o que
inclui os membros do Conselho de Família e, em especial, o protutor.
II. Se a decisão judicial não considerou que a beneficiária não dispusesse de capacidade bastante para compreender o acto
de escolha dos membros do Conselho de Família, ao nomear como protutor um sujeito, contra a vontade expressa da
beneficiária, violou as disposições legais do RJMA, que deverão ser interpretadas à luz do teor da Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

FUNDAMENTAÇÃO:
Também Geraldo Rocha Ribeiro, a este propósito afirma que “a ordem jurídica assenta, pois, no personalismo ético que reconhece liberdade
para a autodeterminação individual e responsável da pessoa (ou seja, reconhecer a dignidade da pessoa humana é consagrar a sua
autodeterminação e consequente responsabilidade). A imposição de limites por parte do Estado a estas dimensões essenciais da ordem jurídica é
admissível apenas a título excepcional e por necessidade de protecção de interesses jurídicos superiores ou equivalentes. Reconhece-se à
pessoa a liberdade real e jurídica de conformar a sua vida e gerir os seus interesses, não podendo o Estado, por isso, impor arbitrariamente um
paternalismo anacrónico e redutor da essência humana (…) Estas considerações implicam que o princípio da dignidade da pessoa humana seja
centrado a partir da perspectiva da pessoa e que nela se desenvolva e se materialize, recusando-se qualquer imposição ou determinação
exógena, quer pelo Estado, quer por terceiros. A cada ser humano deverá ser reservada a competência para definir e conformar a sua própria
vida, o que implica uma realização inevitavelmente circunstancial deste princípio, quanto à definição e materialização do seu concreto conteúdo.
Não pode, por isso, o Estado assumir uma função paternalista e impor uma protecção não querida pelo próprio

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/bfc224d79a696da280256f87004fd4d4?OpenDocument

Ac. TRP de 20/12/2004


Proc. n.º 0455904
SUMÁRIO:
I - A jornalista que sem averiguar os factos, publica, com destaque e com autorização do jornal onde colabora, e do
seu director, um artigo que, pelo respectivo teor, permite identificar um funcionário de uma escola pública
acusando-o de factos que revelam assédio sexual e práticas pedófilas, com alunos, age com culpa e infringe os
seus deveres deontológicos.
II - A falsidade da notícia tendo provocado no visado, depressão, vergonha de entrar na escola - onde era pessoa
respeitada e respeitadora - e enfrentar os professores e alunos, causando-lhe ansiedade e perturbação da vida
familiar, causou um dano não patrimonial que, equitativamente, deve ser compensado com a quantia de € 24.940,00,
pagamento que a responsabiliza, bem como ao director do jornal e empresa dele proprietária.

FUNDAMENTAÇÃO DA ILICITUDE:
Quando tal se revele inviável, num sistema jurídico assente, como é o caso do ora vigente, em lei fundamental
centrada no primado da dignidade da pessoa humana, em que não será difícil descortinar um personalismo ético
que exige o reconhecimento de cada pessoa como sujeito (de direitos fundamentais) e a sua protecção enquanto tal,
a colisão desses direitos deve, em princípio, resolver-se pela prevalência daquele direito de personalidade (nº2 do
art. 335º, do CC) (...) Só assim não deverá ser quando, em concreto, concorram circunstâncias susceptíveis de, à luz
de bem entendido interesse público, justificar a adequação da solução oposta: sempre, então, também, ilícito o
excesso, se exigindo o respeito por um princípio, não apenas de verdade, necessidade e adequação, mas também
de proporcionalidade (ou razoabilidade)”.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


ESFERA JURÍDICA --» "Entende-
se por esfera jurídica o conjunto
das relações jurídicas de que uma
pessoa é titular" PMP (102)

“A autonomia é a liberdade que as pessoas têm de se regerem e vincularem a si próprias, uma


perante as outras, de prometerem e de se comprometerem” - PPV/PLPV (17)

“A autonomia da vontade ou autonomia privada consiste no poder reconhecido aos particulares de


autoregulamentação dos seus interesses, de autogoverno da sua esfera jurídica … A autonomia
privada também se manifesta no poder delivre exercício dos seus direitos ou de livre gozo dos seus
bens pelos particulares – ou seja, é a autonomia privada que se manifesta na «soberania dos
querer» - no império da vontade – que caracteriza essencialmente o direito subjectivo … A
autonomia privada ou autonomia da vontade encontra, pois; os veículos da sua realização nos
direitos subjectivos e na possibilidade de celebração de negócios jurídicos” - PMP (102-103)
Encontramos a autonomia privada em todas as searas do Direito Civil (em algumas partes com menor força como ocorre nas relações
pessoais e relações familiares que há impedimento de disposição de certos direitos, como os direitos de personalidade).
Manifestação do princípio da autonomia mais visível na liberdade contratual

Não é absoluta!
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/56a6e7121657f91e80257cda00381fdf/ea5081c0eece5aca80257e4c0037d20a?OpenDocument

AC. TRP de 11/05/2015


Proc. n.º 299/14.5T8PNF.P1
SUMÁRIO:
Na ação de reconhecimento da existência de contrato de trabalho a que se reporta a Lei nº 63/2013 de 27.08, proposta pelo
Ministério Público, não é passível de homologação a desistência do pedido requerida pela alegada “trabalhador”.
FUNDAMENTAÇÃO:
É por isso que entendemos que o trabalhador não tem legitimidade para desistir do pedido ou pura e simplesmente acordar, à revelia do Ministério Público,
com o empregador que a relação estabelecida entre eles constitui um contrato de prestação de serviços e não de trabalho.
Se o empregador e o trabalhador são livres de negociar à luz do artigo 405º, nº 1 do Código Civil, espelhando-se essa liberdade na escolha da forma e modo
de prestação da «actividade laboral», a mesma (liberdade) esgota-se na livre qualificação do contrato celebrado. O que queremos dizer com isso é que, se,
dentro dos limites da lei, as partes são livres de negociar, na qualificação jurídica desse negócio, não podem impor ao mundo jurídico uma qualificação que
não está de acordo com os parâmetros reais e legais. Assim, não é pelo facto de ambas as partes dizerem que o contrato é um contrato de prestação de
serviços que faz com que o mesmo na realidade o seja. Se a realidade concreta, ou seja, se a actividade desenvolvida pelo trabalhador, apreciada à luz de
estritos critérios legais, corresponde a um contrato de trabalho e não ao que as partes dizem corresponder, não se pode à luz da liberdade contratual ou do
princípio da autonomia privada, aceitar essa qualificação das partes. Passar-se-ia por cima da legalidade e da defesa do interesse público, que está além do
mero interesse privado.
Não está aqui em causa qualquer atropelo ou limite à liberdade contratual, ao princípio da autonomia privada, mas somente um acerto jurídico da qualificação
das partes que não correspondem à realidade dos factos. As partes são livres de escolher o modelo contratual regulador da sua relação profissional, mas não
podem é adulterar as normas legais e pretender que, independentemente da realidade fáctica, essa regulação corresponda a um determinado contrato, que na
realidade o não é. As partes foram e são livres de contratar, têm é de se submeter às regras legais. A liberdade contratual e a autonomia privada não podem
estar à margem do ordenamento jurídico, já que é este que as reconhece e protege. É no ordenamento jurídico que o contrato se vai refletir e ter repercussões.
Este é um dos limites à liberdade contratual e à autonomia privada.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/1b848155cb05582a80257d72004b32eb?OpenDocument

Ac. TRG de 25/09/2014


Proc. n.º 403/13.0TCGMR.G1
SUMÁRIO
I- Os tribunais arbitrais são competentes para conhecer da sua própria competência, devendo os tribunais estaduais absterem-se de decidir sobre essa matéria antes da
decisão do tribunal arbitral, e isto mesmo que, para o efeito, haja necessidade de apreciar a existência, a validade ou a eficácia da convenção de arbitragem ou do
contrato em que ela está inserida.
II- Destarte, uma vez instaurada a acção nos tribunais estaduais e invocada a excepção de preterição de tribunal arbitral, apenas em casos de manifesta nulidade,
ineficácia ou de inaplicabilidade da convenção de arbitragem - ou seja, que não necessita de mais prova para ser apreciada, recaindo apenas na consideração dos
requisitos externos da convenção, como a forma ou a arbitrabilidade -, pode o juiz declará-lo e, consequentemente, julgar improcedente a excepção.
III- A quebra do monopólio do Estado na função judicial (ao permitir a arbitragem voluntária) apenas se mostra permitida e justificada quando através dela possam ser
conseguidos (pelo menos) os mesmos objectivos que através dos órgãos de soberania tribunais o Estado tende a conseguir.
IV- Por essa razão, sendo o direito de acesso à justiça um direito fundamental, que se encontra em plano superior ao direito potestativo a exigir a arbitragem, unicamente
a verificação da existência de uma situação de absoluta impossibilidade, e não tão-somente de mera difficultas praestandi (em respeito pela autonomia privada), que torne
inexigível que seja cumprido o acordo de arbitragem, constitui legitimo fundamento justificativo do seu incumprimento.

FUNDAMENTAÇÃO:
O princípio da autonomia da vontade não é absoluto, sendo que, os direitos fundamentais não podem, em caso algum, ser postos em causa
pela execução de um contrato, razão pela qual, sempre que de demonstrem factores dos quais se fora inferir a denegação a alguém do acesso
de á justiça arbitral (a que voluntariamente e de acordo com o seu poder de autodeterminação se submeteu), deverá então sobrepor-se de novo
o dever do Estado de a todos garantir o acesso à justiça, uma vez que a sua afirmação suplanta a autonomia privada contida na convenção
arbitral.
Como evidente decorre, assim, que, sendo a arbitragem uma forma de acesso à justiça, tal como o são os tribunais estaduais, quando o
cumprimento da cláusula compromissória possa implicar o absoluto comprometimento da concretização do valor fundamental do nosso
ordenamento, em que consiste o acesso à justiça, deverá ser excluída a sua aplicação, pois, em nenhuma situação, a execução dum contrato
pode significar a negação desse valor.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Ações e omissões que podem resultar em prejuízos a outrem --» devem ser ressarcidos

“A liberdade sem responsabilidade constitui arbítrio, e o arbítrio é incompatível com a dignidade. A


responsabilidade sem liberdade constitui sujeição ou servidão, o que é também incompatível com a
dignidade. A liberdade ou autonomia é, pois, inseparável da responsabilidade. Não há liberdade
sem responsabilidade, assim como não pode haver, em princípio, responsabilidade sem liberdade” -
PPV/PLPV (18)

Rege as consequências dos atos ilícitos que causem danos


Responsabilidade Criminal Responsabilidade Civil

 Responsabilidade Civil –-» Culpa e Risco (transferência de responsabilidade – seguros)

 Responsabilidade Civil –-» Caráter Ressarcitório (*função punitiva da indemnização para impedir que o autor
da lesão persista – é uma solução recente, autores como PPV/PLPV (18) defendem ser aplicados somente
nos casos conexos com o processo criminal)
“punitive damages”
“skimming off”
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt enriquecimento sem causa
Resp. Civil Resp. Penal/Criminal
Legislação Código Civil – 483.º ss | 798.º ss Código Penal /Processo Penal
Esfera Direito Civil, Direito Privado Direito Penal, Direito Público
Inimputável também – a partir dos
Responsabilidade Maior de Idade (exceções do 127.º CC)
7 anos (488.º n.º2)
Defesa da ordem social (caráter público
Interesse Pessoa lesada (caráter privado)
e indisponível)
Prevenção Geral e Especial –
Finalidade Restituição dos interesses lesado
Intimidação e Reeducação

Princípio da adesão do pedido de indemnização civil fundado na prática de um crime ao processo


penal - Proposta em conjunto (artigo 71.º ss. Do CPP) ou em separado (artigo 82.º e 377.º do CPP)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


3.3 Evolução da Responsabilidade Civil

VINGANÇA PRIVADA - reparação para vítima


Intervenção da AUTORIDADE PÚBLICA - reparação para vítima (ação privada) e
punição pela autoridade pública (ação pública)
Responsabilidade INDIVIDUAL SUBJETIVA - ILÍCITO + CULPA
Responsabilidade OBJETIVA (Multiplicação dos RISCOS, conjunto de pessoas) –
Desenvolvimento Tecnológico e Industrial somado a existência de Sistemas de
Reparação Coletiva (ex.: Seguros, Segurança Social)
Responsabilidade por Factos LÍCITOS - Sem culpa, sem ilícito, mas com DANO.
Seguro Voluntário (profissionais liberais) | Obrigatório em outras áreas | Pessoal
(culpa própria)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Extracontratual Contratual
483.º 798.º

5 pressupostos
-Facto Voluntário
-Ilicitude 5 pressupostos
 Factos ilícitos - 483.º -Facto Voluntário
Violação dos direitos absolutos -Ilicitude
Responsabilidade Violação de regras de proteção de  Não cumprimento definitivo
Subjetiva interesses alheios
Abuso de direito  Atraso no cumprimento
Casos Especiais – 334.º, 484.º a 486.º  Cumprimento defeituoso
Responsabilidade
Objetiva  Risco – 499.º (sem culpa) -Culpa (presumida)
 Factos lícitos - 339.º n.º2; 1348.º n.º2, 1367.º etc. -Danos (patrimoniais e não patrimoniais)
-Culpa -Nexo de Causalidade
-Danos (patrimoniais e não patrimoniais)
-Nexo de Causalidade
Obrigação de Indemnizar – 562.º
Reconstituição natural | Dinheiro

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Há situações de coincidências entre os regimes Extracontratual Contratual
Outras Nomenclaturas Resp. Delitual / Resp. Aquiliana Resp. Obrigacional /Resp. Negocial

Código Civil – 483.º e seguintes Código Civil – 798.º e seguintes


Legislação
*art. 805.º e 806.º *art. 485.º n.º2, 486.º, 491.º, 492.º n.º2 e 493.º n.º1
Há vinculação obrigacional prévia
Estrutura Não há relação prévia – “partes não se conhecem”
- ex.: Contrato indica o sujeito responsável

Responsabilidade Inimputável também – a partir dos 7 anos (488.º n.º2 CC) Ter capacidade de direito (exceções do 123.º, 127.º, 139.º e 156.º CC)

Violação dos direitos absolutos, violação de regras de proteção de interesses


Fundamento Violação de Direitos Relativos/Crédito – resultante da lei, contratos ou negócio unilaterais
alheios e por abuso de direito
3 anos (art. 498.º CC)
Prescrição 20 anos (art. 309.º CC)
*Atenção ao art. 498.º n.º 3 CC

Cabe ao lesado provar a existência do dano e da relação direta entre facto e o Basta provar a existência da relação e a violação, cabendo a outra parte ilidir a culpa -
Regime de Provas dano, assim como a culpa (art. 487.º n.º1 CC – concretização do art. 342.º CC). Presume-se a culpa do devedor/lesante. Isso é cabe ao lesante provar que não agiu de forma
*(Presunção legal de culpa art. 491º , 492.º n.º1, 493.º e 503º n.º3 CC). censurável (art. 799.º, n.º 1 e n.º2 do art. 350.º CC).

É possível que as partes acordem a exclusão ou limitação da responsabilidade que provenha


Exclusão prévia da Responsabilidade As partes não possuem relação - não há previsão de facto danoso.
do dito contrato

Possibilidade de indemnização fixada equitativamente ainda que abaixo do


Não se aplica a graduação equitativa da indemnização.
Diante de mera culpa do lesante valor dos danos - art. 494.º e 499.º CC(mesmo em caso de Responsabilidade pelo
*Pessoa Jorge defende ser aplicável o art. 494.º CC
Risco)
Responsabilidade solidária – art. 497º e 507.º (o lesado pode reagir contra Responsabilidade conjunta – (é necessária convenção ou lei em contrário pra que haja lugar
Pluralidade de Responsáveis
qualquer um dos lesados exigindo totalidade da prestação.) à responsabilidade solidária art. 513.º, exemplo, gestão de negócios – art. 467.º)

Responsabilidade do comitente (art. 500.º e 497.º CC) Responsabilidade do Devedor (art. 800.º CC) – possibilidade de previamente excluir u
Responsabilidade por fato de terceiro
limitar a responsabilidade
Obrigação de Indemnizar Prevista no art. 562.º ss CC Prevista no art. 562.º ss CC
Cabe compensação por não danos
Sim - art. 496.º CC Sim - art. 496.º do CC
patrimoniais

Momento de constituição de mora Desde a citação - art. 805.º n.º 3 segunda parte CC Diversas situações - art. 805.º n.º 1, 2 e 3 na primeira parte CC

Foro Competente Local onde facto ocorreu – art. 71.º n.º2 CPC Domicílio do Réu – art. 71.º n.º1 CPC
Termos Lesado e o agente ou lesante. Credor e devedor

Função função reparadora e preventiva função reparadora

Plano Axiológico Ideia de Liberdade Ideia de Confiança


Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
“A confiança depositada pelas pessoas merece tutela jurídica. Quando uma pessoa atua o celebra
certo ato, negócio ou contrato, tendo confiado na atitude, na sinceridade, ou nas promessas de
outrem, ou confiando na existência ou estabilidade de certas qualidades das pessoas ou das coisas,
ou das circunstâncias envolventes o Direito não pode ficar absolutamente indiferente à eventual
frustração dessa confiança” - PPV/PLPV (22)

“Quem age, interage”


Criação de expectativas – poderá ser tutelada pelo Direito
Deriva do Princípio da boa fé (Tutela da Confiança)
"em certos casos, deve relevar juridicamente a confiança justificada de alguém no comportamento de outrem,
quando este estiver contribuído para fundar essa confiança e ela se justifique igualmente em face das
circunstâncias do caso concreto. Essa relevância jurídica pode levar a atribuir efeitos jurídicos a uma situação
tão-só aparente, ou ficar-se, como sucederá normalmente, por criar a obrigação de indemnização pela
frustração das legítimas expectativas” - CAMP (127)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/7942ff76dd1b702980257cba003631b5?OpenDocument

Ac. STJ de 10/04/2014


Proc. n.º 8576/03.8TBCS.L1.S1
SUMÁRIO:
1. A responsabilidade objectiva dos auxiliares do devedor – art. 800º, nº1, do Código Civil – havendo incumprimento da obrigação, superada a construção
jurídica que radicava tal responsabilidade na teoria da culpa “in eligendo”, ou na “culpa in vigilando”, inscreve-se, hoje, com mais propriedade nos princípios
tutela da aparência e da confiança, segundo os quais, quem incute, pela sua actividade e comportamento nas relações jurídicas, expectativas de confiabilidade
e segurança, deve arcar com as consequências da frustração desses valores.
2. No contrato de mediação, a relação de confiança entre o mediador e os seus auxiliares dependentes ou independentes é particularmente estimulada pelos
contactos existentes entre alguém que tem por objectivo aproximar os interessados num certo negócio.
3. Não pode a mediadora imobiliária pretender exonerar-se de responsabilidade, por prática de actos ilícitos, praticados pelos seus agentes, colaboradores ou
auxiliares, desde que tais actos se emoldurem no quadro do exercício profissional da sua actividade e exprimam actuação ilícita.
4. Esse risco corre, objectivamente, por conta do comitente, desde que a actuação do comitido/auxiliar se inscreva no quadro funcional daquele e exista
actuação sua ilícita, culposa, bem como dano resultante da actuação ilícita e danosa.
5. Tendo um funcionário de empresa mediadora imobiliária recebido, com autorização desta, uma quantia a título de sinal no contexto de contrato promessa de
compra e venda de três fracções prediais, quantia que descaminhou, desconhecendo-se até o seu paradeiro, é a sociedade mediadora imobiliária responsável
objectivamente pelo prejuízo que, no caso, é a perda do sinal pelos promitentes compradores.
6. Sendo as sociedades mediadoras imobiliárias obrigadas por lei a prestar caução e a celebrar contrato de seguro obrigatório como garantia de ressarcimento
dos danos patrimoniais causados aos interessados decorrentes de acções ou omissões, quer das empresas, quer dos seus representantes, ou do
incumprimento de “outras obrigações resultantes do exercício da sua actividade”, os lesados podem lançar mão do seguro obrigatório, sem terem que,
previamente, accionar a caução.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/-/482B0A2EEAFC2C3A80257E4B0053C076

Ac. STJ de 20/05/2015


Proc. n.º 752-F/1992.E1.S1
SUMÁRIO:
1. No actual regime da reclamação por rejeição do recurso no Tribunal a quo a competência do relator, no caso de a
reclamação ser deferida, fixa- se automaticamente em função do procedimento de reclamação: como estabelece o nº 6 do
art. 643º do CPC, se a reclamação for deferida, o relator requisita logo o processo principal ao tribunal recorrido, que o fará
subir no prazo de 10 dias – cumprindo, deste modo, proceder ao julgamento da revista, sem que tenha lugar nova
distribuição do processo.2. A circunstância de a relevância e efeitos da figura da representação aparente serem menos
amplas e intensas no domínio do direito civil, relativamente ao que ocorre em direito comercial, não significa que não possam
verificar-se situações excepcionais em que a tutela da fundada confiança do terceiro de boa fé na existência de poderes
representativos de quem outorgou no negócio imponha a vinculação do próprio representado aos efeitos do acto - como
ocorrerá , nomeadamente quando a desprotecção do terceiro traduzisse uma insuportável lesão da confiança,
incompatível com os ditames da boa fé e com a proscrição do abuso de direito , decorrente da simultânea existência de
uma muito fundada aparência de poderes representativos e de uma reprovável negligência do representado na
criação dessa mesma aparência fundada.
3. Traduz um reprovável venire contra factum proprium a pretensão deduzida pelo administrador, como representante legal
da massa falida, destinada a obter a declaração de ineficácia da venda por negociação particular de imóvel, realizada pelo
auxiliar designado ao referido administrador–colocando exclusivamente a cargo do outro contraente de boa fé as
consequências desfavoráveis da aparência de poderes representativos, em que justificadamente confiou, imputável a actos e
omissões do próprio representante legal da massa falida.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/d91f021221d2fdde80256d55003780fd?OpenDocument

AC. STA de 18/06/2003


SUMÁRIO:
Proc. n.º 01188/2003
I - A gravação da prova assume-se como uma garantia tendente a possibilitar, de alguma maneira, um segundo grau de jurisdição em matéria de facto.
II - Porém não se pode olvidar que o registo magnético da prova, pela sua própria natureza não pode reproduzir todas as circunstâncias em que um determinado depoimento se processou, não podendo
explicitar tudo aquilo que é perceptível apenas através do concretizar do principio da imediação da prova, deste modo não revelando todos os elementos que, porventura, tivessem sido susceptíveis de
influenciar a convicção do tribunal da 1ª instância, assim não tornando acessível ao tribunal Superior o controlo de todo o processo que habilitou o tribunal "a quo" a decidir como decidiu, o que tudo
aconselha um particular cuidado aquando do uso pelo tribunal "ad quem" dos poderes de reapreciação dos pontos controvertidos da matéria de facto.
III - O principio da boa fé assume-se como um dos princípios gerais que servem de fundamento ao ordenamento jurídico.
IV - Tal principio apresenta-se como um dos limites da actividade discricionária da Administração.
V - Um dos corolários do principio da boa-fé consiste no principio da protecção da confiança legitima, incorporando a boa-fé o valor ético da confiança.
VI - A exigência da protecção da confiança é também uma decorrência do principio da segurança jurídica, imanente ao principio do Estado de Direito.
VII - Contudo, a aplicação do principio da protecção da confiança está dependente de vários pressupostos, desde logo, o que se prende com a necessidade de se ter de estar em face de uma confiança
"legitima" o que passa, em especial, pela sua adequação ao Direito, não podendo invocar-se a violação do principio da confiança quando este radique num acto anterior claramente ilegal, sendo tal
ilegalidade perceptível por aquele que pretenda invocar em seu favor o referido principio.
VIII - Por outro lado, para que se possa, válida e relevantemente, invocar tal principio é necessário ainda que o interessado em causa não o pretenda alicerçar apenas, na sua mera convicção psicológica,
antes se impondo a enunciação de sinais exteriores produzidos pela Administração suficientemente concludentes para um destinatário normal e onde seja razoável ancorar a invocada confiança.
IX - As meras expectativas fácticas não são juridicamente tuteladas.
X - O cuidado e as precauções a exigir da parte que reivindica a protecção da sua boa-fé serão tanto maiores quanto mais avultados forem os investimentos feitos com base na confiança, já que se não
pretende tutelar o "excesso de confiança".
XI - Por outro lado, mesmo em sede do principio da boa-fé, a Administração terá sempre de valorar os condicionantes que entretanto, se tenham produzido, sendo que a mudança do circunstancialismo em
que se tivesse baseado numa anterior conduta, poderá legitimar à luz da vinculação ao principio da legalidade e da prossecução actualizada do interesse público, uma alteração aos critérios anteriormente
assumidos não estando, assim, a Administração impedida de avaliar a nova situação que, porventura, se tivesse desenvolvido, por forma a melhore acautelar os interesses que lhe incumbisse defender.
XII - Por obediência ao principio da proporcionalidade a Administração deverá escolher dentro dos diversos meios ou medidas idóneas e congruentes do que disponha aqueles que sejam menos gravosos
ou que causem menos danos.
XIII - Estamos aqui no domínio do principio da intervenção mínima por forma a que se consiga compatibilizar o interesse publico e os direitos dos particulares, de modo a que o principio da
proporcionalidade jogue como um factor de equilíbrio garantia e controlo dos meios e medidas.
XIV - O principio da igualdade é de conteúdo pluridimencional, postulando várias exigências, sendo que, no fundo, o que se pretende evitar é o arbítrio, mediante uma diferenciação de tratamento
irrazoável, a que falte inequivocamente apoio material e constitucional objectivo.
XV - A ilicitude não se basta com a genérica anti-juridicidade, tudo se devendo centrar nas especificas relações eventualmente existentes entre as normas ou princípios tidos por violados e a esfera jurídica
do Particular, devendo existir como que uma conexão da ilicitude entre a norma ou o principio e a posição juridicamente protegida do Particular.
XVI - Ou seja, nem toda a ilegalidade implica ilicitude, para efeitos indemnizatórios, devendo o conceito de ilicitude ser integrado pela já apontada exigência de violação de uma posição jurídica substantiva
do Particular.
XVII - O principio da igualdade dos cidadãos na repartição dos encargos públicos constitui o fundamento da responsabilidade por actos lícitos, acolhida no art.º 9.º do D. Lei 48051 de 21/XI/67.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“Tem um sentido moral que pode exprimir-se pelo mandamento de que «cada um fique vinculado em fé da palavra dada, que a
confiança que constitui a base imprescindível de todas as relações humanas não deve ser frustrada nem abusada e que cada um
se deve comportar como é de esperar de uma pessoa honrada»” (Larenz) - PPV/PLPV (24)

“o princípio da boa fé se ajusta a – contribui para – uma visão do direito em conformidade com a que subjaz ao Estado de
Direitos Social dos nossos dias, intervencionista e preocupado por corrigir os desequilíbrios e injustiças, para lá das meras
justificações formais" - PMP (124)
Subjetiva ou Objetiva --» são perspetivas de análise

Perspetiva Subjetiva Perspetiva Objetiva


Análise perante a situação jurídica Conjunto de regras da boa fé
“conhecimento ou desconhecimento por parte do agente, de como “como portadora de critérios de atuação honesta e honrada,
a sua atuação lesar interesses de outrem” – PPV/PLPV (25) como padrão «standard» jurídico” – PPV/PLPV (25)

“tem em vista a situação de quem julga a atuar em conformidade “constitui uma regra deconduta segundo a qual os
com o direito, por desconhecer ou ignorar, designadamente, contraentes devem agir de modo honesto, correcto e leal,
qualquer vício ou circunstância anterior” – CAMP (125) não só impedindo assim comportamentos desleais como
impondo deveres de colaboração entre eles.” – CAMP (125)
 243.º n.º2 "a boa fé consiste na ignorância da simulação"
 291.º n.º3 "desconhecia, sem culpa, o vício do negócio nulo ou  227.º n.º1 "regras da boa fé"
anulável"  239.º "ditames da boa fé"
 612.º má fé como "la consciência do prejuízo que o ato causa ao  334.º "limites impostos pela boa fé"
credor"
 437.º n.º1 "princípios da boa fé"
 1260.º n.º1 posse de boa fé quando "quando o possuidor ignorava, ao
adquiri-la, que lesava direito de outrem" Tutela da Confiança
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
“as partes, no contrato, devem ter assegurada uma posição paritária, quer na negociação, quer na
celebração, quer no desenvolver da relação contratual. Do mesmo modo, deve ser respeitada a
igualdade dos cônjuges no casamentos e dos filhos na filiação, e bem assim a não discriminação
dos sócios na sociedade ou dos consortes na compropriedade” - PPV/PLPV (26)

Criação de expectativas – poderá ser tutelada pelo Direito


Proteção que viabiliza paridade:
 Inquilino no contrato de arrendamento
 Trabalhador no contrato de trabalho
 Cliente consumidor nos contratos de cláusulas gerais,

“assegurar a paridade e nunca a de criar privilégios que a pervertam”


Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
“o princípio da equivalência não se contenta com uma equivalência simplesmente formal. Exige que
as contraprestações sejam material ou substancialmente equivalentes. Esta equivalência material
ou substancial não obriga a uma equivalência exata e absoluta.” - PPV/PLPV (27)

Artigo 237.º
Casos duvidosos
Em caso de dúvida sobre o sentido da declaração, prevalece, nos negócios gratuitos, o menos gravoso para o disponente e, nos onerosos, o que
conduzir ao maior equilíbrio das prestações.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/dcdfb0006fb35ca780258615004bac59?OpenDocument

Ac. STJ de 28/10/2020


SUMÁRIO:
0581/17.0BEALM
I - A taxa pode definir-se como uma prestação coactiva, devida a entidades públicas, com vista à compensação de prestações efectivamente provocadas ou
aproveitadas pelos sujeitos passivos. Em contraste com o imposto, de características unilaterais, a taxa caracteriza-se pela sua natureza comutativa ou
bilateral, devendo o seu valor concreto ser fixado de acordo com o princípio da equivalência jurídica. A natureza do facto constitutivo que baseia o
aparecimento da taxa pode consistir na prestação de uma actividade pública, na utilização de bens do domínio público ou na remoção de um limite jurídico à
actividade dos particulares (cfr.artº.4, nºs.1 e 2, da L.G.Tributária).
II - Relativamente à taxa de ocupação do subsolo (TOS) deve vincar-se que a jurisprudência, do Tribunal Constitucional e do S.T.A., é uniforme no sentido de
concluir que os tributos liquidados visando a ocupação de via pública e, mais especificamente, o subsolo, revestem a natureza de taxas.
III - A legitimidade das partes ("legitimatio ad causam") é o pressuposto processual que, traduzindo uma correcta ligação entre as partes e o objecto da causa,
as faculta para a gestão do processo. Como regra (legitimidade directa), serão partes legítimas os titulares da relação material controvertida (cfr.artº.30, nº.3,
do C.P.Civil, "ex vi" do artº.2, al.e), do C.P.P.Tributário; artº.9, do C.P.P.Tributário), assim se assegurando a coincidência entre os sujeitos que, em nome
próprio, intervêm no processo e aqueles em cuja esfera jurídica a decisão judicial vai directamente produzir a sua eficácia. Da análise do artº.30, nº.3, do C. P.
Civil, conclui-se que o critério supletivo de aferição da legitimidade processual se deve basear no interesse em demandar ou contradizer, face ao objecto inicial
do processo, individualizado pela relação material controvertida tal como o A. a configura.
IV - Se qualquer das partes carecer de legitimidade o Tribunal deve abster-se de conhecer do mérito da causa e absolver o réu da instância (cfr.artºs.278, nº.1,
al.d), 576, nº.2, e 577, al.e), todos do C.P.Civil, aplicáveis "ex vi" do artº.2, al.e), do C.P.P.Tributário), sendo tal excepção dilatória de conhecimento oficioso
(cfr.artº.578, do C.P.Civil).
V - A repercussão fiscal consiste na transferência do imposto que legalmente incide sobre um sujeito passivo, para um terceiro, alheio à relação jurídica
tributária, com quem aquele tem relações económicas. Nas palavras de alguns autores, o repercutido será um mero "contribuinte de facto" (titular da
capacidade contributiva), por contraposição ao "contribuinte de direito", aquele a quem é juridicamente exigível o pagamento do tributo.
VI - De acordo com a doutrina pode fazer-se a distinção entre a repercussão obrigatória ou legal, a qual encontra consagração, por exemplo, em sede de
I.V.A., por contraposição à repercussão voluntária, sendo que, em relação a esta última, resultando a transferência da carga tributária de acordo/relação entre
privados, regerão as regras do direito civil.
VII - O Município do Seixal não é sujeito da relação material controvertida nos presentes autos, dado não ter qualquer interesse em contradizer a presente
demanda, na medida em que inexiste um qualquer prejuízo que da procedência da mesma para ele possa advir (cfr.artº.30, do C.P.Civil; artº.9, nº.1, do
C.P.P.T.). Em conclusão, é parte ilegítima (ilegitimidade passiva) no âmbito da presente instância impugnatória.
(sumário da exclusiva responsabilidade do relator)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“O poder que o proprietário tem sobre os seus bens está funcional e finalisticamente orientado para o aproveitamento da utilidade que
potenciam. A utilidade dos bens traduz-se na aptidão para satisfazer necessidades para permitir a prossecução de fins das Pessoas.
Como tal, os bens são meios, são instrumentos.” - PPV/PLPV (30)
Artigo 62.º
Direito de propriedade privada
1. A todos é garantido o direito à propriedade privada e à sua transmissão em vida ou por morte, nos termos da Constituição.
2. A requisição e a expropriação por utilidade pública só podem ser efectuadas com base na lei e mediante o pagamento de justa indemnização.

Artigo 1305.º
Propriedade das coisas
O proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem, dentro dos limites da lei e com observância das restrições por ela impostas.

Adquiridos pelo Trabalho Adquiridos por Doação Adquiridos por Herança


 Características do direito de propriedade:
 3 setores de propriedade --» Setor público, setor privado, setor cooperativo e social (artigo 82.º CRP)
 Artigo 1305.º caracteriza o direito de propriedade (no Código Civil não encontramos uma definição)
 Proprietário tem direitos indeterminados | direito da propriedade é elástico, "extinto um direito real que limite a propriedade da
coisa, reconstitui-se a plenitude da propriedade sobre ela" - CAMP (154) | é um direito perpétuo (não se extingue pelo não uso)
*Direitos reais limitados – certos poderes podem ser exercidos, não a plenitude «jus utendi, jus fruendi e jus abutendi»
 Direitos reais de gozo – ex.: usufruto, uso e habitação, direito de superfície e as servidões prediais
 Direitos reais de garantia (ou seria um acessório ao direito de crédito?) - ex.: penhor, hipoteca, direito de retenção...
 Direitos reais de aquisição - ex.: direito real de preferência

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/0/213cc602b21a340c80256faa003f48f3?OpenDocument

Ac. TRC de 18/01/2005


SUMÁRIO:
Proc. n.º 4027/04
1. Os limites materiais da propriedades de imóveis estão definidos no n.º1 do art. 1344º do CC, ou seja, espaço aéreo e
subsolo correspondentes à superfície, mas logo ressalvando a segunda parte desse artigo tudo aquilo que esteja
desintegrado do domínio por lei ou negócio jurídico.
2. A Constituição contém limitações ao espaço aéreo e subsolo ( alíneas b) e c) do art. 84º
3. As limitações impostas por lei correspondem à função social do direito de propriedade, não deixando, de qualquer modo, o
conteúdo do direito de propriedade, como qualquer outro direito subjectivo, de ver limitado o seu uso nos termos do abuso de
direito.
4. Constando do n.º2 do art. 1344º do CC, também como afloramento da função social do direito de propriedade, que o
proprietário não pode proibir os actos de terceiro que, pela altura ou profundidade a que têm lugar, não haja interesse em
impedir, caberá ao terceiro alegar e provar o seu interesse bem como a falta de interesse por parte do proprietário em
impedir a violação dos limites materiais do imóvel.
5. Nada obstando a que, no futuro, o proprietário venha a ter interesse em impedir, hipótese em que o terceiro se absterá,
então, de atingir o espaço aéreo ou subsolo do prédio alheio.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/8fe0e606d8f56b22802576c0005637dc/3f21b61927237a92802587fb005e7f93?OpenDocument

Ac. TRC de 15/02/2022


Proc. n.º 1848/19.8T8FIG.C1
SUMÁRIO:
I - A emissão de fumos, cheiros nauseabundos, detritos e fuligens provindas de sete chaminés edificadas em prédio
contíguo ao dos AA., que sujam a piscina existente neste prédio e o mobiliário exterior, que se infiltram nas roupas
estendidas ali a secar, que penetram no interior da habitação, mesmo com as janelas fechadas, e que perturbam o
bem-estar físico e psíquico das pessoas que a usufruem e habitam, constitui um exercício ilegítimo e abusivo do
direito do proprietário do imóvel poluente, causa um prejuízo substancial ao imóvel dos autores e viola o direito
destes à sua integridade física, a um ambiente sadio, ao bem-estar e à saúde.
II -Existindo um conflito entre os direitos à integridade física, ao ambiente, bem-estar e saúde, e o direito de
propriedade, impõe-se a restrição deste último, na medida e mediante a adopção dos actos necessários a evitar a
violação dos primeiros.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“É um ramo do direito civil muito permeável às modificações das estruturas políticas, económicas e sociais, designadamente
religiosas. Basta pensar no tratamento que cada sociedade dá ao problema da admissibilidade ou rejeição do divórcio, do
casamento religioso ou civil, da união de facto em condições análogas às dos cônjuges, disposição da mulher dentro da
sociedade conjugal, do estatuto dos filhos ilegítimos, etc... Daí que as diversidades nacionais sejam mais acentuadas no Direito da
Família do que no Direito das Obrigações.” - CAMP (160)

“A família tem evoluído, nas suas regras internas, não por imposição da Lei, mas sim de acordo com a evolução das conceções
éticas, culturais e sociais dominantes – «entia moralia» - que fazem parte da Lei Natural, da Natureza das Coisas. Na legislação e
na aplicação do Direito Civil da Família deve haver um particular cuidado em não ofender as regras institucionais que lhe são
próprias e uma consciência clara do papel institucionalmente subsidiário da Lei neste domínio.” - PPV/PLPV (32)
Artigo 36.º
Família, casamento e filiação
1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade.
2. A lei regula os requisitos e os efeitos do casamento e da sua dissolução, por morte ou divórcio, independentemente da forma de celebração.
3. Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos.
4. Os filhos nascidos fora do casamento não podem, por esse motivo, ser objeto de qualquer discriminação e a lei ou as repartições oficiais não podem usar
designações discriminatórias relativas à filiação.
5. Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos.
6. Os filhos não podem ser separados dos pais, salvo quando estes não cumpram os seus deveres fundamentais para com eles e sempre mediante decisão judicial.
7. A adoção é regulada e protegida nos termos da lei, a qual deve estabelecer formas céleres para a respetiva tramitação.

Destino das coisas (excluída da sucessão as relações pessoais) após a morte --» distribuição do espólio pela família e de acordo coma última vontade do falecido

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 1576.º
Fontes das relações jurídicas familiares
São fontes das relações jurídicas familiares o casamento, o parentesco, a afinidade e a adopção.

Paternidade não biológica


União de Facto Apadrinhamento Civil Consentida e Post mortem (PMA)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


De cunho germânico
De origem romana

 Sistema individualista e familiar, mas tem elementos do sistema socialista


Sucessão por morte pode ser legal Sucessão por morte pode ser voluntária
QUOTA INDISPONÍVEL - LEGÍTIMA QUOTA DISPONÍVEL
Baseia-se na lei – 2027.º Baseia-se em negócio jurídico (Testamento ou Doação por morte –
2026.º)
Legítima Herdeiros Legitimária (67.º e 68.º CRP – proteção Sem Herdeiros Legitimários, ou estando dentro do limite da quota
da família) disponível pode o autor da sucessão dispor.

2133.º – quando o autor da Cônjuges, descendentes e os ascendentes – 1874.º Testamento – 2179.º ss. Contrato (Doação) 2028.º e 1700.º ss.
sucessão não se manifesta e 2157.º
previamente sobre a atribuição dos Benefício a certos sucessores – Herdeiros
seus bens Legitimários (“conservar no seio da família um
património para o qual todos contribuíram;
(Inclui o Estado – não numa ideia assegurar a permanência e coesão do agregado
de socialização da propriedade mas familiar e o cumprimento do dever de assistência
sim com a finalidade de não haver recíproca (arts. 1874.º e 2009.º CC” – RLX (31))
bens no abandono)
Quota Indisponível (legítima) – o autor da sucessão Liberalidade (inter vivos ou mortis causa) limitada a 1/3, ½ ou 2/3 da
não pode dispor – 2156.º herança (2158.º - 1262.º) conforme herdeiros legitimários
Inclui bens deixados e bens doados (“restituição
fictícia dos bens doados”)

Há tributação em sede de Imposto Não há tributação em sede de Imposto de Selo Há tributação em sede de Imposto de Selo (*exceto o unido de facto
de Selo sobrevivo que tenha sido designado como sucessor testamentário)
(ex.: irmãos, primos, tios,
sobrinhos…)
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/-/6E40177A3D076F1E80257DCE005194DF

Ac. STJ de 15/01/2015


Proc. n.º 317/11.9YRLSB.S1
I - O sistema de revisão de sentenças estrangeiras é enformado pelo princípio da revisão formal, preconizando-se, na restrição da al. f) do art. 1096.º do CPC que o “exequator”
não deve ser concedido a uma decisão que conduza a um resultado manifestamente incompatível com os princípios de ordem pública internacional do Estado Português, i.e.
com aqueles princípios que decorrem de um complexo de normas, inspiradas por razões políticas, morais e económicas que são aceites por um determinado número de
nações como expressão de uma civilização e cultura idênticas e que são, por isso, plasmados na ordem jurídica de um certo número de Estados com os quais Portugal tem
afinidades jurídicas, estando, ademais, em consonância com a CRP.II - O direito sucessório funda-se, por um lado, na necessidade de assegurar que a substituição na
titularidade do acervo patrimonial (bens, créditos e débitos) do falecido (pois, se assim não fosse, gerar-se-ia uma disrupção injustificada da vida jurídica, com perturbação da
ordem e das legítimas expectativas) e, por outro, na protecção da família, enquanto realidade que se projecta no tempo e no espaço, o que justifica que, pelo menos no silêncio
daquele e por via da sucessão legítima, os bens sejam atribuídos ao cônjuge, parentes directos e colaterais.
III - A sucessão legítima funda-se no vínculo de solidariedade familiar e este, embora afrouxe à medida que o parentesco se distancia, ainda conserva suficiente vigor em
relação aos colaterais, sobretudo no caso de não haver familiares próximos na linha directa.
IV - A união de facto constitui uma nova realidade na convivência social básica, não lhe reconhecendo, contudo, o art. 3.º da Lei n.º 7/2001, de 11-05, efeitos sucessórios.
V - Sendo a sucessão regulada pela lei pessoal do autor da sucessão (art. 62.º do CC) e sendo este de nacionalidade portuguesa, há a constatar que o membro sobrevivo da
união de facto não consta dos elencos taxativos – e, por isso, insusceptíveis de interpretação analógica ou extensiva – dos sucessíveis legitimários e legítimos, constantes,
respectivamente, dos artigos 2157.º e 2145.º, ambos do CC.
VI - A união de facto registada – instituto existente no ordenamento jurídico brasileiro mas não no ordenamento jurídico português – deve ser considerada como um menos em
relação ao casamento na ordem jurídica portuguesa, não sendo sequer pacífica, no Brasil, a sua equiparação, mormente para efeitos sucessórios.
VII - Os herdeiros do membro falecido da união de facto apenas podem ser excluídos da sucessão nos casos previstos na lei, não podendo o tribunal optar por uns ou atribuir-
lhes direitos de sucessão em detrimento de outros, pelo que, não tendo aquele testado a favor da recorrente e lhe atribuído a totalidade dos seus bens, ficou aberta a porta
para a sucessão legítima.
VIII - O reconhecimento de uma decisão de um Tribunal brasileiro em que se considera a recorrente – membro sobrevivo de união de facto registada que foi mantida com
cidadão português residente no Brasil – como herdeira universal, conduz a um resultado manifestamente incompatível com a protecção dos laços familiares, o qual se conta
entre os princípios referidos em I.
IX - O princípio da igualdade (art. 13.º da CRP) impõe o tratamento igual de situações iguais e o tratamento desigual de situações desiguais geradas pela diversidade de
circunstâncias e pela natureza das coisas (e não mantidas artificialmente pelo legislador) e tem que ver com a distribuição de direitos e deveres, de vantagens e de encargos,
de benefícios e de custos inerentes à pertença à mesma comunidade ou à vivência da mesma situação.
X - Na medida em que o reconhecimento da decisão referida em VIII afastaria os herdeiros legítimos do falecido (o que não sucederia se aquela relação familiar tivesse sido
vivida em Portugal) e que esse afastamento é intransponível para as uniões de facto existentes no nosso ordenamento jurídico, verificar-se-ia um tratamento desigual de
situações idênticas assim se violando o princípio da igualdade (pois não se respeitaria a justiça inerente à vivência das mesmas situações).
XI - Sendo o princípio da igualdade um corolário da princípio da justiça e sendo este um dos princípios referidos em I, tal reconhecimento, de igual modo, conduziria a um
resultado manifestamente incompatível com a ordem pública internacional do Estado Português.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/0a1c5dbe7191b5ae802576a50032d005?OpenDocument

Ac. STJ de 07/01/2010


Proc. n.º 104/07.9TBAMR.S1
SUMÁRIO:
1 – O art.2033º, nº1 do CCivil estabelece um princípio geral de capacidade sucessória passiva, sendo que um sucessor é um
beneficiário, é alguém que vê ingressar no seu património os bens de quem morreu.
2 – Há, todavia, e no que à sucessão legal diz respeito, duas situações em que, na perspectiva relacional entre quem morre
e quem lhe vai suceder, a lei não suporta de todo em todo a transmissão beneficente – que o autor da sucessão ( ou os
seus mais próximos ) tenha sido vítima por parte do ( original ) sucessor de um atentado à vida, ou de um atentado grave ao
seu património moral, através da utilização ínvia da máquina da justiça.
3 – A regra é, portanto, a da capacidade ( art.2033, nº1 do CCivil ); no que à sucessão legal se reporta, a excepção são – e
são apenas, taxativamente – as excepções previstas nas alíneas a ) e b ) do art.2034º.
4 – No mais, ficará no património da vítima a “punição civil” da perda da capacidade sucessória: na sucessão legítima
dispondo livremente dos seus bens, usando o mecanismo da sucessão testamentária; na sucessão legitimária, utilizando o
mesmo mecanismo para deserdar o seu agressor, nas situações previstas no art.2166º do CCivil.
5 – Não pode todavia reconhecer-se capacidade sucessória a um pai que violou uma filha de 14 anos, a obrigou a abortar
aos 15 anos, após cumprir a pena de prisão em que foi condenado persistiu na ofensa a sua filha ( que nuca lhe perdoou ) e
se vem habilitar à herança desta sua filha por morte dela aos 29 anos, em acidente de viação – reconhecer-lhe essa
capacidade seria manifestamente intolerável para os bons costumes e o fim económico e social do direito de lhe suceder e
portanto ilegítimo, por abusivo, esse mesmo direito.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“Num sentido amplo pode designar-se por relação jurídica toda situação ou relação da vida real
(social) que é juridicamente relevante, de modo que é disciplinada pelo direito. A relação jurídica
não abrange por isso, todas as relações da vida social, mas apenas aquelas que, sendo suscetíveis
de regulamentação jurídica, são ordenadas pelo direito. Trata-se de um vínculo jurídico, de um
vínculo normativo.” – EEH/ESMS (170)

Namoro Confraternizações Desporto Amador Colegialidade no lugar de trabalho Amizade

REGRAS DE COMPORTAMENTO SOCIAL

“uma relação jurídica quando ao(s) direito(s) de um (sujeito) ou ao(s) de vários sujeitos corresponde
uma obrigação de respeitar este(s) direito(s) por parte de outros(s) sujeito(s), seja(m) este(s)
último(s) determinado(s) ou não” – EEH/ESMS (171)
Relação Jurídica --» atribuição de direitos subjetivos (resultam em obrigações)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Sentido Abstrato Sentido Concreto

Relação Virtual --» como está regulamentado na lei Relação Real --» “as regras da relação em sentido abstrato
ganham vida num caso concreto” EEH/ESMS (173)
Pessoas/Objetos determinados
Ex.: Normas que regulam o contrato de arrendamento Ex.: A relação entre o inquilino A e o senhorio B

Una ou simples Múltipla ou Complexa

Facto jurídico corresponde a um dever jurídico ou Facto jurídico resulta numa pluralidade de direitos e
sujeição obrigações
Ex.: comodato / obrigação de restituir Ex.: contrato de compra e venda

Relação Jurídica Instituto Jurídico

“a relação constitui a matéria ou objecto regulado” EEH/ESMS (175) “designa o conjunto de preceitos legais relativamente às
"A relação jurídica é pois a matéria sobre que incide a regulamentação" - relações jurídicas de um determinado tipo” EEH/ESMS (175)
CAMP (178)

Ex.: comodato / obrigação de restituir Ex.: casamento, a propriedade, a compra e a venda…


Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Relação Jurídica Interna Relação Jurídica Externa

Conteúdo da Relação --» Vínculo Os elementos


(como os direitos subjetivos serão respeitados)
o próprio direito subjetivo e o dever jurídico correspondente

Sujeitos da Relação Objeto (imediato) Facto Jurídico Garantia

 Pessoas (singulares ou  Direito subjetivo (posição  Acontecimento (natural "conjunto de providências


coercitivas, postas à
coletivas), não coisas. ativa) com
a correspondente ou comportamento disposição do titular activo
de uma relação jurídica, em
*Animais “são seres vivos dotados
obrigação (posição passiva) humano) que ordem a obter a satisfação

de sensibilidade e objeto de "Objecto da relação jurídica é o objecto do direito


desencadeia efeitos de um do seu
direito...movimento sob o
proteção jurídica em virtude da sua subjectivo propriamente dito que constitui a face jurídicos impulso do titular do direito
natureza” (artigo 201.º-B) activa da sua estrutura. Podem ser objecto de subjectivo violado ou
relações jurídicas outras pessoas, coisas corpóreas ameaçado, sendo a forma
ou incorpóreas, modos de ser da própria pessoa e mais frequente a
outros direitos, como veremos no lugar próprio" - indemnização dos danos ..."-
CAMP (191) •Sujeito (66-201) CAMP (190-191)
•Objeto (202-216
•Facto jurídico (217 a 333)
•Garantia (334-396)
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
"pode definir-se como o poder jurídico ... de livremente exigir ou pretender de outrem um comportamento positivo (ação) ou negativo
(omissão) ou de um acto livre de vontade" - CAMP (178)
*Sujeito de direito subjetivo é livre de exercer ou não

- não inclui, portanto, os chamados poderes-deveres ou poderes funcionais ou «ofícios» -


ex.: Poderes integrados nas Responsabilidades Parentais
(não pode ser aplicado o "se o seu titular quiser e como queira)
- também não inclui os poderes jurídicos «stricto sensu» ou faculdades – ex.: a faculdade de testar
(não se inclui por ser manifestação imediata da capacidade jurídica, e não de uma relação jurídica)

Direitos Subjetivos propriamente ditos («stricto sensu»)


Direitos de crédito
Poder de exigir ou de pretender *Exceto as Obrigações Naturais – 402.º
Direitos reais
(recorrer aos tribunais/autoridades) Ex.: 304.º n.º2 (dividas prescritas) 1245.º (jogos e apostas)
Direitos de personalidade
Direitos Potestativos
"são poderes jurídicos de, por um acto de livre vontade, só de per si ou integrados por uma decisão judicial, produzir efeitos jurídicos que inelutavelmente se impõem à contraparte.
Corresponde-lhes a sujeição, a situação de necessidade em que se encontra o adversário de ver produzir-se forçosamente uma consequência na sua esfera jurídica por mero efeito do
exercício do direito pelo seu titular. Em certas situações afecta-se, assim, a esfera jurídica de outrem sem consentimento deste, consentimento que normalmente seria exigido" - CAMP (182)

 Direitos potestativos constitutivos - ato unilateral do seu titular – ex.: constituição de servidão de passagem em benefício de prédio
encravado (1550.º)
 Direitos potestativos modificativos - simples modificação numa relação jurídica existente e que continuará a existir - ex. mudança
da servidão para outro sítio (1568.º)
 Direitos potestativos extintivos - extinguem uma relação jurídica ex.: direito de obter o divórcio (1773.º)
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
RELAÇÃO JURÍDICA SIMPLES

Sujeito Ativo Sujeito Passivo


Pretender (Direito Subjetivo) Dever jurídico (ação ou omissão)
• Direito Absoluto - "deveres jurídicos de abstenção
Exigir (Direito Subjetivo) impõem-se a todas as pessoas"
• Direito Relativo - "impedem sobre uma ou mais
pessoas determinadas"
(CAMP – 186)
Prod. Efeitos (Direito Potestativos) Sujeição

RELAÇÃO JURÍDICA COMPLEXA


Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
 A tem um telemóvel.

 B pega no telemóvel de A e atira-o


contra a parede, partindo-a

Há uma relação jurídica?


Sujeito Ativo?
Sujeito Passivo?
Objeto Imediato?
Facto jurídico?
Garantia?
 A vendeu a B um livro por 10€

 B doou esse livro a C

 Após um mês o livro ficou reduzido à


cinzas depois de um incêndio
causado

 Há uma relação jurídica?

 Sujeito Ativo?

 Sujeito Passivo?

 Objeto Imediato?

 Facto jurídico?

 Garantia?
Capítulo I – As

Título II pessoas singulares

As Pessoas Capítulo II – As
pessoas coletivas
QUALIDADE de ser Pessoa
“A personalidade jurídica costuma ser definida formalmente como a suscetibilidade de direitos e
obrigações ou titularidade, ou de ser sujeito de direitos e obrigações ou de situações jurídicas.
Pessoa jurídica é então, nesta perspectiva, todo o centro de imputação de situações jurídicas ativas
ou passivas, de direito ou de obrigações” - PPV/PLPV (37)

 Titularidade de direitos e obrigações resultam na Personalidade Jurídica ou é a


Personalidade Jurídica que leva a ter direitos e obrigações?
 Ser Pessoa implica direitos e obrigações, ou ser sujeito de direitos e obrigações que
leva a ser Pessoa?

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Obrigações e Direitos –» Pessoa Pessoa –» Obrigações e Direitos
CAUSA EFEITO
O Direito e a Lei podem criar PESSOAS Não pode ser atribuído nem recusado pelo
Direito.
“Personalização”
Ex.: Associações/Sociedades (Pessoa Coletiva) Impede a recusa de personalidade (com base
em critérios raciais ou religiosos, por exemplo)
Desafio --» Direito e Lei podem atribuir, Desafio --» dificulta a teorização técnico-
condicionar ou excluir quem é Pessoa jurídica da personalidade coletiva
“A personalidade jurídica é, assim, a qualidade de ser pessoa, que o Direito reconhece a todas as pessoas pelo simples facto de o serem, que se
traduz no necessário tratamento jurídico das pessoas como pessoas, isto é, como sujeito e não como objeto de direitos e deveres, como
originariamente dotadas da dignidade inviolável de pessoas humanas, que o Direito não pode deixar de respeitar e que constitui um dado extralegal,
de Direito Natural. A suscetibilidade de ser titular de direito de obrigações, de situações jurídicas ativas e passivas, é uma consequência que decorre
da personalidade jurídica, isto é, da constatação pelo Direito da qualidade de ser pessoa humana” - PPV/PLPV (39)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Capacidade de gozo (não personalidade jurídica)

Artigo 66.º  Nascituro --» não nasceu mas foi concebido


Começo da personalidade
1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.  Conceturos --» não foi concebido ainda (simples
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento. expectativas)

“O nascimento é apenas mais um facto relevante na vida da pessoa” - PPV/PLPV (77)

“O nascituro não é, pois, objeto do direito. Como pessoa humana viva, o nascituro é pessoa jurídica” - PPV/PLPV (78)

Artigo 952.º Doações a nascituros


Artigo 2033.º Capacidade Sucessória (n.º1 – “todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão”)
Artigo 1878.º - Conteúdo das responsabilidades parentais (n.º1 - “ainda que nascituros”)
Artigo 2240.º Administração da herança ou legado a favor de nascituro

Nascituro já concebido não é coisa, não é víscera, é PESSOA!

“A personalidade jurídica das pessoas humanas tem início concomitantemente com o início da sua vida e existência enquanto pessoas” - PPV/PLPV (79)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Duas características:
 Relacionamento pessoal e exclusivo com a Mãe (capacidade de exercício e de gozo
é inexistente)
 Precariedade –» pode não chegar a nascer

DIREITOS: Artigo 24.º


Direito à vida
 Direito a nascer 1. A vida humana é inviolável.
2. Em caso algum haverá pena de morte.

 Integridade física Artigo 25.º


Direito à integridade pessoal
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
 Identidade pessoal e genética 2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas
cruéis, degradantes ou desumanos.
 Não haver manipulação/perturbação genética

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 66.º
Começo da personalidade
Morrer antes de Nascer: 1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento
completo e com vida.
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem
do seu nascimento.
 Direitos somente com o nascimento – 66.º n.º2
 Não é aberta sucessão – direitos adquiridos pelo 952.º, 2033.º são extintos
retroativamente.
“Se não chegar a nascer com vida, o nascituro é tido pela lei (artigo 66.º n.º2) como não tendo chegado a existir” - PPV/PLPV (80)

Morrer logo após o nascimento:


 Com nascimento passa a ter capacidade de gozo.
 Todos os direitos são adquiridos

“Se houver nascimento com vida, a pessoa continua a vida e a personalidade jurídica que já tinha, a sua capacidade de gozo torna-
se genérica, com as limitações apenas de natureza humana e aquelas que a lei estabelece, e fica numa situação de incapacidade de
exercício geral, como menor” - PPV/PLPV (80)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Diversos posicionamentos quanto a PERSONALDIADE JURÍDICA DO NASCITURO

“É incontestável que o nascituro tem vida e substância humana desde a conceção” - PPV/PLPV (85)

 PRIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA – não tem verdadeiramente personalidade (no caso da sucessão é uma expectativa ao futuro chamamento)

 DIAS MARQUES – não tem personalidade, mas ao nascer há uma retroação dos direitos e consequentemente da personalidade jurídica

 MOTA PINTO – considera direitos sem sujeitos aqueles atribuídos por doação ou herança a nascituro – mas admite indemnizações em caso de wrongful actions

 CASTRO MENDES – considera direitos sem sujeitos

 GALVÃO TELLES – é um ser vivo, carece de proteção jurídica, mas não tem personalidade jurídica

 CARVALHO FERNANDES – direitos sem sujeito, ao nascer adquire os direitos (sem retroação)

 HÖSTER – não admite personalidade jurídica ao nascituro, somente com nascimento (aceita indemnização em casos de wrongful actions)

 OLIVEIRA DE ASCENSÃO – com cautela, admite a personalidade jurídica desde a conceção

 MENEZES CORDEIRO – considera que o artigo 66.º n.º1 deveria ser alterado, e haver personalidade jurídica desde a conceção

 CAPELO DE SOUSA – personalidade jurídica parcial

 PAULO OTERO – início da personalidade jurídica deveria coincidir com o início científico da vida -» reconhecimento de uma personalidade jurídica pré-natal

 LEITE CAMPOS – “«o ser humano concebido não é menos pessoa que o já nascido»” - PPV/PLPV (85)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Não há dúvidas que não há personalidade jurídica ou capacidade.
 Legislador as vezes associa Concenturo ao Nascituro
Artigo 952.º
Doações a nascituros
1. Os nascituros concebidos ou não concebidos podem adquirir por doação, sendo filhos de pessoa determinada, viva ao tempo da declaração de vontade do doador.
2. Na doação feita a nascituro presume-se que o doador reserva para si o usufruto dos bens doados até ao nascimento do donatário.

Aqui deve-se interpretar que a doação é feita mediante uma condição suspensiva – a
conceção.
 Se houver conceção --» o bem ou direito doado entram na titularidade do nascituro
 E se não houver conceção? --» A doação caduca nos termos do artigo 275.º n.º1
 E se o nascituro morrer antes de nascer? --» A doação caduca com eficácia retroativa
(como se o bem nunca tivesse deixado a titularidade do doador)
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Artigo 2033.º
Princípios Gerais
1 - Têm capacidade sucessória, além do Estado, todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão, não excetuadas por lei, bem
como as pessoas concebidas, nos termos da lei, no quadro de um procedimento de inseminação post mortem.
2. Na sucessão testamentária ou contratual têm ainda capacidade:
a) Os nascituros não concebidos, que sejam filhos de pessoa determinada, viva ao tempo da abertura da sucessão;
b) As pessoas colectivas e as sociedades.

NASCITURO CONCENTURO
Sucessão Pode ser chamado na Sucessão Legítima e Está limitado a Sucessão Testamentária e Contratual
Legitimária
Doação Pode haver doação ao Nascituro Doação sob condição suspensiva da conceção ou
nascimento
Administração dos 1878.º n.º1 – Cabe aos pais -
bens doados 2237.º n.º2 – regime de administração enquanto não
há o nascimento 2237.º n.º2 – regime de administração enquanto não
Herança ou 2240.º n.º2 - administração “compete a quem há a conceção/nascimento
Legado administraria os seus bens se ele já tivesse nascido”
2240.º n.º 1 – Ao Pai/Mãe - “esta pessoa ou, se ela
for incapaz, ao seu representante legal”

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo
tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não
permitam duvidar da morte dela.

Morte verificada com o cadáver, e na ausência de cadáver?

Ausência Morte presumida

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo
tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não
permitam duvidar da morte dela.

Lei n.º 141/99 de 28 de agosto Artigo 3.º


Artigo 2.º Verificação
Definição 1 - A verificação da morte é da competência dos médicos, nos termos da lei.
2 - Cabe à Ordem dos Médicos definir, manter actualizados e divulgar os critérios médicos,
A morte corresponde à cessação irreversível das funções do tronco cerebral técnicos e científicos de verificação da morte.

 Desafios --» verificação e determinação do momento da morte


*Técnicas de Prolongamento artificial da vida

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


https://www.pordata.pt/portugal/obitos+de+residentes+em+portugal+total+e+por+mes+de+morte-3499
https://www.pordata.pt/subtema/municipios/esperanca+de+vida+e+mortes-213

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Aos 13 anos, após cirurgia (retirada das amígdalas), foi declarada a morte encefálica, e por isso o sistema de apoio à
vida seria descontinuado.

Jahi McMath  Seus pais defenderam manutenção do suporte vital – em 20 de dezembro de 2013 apresentaram ação judicial no
Tribunal Superior do Condado de Alameda.

13´ 


Após 4 dias, o pedido dos pais foi negado (avaliação pericial confirmou a morte encefálica).

Em 30 de dezembro de 2013, a família apelou da decisão para o Segundo Distrito, os Tribunais de Recurso da
Califórnia e o Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Norte da Califórnia.

 Mãe defendeu que a Lei de Determinação da Morte violava os direitos religiosos e constitucionais, afetando a
privacidade.

 O Hospital defendeu-se alegando ser antiético e “grotesco” dar assistência à um cadáver.

 Em 3 de janeiro de 2014, foi emitido certificado de óbito oficial com data de óbito indicada em 12 de dezembro de 2013,
faltando a determinação da morte (ausência de autópsia).

 Hospital deu custódia a mãe (com ventilador e linhas de líquidos intravenosos, mas não efetuou a trasqueotomia).

 A família moveu a menina para um local não revelado onde uma traqueostomia foi realizada e um tubo de alimentação
foi inserido.

 Em março de 2015, a família apresentou ação de negligência contra o Children's Hospital Oakland e contra o cirurgião
que realizou a cirurgia de McMath (sangramento, demora no atendimento, pressão para doação de órgãos,)

 Em 25 setembro de 2016 – Publicação de um vídeo “Jahi taking breaths on her own. Glory to God. Always trust your
instincts when it comes to your children, but above all TRUST GOD.”

 Dr. Alan Shewmon, um renomado neurologista pediátrico da UCLA, declarou a menina viva em 29 de junho de 2017
(vídeos)

“still asleep” - Mãe


*Se fosse em Nova Jersey, havia legislação que permitia objeção
religiosa a declaração de morte com base em critérios neurológicos;
“Keep Jahi Mcmath on life support”
 Acidentes de tráfego/aéreos, naufrágios, catástrofes naturais, atos de terrorismo ou
em guerras.
 SUCESSÃO afetada conforme quem morreu antes.
 Solução artificial -» PREMORIÊNCIA -» presumir que os mais velhos sobrevivessem
aos mais novos, ou que de um determinado sexo às do outro, ou vice-versa.
COMORIÊNCIA
Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam duvidar
da morte dela.

Ex.: Casal que sofre acidente, não sendo possível identificar quem faleceu antes, considera-
se que nenhum sobreviveu ao outro, e por isso nenhum deles entra na sucessão do outro --»
nos termos do artigo 350.º n.º2 pode ser ilidida a comoriência.
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
CASO 1 CASO 2
X e Y são vítimas de acidente de Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
trânsito, vindo a falecer em decorrência podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu os outros,
do evento. Nos termos do Código Civil, presumir-se-ão mortos primeiro os mais velhos e depois os mais
se dois ou mais indivíduos falecerem na novos.
mesma ocasião, não se podendo
averiguar a precedência de algum dos Certo Errado
falecimentos, presumir-se-ão
simultaneamente mortos. Trata-se do
instituto da: CASO 3 - RLX (52)

A e B são casados. Cada um deles tem um filho de um


casamento anterior, C e D.
Ausência? A e B falecem no mesmo acidente de viação – não se sabe
quem faleceu antes.
Comoriência?
Comoriência A e B não são chamados a sucessão um do outro.
Premoriência? C será chamado a sucessão de A e D a sucessão de B
Código do Registo Civil
Decreto-Lei n.º 131/95 de 6 de junho
Artigo 1.º
Objecto e obrigatoriedade do registo
1 – O registo civil é obrigatório e tem por objecto os seguintes factos:
[…] j) A curadoria provisória ou definitiva de ausentes e a morte presumida
p) O óbito; […]
Artigo 2.º
Atendibilidades dos factos sujeitos a registo
Salvo disposição legal em contrário, os factos cujo registo é obrigatório só
podem ser invocados depois de registados.
Artigo 192.º
Prazo e lugar
1 - O falecimento de qualquer indivíduo ocorrido em território português deve ser
declarado, verbalmente, dentro de quarenta e oito horas, em qualquer
conservatória do registo civil.
2 - O prazo para a declaração conta-se, conforme os casos, do momento em que
ocorrer o falecimento, for encontrado ou autopsiado o cadáver, da dispensa da
autópsia ou daquele em que for recebida a cópia ou o duplicado da guia de
enterramento emitida por autoridade policial.

Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra
pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo
tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou
reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que
não permitam duvidar da morte dela.
http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/8702dc0ca13c58a9802585f40048f241
?OpenDocument

Ac. TRG de 24/09/2020


Proc. n.º 149/17.0T8PVZ.G2
 - A decisão proferida em processo penal constitui, nos termos do art. 623º do CPC,
uma presunção juris tantum (ilidível mediante prova em contrário de terceiro) da
existência dos factos constitutivos em que se tenha baseado a condenação;
- O problema da prova do momento da morte coloca-se ou surge-nos nos casos em
que o falecimento de pessoas tem lugar simultaneamente em momentos que não
seja possível determinar a sua ordem cronológica, nomeadamente, conforme
ocorre in casu, não constando dos assentos de óbito das 4 vítimas a hora da sua
morte, tendo todas falecido na mesmo dia.
- O art. 68º,nº2 do CC consagra uma presunção ( da comoriência) relativa que, por
conseguinte, cessa sempre que haja prova ( por todos os meios possíveis, inclusive
por presunções judiciais) sobre o momento efetivo em que ocorreram as mortes.
- No caso da comoriência, como não se consegue identificar quem faleceu primeiro,
sendo os indivíduos considerados simultaneamente mortos, não cabe direito
sucessório entre comorientes, pelo que os comorientes não são herdeiros entre si.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/134973db04f39bf2802579bf005f080b/cab3fdacace4d88e80258358003aac03?
OpenDocument

Ac. TRP de 10/11/2020


Proc. n.º 1911/16.7T8STS-G.P1
 I- A sucessão abre-se no momento da morte do seu autor, chamando-se à titularidade das
relações jurídicas do falecido os que gozam de prioridade na hierarquia dos sucessíveis.
 II - Desde a abertura da herança, e enquanto os sucessores não a aceitarem, expressa
ou tacitamente, verifica-se uma situação de herança jacente, definida legalmente como
aquela ainda não aceite nem declarada vaga para o Estado (cf. art.º 2046.º do C Civil), a
qual goza de personalidade judiciária (cf. art.º 12.º, alínea a), do CP Civil).
 III - Após a aceitação da herança pelos sucessores, a herança transmuta-se em herança
indivisa e perde a respectiva personalidade judiciária, por desnecessidade.
 IV - Estando a herança dos autos a aguardar a determinação da ordem dos óbitos vítimas
de um quádruplo homicídio que, por sua vez, irá determinar quem são os sucessíveis da
de cujus, a interposição da presenta acção não pode configurar uma aceitação tácita da
herança, até por que tal herança não está ainda determinada quer em termos de
definição dos sucessores, quer em termos de fixação dos bens concretos a partilhar.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam duvidar
da morte dela.

Código do Registo Civil


Decreto-Lei n.º 131/95 de 6 de junho
Artigo 207.º
Justificação Judicial
1 - Cabe ao magistrado do Ministério Público da comarca em cuja área tiver ocorrido o acidente promover, por intermédio de qualquer conservatória do registo civil, a
justificação judicial do óbito nos seguintes casos:
a) Quando os cadáveres não forem encontrados;
b) Quando os cadáveres tiverem sido destruídos em consequência do acidente ou só aparecerem despojos insusceptíveis de ser individualizados; ou
c) Quando seja impossível chegar ao local onde os corpos se encontrem.
2 - Se o acidente ocorrer no mar e não for caso de naufrágio, cabe ao magistrado do Ministério Público da comarca da sede da capitania que deve proceder às averiguações
promover, por intermédio de uma conservatória do registo civil, a justificação judicial do óbito.
3 - Julgada a justificação, o conservador deve lavrar o assento de óbito, com base nos elementos fornecidos pela sentença e servindo-se de todas as informações
complementares recolhidas.
4 - O assento de óbito referido no número anterior produz os mesmos efeitos que a morte.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/8702dc0ca13c58a9802585f40048f241
?OpenDocument

Ac. TRP de 23/11/2017


Proc. n.º 3979/16.0T8PVZ.P1
 I - O pedido de declaração de morte presumida do ausente não se confunde com o pedido de declaração de morte. São duas realidades
distintas.
II - Se a ação tem por fundamento o disposto no art.º 68º, nº 3, do Código Civil (a declaração da morte de alguém), não tem cabimento a
aplicação do processo especial de declaração de morte presumida a que se referem os art.ºs 886º e seg.s do Código de Processo Civil.
III - As ações de registo, ao invés das ações de estado pessoal, não incidem diretamente sobre o facto registado, antes se reportam ao próprio
ato de registo em si, visando suprir uma omissão, operar uma reconstituição avulsa, declarar vícios de natureza formal que o afetam, o acerto
ou o desacerto de um ato de registo.
IV - A queda em mar alto e o imediato desaparecimento do corpo de uma pessoa que viajava num navio de pesca de matrícula espanhola pode
ter ocorrido em circunstâncias que evidenciam a sua morte, devendo esta ser declarada sem aguardar o decurso do prazo para declaração de
morte presumida.
V - Respeitando o dito desaparecimento a uma pessoa de nacionalidade portuguesa, pescador, residente em Espanha, ao serviço num barco
de matrícula espanhola, de onde foi arrastado por uma onda, não pode funcionar o processo de justificação judicial previsto nos art.ºs 204º, nºs
2 e 3 e 207º, ex vi art.º 233º, nº 1, do Código do Registo Civil.
VI - Neste caso, aplica-se a Convenção nº 10 da CIEC, de que são aderentes Portugal e Espanha, sendo a declaração de óbito da
competência das autoridades espanholas, com posterior ingresso no registo civil português, onde o óbito será registado para todos os efeitos
legais.
VII - Atribuída assim a competência internacional das autoridades espanholas e não tendo sido invocada qualquer dificuldade significativa na
propositura da ação ou na emissão da declaração de óbito naquele país, não funciona o princípio da necessidade que, nos termos da al. c) do
art.º 62º do Código de Processo Civil, poderia justificar uma extensão de competência com interposição da ação nos tribunais portugueses.
VIII - Nestas circunstâncias, os tribunais portugueses são internacionalmente incompetentes para conhecer da ação declarativa comum
destinada a obter a declaração de óbito do desaparecido.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Estatuto Jurídico da Ausência – 89.º a 121.º

“A existência de uma massa de bens carente de administração, na titularidade de alguém que desapareceu e se não sabe se está vivo ou morto,
constitui fator de perturbação e de potencial perigo. Perigo para os bens do ausente, que estão por administrar e a mercê das cobiças alheias, e
perigo para a paz pública que pode ser perturbada por apetências ou cobiças eventualmente geradoras de conflito.” - PPV/PLPV (108)

Defesa da paz pública Proteção do património do ausente (e sucessores)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 A personalidade jurídica cessa com a morte – 68.º
 Artigo 71.º não implica o seu prolongamento!

Artigo 71.º
Ofensas a pessoas já falecidas
1. Os direitos de personalidade gozam igualmente de protecção depois da morte do respectivo titular.
2. Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providências previstas no n.º 2 do artigo anterior o cônjuge sobrevivo ou qualquer descendente,
ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro do falecido.
3. Se a ilicitude da ofensa resultar de falta de consentimento, só as pessoas que o deveriam prestar têm legitimidade, conjunta ou separadamente, para
requerer providências a que o número anterior se refere

Tutela direito dos familiares e herdeiros ao respeito pelo falecido.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Entendido a partir do seu estatuto moral e social

“O cadáver é o corpo humano sem vida … O cadáver já não é pessoa. Mas também não é uma coisa, no sentido jurídico do artigo
202.º do Código Civil” - PPV/PLPV (91)

 Cadáver vai desaparecer – INUMAÇÃO ou CREMAÇÃO


 Antes do desaparecimento a manipulação do cadáver é protegida
Lei n.º 411/98 de 30 de dezembro
Inumação e trasladação de cadáveres Lei n.º12/93 de 22 de abril
Estabelece o regime jurídico da remoção, transporte, inumação, exumação, Colheita e transplante de órgãos
trasladação e cremação de cadáveres, bem como de alguns desses actos relativos a
ossadas, cinzas, fetos mortos e peças anatómicas, e ainda da mudança de Colheita e transplante de órgãos e tecidos de origem humana
localização de um cemitério

Código Penal
Artigo 253.º
Impedimento ou perturbação de cerimónia fúnebre
Quem, por meio de violência ou de ameaça com mal importante, impedir ou perturbar a realização de cortejo ou de cerimónia fúnebre, é punido com pena de prisão até 1 ano
ou com pena de multa até 120 dias.
Artigo 254.º
Profanação de cadáver ou de lugar fúnebre
1 - Quem:
a) Sem autorização de quem de direito, subtrair, destruir ou ocultar cadáver ou parte dele, ou cinzas de pessoa falecida;
b) Profanar cadáver ou parte dele, ou cinzas de pessoa falecida, praticando actos ofensivos do respeito devido aos mortos; ou
c) Profanar lugar onde repousa pessoa falecida ou monumento aí erigido em sua memória, praticando actos ofensivos do respeito devido aos mortos;
é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias.
2 - A tentativa é punível.
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
https://observador.pt/especiais/como-se-mantem-vivo-um-bebe-na-barriga-de-uma-mulher-em-morte-cerebral/

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Colheita e aproveitamento de órgãos e tecidos do cadáver pode levantar muitas questões

 Em Portugal GOMES DA SILVA foi o primeiro a teorizar sobre a questão.

 Cadáver vai desaparecer e por isso o uso não afeta dignidade e sacralidade se for utilizado para cura e
alívio de outro ou para desenvolvimento do conhecimento da ciência.

 Algumas questões:

- Prolongamento da vida biológica com a finalidade de colheita ou investigação – “culturas


artificias de «mortos-vivos»” PPV/PLPV (93)
- CONSENTIMENTO para doação - Europa com perspetiva puramente solidarista
Lei n.º12/93 de 22 de abril
Colheita e transplante de órgãos
Artigo 10.º
Potenciais doadores
1 - São considerados como potenciais dadores post mortem todos os cidadãos nacionais e os apátridas e estrangeiros residentes em Portugal que não tenham
manifestado junto do Ministério da Saúde a sua qualidade de não dadores.
2 - Quando a indisponibilidade para a dádiva for limitada a certos órgãos ou tecidos ou a certos fins, devem as restrições ser expressamente indicadas nos respectivos
registos e cartão.
3 - A indisponibilidade para a dádiva dos menores e dos incapazes é manifestada, para efeitos de registo, pelos respectivos representantes legais e pode também ser
expressa pelos menores com capacidade de entendimento e manifestação de vontade.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


https://www.ipst.pt/index.php/pt/cidadao/orgaos

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.ipst.pt/files/TRANSPLANTACAO/DOACAOETRANSPLANTACAO/brochura_RENNDA.pdf

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 13.º
Princípio de igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua,
território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual
Artigo 18.º
Força Jurídica
1. Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias são directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas. […]
Artigo 24.º ss
Artigo 288.º
Limites materiais da revisão

Artigo 70.º
Tutela geral da personalidade
1. A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade física ou moral.
2. Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaçada ou ofendida pode requerer as providências adequadas às circunstâncias do caso,
com o fim de evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da ofensa já cometida.

Direito à privacidade – 26.º CRP |


Direito à vida - 24.º CRP
80.º
Direito à integridade física e psíquica -
25.º CRP Direito à identidade pessoal e ao
nome – 26.º CRP | 72.º
Direito à inviolabilidade moral
Direito à imagem – 26.º CRP | 79.º
Direito à honra - 79.º
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt CRP – 18.º, 8.º, 288.
 Exercício de defesa -» autonomia privada

 Violação do direito de personalidade -» mais em razões pessoais do que em razões sociais

 Estado deve proteger a dignidade de cada pessoa, mas cada pessoa deve exigir o respeito de sua
personalidade
Direito Objetivo da Personalidade Direito Subjetivo da Personalidade
Regulação jurídica relativa à defesa da personalidade Direito de defender a dignidade própria personalidade

Defesa da globalidade da espécie humana. Defesa individual – podendo prescindir da sua defesa, ou dispor (gratuitamente ou
onerosamente)
“basta” a participação à entidade competente sobre a violação para que reaja e
faça cessar a violação por atuação administrativa ou policial (ex.: constituir crime) Tem de exercer direta e livremente, não adianta ficar a espera do Estado.
Artigos 24.º, 25.º, 26.º CRP Direito ao nome ou à privacidade (Código Civil)
Imposição do próprio legislador, não cabendo ao Estado legislar sobre estas
matérias.
Direito Indisponível, encontra-se no campo da Heteronomia Direito disponível (limitado pelo direito objetivo da personalidade)

Direito Subjetivo Absoluto Dentro do campo da autonomia privada -


Imposição para todos – Estados, seus organismos, pessoas coletivas publicas ou A autonomia no seu exercício é limitada pela prescrição legal do direito objetivo da
privadas, pessoas singulares – “todos os indivíduos” personalidade – 81.º “não seja contrária aos princípios de ordem pública”
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Direito à vida
Questão de 24.º CRP
designativa e
nominal
Direito subjetivo Direitos subjetivos
Geral de especiais de Direito ao nome
72.º a 74.º
Personalidade personalidade
70.º 72.º ss
Direito à privacidade
75.º a 79.º

“uma constante na Doutrina designar acriticamente por «direitos» quer os


direitos subjetivos propriamente ditos, quer os poderes que respetivamente o
integram … Este hábito reflete-se também na redação da lei.” - PPV/PLPV (45) Direito à Imagem
80.º

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Princípio do respeito pela personalidade --» tutela jurídica fortíssima
 Tutela da personalidade positivada na Lei constitucional, Lei civil, Lei criminal, Lei
internacional.
 Forte proteção no Direito Penal --» pessoal e social

 Para além da Responsabilidade civil e criminal, Processo próprio 878.º a 880.º CPC

 Tipificação --» Não é exaustiva, e sim exemplificativa, novos direitos de personalidade


podem ser reconhecidos (Jurisprudência auxiliada pela Doutrina)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


• Responsabilidade Civil
• Tutela preventiva
• Atenuação do possível
Artigo 878.º
Pressupostos
Pode ser requerido o decretamento das providências concretamente adequadas a evitar a consumação de qualquer ameaça ilícita e direta à personalidade física ou
moral de ser humano ou a atenuar, ou a fazer cessar, os efeitos de ofensa já cometida.
Artigo 879.º
Termos posteriores
1 - Apresentado o requerimento com o oferecimento das provas, se não houver motivo para o seu indeferimento liminar, o tribunal designa imediatamente dia e hora
para a audiência, a realizar num dos 20 dias subsequentes.
2 - A contestação é apresentada na própria audiência, na qual, se tal se mostrar compatível com o objeto do litígio, o tribunal procura conciliar as partes.
3 - Na falta de alguma das partes ou se a tentativa de conciliação se frustrar, o tribunal ordena a produção de prova e, de seguida, decide, por sentença,
sucintamente fundamentada.
4 - Se o pedido for julgado procedente, o tribunal determina o comportamento concreto a que o requerido fica sujeito e, sendo caso disso, o prazo para o
cumprimento, bem como a sanção pecuniária compulsória por cada dia de atraso no cumprimento ou por cada infração, conforme for mais conveniente às
circunstâncias do caso.
5 - Pode ser proferida uma decisão provisória, irrecorrível e sujeita a posterior alteração ou confirmação no próprio processo, quando o exame das provas oferecidas
pelo requerente permitir reconhecer a possibilidade de lesão iminente e irreversível da personalidade física ou moral e se, em alternativa:
a) O tribunal não puder formar uma convicção segura sobre a existência, extensão, ou intensidade da ameaça ou da consumação da ofensa;
b) Razões justificativas de especial urgência impuserem o decretamento da providência sem prévia audição da parte contrária.
6 - Quando não tiver sido ouvido antes da decisão provisória, o réu pode contestar, no prazo de 20 dias, a contar da notificação da decisão, aplicando-se, com as
necessárias adaptações, o disposto nos n.os 1 a 4.
Artigo 880.º
Regimes especiais
1 - Os recursos interpostos pelas partes devem ser processados como urgentes.
2 - A execução da decisão é efetuada oficiosamente e nos próprios autos, sempre que a medida executiva integre a realização da providência decretada, e é
acompanhada da imediata liquidação da sanção pecuniária compulsória. Larga margem de liberdade
ao juiz --» caso a caso
buscar o equilíbrio

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 71.º
Ofensa a pessoa já falecidas
1. Os direitos de personalidade gozam igualmente de protecção depois da morte do respectivo titular.
2. Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providências previstas no n.º 2 do artigo anterior o cônjuge sobrevivo ou qualquer descendente,
ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro do falecido.
3. Se a ilicitude da ofensa resultar de falta de consentimento, só as pessoas que o deveriam prestar têm legitimidade, conjunta ou separadamente, para
requerer providências a que o número anterior se refere.

 Divergência doutrinária --» alargamento da personalidade jurídica às pessoas falecidas.


 Capelo de Sousa – termo da personalidade jurídica com a morte – “Há bens da personalidade física e moral do defunto que continuam a
influir no curso social e que, por isso mesmo perduram no mundo das relações jurídicas e como tais são autonomamente protegidos” (55)
 Leite Campos – “os herdeiros do falecido não defendem um interesse próprio (…) mas sim um interesse do defunto”
 Oliveira Ascensão – “o valor protegido é a personalidade do falecido e que a “legitimação” conferida pelo art. 71/2 não atribui ao requerente a
titularidade dos interesses em causa, mas uma mera legitimação processual”
 Mota Pinto – “uma proteção de interesses e direitos de pessoas vivas (as indicadas no n.º2 do mesmo artigo) que seriam afetadas por atos ofensivos da
memória (da integridade moral) do falecido”

 Personalidade cessou com a morte, o que está em causa é a memória do falecido – regime próprio, não sendo aplicável o n.º do artigo 70.º

 Para PPV/PLPV – 71.º n.º2 aparenta limitar as providências do n.º2 do 70.º. Mas é passível aplicar o n.º1 do 70 conjugada com 483.º para
aplicação da responsabilidade civil extracontratual
Direito Objetivo --» respeito pelos mortos
Direito Subjetivo --» titularidades das pessoas vivas a tutela do respeito devido aos seus mortos

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 81.º
Limitação voluntária
1. Toda a limitação voluntária ao exercício dos direitos de personalidade é nula, se for contrária aos princípios da ordem pública.
2. A limitação voluntária, quando legal, é sempre revogável, ainda que com obrigação de indemnizar os prejuízos causados às legítimas expectativas da outra parte.

Artigo 280.º
Requisitos do objeto negocial
1. É nulo o negócio jurídico cujo objecto seja física ou legalmente impossível, contrário à lei ou indeterminável.
2. É nulo o negócio contrário à ordem pública, ou ofensivo dos bons costumes.

 Autonomia privada limitada pela ordem pública, contrariedades à lei e aos bons costumes.
 Sempre revogáveis (cabe indemnização pela frustração da expectativa e não por um direito subjetivo da outra parte)
 Revogação unilateral, pelo detentor dos direitos de personalidade (não pode nunca perder definitivamente o controlo)

 Comum a limitação do direito de personalidade voluntária --» domínio da publicidade | forças armadas | experimentos científicos

Controverso nos casos de experiências médicas e científicas mas necessárias para o bem comum.

Mais controverso são casos de aviltamento público da dignidade de pessoas em meios de comunicação social… a ganância material
como fator para se aceitar (considerar lícita) certas ofensas à dignidade é controverso (“vida não pode ser trocada por dinheiro”)

Ilícitos --» tráfico e aproveitamento sexual de pessoas

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Morsang-sur-Orge
Diferente do strip-tease
(performance artística),
é tratada como um
objeto
 Direito à vida
 Direito à integridade física e psíquica
 Direito à inviolabilidade moral
Tipificação
 Direito à honra exemplificativa

 Direito à privacidade
 Direito à identidade pessoal e ao nome
 Direito à imagem

Artigo 70.º
Tutela geral da personalidade
1. A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade física ou moral.
2. Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaçada ou ofendida pode requerer as providências adequadas às circunstâncias do caso,
com o fim de evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da ofensa já cometida.

Incluiria as Pessoas Coletivas* - 484.º


divergências (PPV/PLPV contrários)
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
 24.º CRP – Mais importante dos direitos de personalidade “vida é inviolável”
 Ilicitude do suicídio (sem natureza penal), do auxílio e da instigação ao suicídio e da
eutanásia (≠ sedação paliativa).

 Desafios:
 Condições de ilicitude do aborto (142.º interrupção da gravidez não punível | descriminalização)
 Definição legal da morte
 Prolongamento da vida com recurso de suporte vital artificias
 Interrupção da vida meramente vegetativa artificialmente suportada

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 142.º
Interrupção da gravidez não punível
1 - Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o
consentimento da mulher grávida, quando:
a) b) c) d) a) Constituir o único meio de remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida;
Legítima b) Se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida e for realizada
defesa da nas primeiras 12 semanas de gravidez;
mãe c) Houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma incurável, de grave doença ou malformação congénita, e for realizada nas primeiras 24
semanas de gravidez, excepcionando-se as situações de fetos inviáveis, caso em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo;
d) A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas.
e) e) For realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez.
Proteção da 2 - A verificação das circunstâncias que tornam não punível a interrupção da gravidez é certificada em atestado médico, escrito e assinado antes da intervenção por
mãe médico diferente daquele por quem, ou sob cuja direcção, a interrupção é realizada, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
3 - Na situação prevista na alínea e) do n.º 1, a certificação referida no número anterior circunscreve-se à comprovação de que a gravidez não excede as 10 semanas.
4 - O consentimento é prestado:
a) Nos casos referidos nas alíneas a) a d) do n.º 1, em documento assinado pela mulher grávida ou a seu rogo e, sempre que possível, com a antecedência mínima de
três dias relativamente à data da intervenção;
b) No caso referido na alínea e) do n.º 1, em documento assinado pela mulher grávida ou a seu rogo, o qual deve ser entregue no estabelecimento de saúde até ao
momento da intervenção e sempre após um período de reflexão não inferior a três dias a contar da data da realização da primeira consulta destinada a facultar à
mulher grávida o acesso à informação relevante para a formação da sua decisão livre, consciente e responsável.
5 - No caso de a mulher grávida ser menor de 16 anos ou psiquicamente incapaz, respectiva e sucessivamente, conforme os casos, o consentimento é prestado pelo
representante legal, por ascendente ou descendente ou, na sua falta, por quaisquer parentes da linha colateral.
6 - Se não for possível obter o consentimento nos termos dos números anteriores e a efectivação da interrupção da gravidez se revestir de urgência, o médico decide
em consciência face à situação, socorrendo-se, sempre que possível, do parecer de outro ou outros médicos.
7 - Para efeitos do disposto no presente artigo, o número de semanas de gravidez é comprovado ecograficamente ou por outro meio adequado de acordo com as leges
artis.

“Este regime parece-nos incompatível com o direito à vida do filho ainda não nascido, com direito do pai à paternidade e com o princípio da igualdades do pai e mãe” - PPV/PLPV (63)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


VIDA X MORTE
VIDA BI0LÓGICA ≠ VIDA BIOGRÁFICA MORTE DIGNA

Morte
Medicamente
Distanásia Eutanásia Assistida
(Suicídio Assistido)

Ortotanásia Mistanásia
http://www.scott-morgan.com/blog/
1969 Living Will”, Advogado Louis Kutner (Sociedade Americana
Pró Eutanásia)
1970 Outros documentos – “Advanced Directives”
15/04/1975 Karen Ann Quinlan
31/03/1976 New Jersey Supreme Court: DIREITO à
Karen Ann
Quinlan PRIVACIDADE
29 de março de 1976 Estado da Califórnia - Natural Death Act
1954 - 11 de junho
de 1985 1990 Caso Nancy Cruzan – Supreme Court
1991 Patient SelfDetermination Act (PSDA)

1995 Austrália 2009 Alemanha e Inglaterra


2001 Porto Rico 2012 Portugal
2002 Espanha 2016 França Photo courtesy of Chris Cruzan White (Robert L. Fine)
2008 México 2017 Itália
2009 Argentina e Uruguai
1977 Livro - Karen 1997 Vacco 2005 Livro - My Joy,
15/04/1975 Deu
Karen Ann Quinlan
Ann: The Quinlans DC, Attorney My Sorrow: Karen
entrada no Newton General of Ann's
Tell Their Story Mother
Memorial Hospital,
1977 Filme - The New York, et Remembers 29 de março de 1954 - 11 de junho de
New Jersey 1976 Comitê de
Matter of Karen al., Petitioners 2005 Caso
Ética do Hospital
Ann Quinlan v. Timothy E. Terri Schiavo
St. Clair - parecer Quill et al.
de irreversibilidade 1981 Presidential 2000
01/08/1975 Commission – Holanda
vida humana 02/2018
Pedido 05/1976 - Respirador
termina quando o BE
para desligado (Manteve-se
retirada do cérebro deixa de Lei n.º
viva - alimentação por
respirador funcionar 25/2012,
via de sonda
1990 Caso de 16 de
nasogástrica).
Nancy Cruzan julho

Revolução 1997 Oregon
Tecnológica
11/06/1985
dos anos 2012 PL
Faleceu
60´ 1976 Estado da Senado
11/1975 Tribunal (pneumonia
Superior de Nova Califórnia - n.º
)
Jersey, Robert Natural Death Act 1991 – Helga 236/12
02/2017
Muir Jr., negou. Wanglie (Hennepin
PAN
31/03/1976 New County District Cou
1969 Jersey Supreme rt - Minneapolis)
Advogado Court: 1991 Patient Self-
Louis Kutner DIREITO À
1980 Joseph e Julia Quinlan Determination Act https://en.wikipedia.org/wiki/Karen_Ann_Quinlan
(TV) PRIVACIDADE
fundaram o Karen Ann Quinlan (PSDA)
Center of Hope Hospice
(Newton)
Testamento de Testamento
Declaração Vital
Vida Biológico (ITA)
Instrução escrita para guiar os cuidados
médicos em caso de doença terminal ou
dano irreversível, a ser aplicada quando a Cláusulas
Testamento do Declaração de
pessoa não consegue manifestar a Testamentárias
sobre a Vida
Paciente Cuidados Saúde
vontade.
Declaração
Testamento Vital Prévia dos Patient Advocate Designation of
Pacientes Designation Surrogate
+ Terminais
Mandato Duradouro
OU Procurador de Procurador de Power of
Medical Power of
Cuidados de Saúde Attorney
Cuidados de Attorney for
Saúde Health Care

Declaração
Diretiva Médica/ Instruções
Antecipada de
para Médicos prévias (ESP)
Tratamento

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Testamento Vital
+
Mandato Duradouro
OU Procurador de
Cuidados de Saúde

Physician Orders for Do-not-


Life-Sustaining resuscitate (DNR) Organ and tissue
Treatment (POLST) DNR Form, DNR donation
(MOLST/MOST/POST/TPOPP Directive, Comfort One
)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


• 1969 Living Will – 1991 Patient SelfDetermination Act (PSDA)
• Programa – “Making Your Wishes Known: Planning Your Medical Future”

• Associación Pro Derecho a Morir Dignamente, iniciou o debate já em 1986


• Lei 41/2002 - “instrucciones previas”.
• Real Decreto 124/07 criação do Registro Nacional de Instrucciones

• Código Civil (2009) “Patientenverfügungen”

• Lei 160/2001 de 17 de novembro


• Lei 4.263/2007 da Província de Rio Negro - Lei federal 26.529/2009
• Lei 8.473/2009, de 3 de abril – “Voluntad Anticipada”

• Comitê Nacional de Bioética - Dichiarazioni Anticipate di Trattamento – “testamento biológico”


• Caso Eluana Englaro
• Comune de Massa, Toscana – recolha de manifestações
• APP - “The Last Wishes”

• “Living wills for people who will to live”

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Parecer n.º 59/CNECV/2010

“… doente morra como consequência da história natural da sua doença”


“Não é necessária uma declaração antecipada […] para que deva ser considerada a boa prática médica e ética a recusa da obstinação
terapêutica, isto é, a não realização de tratamento fútil u obstinado…”

Lei de Bases dos Cuidados Paliativos (Lei n.º 52/2012)

d) «Obstinação diagnóstica e terapêutica» os procedimentos diagnósticos e terapêuticos que são desproporcionados e fúteis, no contexto global
de cada doente, sem que daí advenha qualquer benefício para o mesmo, e que podem, por si próprios, causar sofrimento acrescido;

Regulamento de Deontologia Médica (2016)


Artigo 65.º O fim da vida
1 — O médico deve respeitar a dignidade do doente no momento do fim da vida.
2 — Ao médico é vedada a ajuda ao suicídio, a eutanásia e a distanásia.
Artigo 66.º Cuidados Paliativos
1 — Nas situações de doenças avançadas e progressivas cujos tratamentos não permitem reverter a sua evolução natural, o médico deve dirigir a
sua ação para o bem -estar dos doentes, evitando a futilidade terapêutica, designadamente a utilização de meios de diagnóstico e terapêutica que
podem, por si próprios, induzir mais sofrimento, sem que daí advenha qualquer benefício.
Artigo 67.º Morte
[…] 3 — O uso de meios extraordinários de manutenção de vida deve ser interrompido nos casos irrecuperáveis de prognóstico seguramente fatal
e próximo, quando da continuação de tais terapêuticas não resulte benefício para o doente.
4 — O uso de meios extraordinários de manutenção da vida não deve ser iniciado ou continuado contra a vontade do doente.
5 — Não se consideram meios extraordinários de manutenção da vida, mesmo que administrados por via artificial, a hidratação e a alimentação
ou a administração por meios simples de pequenos débitos de oxigénio suplementar.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Lei n.º 25/2012, de 16 de julho
Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV)
Testamento Vital e Procurador de Cuidados de Saúde

Portaria n.º 96/2014, 5 de maio - Regulamentação

Portaria n.º 104/2014, 15 de maio – Modelo de Diretiva Antecipada de Vontade

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Portaria n.º 104/2014 – Modelo de Diretiva Antecipada de Vontade

 Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV)


 Identificação do Outorgante
 Pretendo nomear meu Procurador de Cuidados de Saúde
 Pretendo nomear meu Procurador de Cuidados de Saúde suplente
Situação Clínica em que a DAV Produz Efeitos
Cuidados de Saúde a receber/não receber
Médico (opcional)
Notário / Funcionário RENTEV
Validação

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Procedimentos e medicamentos extraordinários
(prolongam a vida biológica do paciente, sem garantir a qualidade de vida)
 Ressuscitação cardiopulmonar,
 Respiração artificial;
 Grandes procedimentos cirúrgicos;
 Diálise;
 Quimioterapia;
 Radioterapia;
 Pequenas cirurgias que não servirão para dar conforto ou aliviar a dor;
 Exames invasivos;
 Antibióticos;
 Nutrição e hidratação artificiais (?)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
 Não existe uma fronteira nítida entre a integridade física e a integridade psicológica
 Ameaças e Agressões a um afetam o outro.

 Caso de Barulho / Ruído --» que impeçam o sono, violam o direito da personalidade,
impedem o direito ao repouso (mesmo que não ultrapasse os limites fixados em lei)
Apesar do Regulamento fixar limites --» não há um direito a fazer ruído, nem é lícito
impedir o repouso alheio, por isso direito de personalidade prevalece perante o
regulamento.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


https://www.publico.pt/2023/02/26/sociedade/noticia/tribunal-deu-tres-meses-caes-serem-retirados-apartamento-2039587

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 41.º
Autonomia moral, liberdade religiosa de
Liberdade de consciência, religião e culto convicção e de culto, o respeito pelos
1. A liberdade de consciência, religião e culto é inviolável.
2. Ninguém pode ser perseguido, privado de direitos ou isento de obrigações mortos e pela sua memória, o respeito pela
ou deveres cívicos por causa das suas convicções ou prática religiosa.
3. As igrejas e comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres
honra, a defesa do bom nome e reputação,
na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.
4. É garantida a liberdade de ensino de qualquer religião praticado no
e a tutela da privacidade e do pudor.
âmbito da respectiva confissão, bem como a utilização de meios de
comunicação social próprios para o prosseguimento das suas actividades.
5. É reconhecido o direito à objecção de consciência, ficando os objectores
obrigados à prestação de serviço não armado com duração idêntica à do
serviço militar obrigatório.

Artigo 335.º
Colisão de direitos
1.Havendo colisão de direitos iguais ou da mesma espécie, devem os titulares
ceder na medida do necessário para que todos produzam igualmente o seu
efeito, sem maior detrimento para qualquer das partes.
2. Se os direitos forem desiguais ou de espécie diferente, prevalece o que
deva considerar-se superior.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“A honra é a dignidade pessoal pertencente à pessoa enquanto tal, e reconhecida na comunidade em que se insere e em que
coabita e convive com as outras” - PPV/PLPV (67)

Vertente PESSOAL/SUBJETIVA --» “respeito e consideração que cada pessoa tem


por si própria” - PPV/PLPV (67)
Vertente SOCIAL/OBJETIVA --» “respeito e consideração que cada pessoa merece ou
de que goza na comunidade a que pertence” - PPV/PLPV (67)

DESONRA – perda de respeito em termos pessoais pode ser maior ou menos do quem em termos sociais.

*Divergência no gravame à honra --» uma pessoa pode ser eticamente mais exigente que outra, ou menos
exigente que a sociedade.

UMA HONRA, com DUAS PERSPECTIVAS, Subjetiva e a Objetiva

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/ca7fc9ce4402f58b80256e7e004ec225?Op

Ac. STJ de 26/02/2004


enDocument

Proc. n.º 03B3898


1. A publicação, em jornal que se vende em todo o território nacional, de acusações ou insinuações feitas a uma mulher casada, no
mínimo tratando-a como leviana e imputando-lhe a prática de adultério, atinge directamente o marido daquela, violando o seu direito ao
bom nome, à honra e consideração social, e à reserva da intimidade da vida privada conjugal.
2. Não importa que o facto afirmado ou divulgado seja ou não verdadeiro, contanto que seja susceptível, ponderadas as circunstâncias
do caso, de abalar a honra e o prestígio de que a pessoa goze ou o bom conceito em que ela seja tida (prejuízo do bom nome) no meio
social em que vive ou exerce a sua actividade.
3. Na delimitação do direito à informação intervêm princípios éticos, pelos quais o jornalista responde em primeiro lugar, constituindo
dever de quem informa esforçar-se por contribuir para a formação da consciência cívica e para o desenvolvimento da cultural sobretudo
pela elevação do grau de convivialidade como factor de cidadania, e não fomentar reacções primárias, sementes de violência, ou
sentimentos injustificados de indignação e de revolta, tratando assuntos com desrespeito pela consciência moral das gentes, contribuindo
negativamente para a desejável e salutar relação de convivialidade entre elas.
4. Na conflitualidade entre os direitos de liberdade de imprensa e os direitos de personalidade, sendo embora os dois direitos de igual
hierarquia constitucional, é indiscutível que o direito de liberdade de expressão e informação, pelas restrições e limites a que está sujeito,
não pode atentar contra o bom nome e reputação de outrem, salvo se estiver em causa um interesse público que se sobreponha àqueles e
a divulgação seja feita de forma a não exceder o necessário a tal divulgação.
5. Actuam culposamente, com dolo directo, os jornalistas que voluntariamente narra certo facto ou faz alguma afirmação ou insinuação,
sabendo que dessa forma atinge a honra ou o bom nome de outrem, sendo esse preciso efeito que ele pretende atingir. Age com dolo
necessário (ou eventual) a empresa jornalística que, sem poder deixar de conhecer a natureza melindrosa e difamatória dos escritos,
tinha também o dever de ter impedido a sua divulgação.
6. Tratando-se de notícia publicada em jornal que se vende em todo o território nacional; considerando que o lesado, a partir da data da
publicação dos artigos, passou a ser alvo de observações jocosas dos seus colegas de trabalho e de alguns clientes que o conheciam
devido à vida pública que levava, tendo até, em consequência, pedido uma licença sem vencimento como única forma de se furtar aos
incómodos e ultrajes de que passou a ser alvo; atendendo a que o casal constituído por ele e a mulher, visada nas notícias publicadas,
acabou por se separar devido às discussões e aos embaraços que tais artigos provocaram em ambos, justifica-se, por criteriosa e
adequada às circunstâncias do caso, a atribuição da quantia de 5.000.000$00 (ou seja, 24.939,99 Euros) para compensar os danos não
patrimoniais sofridos pelo autor.
Particularmente mais gravosas --» ofensas à honra cometidas através da comunicação
social
Dificilmente reparáveis.

Direito de imprensa não sobreleva o direito à honra (apesar de ambos estarem consagrados no
rol de direitos, liberdades e garantias da CRP), como direito de personalidade é
hierarquicamente superior.
DESAFIO – figuras públicas (menor tutela da honra e da privacidade).
 Nos casos de interesse público da revelação de certos factos ou situações, o direito à honra e
à privacidade não podem impedir a revelação do que for estritamente necessário.
Excluída a ilicitude pelo caráter público do interesse na questão – 180.º n.º2 – buscar o princípio
do mínimo dano.
Casos de “voyeurismo” e curiosidade malsã/doentia --» ilícito (ainda que exista interesse público
se for em excesso)
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
 Espaço de privacidade em que possa estar à vontade --» “direito de ser deixado em paz”

 Delimitação positiva --» Vida doméstica, familiar, sexual, afetiva


 Delimitação negativa --» matérias da vida das pessoas que podem ficar fora da esfera de proteção

 Tentativa - três esferas:


 Vida íntima – acesso por pessoas muito próximas (afetividade, saúde, nudez)
 Vida privada – acesso pelas pessoas da sua relação
 Vida pública – desconhecidos, público em geral

Rigidez não corresponde à realidade (degraus e não uma rampa | quebra abrupta)– os limites variam de pessoa para pessoa

Identificar não só o que é mais intimo/privado do que aquilo, e que esta pessoa é mais intima do que aquela.

75.º a 78.º e 80.º CC

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 26.º
Outros direitos pessoais
1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao “É um direito de personalidade, porque orientado funcionalmente à tutela da dignidade
desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, humana, através da defesa daquilo que garante a infungibilidade, a indivisibilidade e a
ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da
intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra
irrepetibilidade de casa uma das pessoas humanas”- PPV/PLPV (74)
quaisquer formas de discriminação.
2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a obtenção e Artigo 74.º
utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana, de Pseudônimo
informações relativas às pessoas e famílias. O pseudónimo, quando tenha notoriedade, goza da protecção conferida ao próprio nome.
3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser
humano, nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização
das tecnologias e na experimentação científica.
4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só
podem efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo Identidade pessoal –» inclui o património genético, a
ter como fundamento motivos políticos.
integridade genética que impedem a clonagem integral, a
Artigo 72.º ocultação da paternidades biológica e outras ofensas que
Direito ao nome
1. Toda a pessoa tem direito a usar o seu nome, completo ou possam incidir sobre o genoma.
abreviado, e a opor-se a que outrem o use ilicitamente para
sua identificação ou outros fins.
2. O titular do nome não pode, todavia, especialmente no
exercício de uma actividade profissional, usá-lo de modo a
prejudicar os interesses de quem tiver nome total ou
parcialmente idêntico; nestes casos, o tribunal decretará as
providências que, segundo juízos de equidade, melhor
conciliem os interesses em conflito.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 79.º
Direito à imagem  Ac. TRE de 25-06-2015: - Em decisão de
1.O retrato de uma pessoa não pode ser exposto,
reproduzido ou lançado no comércio sem o consentimento regulação de responsabilidades parentais,
dela; depois da morte da pessoa retratada, a autorização
compete às pessoas designadas no n.º 2 do artigo 71.º, a imposição aos pais do dever de «abster-
segundo a ordem nele indicada.
2. Não é necessário o consentimento da pessoa retratada
se de divulgar fotografias ou informações
quando assim o justifiquem a sua notoriedade, o cargo que que permitam identificar a filha nas redes
desempenhe, exigências de polícia ou de justiça, finalidades
científicas, didácticas ou culturais, ou quando a reprodução sociais» mostra-se adequada e
da imagem vier enquadrada na de lugares públicos, ou na de
factos de interesse público ou que hajam decorrido
proporcional, salvaguarda do direito,
publicamente.
3. O retrato não pode, porém, ser reproduzido, exposto ou
reserva da intimidade da vida privada e
lançado no comércio, se do facto resultar prejuízo para a da proteção dos dados pessoais e,
honra, reputação ou simples decoro da pessoa retratada.
sobretudo, da segurança da menor no
Ciberespaço.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Relação
Jurídica
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Relação 2 Relação 3
Relação 1
Sujeito Ativo – B Sujeito Ativo – B
Sujeito Ativo – A
Sujeito Passivo – todos os outros (direito à Sujeito Passivo – C
Sujeito Passivo – todos os outros
propriedade oponível)
(direito à propriedade oponível)
Objeto – Bicicleta (objeto do direito
Objeto – Bicicleta (objeto do direito subjetivo), doação (direito subjetivo) Relação 4
Objeto – Bicicleta (objeto do direito subjetivo), direito de propriedade (direito 940.º e 954.º
subjetivo), direito de propriedade subjetivo) …
(direito subjetivo) 1316.º, 1317.º e 1318.º - ocupação
Facto Jurídico – Doar a bicicleta
Facto Jurídico – Abandonar a bicicleta Facto Jurídico – Pegar a bicicleta
Garantia – 408.º n.º1
Garantia – X Garantia – X
Modificação da relação (C passa a sero
Constituição da relação sujeito ativo.
Extingue-se a relação jurídica
PERSONALIDADE
JURÍDICA
1 2 3
 Doação para nascituro 952.º  Doação 940.º / 408.º n.º1  Problema não está na
 Nascituro de B, só adquire  Capacidade do animal? personalidade jurídica (B), mas
personalidade jurídica com o 950.º, 201.º-B, 202.º ss sim no objeto.
nascimento com vida (66.º)  Animal não pode ser sujeito
 Nascituro de B não chegou a  280.º objeto ilícito, contrato é
da relação, podendo ser
adquirir personalidade jurídica, a nulo, não produz efeitos 286.º
doação fica sem efeito. objeto da relação.
 2024.º e 2033 n.º2 o quadro
mantêm-se na esfera de A. Doação não poderá produzir
efeitos.
Doação não poderá produzir efeitos.
“A capacidade jurídica é a suscetibilidade de ser titular de situações ou posições jurídicas ativas ou
passivas, de direitos ou vinculações.” - PPV/PLPV (94)

“uma qualidade estática, ou seja, precisamente a idoneidade de se ser titular de direitos e


obrigações. A capacidade jurídica é inerente à personalidade.” - HEH/ESMS (335)

Artigo 67.º
Capacidade jurídica Capacidade Jurídica
As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo ≠
disposição legal em contrário: nisto consiste a sua capacidade jurídica.
Personalidade Jurídica

Personalidade Jurídica Capacidade Jurídica


Exercício pessoal e livre
Natureza Qualitativa Natureza Quantitativa
Titularidade
Existe ou não existe Pode ser graduada ou restringida

Capacidade de gozo Artigo 69.º


Renúncia à capacidade jurídica
Ninguém pode renunciar, no todo ou em parte, à sua capacidade jurídica.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“Ao contrário da capacidade negocial, de gozo e de exercício a capacidade jurídica não pressupões
nenhum discernimento, nem a vontade de entender e querer, uma vez que diz respeito à mera
susceptibilidade de ser titular, a uma simples condição de gozo e não se refere à idoneidade da
participação no tráfico jurídico” - HEH/ESMS (337)
Capacidade de Gozo Capacidade de Exercício
TITULARIDADE EXERCÍCIO
Capacidade de ser ou de ter direitos subjetivos Capacidade de agir | de se tornar sujeito de relações jurídicas ou de
exercer os direitos subjetivos
Natureza estritamente pessoal, não podem ser assumidos por Maior* tem pleno exercício dos seus direitos
outrem em nome e em vez do titular – ex.: 1600.º, 1850.º, 2188.º
"estar no mundo jurídico como titular" - HEH/ESMS (336) "o agir no mundo jurídico como praticante de actos jurídicos negociais" - HEH/ESMS (336)

“é a suscetibilidade de ser titular de direitos, de situações jurídicas” - PPV/PLPV (94) “é a suscetibilidade que a pessoa tem de exercer pessoal e livremente os direitos e cumprir as
obrigações que estão na sua titularidade, se a intermediação de um representante legal ou
consentimento de um assistente” - PPV/PLPV (95)

Pessoa pode ter capacidade de gozo mas não ter capacidade de exercício.
“não podem atuar no Direito a não ser por intermédio de representantes
 Menores (atentar as exceções -124.º e 127.º) legais, ou estão sujeitos, na sua atuação jurídica, à autorização e
 *Maiores acompanhados – Lei n.º 49/2018 de 14 de agosto vigilância dos pais ou dos acompanhantes” - PPV/PLPV (95)
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Caso de ausência de capacidade de gozo:
 Menor de 16 anos –» impedimento absoluto para casamento - artigo 1601.º alínea c)
Caso de ausência de capacidade de exercício:
Menor entre 16 e 18 anos –» depende de autorização dos pais – artigo 1612.º n.º 1

Com casamento do menor (16 a 18 anos) há a sua EMANCIPAÇÃO – artigo 132.º

Cessando a sua incapacidade

 Se Casamento ocorre sem o suprimento do consentimento dos pais ou tutor (ou sem
suprimento judicial), continua ser considerado menor, e por isso a administração dos
seus bens pelos seus pais/tutor/administrador judicial – artigo 1649.º

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“A legitimidade se distingue da capacidade com alguma nitidez, porque a capacidade é uma situação enquanto que a legitimidade
é uma relação” - PPV/PLPV (99)

Capacidade Legitimidade
SITUACIONAL RELACIONAL
Abstrata – podemos ser titulares ou Concreta - diante de um concreto ato
podemos exercer jurídico
“é a suscetibilidade de ser titular de direitos, de “é a particular posição da pessoa perante um
situações jurídicas” - PPV/PLPV (94) concreto interesse ou situação jurídica que lhe
permite agir sobre eles.” - PPV/PLPV (97)

Coincide* com a TITULARIDADE


(*exceto quando não tem um concreto grau de autonomia privada – caso dos
incapazes
**pode ocorrer de outras pessoas também terem legitimidade (poder de
representação) – artigo 767.º a 771.º)

“Em alguns casos a pessoa que pretende agir não tem legitimidade porque não é titular de uma situação jurídica que possibilite
essa atuação, sendo que essa falta de titularidade pode decorrer de uma incapacidade de gozo. Não tendo capacidade de gozo,
não é titular, e sem ser titular não terá legitimidade” - PPV/PLPV (100)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 ≠ Capacidade negocial de gozo e de exercício
 Trata-se da capacidade para consentir que a sua integridade física seja violada
 quando se trata do "consentimento tolerante" não é preciso ter a capacidade de
gozo/exercício, necessário "que tenha a suficiente maturidade para a avaliação das
respectivas consequências" | "entender plenamente o significado do seu acto"
Código Penal
Capacidade natural para consentir – CC é omisso DL n.º 48/95 de 15 de março
Artigo 38.º
Consentimento
Artigo 81.º 1 - Além dos casos especialmente previstos na lei, o consentimento exclui a ilicitude
Artigo 340.º Limitação voluntária do facto quando se referir a interesses jurídicos livremente disponíveis e o facto
Consentimento do lesado 1. Toda a limitação voluntária ao não ofender os bons costumes.
1. O acto lesivo dos direitos de outrem é lícito, exercício dos direitos de personalidade 2 - O consentimento pode ser expresso por qualquer meio que traduza uma vontade
desde que este tenha consentido na lesão. é nula, se for contrária aos princípios séria, livre e esclarecida do titular do interesse juridicamente protegido, e pode ser
2. O consentimento do lesado não exclui, porém, a da ordem pública. livremente revogado até à execução do facto.
2. A limitação voluntária, quando 3 - O consentimento só é eficaz se for prestado por quem tiver mais de 16 anos e
ilicitude do acto, quando este for contrário a uma
legal, é sempre revogável, ainda que possuir o discernimento necessário para avaliar o seu sentido e alcance no momento
proibição legal ou aos bons costumes. em que o presta.
3. Tem-se por consentida a lesão, quando esta se com obrigação de indemnizar os
prejuízos causados às legítimas 4 - Se o consentimento não for conhecido do agente, este é punível com a pena
deu no interesse do lesado e de acordo com a sua aplicável à tentativa.
expectativas da outra parte.
vontade presumível.
2 requisitos:
• Idade mínima - 16 anos
 Para atos médicos ou de enfermagem de pequena relevância --» 127.º n.º1 b) • Capacidade natural para consentir

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Nascimento

Personalidade
Jurídica
 Pessoa está obrigada em consequência dos factos
ilícitos (*risco) que cometeu.
Capacidade
Jurídica
 Capacidade negocial está para a
Responsabilidade Contratual assim como a
Capacidade Delitual está para a Responsabilidade Capacidade de Capacidade
agir Delitual
Extracontratual.

 A Capacidade Delitual é definida de maneira Responsabilidade Responsabilidade


Contratual extracontratual
negativa – Quem não tem capacidade– 488.º n.º2
Artigo 488.º Não precisam estar
Imputabilidade conexos a capacidade
1. Não responde pelas consequências do facto danoso quem, no Por culpa civil de agir. A
momento em que o facto ocorreu, estava, por qualquer causa, responsabilidade poderá
incapacitado de entender ou querer, salvo se o agente se colocou
culposamente nesse estado, sendo este transitório. ser verificada pela
2 - Presume-se falta de imputabilidade nos menores de sete anos. simples titularidade de
um direito.
Pelo Risco Ex.: um bebé que herda
uma fábrica de pólvora.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Código de Processo do Trabalho
DL n.º 480/99 de 9 de novembro
Código de Processo Civil Código de Processo Civil Artigo 2.º
Lei n.º 41/2013 de 26 de junho Lei n.º 41/2013 de 26 de junho Capacidade judiciaria activa dos menores
Artigo 11.º Artigo 15.º 1 - Os menores com 16 anos podem estar por si em
Conceito e medida da personalidade judiciária Conceito e medida da capacidade judiciária juízo como autores.
1 - A personalidade judiciária consiste na 1 - A capacidade judiciária consiste na 2 - Os menores que ainda não tenham completado
suscetibilidade de ser parte. suscetibilidade de estar, por si, em juízo. 16 anos são representados pelo Ministério Público
2 - Quem tiver personalidade jurídica tem 2 - A capacidade judiciária tem por base e por quando se verificar que o seu representante legal
igualmente personalidade judiciária. medida a capacidade do exercício de direitos. não acautela judicialmente os seus interesses.
3 - Se o menor perfizer os 16 anos na pendência da
causa e requerer a sua intervenção directa na
acção, cessa a representação.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“O Direito Civil, como direito das pessoas comuns, pressupõe que estas sejam livres e esclarecidas
e que, ao agirem no Direito, o façam com liberdade e esclarecimento.” - PPV/PLPV (116)

DESAFIO --» Circunstâncias que colocam algumas pessoas em situação de


inferioridade na relação (esclarecimento e liberdade não alcançado por completo)
Regimes de Proteção

 MENORES
 MAIORES ACOMPANHADOS

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Falta de capacidade de exercício --» Menores e Maiores Acompanhados
Falta de capacidade de gozo:
*Exclusão da titularidade destes direitos pessoais – coarta por completo a possibilidade de agir
Artigo 1601.º
Impedimentos dirimentes absolutos Artigo 1850.º
São impedimentos dirimentes, obstando ao Capacidade
casamento da pessoa a quem respeitam 1 - Têm capacidade para perfilhar os
com qualquer outra: indivíduos com mais de 16 anos, se não
a) A idade inferior a dezasseis anos; forem maiores acompanhados com Artigo 2189.º
b) A demência notória, mesmo durante os restrições ao exercício de direitos pessoais Incapacidade
intervalos lúcidos, e a decisão de nem forem afetados por perturbação São incapazes de testar:
acompanhamento, quando a sentença mental notória no momento da a) Os menores não emancipados;
respetiva assim o determine; perfilhação. b) Os maiores acompanhados, apenas nos
c) O casamento anterior não dissolvido, 2 - Os menores não necessitam, para casos em que a sentença de
católico ou civil, ainda que o respectivo perfilhar, de autorização dos pais ou acompanhamento assim o determine.
assento não tenha sido lavrado no registo tutores.
do estado civil.
Ato anulável Ato nulo
Ato anulável

Ato anulável para proteção das respetivas relações familiares


– se fosse uma nulidade "qualquer interessado" poderia invocar

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Aplica-se aos Maiores, Maiores que ainda não tenham sentença de
acompanhamento, aos Menores nos casos em que possuem capacidade de
Artigo 257.º exercício (127.º).
Incapacidade Acidental
1. A declaração negocial feita por quem,
devido a qualquer causa, se encontrava
 Não se relaciona ao ESTADO da pessoas, e por isso é insuscetível de registo.
acidentalmente incapacitado de entender
o sentido dela ou não tinha o livre  Atos por quem se encontra acidentalmente incapacitado são anuláveis.
exercício da sua vontade é anulável, desde
que o facto seja notório ou conhecido do
 Necessário que o declarante "ou se encontre acidentalmente incapacitado de
declaratário.
2. O facto é notório, quando uma pessoa entender o sentido da sua declaração, ou que não tenha livre exercício da sua
de normal diligência o teria podido notar
vontade" (HEH/ESMS 368), devendo ser notório.
 Preocupação com o tráfico jurídico - anulação só em casos que se evidenciasse a
Situação incapacidade acidental ≠ da proteção dada aos menores, onde há preferência
destes se comparado com tráfico jurídico.
Passageira
 Ação de anulação 287.º -» a partir do momento em que a incapacidade deixou de
existir.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“A ordem jurídica parte do pressuposto de que ele não está em condições de celebrar certos negócios estritamente pessoais ou para reger a sua
pessoa ou cuidar devidamente dos seus bens ao participar no tráfico jurídico geral” - HEH/ESMS (347)

Artigo 123.º
Artigo 122.º Incapacidade dos menores
Menores Salvo disposição em contrário, os menores carecem de capacidade para o
É menor quem não tiver ainda completado dezoito anos de idade. exercício de direitos.

“eles não estão habilitados a reger a sua pessoa (incapacidade de praticar actos pessoais) e a dispor dos seus bens (incapacidade para realizar
negócios jurídicos patrimoniais) e não tem capacidade para adquirir direitos ou assumir obrigações por ato próprio (ou por meio de um
representante voluntário) - HEH/ESMS (349)

4 estágios de Maturidade – 7, 12, 16 e 21 anos


 488.º n.º2 – presume-se imputáveis (responsabilidade civil extracontratual) os maiores de 7 anos
 1981.º n.º1 a) e 1984.º – prevê consentimento dos maiores de 12 anos nos processos de adoção
 1901.º n.º2 – (alterado em 2008) indicava que a partir dos 14 anos os menores eram ouvidos no processo de RRP
(Lei n.º141/2015 refere os 12 anos)
 1601.º - Capacidade para casar a partir dos 16 anos
 127.º n.º1 a) – a partir dos 16 anos pode administrar e dispor do que tenha adquirido pelo trabalho
 19.º do Código Penal - Inimputabilidade cessa aos 16 anos
 55.º e 56.º Código do Trabalho - Celebrar contrato a partir dos 16 anos, e em casos especiais com 14 anos
 Regime dos Jovens delinquentes (Lei n.º 401/82) – entre 16 e 21 anos

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“a incapacidade do menor é geral – ele efectivamente carece da capacidade de exercício de direitos – ele acabaria por ser
excluído de todo o tráfico jurídico negocial e por ser impedido de adquirir direitos ou assumir obrigações, ficando deste modo a
suca capacidade jurídica sem qualquer efeito útil … Precisamente para evitar este resultado existem meios de suprimento da
incapacidade de exercício... Estes dois institutos são a representação legal e a assistência” - HEH/ESMS (348)

Responsabilidades Parenta
REPRESENTAÇÃO
Artigo 124.º Outra pessoa age pelo incapaz (designada pela lei ou
Responsabilidades parentais Suprimento da incapacidade dos menores entidade), com inteira independência, mas as vezes precisando
A incapacidade dos menores é suprida pelo de autorização de outra entidade
poder paternal e, subsidiariamente, pela ASSISTENCIA
tutela, conforme se dispõe nos lugares Incapaz pode agir ele mesmo, mas depende do consentimento
respectivos. de certa pessoa ou entidade para validar os respetivos
negócios

SUPRIMENTO
Responsabilidades Parentais Tutela Administração de bens

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 1888.º
Responsabilidades parentais Artigo 1881.º
Exclusão da administração
1. Os pais não têm a administração:
Poder de representação a) Dos bens do filho que procedam de sucessão da
Artigo 1877.º
1. O poder de representação compreende o exercício de qual os pais tenham sido excluídos por indignidade
Duração das responsabilidades parentais
todos os direitos e o cumprimento de todas as obrigações do ou deserdação;
Os filhos estão sujeitos às responsabilidades parentais até à
filho, exceptuados os actos puramente pessoais, aqueles que b) Dos bens que tenham advindo ao filho por
maioridade ou emancipação.
Artigo 1878.º o menor tem o direito de praticar pessoal e livremente e os doação ou sucessão contra a vontade dos pais;
Duração das responsabilidades parentais actos respeitantes a bens cuja administração não pertença c) Dos bens deixados ou doados ao filho com
1. Compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança aos pais. exclusão da administração dos pais;
e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, 2. Se houver conflito de interesses cuja resolução dependa d) Dos bens adquiridos pelo filho maior de
representá-los, ainda que nascituros, e administrar os seus bens. de autoridade pública, entre qualquer dos pais e o filho dezasseis anos pelo seu trabalho.
2. Os filhos devem obediência aos pais; estes, porém, de acordo sujeito às responsabilidades parentais, ou entre os filhos, 2. A exclusão da administração, nos termos da
com a maturidade dos filhos, devem ter em conta a sua opinião ainda que, neste caso, algum deles seja maior, são os alínea c) do número anterior, é permitida mesmo
nos assuntos familiares importantes e reconhecer-lhes autonomia menores representados por um ou mais curadores especiais relativamente a bens que caibam ao filho a título
na organização da própria vida. nomeados pelo tribunal. de legítima.3 - O disposto no n.º 1 não é aplicável
quando se constituir o apadrinhamento civil.
Artigo 1889.º
Actos cuja validade depende de autorização do tribunal Artigo 1892.º
1. Como representantes do filho não podem os pais, sem autorização do tribunal:
Proibição de adquirir bens do filho
a) Alienar ou onerar bens, salvo tratando-se de alienação onerosa de coisas susceptíveis de perda ou deterioração;
b) Votar, nas assembleias gerais das sociedades, deliberações que importem a sua dissolução; 1 - Sem autorização do tribunal não podem os pais tomar de
c) Adquirir estabelecimento comercial ou industrial ou continuar a exploração do que o filho haja recebido por sucessão ou arrendamento ou adquirir, directamente ou por interposta
doação; pessoa, ainda que em hasta pública, bens ou direitos do filho
d) Entrar em sociedade em nome colectivo ou em comandita simples ou por acções; sujeito às responsabilidades parentais, nem tornar-se
e) Contrair obrigações cambiárias ou resultantes de qualquer título transmissível por endosso; cessionários de créditos ou outros direitos contra este, excepto
f) Garantir ou assumir dívidas alheias;
nos casos de sub-rogação legal, de licitação em processo de
g) Contrair empréstimos;
h) Contrair obrigações cujo cumprimento se deva verificar depois da maioridade; inventário ou de outorga em partilha judicialmente autorizada.
i) Ceder direitos de crédito; 2. Entende-se que a aquisição é feita por interposta pessoa nos
j) Repudiar herança ou legado; casos referidos no n.º 2 do artigo 579.º
l) Aceitar herança, doação ou legado com encargos, ou convencionar partilha extrajudicial;
m) Locar bens, por prazo superior a seis anos; • Durante o Matrimónio as Responsabilidades Parentais pertencem a ambos os
n) Convencionar ou requerer em juízo a divisão de coisa comum ou a liquidação e partilha de patrimónios sociais; pais – 1901.º
o) Negociar transacção ou comprometer-se em árbitros relativamente a actos referidos nas alíneas anteriores, ou negociar • Se apenas um dos pais praticar um ato de responsabilidade, presume-se que
concordata com os credores. age de acordo com o outro – 1902.º
2. Não se considera abrangida na restrição da alínea a) do número anterior a aplicação de dinheiro ou capitais do menor na • Em caso de falecimento de um dos pais, as responsabilidades pertencem ao
aquisição de bens. sobrevivo – 1904.º
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt • A União de Facto tem os mesmos efeitos do casamento
Tutela Administração de bens
Artigo 1921.º Artigo 1922.º
Menores sujeitos a tutela Administração de bens
1. O menor está obrigatóriamente sujeito a tutela: Será instituído o regime de administração de bens do menor
a) Se os pais houverem falecido; previsto nos artigos 1967.º e seguintes:
b) Se estiverem inibidos do poder paternal quanto à regência da pessoa do filho; a) Quando os pais tenham sido apenas excluídos, inibidos ou
c) Se estiverem há mais de seis meses impedidos de facto de exercer o poder paternal; suspensos da administração de todos os bens do incapaz ou de
d) Se forem incógnitos. alguns deles, se por outro título se não encontrar designado o
2. Havendo impedimento de facto dos pais, deve o Ministério Público tomar as providências administrador;
necessárias à defesa do menor, independentemente do decurso do prazo referido na alínea c) do b) Quando a entidade competente para designar o tutor confie a
número anterior, podendo para o efeito promover a nomeação de pessoa que, em nome do menor, outrem, no todo ou em parte, a administração dos bens do
celebre os negócios jurídicos que sejam urgentes ou de que resulte manifesto proveito para este. menor.
3 - O disposto no n.º 1 não é aplicável quando se constituir o apadrinhamento civil.

Artigo 1971.º
Direitos e deveres do administrador
Artigo 1938.º
1. No âmbito da sua administração, o administrador tem os
Actos dependentes de autorização do tribunal
1 - O tutor, como representante do pupilo, necessita de autorização do tribunal:
direitos e deveres do tutor.
a) Para praticar qualquer dos actos mencionados no n.º 1 do artigo 1889.º; 2. O administrador é o representante legal do menor nos actos
b) Para adquirir bens, móveis ou imóveis, como aplicação de capitais do menor; relativos aos bens cuja administração lhe pertença.
c) Para aceitar herança, doação ou legado, ou convencionar partilha extrajudicial; 3. O administrador deve abonar aos pais ou tutor, por força dos
d) Para contrair ou solver obrigações, salvo quando respeitem a alimentos do menor ou se mostrem rendimentos dos bens, as importâncias necessárias aos alimentos
necessárias à administração do seu património; do menor.
e) Para intentar acções, salvas as destinadas à cobrança de prestações periódicas e aquelas cuja demora 4. As divergências entre o administrador e os pais ou tutor são
possa causar prejuízo; decididas pelo tribunal de menores, ouvido o conselho de
f) Para continuar a exploração do estabelecimento comercial ou industrial que o menor haja recebido família, se o houver.
por sucessão ou doação.
2. O tribunal não concederá a autorização que lhe seja pedida sem prèviamente ouvir o conselho de
família.
3. O disposto no n.º 1 não prejudica o que é especialmente determinado em relação aos actos
praticados em processo de inventário.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Código do Trabalho
DL n.º 7/2009 de 12 de fevereiro
 Alcance da sua capacidade natural – não é fixada uma Artigo 68.º
idade Admissão de menor aos trabalho
1 - Só pode ser admitido a prestar trabalho o menor que tenha
completado a idade mínima de admissão, tenha concluído a
 123.º --» “carecem de capacidade para o exercício de escolaridade obrigatória ou esteja matriculado e a frequentar o nível
direitos.” secundário de educação e disponha de capacidades físicas e psíquicas
adequadas ao posto de trabalho.
2 - A idade mínima de admissão para prestar trabalho é de 16 anos.
Exceções do 123.º --» 127.º 3 - O menor com idade inferior a 16 anos que tenha concluído a
escolaridade obrigatória ou esteja matriculado e a frequentar o nível
secundário de educação pode prestar trabalhos leves que consistam
“O artigo 127.º, ao permitir de modo limitado a participação de menores no tráfico jurídico, está em tarefas simples e definidas que, pela sua natureza, pelos esforços
concebido e formulado de modo a afastar prejuízos ou desvantagens patrimoniais dos menores ou a físicos ou mentais exigidos ou pelas condições específicas em que são
manter perdas eventuais dentro dos limites calculáveis” - HEH/ESMS (352) realizadas, não sejam suscetíveis de o prejudicar no que respeita à
integridade física, segurança e saúde, assiduidade escolar,
participação em programas de orientação ou de formação,
Artigo 127.º
Excepções à incapacidade dos Menores capacidade para beneficiar da instrução ministrada, ou ainda ao seu
1. São excepcionalmente válidos, além de outros previstos na lei: desenvolvimento físico, psíquico, moral, intelectual e cultural.
a)Os actos de administração ou disposição de bens que o maior de dezasseis anos haja 4 - Em empresa familiar, o menor com idade inferior a 16 anos deve
adquirido por seu trabalho; trabalhar sob a vigilância e direcção de um membro do seu agregado
b) Os negócios jurídicos próprios da vida corrente do menor que, estando ao alcance da sua familiar, maior de idade.[…]
Conceitos
Relativos capacidade natural, só impliquem despesas, ou disposições de bens, de pequena importância;
c) Os negócios jurídicos relativos à profissão, arte ou ofício que o menor tenha sido autorizado
a exercer, ou os praticados no exercício dessa profissão, arte ou ofício. 127.º n.º 1 a) - Exclui a administração pelos pais, mas pode ser obrigado a
2. Pelos actos relativos à profissão, arte ou ofício do menor e pelos actos praticados no contribuir para os encargos da vida familiar – 1874.º n.º2 e 1896.º
exercício dessa profissão, arte ou ofício só respondem os bens de que o menor tiver a livre
disposição. Flexível --» Preencher 3 pressupostos
1) Ato da vida corrente - celebração seja familiar ou habitual
2) Alcance da capacidade natural
Situações 941.º | 1289.º n.º2 e 1266.º | 1890.º n.º2 | 263.º Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
3) Implicar despesas ou disposição de bens de pequena importância
Artigo 125.º
Anulabilidade dos actos dos menores
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 287.º, os negócios jurídicos celebrados pelo menor podem ser anulados:
a) A requerimento, conforme os casos, do progenitor que exerça o poder paternal, do tutor ou do administrador de bens, desde que a acção seja proposta no prazo de um ano a
contar do conhecimento que o requerente haja tido do negócio impugnado, mas nunca depois de o menor atingir a maioridade ou ser emancipado, salvo o disposto no artigo 131.º;
b) A requerimento do próprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipação;
c) A requerimento de qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido na alínea anterior.
2. A anulabilidade é sanável mediante confirmação do menor depois de atingir a maioridade ou ser emancipado, ou por confirmação do progenitor que exerça o poder paternal, tutor
ou administrador de bens, tratando-se de acto que algum deles pudesse celebrar como representante do menor.

Artigo 253.º
Artigo 126.º  PIRES LIMA / ANTUNES VARELA e HÖSTER – o dolo
Dolo do menor
Dolo
1. Entende-se por dolo qualquer
Não tem o direito de invocar a não impede que o representante legal peça a
sugestão ou artifício que alguém anulabilidade o menor que para anulabilidade (mas os herdeiros já não poderiam)
empregue com a intenção ou praticar o acto tenha usado de
consciência de induzir ou manter em dolo com o fim de se fazer  CARVALHO FERNANDES - considera ser aplicável a
erro o autor da declaração, bem como passar por maior ou
a dissimulação, pelo declaratário ou emancipado. todos que teriam legitimidade.
terceiro, do erro do declarante.
Menoridade não releva para o caso de ERRO
2. Não constituem dolo ilícito as Atentar ao 764.º n.º2
sobre a pessoa -» 251.º e 247.º
sugestões ou artifícios usuais,
considerados legítimos segundo as Dolo em relação a idade!
concepções dominantes no comércio
jurídico, nem a dissimulação do erro, “Se é eticamente insustentável a posição do menor que, depois de enganar a outra parte fazendo-se crer que é maior, vem
quando nenhum dever de elucidar o invocar a sua própria menoridade para anular o negócio, também é demasiadamente inseguro e nocivo para o exercício
declarante resulte da lei, de
jurídico, e injusto para a outra parte, permitir a anulação nessas condições.” - PPV/PLPV (124)
estipulação negocial ou daquelas
concepções.
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Artigo 125.º
Anulabilidade dos actos dos menores
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 287.º, os negócios jurídicos celebrados pelo menor podem ser anulados:
a) A requerimento, conforme os casos, do progenitor que exerça o poder paternal, do tutor ou do administrador de bens, desde que a acção seja proposta no prazo de um ano a
contar do conhecimento que o requerente haja tido do negócio impugnado, mas nunca depois de o menor atingir a maioridade ou ser emancipado, salvo o disposto no artigo 131.º;
b) A requerimento do próprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipação;
c) A requerimento de qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido na alínea anterior.
2. A anulabilidade é sanável mediante confirmação do menor depois de atingir a maioridade ou ser emancipado, ou por confirmação do progenitor que exerça o poder paternal, tutor
ou administrador de bens, tratando-se de acto que algum deles pudesse celebrar como representante do menor.

Artigo 288.º Progenitores / Tutores / Adminsitrador de bens:


Confirmação -Requerer a anulação no prazo de um ano do conhecimento, desde que antes da maioridade 125.º n.1 a) (Pedido em
1. A anulabilidade é sanável mediante confirmação. conjunto 1901.º) - SENTENÇA
2. A confirmação compete à pessoa a quem pertencer -Caducar o direito de arguir a anulação
o direito de anulação, e só é eficaz quando for -Confirma, o negócio 125.º n.º1 - Não tem forma especial, podendo ser tácita (se tivesse poderes para tal, exceções tal
posterior à cessação do vício que serve de como 1889.º)
fundamento à anulabilidade e o seu autor tiver Menor:
conhecimento do vício e do direito à anulação. -Entra com ação
3. A confirmação pode ser expressa ou tácita e não -Deixa caducar o prazo
depende de forma especial. -Confirma o negócio na maioridade – 125.º n.º1 segunda parte (inclusivamente atos impugnados pelos progenitores caso
4. A confirmação tem eficácia retroactiva, mesmo em ainda não tenha uma sentença de anulação, exceto se for pelo 131.º)
relação a terceiro. -Exceto se houver dolo 126.º e 253.º n.º1
Herdeiros do Menor (2131.º e 2133.º):
Requerer a anulação no prazo de um ano da morte, desde que dentro do prazo da al.b) - SENTENÇA
Caducar o direito de arguir a anulação
Artigo 218.º
Confirma, o negócio 125.º n.º1 - Não tem forma especial, podendo ser tácita
O silêncio como meio declarativo
O silêncio vale como declaração negocial, quando
Com a morte, antes da maioridade, há uma dupla legitimidade para intentar a ação de anulação -» A) e C)
esse valor lhe seja atribuído por lei, uso ou
convenção

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Menor pode contratar advogado?
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/95481a6783778cb48025865e00546a3e?OpenDocument

Ac. TRL de 17/12/2020


Processo n.º 2266/20.0T8CSC-A.L1-2
 I – Não pode o tribunal oficiosamente declarar a nulidade do mandato que uma menor de
17 anos tenha celebrado com advogado por si escolhido para a representar em processo de
protecção de crianças e jovem em perigo, na medida em que estando em causa uma questão
de anulabilidade do acto (art.º 125.º do CC), não é tal invalidade de conhecimento oficioso.
II - Pese embora inexista disposição expressa habilitadora da menor (de 17 anos) poder, por
si só, constituir mandatário, passando procuração a advogado, considera-se que a harmonia
do sistema e uma interpretação extensiva, quer do art.º 103.º, quer do art.º 5.º da Convenção
Europeia sobre o Exercício dos Direitos das Crianças, permitem que se deva admitir que
uma menor de 17 anos, que se presume terá maturidade adequada (não esquecer que o n.º 2
do art.º 103.º se aplica a todos os menores independentemente da idade, pelo que quem se
apresenta com 17 anos terá à partida essa maturidade, na medida que está à beira de atingir
a maioridade), possa, por si própria, escolher o seu advogado.
“as pessoas que têm plena capacidade negocial de gozo, também possuem, desde que tenham
atingido a maioridade, a plena capacidade negocial de exercício. É a partir do momento da
aquisição da maioridade que, na convicção da lei, as pessoas têm o discernimento mínimo e
necessário para poderem participar no tráfico jurídico geral” - HEH/ESMS (346)

Capacidade para o exercício / maioridade não pode ser avaliada caso a caso

Exceção em que a capacidade


Artigo 129.º de exercício é adquirida antes
Por comando da lei - Aquisição Termo da incapacidade dos menores de completar os 18 anos
independentemente de um ato A incapacidade dos menores termina quando
de vontade do sujeito eles atingem a maioridade ou são Artigo 132.º
emancipados, salvas as restrições da lei. Emancipação
O menor é, de pleno direito, emancipado pelo casamento.
Artigo 133.º
Efeitos da emancipação
Artigo 130.º
A emancipação atribui ao menor plena capacidade de exercício de
Efeitos da maioridade
direitos, habilitando-o a reger a sua pessoa e a dispor livremente
Aquele que perfizer dezoito anos de idade adquire plena
dos seus bens como se fosse maior, salvo o disposto no artigo
capacidade de exercício de direitos, ficando habilitado a reger a
1649.º
sua pessoa e a dispor dos seus bens.
Continua a ser menor até completar 18 anos, mas
para efeitos negociais é tratado como se fosse maior

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Atos serão válidos
Prazo de um ano para menor arguir a anulação
- 125.º n.º1 b) (a partir da emancipação*)
Atos são anuláveis Com a maioridade pode confirmar o Negócio

Menor de 16 anos Entre 16 anos e 18 anos 18 anos 19 anos

Atos da vida corrente – 127.º n.º1 b) Até um ano após a morte (até um ano após a
Derivados do seu trabalho – 127.º n.º1 a) e c) maioridade), os herdeiros podem arguir a anulação
- 125.º n.º 1 c)
Casamento autorizado emancipa – 132.º
Até a maioridade os responsáveis podem
arguir a anulação - 125.º n.º 1 a) (atentar ao
131.º)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


"a lei parte do princípio de que todos os maiores possuem a capacidade para participar no tráfico negocial e praticar os respectivos actos jurídicos
(= têm plena capacidade negocial de exercício de direitos)" - HEH/ESMS (372)

Artigo 138.º
(Pessoas sujeitas a interdição) Artigo 152.º
1. Podem ser interditos do exercício dos seus direitos todos aqueles que por anomalia psíquica, (Pessoas sujeitas a inabilitação)
surdez-mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens. Podem ser inabilitados os indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-
2. As interdições são aplicáveis a maiores; mas podem ser requeridas e decretadas dentro do ano mudez ou cegueira, embora de carácter permanente, não seja de tal
anterior à maioridade, para produzirem os seus efeitos a partir do dia em que o menor se torne modo grave que justifique a sua interdição, assim como aqueles que,
maior. pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas
3. A interdição por anomalia psíquica pode, todavia, ser requerida e decretada a partir dos dezassete ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger
anos do interditando, com os efeitos do número anterior, mas sem prejuízo do disposto no artigo convenientemente o seu património.
2299.º

Maior Autonomia
Impede os pedidos sucessíveis de
parentes – delimita quem pode pedir.

Em causa pessoa e património


Lei n.º 49/2018, de 14/08
Incapacidade de exercício geral =
menores

Em causa património

Mera assistência pelo curador -


autorização
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Deveres de cooperação e assistência
- 1874.º entre pais e filhos
- 1674.º entre cônjuges

Artigo 138.º Artigo 139.º Artigo 140.º


Acompanhamento Decisão Judicial Objetivo e supletividade
O maior impossibilitado, por razões de saúde, 1 - O acompanhamento é decidido pelo tribunal, após 1 - O acompanhamento do maior visa assegurar o seu bem-
deficiência, ou pelo seu comportamento, de exercer, audição pessoal e direta do beneficiário, e ponderadas as estar, a sua recuperação, o pleno exercício de todos os seus
plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos ou de, provas. direitos e o cumprimento dos seus deveres, salvo as
nos mesmos termos, cumprir os seus deveres, beneficia 2 - Em qualquer altura do processo, podem ser exceções legais ou determinadas por sentença.
das medidas de acompanhamento previstas neste Código determinadas as medidas de acompanhamento provisórias 2 - A medida não tem lugar sempre que o seu objetivo se
e urgentes, necessárias para providenciar quanto à mostre garantido através dos deveres gerais de cooperação
pessoa e bens do requerido. e de assistência que no caso caibam.

"a lei deixa muito claro que a sua possibilidade de agir e de participar no tráfico jurídico negocial só será restringida na exacta medida da diminuição da sua capacidade
real, a qual deverá ser concretamente atestada em juízo" - HEH/ESMS (373)

Artigo 141.º P/ Maiores, mas pode ser requerido na menoridade*


Legitimidade Artigo 142.º
1 - O acompanhamento é requerido pelo próprio ou, mediante autorização deste, pelo Menores
cônjuge, pelo unido de facto, por qualquer parente sucessível ou, independentemente de O acompanhamento pode ser requerido e instaurado dentro do
autorização, pelo Ministério Público. ano anterior à maioridade, para produzir efeitos a partir desta.
2 - O tribunal pode suprir a autorização do beneficiário quando, em face das circunstâncias,
este não a possa livre e conscientemente dar, ou quando para tal considere existir um
fundamento atendível. Artigo 131.º
3 - O pedido de suprimento da autorização do beneficiário pode ser cumulado com o pedido Pendência de ação de acompanhamento de maior
de acompanhamento Estando pendente contra o menor, ao atingir a maioridade, ação
de acompanhamento, mantêm-se as responsabilidades parentais
ou a tutela até ao trânsito em julgado da respetiva sentença.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 143.º
O Acompanhante Artigo 144.º
1 - O acompanhante, maior e no pleno exercício dos seus direitos, é escolhido pelo Escusa e Exoneração
acompanhado ou pelo seu representante legal, sendo designado judicialmente. 1 - O cônjuge, os descendentes ou os ascendentes não podem escusar-se ou ser
2 - Na falta de escolha, o acompanhamento é deferido, no respetivo processo, à pessoa cuja exonerados.
designação melhor salvaguarde o interesse imperioso do beneficiário, designadamente: 2 - Os descendentes podem ser exonerados, a seu pedido, ao fim de cinco anos, se
a) Ao cônjuge não separado, judicialmente ou de facto; existirem outros descendentes igualmente idóneos.
b) Ao unido de facto; 3 - Os demais acompanhantes podem pedir escusa com os fundamentos previstos no
c) A qualquer dos pais; artigo 1934.º ou ser substituídos, a seu pedido, ao fim de cinco anos.
d) À pessoa designada pelos pais ou pela pessoa que exerça as responsabilidades parentais, Incluindo o unido de facto
em testamento ou em documento autêntico ou autenticado;
e) Aos filhos maiores; Artigo 146.º
f) A qualquer dos avós; Cuidado e diligência
g) À pessoa indicada pela instituição em que o acompanhado esteja integrado; 1 - No exercício da sua função, o acompanhante privilegia o bem-estar e a
h) Ao mandatário a quem o acompanhado tenha conferido poderes de representação; recuperação do acompanhado, com a diligência requerida a um bom pai de família,
i) A outra pessoa idónea. na concreta situação considerada.
3 - Podem ser designados vários acompanhantes com diferentes funções, especificando-se as 2 - O acompanhante mantém um contacto permanente com o acompanhado, devendo
atribuições de cada um, com observância dos números anteriores. visitá-lo, no mínimo, com uma periodicidade mensal, ou outra periodicidade que o
tribunal considere adequada.

Artigo 150.º Artigo 151.º Artigo 152.º


Conflito de interesses Retribuição do acompanhante e prestação de contas Remoção e exoneração do
1 - O acompanhante deve abster-se de agir em conflito de interesses com o 1 - As funções do acompanhante são gratuitas, sem prejuízo acompanhante
acompanhado. da alocação de despesas, consoante a condição do Sem prejuízo do disposto no artigo
2 - A violação do dever referido no número anterior tem as consequências acompanhado e a do acompanhante. 144.º, a remoção e a exoneração do
previstas no artigo 261.º 2 - O acompanhante presta contas ao acompanhado e ao acompanhante seguem o disposto nos
3 - Sendo necessário, cabe-lhe requerer ao tribunal autorização ou as tribunal, quando cesse a sua função ou, na sua pendência, artigos 1948.º a 1950.º.
medidas concretamente convenientes. quando assim seja judicialmente determinado.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Juiz não está limitado ao que foi requerido na ação -» delimitar os atos conforme o caso concreto Artigo 147.º
Pode criar medidas não previstas nas alíneas a) a d)
Direitos pessoais e negócios da vida corrente
Caso de REGIME DE REPRESENTAÇÃO LEGAL GERAL -» não pode dispor nem administrar dos seus bens 1 - O exercício pelo acompanhado de direitos pessoais e a Escolha feita previamente
celebração de negócios da vida corrente são livres, salvo
Artigo 145.º Artigo 156.º
disposição da lei ou decisão judicial em contrário.
Âmbito e conteúdo do acompanhamento Mandato com vista o
2 - São pessoais, entre outros, os direitos de casar ou de
1 - O acompanhamento limita-se ao necessário. acompanhamento
constituir situações de união, de procriar, de perfilhar ou de
2 - Em função de cada caso e independentemente do que haja sido pedido, 1 - O maior pode, prevenindo
adotar, de cuidar e de educar os filhos ou os adotados, de
o tribunal pode cometer ao acompanhante algum ou alguns dos regimes uma eventual necessidade de
escolher profissão, de se deslocar no país ou no estrangeiro,
seguintes: acompanhamento, celebrar um
de fixar domicílio e residência, de estabelecer relações com
a) Exercício das responsabilidades parentais ou dos meios de as suprir, mandato para a gestão dos seus
quem entender e de testar.
conforme as circunstâncias; interesses, com ou sem poderes
b) Representação geral ou representação especial com indicação expressa, Diante do internamento (148.º) entende—se que a proteção pode ser estendida a outros casos relacionados a sua saúde de representação.
neste caso, das categorias de atos para que seja necessária; 2 - O mandato segue o regime
Artigo 149.º
c) Administração total ou parcial de bens; geral e especifica os direitos
1967.º ss Cessação e modificação do acompanhamento
d) Autorização prévia para a prática de determinados atos ou categorias de envolvidos e o âmbito da
1 - O acompanhamento cessa ou é modificado mediante
atos; eventual representação, bem
Acompanhante NÃO REPRESENTA... presta ASSISTÊNCIA decisão judicial que reconheça a cessação ou a
e) Intervenções de outro tipo, devidamente explicitadas. como quaisquer outros elementos
modificação das causas que o justificaram.
3 - Os atos de disposição de bens imóveis carecem de autorização judicial ou condições de exercício, sendo
2 - Os efeitos da decisão podem retroagir à data em que se
prévia e específica. livremente revogável pelo
Cabe ao MP - DL 272/2001 verificou a cessação ou modificação referidas no número
4 - A representação legal segue o regime da tutela, com as adaptações mandante.
anterior.
necessárias, podendo o tribunal dispensar a constituição do conselho de 3 - No momento em que é
3 - Podem pedir a cessação ou modificação do
família. decretado o acompanhamento, o
acompanhamento o acompanhante ou qualquer uma das
5 - À administração total ou parcial de bens aplica-se, com as adaptações tribunal aproveita o mandato, no
pessoas referidas no n.º 1 do artigo 141.º.
necessárias, o disposto nos artigos 1967.º e seguintes. todo ou em parte, e tem-no em
conta na definição do âmbito da
Artigo 155.º proteção e na designação do
Artigo 153.º Revisão Periódica acompanhante.
Publicidade O tribunal revê as medidas de acompanhamento em 4 - O tribunal pode fazer cessar o
1 - A publicidade a dar ao início, ao decurso e à decisão final do processo de vigor de acordo com a periodicidade que constar da mandato quando seja razoável
acompanhamento é limitada ao estritamente necessário para defender os interesses sentença e, no mínimo, de cinco em cinco anos. presumir que a vontade do
do beneficiário ou de terceiros, sendo decidida, em cada caso, pelo tribunal. mandante seria a de o revogar.
2 - Às decisões judiciais de acompanhamento é aplicável o disposto nos artigos
1920.º-B e 1920.º-C. 226.º n.º1 e 231.º n.º1
891.º a 905.º CPC Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
CRC
Artigo 1.º
Objecto e obrigatoriedade do registo
1 - O registo civil é obrigatório e tem por objecto os
seguintes factos:
[…]
h) O acompanhamento de maiores e a tutela e
administração de bens;
[…]

Artigo 154.º
Atos do acompanhado Artigo 257.º
1 - Os atos praticados pelo maior acompanhado que não observem as medidas de Incapacidade acidental
acompanhamento decretadas ou a decretar são anuláveis: 1. A declaração negocial feita por quem, devido a qualquer causa, se
a) Quando posteriores ao registo do acompanhamento; encontrava acidentalmente incapacitado de entender o sentido dela
b) Quando praticados depois de anunciado o início do processo, mas apenas após a ou não tinha o livre exercício da sua vontade é anulável, desde que o
decisão final e caso se mostrem prejudiciais ao acompanhado. facto seja notório ou conhecido do declaratário.
2 - O prazo dentro do qual a ação de anulação deve ser proposta só começa a contar- 2. O facto é notório, quando uma pessoa de normal diligência o teria
se a partir do registo da sentença. podido notar.
3 - Aos atos anteriores ao anúncio do início do processo aplica-se o regime da Serão inválidos se ficar provado que no ato estava
incapacitado de entender
incapacidade acidental.

 Interpretação corretiva do artigo 154.º n.º1 alínea b) --» “quando praticados depois de anunciado o início do processo, mas antes
do registo da decisão final”

 Anulabilidade -» antes remetia ao artigo 125.º, regime da menoridade. Artigo 287.º


Anulabilidade
Atualmente há autores que remetem para 125.º (MAFALDA MIRANDA BARBOSA) 1. Só têm legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em
cujo interesse a lei a estabelece, e só dentro do ano subsequente à
outros para o 287.º (PPV) cessação do vício que lhe serve de fundamento.
2. Enquanto, porém, o negócio não estiver cumprido, pode a
anulabilidade ser arguida, sem dependência de prazo, tanto por via
125.º --» legitimidade do tutor ou o próprio maior quando cessasse o acompanhamento. Prazo de um ano.
de acção como por via de excepção.
287.º --» legitimidade do próprio maior, representado pelo Acompanhante, no prazo de um ano da cessação
do vício, ou do próprio maior, após a cessação do acompanhamento, dentro do prazo remanescente.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Se for ato que venha ser limitado pela sentença e
Regime da Incapacidade Acidental – 154.º n.º3 | se for prejudicial, cabe anulação, começando a
257.º (Pode arguir a anulabilidade 287.º n.º1) correr o prazo com o registo da sentença
Arguida pelo MP ou conforme processo de maior (recorre-se ao prazo do 125.º n.º1 a) - por Após o registo os atos serão anuláveis, e o prazo
acompanhado. analogia 10.º n.º1) para arguir a anulação será o do 125.º n.º1 al. a)

Atos praticados após


Atos praticados Atos praticados após Atos praticados após
o início do processo e Atos praticado após
antes do início do o início do processo, a decisão final, mas
do anúncio, mas o registo da decisão
processo antes do anúncio antes do registo
antes da decisão final

Regime da Incapacidade Acidental – 154.º n.º3 | Aplicável o disposto no 1920.º-B e 1920.º.-C e 1.º
257.º (Legitimidade é de quem está no proc. De n.º1 h) CRC. Enquanto não houver registo, não
maior acompanhado, e o prazo é a partir da pode ser invocado – boa fé. Aplica-se 154.º n.º1
sentença) al. b)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Menores
A tem 17 anos e doou à sua
namorada B um valioso
anel que tinha sido doado  A sujeito ativo da relação e B sujeito passivo
pela sua avó.  Objeto – Doação do Anel (artigo 940.º ss)
 Anel passa a ser propriedade de B

C, pai de A, entendeu  ----------------


 948.º Doador tem de ter capacidade, A é menor, 122.º e 123.º não tem
honrar a vontade do filho, e capacidade para celebrar o negócio (67.º).
ele próprio entregou o anel  124.º Possibilidade de suprimento da incapacidade dos menores – Pai
àquela que pensava um dia exerce as Responsabilidades Parentais (1878.º) aceitou o negócio.
vir a ser a sua nora.  ----------------
 Na maioridade A quer anula – 125.º, n.º1, b) – no prazo de um ano após
a maioridade pode requer a anulação, ainda tem 9 meses para requerer
3 meses após atingir a
a anulação pelo 287.º, tendo efeitos retroativos 289.º
maioridade, A apaixona-se  ---------------
por D, e deixa de se  Mas C, pai, confirmou o negócio, 125.º n.º2.
relacionar com B.  Contudo, segundo o 949.º n.º2 o pai não poderia fazer a doação por ele
– Ato do pais é ineficaz, não produz efeitos.
A pretende ter o anel  Por isso conforme 288.º B tem de devolver o anel.
 --------------
novamente, e por isso  Se fosse no âmbito do 127.º, o menor tem capacidade
pretende anular a doação
que fez.
A de 17 anos prometeu
vender a B e este prometeu
comprar um apartamento
que tinha herdado do seu
avô. Ficou acordado que o
contrato de compra e  Contrato de Promessa 410.º - obrigação de
venda realizar-se-ia a ano e vender no futuro.
meio. C pais de A teve
conhecimento do sucedido.  Contrato é celebrado quando A é menor, 122.º, e
portanto, sem capacidade de exercício. 123.º.
Após dois meses de
 O Ato será anulável pelo 125.º n.º1
completar 19 anos, A
faleceu.

2 meses depois, o único  Pai, C, apesar de ter conhecimento, silenciou,


herdeiro de A, é interpelado mas 218.º refere que silêncio não é aceitação,
por B para cumprimento do portanto não caberia a aplicação do 124.º
contrato de promessa.

C tem algum meio para se


desvincular do contrato
celebrado pelo seu filho?
ARRENDAMENTO
A 3 meses depois que fez 16 anos  Contrato de locação 1022.º, precisa ter capacidade, e por ser menor 122.º, não tem a
começou a trabalhar. capacidade 123.º.
 Por isso o contrato é anulável pelo 125.º n.º1
 Contudo o Pai, L, intervém, consentindo tacitamente, portanto pelo 125.º n.º2 e 217.º
Logo após praticou os seguintes (declaração tácita) sana a anulabilidade com a confirmação 288.º
atos:  É um ato de administração, o pai pode o representar sem necessitar de autorização dos
a) Deu de arrendamento pelo prazo tribunais 1889.º n.º1 m)
de 4 anos um apartamento que COMPRA DO QUADRO
tinha herdado do seu padrinho Contrato de compra e venda 874.º e 879.º, remissão para 408.º.
b) Adquiriu um quadro por 3mil  Ato de disposição seria anulável pelo 122.º, 123.º, e 125.º n.º1.
 Contudo foi com dinheiro do trabalho, 127.º n.º1 a), o que dá capacidade para realizar esse
euros com o dinheiro que ganhou o
negócio jurídico.
seu trabalho Nunca seria anulável.
c) Vendeu um valioso relógio por 5 VENDA DO RELÓGIO
mil euros, tendo recebido metade  Contrato de compra e venda 874.º e 879.º, remissão para 408.º.
do preço de imediato e o restante  A não tinha capacidade para o exercício para vender – 122.º, 123.º e 125.º n.º1 – portanto é
seria recebido daí 3 anos. anulável.
D) doou um anel valioso a C  Silêncio do pai é irrelevante, 218.º, silêncio não é aceitação/confirmação
DOAÇÃO DO ANEL
 Contrato de doação 940.º, efeitos do 954.º, e remissão para o 408.º n.º1
L, seu pai, tinha conhecimento,  948.º indica a necessidade de ter capacidade para fazer, mas é menor (122.º e 123.º), por
inclusivamente recebia as rendas e isso negócio seria anulável 125.º n.º1.
passava os respetivos recibos,  Pai L ao entregar o anel, intervém, consentindo tacitamente, portanto pelo 125.º n.º2 e 217.º
procedendo também a entrega do (declaração tácita) sanaria a anulabilidade com a confirmação 288.º. Contudo, o pai não
anel a C. tem legitimidade para praticar este ato no lugar do seu filho 949.º n.º2 e 125.º
 A já não poderia entrar com pedido de anulação da doação do anel pois havia passado o
prazo de um ano da maioridade ou emancipação (130.º/132.º)
1 mês após fazer 17 anos, CASAMENTO
devidamente autorizado, casou  Casamento entre 16 e 18 anos se autorizado pelos pais, ou suprimido o consentimento, é
com C válido (1604º) emancipa A – 132.º e 133.º tendo plena capacidade de exercício
----------------------
1) A pode, três meses antes de A) Não por já ser emancipado, se não o fosse poderia requerer a anulabilidade da Venda
fazer 19 anos invocar a do Relógio e da doação do anel. A compra do quadro não poderia pelo 127.º e o
anulabilidade dos atos? arrendamento teve a autorização do pai (validando o negócio)
Não, se o casamento é realizado sem a autorização/suprimento a emancipação não é
2)Se A tivesse se casado, sem a B)
plena, para todos os efeitos continua a tratar-se de um menor incapaz. E então estaria
autorização dos pais, a situação dentro do prazo do 125.º n.º1 b) para pedir a anulação da venda do relógio e da
seria semelhante? doação do anel
Atos de Administração Atos de Disposição
"atos previsíveis atendendo à normal função "determina-se pela sua imprevisibilidade com
económico-social do direito na esfera do seu base no mesmo critério" - FT (103)
titular (o que depende não só do direito em si,
mas também das características do bem sobre
que incide e do seu titular" - FT (103)
Manutenção de elementos estáveis do Implicam a alienação dos elementos estáveis.
património que envolvem a alienação dos
elementos instáveis.
 B celebrou contrato de doação 940.º, efeitos do 954.º, e remissão para
o 408.º n.º1.
 Quadro passou a ser propriedade de C.
 Mas B a data, era menor de idade, 122.º e 123.º/67.º, não tinha
capacidade para o exercício.
 Não cabendo nenhuma exceção do 127.º, o ato será anulável pelo 125.º
 Quanto ao casamento, pelo 1600.º, 16001 e 1604 poderia casar, mesmo
B quando fez 16 anos deu um sendo menor, por ter autorização do pai.
quadro que havia herdado de sua  Com casamento B foi emancipada.
avó à amiga C.
 Para anular o negocio jurídico com C, tem de atentar aos prazos do
O pai de B estava junto no 125.º
momento da entrega do quadro.  Prazo para entrar com anulação seria um ano para B. Um ano do
conhecimento ou antes da maioridade/emancipação pelos pais.
Seis meses depois B casou com A,  B casou com C, e ficou emancipada aos 16 anos e 6 meses…
com autorização de J, pai de B.  B poderia requerer a anulação até aos 17 anos e 6 meses.
B e A morreram dois meses antes  Mas o pai, J, somente poderia requerer até o casamento.
de B atingir a maioridade, em um  Mesmo o pai J na posição de herdeiro, pelo 125.ºn.º1 a c) refere que o
trágico acidente de avião. herdeiro pode requerer a anulação até um ano após a morte, desde que
não tenha expirado o prazo da alínea b). Que neste caso seria até 17
J, único herdeiro de B, requer a
anulação da doação do quadro para anos e 6 meses.
C.  Morte ocorreu aos 18 anos e dois meses, e por isso o Pai já não
conseguiria anular nem pela alínea a) nem pela c).

 ! Se o casamento não tivesse sido autorizado, não teria emancipação, e


por isso o pai J estaria dentro do prazo pela alínea c) do n.º1 do 125.º
A, menor, pretendia oferecer a sua  A) A menor (122.º e 123.º), não podia realizar o contrato de compra e
namorada B um vestido de um estilista venda do vestido (874.º| 879.º|408.º)
famoso.  Caberia anulabilidade do ato pelo 125.ºn.º1 al. a), pelos progenitores
A tinha os 4mil euros mas receava que não (1901.º).
o deixassem comprar por ser menor.
 Prazo caducou -» até a completar maioridade, já havia passado dois
B deu de presente a A uma aliança de seu
pai, para que ele pudesse usar. meses.
A ao completar 16 anos foi a loja e C,
vendedor, ao ver a aliança, acreditou que A  B) Menor pode arguir a anulabilidade até um ao após a maioridade, e
era casada, e por isso não fez qualquer portanto com 18 anos e dois meses poderia 125.º n.º1 al.b)
questionamento.
 Ele agiu com dolo?
D, pai de A tomou conhecimento da
situação, mas nada disse.  Na verdade nada foi questionado. E como está dentro do prazo, poderá
sim arguir a anulabilidade (287.º).
a) D, pai de A, dois meses antes deste
completar 18 anos decide anular o negócio  C) Nesta caso, como agiu com dolo (253.º n.º1) não poderá invocar a
jurídico - compra do vestido. Poderá o
anulabilidade 126.º.
fazer?
 Não poderia o pai arguir, pois também já teria passado o prazo.
b) A dois meses depois de atingir a  Se ele tivesse falecido, ou o pai estivesse em tempo -» discussão
maioridade, pretende anular o NJ. Será doutrinária.
possível?  PIRES LIMA / ANTUNES VARELA e HÖSTER – o dolo não impede que o
representante legal peça a anulabilidade (mas os herdeiros já não
c) E se A, tivesse sido confrontado por C poderiam)
quanto a sua idade, e A tivesse em resposta  CARVALHO FERNANDES - considera ser aplicável a todos que teriam
apresentado um documento falsificado. legitimidade.
Maiores
Processo de maior acompanhado (decisão judicial) nos casos de "o maior impossibilitado, por razões de
Aos 20 anos de idade, G começou a saúde... de exercer, plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos...", com o objetivos de
revelar sintomas de anomalia "assegurar o bem-estar..." – 138.ºss CC e 891.º a 904.º CPC

psíquica. Mediante autorização de G, Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente sucessível" (2133.º n.º1 al. b) -
H seu pai, de imediato requereu ação "ascendentes"), ainda mais que possui a autorização do próprio G – 141.º - ainda que G não tivesse
dado autorização poderia a mesma ser suprida pelo tribunal n.º2.
judicial de acompanhamento de O Pai pode ser nomeado acompanhante, seja pela indicação do próprio G (143.º n.º1), mas como não o
maiores. fez, cabe ao tribunal decidir seguindo a ordem de preferência do 143.º n.º2. Como G não tem
cônjuge/unido de facto, aplica-se a al. c) "a qualquer dos pais"
Na pendência da ação (e após
anunciada a sua proposição) G vende Como a decisão indica que os atos de disposição dependem de autorização prévia de H, as vendas
realizadas sem a autorização são consideradas anuláveis - 154.º n.º1 al. a).
a I (produtor de vinho), por metade do
preço, toda a colheita de uva de uma Contudo, as vendas ocorreram durante o processo, antes do registo. E por isso é necessário
vinha que tinha herdado de J, seu tio. verificar se efetivamente serão decretadas medidas de acompanhamento que abranja os atos que estão
em causa (145.º n.º2 al- c)), assim como se foram prejudiciais ou não, para então se avaliar se cabe ou
Dois meses depois, ainda na não a anulação - 154.º n.º1 al. b)
pendência da ação, vende o próprio
 Venda das Uvas – Valor abaixo do mercado - após o anúncio do início do processo - 154.º n.º1 al.
terreno da vinha a L pelo preço normal b) - por ser prejudicial, ainda que antes do registo, cabe a sua anulação.
do mercado.
NÃO!
Mais um mês volvido, o tribunal
decreta o acompanhamento de Se a venda das uvas corresponderem a um ato de disposição que, ai sim dependerá de autorização.
maiores em regime de autorização Venda das uvas é um ato de Administração -» não está abrangido pela sentença. Não cabe a anulação,
ainda que tenha sido prejudicial - é considerado um negócio jurídico válido.
prévia para atos de disposição entre
vivos, designado H, na falta de  Venda do Terreno – Valor de mercados - após o anúncio do início do processo – Negócio jurídico
aqui é uma disposição de bens entre vivos, portanto, está abrangida pela sentença de G.
escolha de G, acompanhante do seu Como não foi prejudicial a G, não ocorreu após o registo da sentença, ainda que esteja dentro do
filho. âmbito das restrições, o negócio não tem de ser anulável.

1) tinha H legitimidade para requerer a Se as vendas tivessem ocorrido antes do início do processo aplicar-se-ia o regime de incapacidade
acidental – 154.º n.º3 e 257.º - Mas como ocorreram já com o processo em andamento, é necessário
ação judicial de acompanhamento de verificar se houve ou não prejuízos.
maiores? Podia ser designado
acompanhante de G? H, acompanhantes poderá intentar ação de anulação da venda das uvas no prazo de um ano a contar do
registo da sentença - 154.º n.º2
2) É válida a venda das uvas?
3) É válida a venda do terreno?
Processo de maior acompanhado (decisão judicial) nos casos de
"o maior impossibilitado, por razões de saúde... de exercer,
plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos...", com o
A nascido em 1 de outubro de 2001 viciou-se no
objetivos de "assegurar o bem-estar..." – 138.ºss CC e 891.º a
consumo de estupefacientes. 904.º CPC
 VENDA DO QUADRO X (abril/19)
Em de maio de 2019, C, seu pai, interpôs uma MENORIDADE 122.º e 123.º! Sem capacidade de exercício para dispor
ação para que viesse a ser decretado o regime
de maior acompanhado do seu filho.
dos seus direitos. Aplica-se o 125.º n.º1, al. A -» Pais (1901.º) podem
requerer a anulação até outubro de 2019.
Em 1 de abril de 2019, A vendera uma quadro  INÍCIO DO PROCESSO (maio/19)
valioso que tinha herdado de uma tia, para X. Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente
sucessível" (2133.º n.º1 al. b) - "ascendentes"), ainda que A não
Em 1 de novembro de 2019, A arrendou a J um
apartamento que tinha herdado da mesma tia. O
concordasse, o Tribunal poderia conceder a autorização - 141.º n.º2.
contrato foi feito por três anos. Ainda que fosse menor 142.º
Além do contrato de arrendamento vendeu  CONTRATO DE ARRENDAMENTO A J (nov/19)
também um outro quadro valioso que tinha para Ato praticado na pendência da ação. Tratado como menor, 131.º.
J, com preço acima do mercado.
Cabe a anulação por parte dos pais 125.º n.º1 al. A) até a
Em 15 de janeiro de 2020 foi decretado o regime sentença, mesmo que haja maioridade antes!
de maior acompanhado tendo como nomeado C  VENDA DO QUADRO A J (nov/19)
seu acompanhante.
Idem
Ficou em sentença que os atos de disposição  SENTENÇA (jan/20)
ficariam sujeitos a autorização prévia. A partir da sentença não pode contrariar a decisão (154.º), no
Um mês depois, A vendeu, abaixo do preço, caso a sentença especificou atos de DISPOSIÇÃO!
toda fruta produzida na sua quinta.  VENDA DA FRUTA (fev/2020)
Venda da fruta não é um ato de Disposição, e sim de
ADMINISTRAÇÃO, portanto não precisa de autorização do
progenitor. Ainda que tenha vendido com prejuízo não cabe a
anulação!
Processo de maior acompanhado (decisão judicial) nos casos de "o maior impossibilitado, por
A, com 20 anos de idade, padece já há razões de saúde... de exercer, plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos...", com o
vários meses de uma forte depressão, que objetivos de "assegurar o bem-estar..." – 138.ºss CC e 891.º a 904.º CPC
coloca em causa as suas capacidades.  VENDA DO QUADRO (15/01/2020)
Maior, contrato de compra e venda (874.º, 879.º, 498.º n.º)
B, pai de A, após conversar com um Passível de anulação nos termos do 154.º n.º3, remissão para 257.º
Advogado, propõe com acordo de A, uma  INÍCIO DO PROCESSO (1/02/2020)
ação de maior acompanhado. Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente sucessível" (2133.º n.º1 al. b) -
A ação deu entrada em 1 de fevereiro de "ascendentes"), ainda que A não concordasse, o Tribunal poderia conceder a autorização -
2020. 141.º n.º2.
Em 30 de janeiro de 2021, e logo a seguir  LOCAÇÃO POR 10 ANOS (15/06/2020)
foi decretado o regime de maior 1024.º Ato de Administração EXTRAORDINÁRIO.
acompanhado com necessidade de Sentença que depois será apresentada não limita atos de administração, ainda que extraordinários.
autorização prévia para atos de disposição. Não se aplica o 154.º n.º1 b)
 LOCAÇÃO POR 2 ANOS (15/06/2020)
A praticou os seguintes atos: 1024.º Ato de Administração ORDINÁRIO.
- 15/01/2020 vendeu um quadro valioso Sentença que depois será apresentada não limita atos de administração.
- 15/06/2020, locou por 10 anos, um Não se aplica o 154.º n.º1 b)
apartamento herdado  DOAÇÃO DO QUADRO (15/06/2020)
- 15/06/2020, locou pelo prazo de 2 anos Aplicação do 154.º n.º1 b) depende de dois requisitos, que seja um ato que posteriormente
outro apartamento esteja impedido de o fazer por sentença - ATO DE DISPOSIÇÃO - e que o mesmo seja
- 15/06/2020 doou um valioso quadro a prejudicial
um amigo Doação (940.º) é contrato gratuito, é um prejuízo. Portanto cabe a anulação.
- 15/06/202 vendeu um automóvel pelo  VENDA DOAUTOMÓVEL (15/06/2020)
preço de mercado Venda é um disposição (874.º e 879.º, 408.º), o que não poderia fazer, como será declarado
- 10/05/2021 fez um testamento em sentença. Contudo, não foi prejudicial, e por isso não cabe a anulação pelo 154.º n.º1 al. B)
 SENTENÇA (30/01/2021)
Todos os atos praticados por A são A partir do registo da sentença poderá o acompanhantes requerer a anulação - 154.º n.º2
válidos?  TESTAMENTO (10/05/2021)
Já após a sentença. Mas não estava limitado – 147.º n.º2 | 2189. O testamento será válido.
“O domicílio é a sede jurídica da pessoa... É o local onde, para efeitos jurídico, ou para certos efeitos jurídicos, o Direito tem a
pessoa como localizada... Para além da localização pessoal e efetiva, é importante, para fixar qual a sede jurídica das
pessoas, a localização que é relevante para o Direito. Esta localização relevante para o direito é o domicílio...Para a fixação
desta localização, o Direito não pode ignorar – e efetivamente não ignora – a real localização da pessoa, mas não fica
completamente preso a essa localização, podendo fixar domicílios especiais, para certos efeitos restritos...” - PPV/PLPV (106)

 Paradeiro: "o sítio em que uma pessoa em dada altura efectivamente se encontra"
 Residência: "o sítio que serve de base de vida a uma pessoa, podendo a residência ser
habitual ou ocasional"
 Domicílio: "o lugar de residência habitual de uma pessoa"
 Domicílio voluntário - 82.º a 84.º
 Domicílio legal – 85.º a 88.º

“o domicílio de uma pessoa serve, ao lado e além do seu nome, para a individualizar e , sobretudo, para manter os estabelecer
relações juridicamente relevantes com ela” - HEH/ESMS (395)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Maiores
Menores Acompanhados

GERAL PROFISSIONAL "Responsável"

DOMICÍLIO

ESPECIAIS ELETIVO

Empregados
públicos

LEGAL
Agentes
diplomáticos
portugueses

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 83.º
Domicílio profissional
1. A pessoa que exerce uma profissão tem, quanto às relações que a
esta se referem, domicílio profissional no lugar onde a profissão é
exercida.
2. Se exercer a profissão em lugares diversos, cada um deles constitui
domicílio para as relações que lhe correspondem.
Artigo 82.º
Domicílio voluntário geral
1. A pessoa tem domicílio no lugar da sua residência habitual; se residir Artigo 84.º
Residência Domicílio electivo Artigo 224.º
alternadamente, em diversos lugares, tem-se por domiciliada em qualquer
Habitual ≠ É permitido estipular domicílio particular para determinados negócios, Eficácia da declaração
deles. negocial
Residência 2. Na falta de residência habitual, considera-se domiciliada no lugar da sua contanto que a estipulação seja reduzida a escrito.
Permanente residência ocasional ou, se esta não puder ser determinada, no lugar onde
se encontrar. Paradeiro Artigo 87.º
Domicílio legal dos empregados públicos
Residência habitual "situa-se no local onde a pessoa fixa o centro da 1. Os empregados públicos, civis ou militares, quando haja lugar certo
sua vida e onde habitualmente reside" - PPV/PLPV (106) para o exercício dos seus empregos, têm nele domicílio necessário, sem
prejuízo do seu domicílio voluntário no lugar da residência habitual.
2. O domicílio necessário é determinado pela posse do cargo ou pelo
exercício das respectivas funções.
 Elemento Objetivo: a residência
Artigo 88.º
 Elemento Subjetivo: intenção de tomar Domicílio legal dos agentes diplomáticos portugueses
residência e ali permanecer Os agentes diplomáticos portugueses, quando invoquem a
extraterritorialidade, consideram-se domiciliados em Lisboa.

Artigo 85.º
Domicílio legal dos menores e dos maiores acompanhados
1. O menor tem domicílio no lugar da residência da família; se ela não existir, tem por domicílio o do progenitor a cuja guarda estiver.
2. O domicílio do menor que em virtude de decisão judicial foi confiado a terceira pessoa ou a estabelecimento de educação ou assistência é o do progenitor
que exerce o poder paternal.
3 - O domicílio do menor sujeito a tutela é o do seu tutor.
4 - O domicílio do maior acompanhado é o determinado nos artigos anteriores, salvo se a sentença que decretou o acompanhamento dispuser de outro modo.
5 - Quando tenha sido instituído o regime de administração de bens, o domicílio do menor ou do maior acompanhado é o do administrador, nas relações a que
essa administração se refere.
6 - Não são aplicáveis as regras dos números anteriores se delas resultar que o menor ou o maior acompanhado não tem domicílio em território nacional.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Algumas exceções:
 Cumprimento de uma prestação é no lugar do domicílio do devedor 772º n.º1 ou do credor
775.º
 Sucessão abre-se no lugar do último domicílio do autor 2031.º
 As ações devem ser propostas, normalmente, no tribunal do domicílio do réu 80.º CPC

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Código de Processo Civil
Artigo 72.º-A
Matéria Sucessória
1 - Em matéria sucessória é competente
o tribunal do lugar da abertura da
sucessão.
2 - Se, no momento da sua morte, o
autor da sucessão não tiver residência
lex domicilii ou lex patriae habitual em território português, é
competente o tribunal em cuja
circunscrição esse autor teve a sua
última residência habitual em território
nacional.
3 - Se o tribunal competente não puder
o lugar do último domicílio distinto do lugar da morte, que consta ser determinado com base no disposto
do óbito, mas que pode ser acidental nos números anteriores, mas o autor da
[voluntário geral] do autor da sucessão tiver nacionalidade portuguesa
ou houver bens situados em Portugal, o
sucessão (2031.º) tribunal competente é:
a) Havendo imóveis, o tribunal da
situação dos bens, ou, situando-se os
imóveis em circunscrições diferentes, o
tribunal da situação do maior número;
ou
corresponde ao lugar da sua a sede normal dos seus interesses b) Não havendo imóveis, o tribunal de
Lisboa.
residência habitual (82.º)
Aditado pelo seguinte diploma: Lei n.º
117/2019, de 13 de Setembro

relevante para efeitos da Desafio --» Sucessão transnacional


[Regulamento (UE) n.º 650/2012 a partir de 17/08/2015]
determinação do tribunal https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32012R0650&from=PT

competente
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/0c0daa41d2ebea918025890f003cdda4?OpenDocument

Ac. TRG de 17/11/2022


Proc. n.º 4625/21.2T8GMR.G2
 SUMÁRIO (da exclusiva responsabilidade da relatora):

I - Em matéria de competência internacional estabelece o artº 4º do Regulamento (UE) Nº


650/2012 que são competentes para decidir do conjunto da sucessão os órgãos
juridicionais do Estado-Membro em que o falecido tinha a sua residência habitual no
momento do óbito.
II – Pretende-se, todavia, uma conexão real entre a sucessão e o Estado-Membro em que
a competência é exercida.
III - A opção do legislador comunitário foi a de conferir competência internacional aos
órgãos do país com o qual o inventariado tivesse mais estreitas ligações (critério da
residência habitual), mas numa solução de efectiva e real ligação, afastando atribuições
de competência meramente formais, decorrentes de residências habituais aparentes, sem
qualquer apego ao Estado em causa.
IV - No critério amplo e baseado na ligação emotiva e material à sua terra natal, adoptado
pelo Regulamento, poderemos dizer que a maioria dos portugueses emigrados continua,
para efeitos de atribuição de competência, a ter residência habitual em Portugal.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Estatuto Jurídico da Ausência – 89.º a 121.º

“A existência de uma massa de bens carente de administração, na titularidade de alguém que desapareceu e se não sabe se está vivo ou morto,
constitui fator de perturbação e de potencial perigo. Perigo para os bens do ausente, que estão por administrar e a mercê das cobiças alheias, e
perigo para a paz pública que pode ser perturbada por apetências ou cobiças eventualmente geradoras de conflito.” - PPV/PLPV (108)

Defesa da paz pública Proteção do património do ausente (e sucessores)

Interesse público - MP pode oficiosamente iniciar o processo

Proteção do Interesse dos sucessores


Proteção do Interesse do ausente do ausente
"perspetiva de retorno" "expetativa de que já não sobreviva"

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


89.º a 98.º CC e1021 a 1025.º CPC

Primeira Fase
Proteção do património na expectativa do regresso
 3 Requisitos
1. Desaparecimento sem que haja notícias – sobre o paradeiro ou sobre se está ou não morta
(98.º al. e) n.º2 - Se há certeza da morte extingue o processo)
2. Ausente não tenha deixado representante legal ou procurador que queira* e possa
representar (*artigo 89.º n.º 2)
3. Tem de ser requerida por interessado ou pelo MP (91.º)
Artigo 91.º Artigo 92.º
Legitimidade A quem deve ser deferida a curadoria provisória
A curadoria provisória e as providências a que se 1. O curador provisório será escolhido de entre as pessoas seguintes: o cônjuge do ausente, algum ou alguns dos
refere o artigo anterior podem ser requeridas pelo herdeiros presumidos, ou algum ou alguns dos interessados na conservação dos bens.
Ministério Público ou por qualquer interessado. 2. Havendo conflito de interesses entre o ausente e o curador ou entre o ausente e o cônjuge, ascendentes ou
descendentes do curador, deve ser designado um curador especial, nos termos do n.º 3 do artigo 89.º.
Pode ser requerido por qualquer um, mas é o
tribunal que define quem será o curador. Curador --» Semelhante ao Acompanhante no que respeita aos bens

Artigo 93.º
Relação dos bens e caução
1. Os bens do ausente serão relacionados e só depois entregues ao curador provisório, ao qual será fixada
caução pelo tribunal.
2. Em caso de urgência, pode ser autorizada a entrega dos bens antes de estes serem relacionados ou de o
curador prestar a caução exigida.
3. Se o curador não prestar a caução, será nomeado outro em lugar dele.
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Administração unitária do património do ausente
Artigo 94.º Artigo 95.º
Direitos e obrigações do curador provisório Prestação de contas
1. . O curador fica sujeito ao regime do mandato geral em tudo o que não contrariar as disposições desta 1. O curador provisório deve prestar contas do seu mandato
subsecção. perante o tribunal, anualmente ou quando este o exigir.
2. Compete ao curador provisório requerer os procedimentos cautelares necessários e intentar as acções que 2. Deferida a curadoria definitiva nos termos da subsecção
não possam ser retardadas sem prejuízo dos interesses do ausente; cabe-lhe ainda representar o ausente em seguinte, as contas do curador provisório são prestadas aos
todas as acções contra este propostas. curadores definitivos.
3. Só com autorização judicial pode o curador alienar ou onerar bens imóveis, objectos preciosos, títulos de
crédito, estabelecimentos comerciais e quaisquer outros bens cuja alienação ou oneração não constitua acto
de administração. Artigo 96.º
4. A autorização judicial só será concedida quando o acto se justifique para evitar a deterioração ou ruína dos Remuneração do curador
bens, solver dívidas do ausente, custear benfeitorias necessárias ou úteis ou ocorrer a outra necessidade O curador haverá dez por cento da receita líquida que realizar.
urgente.

Artigo 97.º Artigo 98.º


Substituição do curador provisório Termo da Curadoria
O curador pode ser substituído, a requerimento do Ministério Público A curadoria provisória termina:
ou de qualquer interessado, logo que se mostre inconveniente a sua a) Pelo regresso do ausente;
permanência no cargo. b) Se o ausente providenciar acerca da administração dos bens;
c) Pela comparência de pessoa que legalmente represente o ausente ou de procurador bastante;
d) Pela entrega dos bens aos curadores definitivos ou ao cabeça-de-casal, nos termos do artigo 103.º;
e) Pela certeza da morte do ausente.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


99.º a 113.º CC e 881 a 886.º CPC
Segunda Fase
Proteção dos interesses dos futuros titulares dos bens.
Perspetiva e expetativa é mais da sua morte do que do seu regresso

Artigo 99.º Artigo 100.º


Justificação da ausência Legitimidade
Decorridos dois anos sem se saber do ausente, se este não tiver deixado São interessados na justificação da ausência o cônjuge não separado
representante legal nem procurador bastante, ou cinco anos, no caso judicialmente de pessoas e bens, os herdeiros do ausente e todos os que
contrário, pode o Ministério Público ou algum dos interessados requerer a tiverem sobre os bens do ausente direito dependente da condição da sua
justificação da ausência. morte.
Podem ter de dar caução -107.º
Curadores definitivos –

Resulta na abertura provisória da sucessão do ausente


104.º| 105.º

 Abertura de testamento – 101.º Artigo 106.º


Exigibilidade de obrigações
A exigibilidade das obrigações que se extinguiriam pela
 Entrega de bens aos legatários e outros interessados – 102.º morte do ausente fica suspensa.

 Entrega de bens aos herdeiros – 103.º (até a entrega fica sob administração do cabeça de casal 2080.º ss)
*Os Curadores definitivos não são remunerados pois passam a ter direito à totalidade dos frustos dos bens que tiverem recebido.

Artigo 112.º Artigo 113.º


Artigo 108.º Termo da Curadoria definitiva Restituição dos bens ao ausente
Ausente casado A curadoria definitiva termina: 1. Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do artigo
Se o ausente for casado, pode o cônjuge não separado a) Pelo regresso do ausente; anterior, os bens do ausente ser-lhe-ão entregues
judicialmente de pessoas e bens requerer inventário e b) Pela notícia da sua existência e do lugar onde reside; logo que ele o requeira.
partilha, no seguimento do processo de justificação c) Pela certeza da sua morte; 2. Enquanto não for requerida a entrega, mantém-se
da ausência, e exigir os alimentos a que tiver direito. d) Pela declaração de morte presumida. o regime da curadoria nos termos desta subsecção.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


114.º a 119.º
Terceira Fase
Proteção dos interesses dos futuros titulares dos bens.
Perspetiva e expetativa é mais da sua morte do que do seu regresso

Independentemente de existir previamente a curadoria


especial/definitiva
Morte presumida após a ausência, sem notícias:
Artigo 114.º
Requisitos
• 10 anos
1. Decorridos dez anos sobre a data das últimas noticias, ou passados cinco anos, se entretanto o ausente • 5 anos se > 80
houver completado oitenta anos de idade, podem os interessados a que se refere o artigo 100.º requerer a • + de 5 sobre a maioridade
declaração de morte presumida.
2. A declaração de morte presumida não será proferida antes de haverem decorrido cinco anos sobre a
data em que o ausente, se fosse vivo, atingiria a maioridade.
3. A declaração de morte presumida do ausente não depende de prévia instalação da curadoria provisória
ou definitiva e referir-se-á ao fim do dia das últimas notícias que dele houve.

Artigo 118.º
Óbito em data diversa
1. Quando se prove que o ausente morreu em data diversa da fixada na sentença de declaração de morte presumida, o direito à herança compete aos que naquela data lhe deveriam
suceder, sem prejuízo das regras da usucapião.
2. Os sucessores de novo designados gozam apenas, em relação aos antigos, dos direitos que no artigo seguinte são atribuídos ao ausente.

Artigo 120.º Artigo 121.º


Direitos que sobrevierem o ausente Curadoria provisória e definitiva
Os direitos que eventualmente sobrevierem ao ausente desde que 1. O disposto no artigo anterior não altera o regime da curadoria provisória, à qual
desapareceu sem dele haver notícias e que sejam dependentes da condição ficam sujeitos os direitos nele referidos.
da sua existência passam às pessoas que seriam chamadas à titularidade 2. Instaurada a curadoria definitiva, são havidos como curadores definitivos, para
deles se o ausente fosse falecido. todos os efeitos legais, aqueles que seriam chamados à titularidade dos direitos nos
termos do mesmo artigo.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/63e6b9dae52f22e3802583200046654c?OpenDocument

Ac. TRL DE 20/09/2018


Proc. n.º 207/18.4T8AMD.L1
 I– O tribunal “a quo” foi levado a pensar que, da mesma maneira que os sucessores de uma das
classes preferem aos das classes seguintes, assim também a legitimidade activa, nos termos do
art.º 100, do Cciv, para a acção de declaração de morte presumida se deveria atribuir
prioritariamente aos herdeiros das classes anteriores. E como, nessa ordem, a mãe do requerido
(e cônjuge ou filhos) estariam em lugar anterior ao da requerente que é tia do requerido (por isso
integrando a alínea d) do n.º 1, do art.º 2133, do CCiv, enquanto que o cônjuge e descendentes
integram a alínea a), o cônjuge e os ascendentes integram a alínea b), entendeu que a autor não
podia vir formular esta pretensão enquanto se não provasse que inexistia mais nenhum herdeiro
antes de si.
II– Da letra do preceito, em primeiro lugar, nenhuma ordem ou prioridade legitimativa para o
pedido decorre, limitando-se ele a estender sobre a mesa a qualidade de todos quantos podem
pedir a declaração de morte presumida. O que importa ao legislador é o interesse que possa ser
revelado; o que da norma simplesmente decorre é que qualquer dos interessados que tenha sobre
os bens do ausente direitos que dependam da condição da sua morte pode pedir a declaração de
morte presumida. Portanto, neste sentido, não cremos que esta disposição deva andar a par
daquela que estabelece a classe de sucessíveis do art.ºs 2133 do CCiv
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/48e10df818ebe7dc8025882a002f4590?OpenDocument

Ac. TRL DE 07/04/2022


Proc. n.º 207/18.4T8AMD.L3-2
 1- Se é certo que o conceito de ausência relevante para efeitos de declaração de morte
presumida envolve a consideração do desaparecimento do ausente, tal desaparecimento
consubstancia-se, apenas e tão só, na falta de notícias do mesmo, entendidas as mesmas não
só como relatos, demonstrações ou constatações da sua presença em determinado local, mas
igualmente como conhecimento do lugar onde pode ser encontrado.
2- Estando provado que há mais de 10 anos, contados da última vez que houve notícia do
local onde o R. se encontrava, não há conhecimento do lugar onde se encontra, tendo
desaparecido daquele que era conhecido e não havendo outras notícias do mesmo, é de
declarar a sua morte presumida.
(Sumário elaborado ao abrigo do disposto no art.º 663º, nº 7, do Código de Processo Civil)
http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/8702dc0ca13c58a9802585f40048f241
?OpenDocument

Ac. TRE de 22/11/2018


Proc. n.º 3346/15.0T8STRE.E1
 A cópia de um “boletim de óbito” emitido por uma autoridade estrangeira não constitui
meio de prova admissível da morte de uma pessoa, nomeadamente para o efeito de
julgar extinta, por inutilidade superveniente da lide, uma acção especial para
declaração da morte presumida dessa mesma pessoa

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Independentemente de existir previamente a curadoria
especial/definitiva

Artigo 115.º Artigo 116.º


Efeitos Novo casamento do cônjuge do ausente
A declaração de morte presumida produz os mesmos efeitos O cônjuge do ausente casado civilmente pode contrair novo casamento; neste caso, se o ausente
que a morte, mas não dissolve o casamento, sem prejuízo do regressar, ou houver notícia de que era vivo quando foram celebradas as novas núpcias, considera-se o
disposto no artigo seguinte. primeiro matrimónio dissolvido por divórcio à data da declaração de morte presumida.

 Não dissolve o casamento mas o torna dissolúvel


 Não resulta em legalizar a bigamia.
Considera-se dissolvido
por divórcio à data do
Cônjuge tiver casado
decretamento da morte
presumida
Regresso após
declaração da morte
presumida

Cônjuge não tiver Casamento é mantido


cadado sem interrupção

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/-/6B7E3A93D4715B5480257DE100574DAB

Ac. TRE de 17/04/2008


Proc. n.º 2670/07-3
 Sumário:
 I – Após a reforma do Código Civil de 1977, a declaração de morte presumida não dissolve o casamento.
II – Nada impede que o cônjuge presente queira ver dissolvido o casamento através da instauração de uma acção de divórcio, desde
que para tanto tenha fundamento legal.

 Fundamentação:
 Pode casar de novo, sendo certo que nesse caso a dissolução do casamento por divórcio apenas acontecerá, automaticamente, ope
legis (nos termos do art. 1160 do C.C.) se o ausente regressar (verificando-se até este momento, conforme se refere no despacho
recorrido, e conforme referem P. Lima e A. Varela, in ob.cit., pag. 117, uma situação de bigamia legal).
Mas pode acontecer que não queira casar de novo, apenas querendo ver (com fundamento legal) o seu casamento dissolvido, da
mesma forma que pode querer casar novamente mas apenas depois de ver dissolvido o anterior casamento.
Afigura-se-nos assim mais correcto e adequado o entendimento de que, inexistindo dissolução do casamento, pode o cônjuge do
ausente (cuja morte presumida foi declarada), tendo fundamento para tal, pedir e obter o divórcio.
Aliás, contrariamente ao que se refere no despacho recorrido, não resulta do art. 1160 do C. Civil que o casamento só se dissolve se o
cônjuge do ausente casado civilmente contrair novo casamento.
O que ali se refere é que, podendo o cônjuge do ausente contrair novo casamento, este se considera dissolvido se o ausente regressar
ou houver notícias de que era vivo à data da celebração das novas núpcias.
Aliás, jamais faria qualquer sentido que, mesmo depois de o ausente regressar, o seu cônjuge, tendo fundamento legal, continuasse
impossibilitado de requerer o divórcio.
Artigo 120.º
Direitos que sobrevierem o ausente
Os direitos que eventualmente sobrevierem ao ausente desde que desapareceu sem dele haver notícias e
que sejam dependentes da condição da sua existência passam às pessoas que seriam chamadas à
titularidade deles se o ausente fosse falecido.

Sem prejuízo das regras de representação sucessória

Artigo 121.º
Curadoria provisória e definitiva
1. O disposto no artigo anterior não altera o regime da curadoria provisória, à qual ficam sujeitos os
direitos nele referidos.
2. Instaurada a curadoria definitiva, são havidos como curadores definitivos, para todos os efeitos legais,
aqueles que seriam chamados à titularidade dos direitos nos termos do mesmo artigo.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Artigo 113.º
Restituição dos bens ao ausente
Curadoria Definitiva 1. Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do artigo anterior, os bens do ausente ser-lhe-ão entregues logo que ele o requeira.
2. Enquanto não for requerida a entrega, mantém-se o regime da curadoria nos termos desta subsecção.

Artigo 119.º
Direitos que sobrevierem o ausente
1.Se o ausente regressar ou dele houver notícias, ser-lhe-á devolvido o património no estado em que se encontrar, com o preço dos
bens alienados ou com os bens directamente sub-rogados, e bem assim com os bens adquiridos mediante o preço dos alienados,
Morte presumida quando no título de aquisição se declare expressamente a proveniência do dinheiro.
2. Havendo má fé dos sucessores, o ausente tem direito a ser indemnizado do prejuízo, sofrido.
3. A má fé, neste caso, consiste no conhecimento de que o ausente sobreviveu à data da morte presumida.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Após 2 anos sem notícia
Após 5 anos sem notícia com representante
legal /procurador bastante
Bens entregues para os sucessores –
Sem notícias Curadores Definitivos

Ausência Curadoria Provisória Curadoria Definitiva Morte presumida

(Imediatamente) Sem notícias, com bens por 10 anos sem notícia


administrar, sem representante legal ou 5 anos após completar 80 anos
procurador
5 anos após alcançar a maioridade
Bens administrados pelo Curador (património
único)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/56a6e7121657f91e80257cda00381fdf/14fadecf0042c2b58025842c00538b2b

Ac. TRP de 09/05/2019


Proc. n.º 10421/15.9T8VNG.P1
 Deve o tribunal realizar todas as diligências de prova possíveis e úteis para apurar a
verdadeira identidade do requerente e, na falência da prova global, decidir contra
aquele que se apresenta como sendo o ausente cuja morte presumida foi declarada
por sentença transitada em julgado

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Na resolução de um caso prático sobre ausência
devem: verificar se os pressupostos do artigo 89º/1

Ausência
CC se encontram preenchidos; depois, identificar a
fase em que se encontram e qual a sua finalidade
principal; a seguir, dizer quem tem legitimidade para
requerer a ausência e se o prazo foi cumprido; e
finalmente, explicar os efeitos e o regime dessa fase.
CURADORIA PROVISÓRIA

 Finalidade: O sentido jurídico deste regime é o da proteção do património do ausente, na expectativa do seu regresso.

 Legitimidade:
 Para requerer a curadoria provisória: artigo 91º CC - Ministério Público e “qualquer interessado” [nota: esse “interessado” não
tem de ser um familiar ou herdeiro, basta ser alguém que esteja interessado na administração dos bens do ausente]
 Para exercer a função de curador provisório: artigo 92º/1 CC – cônjuge do ausente, herdeiros ou os interessados na
conservação dos bens, cabendo ao tribunal nomear o curador provisório [artigo 89º/1 CC, “in fine”].

 Prazo: Não há prazo para requerer a curadoria provisória, bastando estarem verificados os pressupostos da ausência e o
tribunal nomear curador provisório [artigo 89º/1 CC].

 Regime:
 Artigo 94º/1 CC: A curadoria segue o regime do mandato geral, remetendo assim para os artigos 1157º CC e ss. [fazer esta
remissão no vosso CC]
 Artigo 1157º CC: Mandato = contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou mais atos jurídicos por conta da
outra.
 Artigo 1159º/1 CC: O mandato só compreende os atos de administração ordinária.
CONCLUSÃO: Os curadores apenas podem praticar atos de administração ordinária, não podendo, regra geral, dispor nem
alienar os bens do ausente.
 Artigo 94º/3 CC: Curador provisório apenas pode alienar ou onerar bens do ausente com autorização judicial.
 Artigo 94º/4 CC: Restrição dos casos em que a autorização judicial é concedida ao curador, nos termos do número anterior: a)
evitar deterioriação ou ruína dos bens; b) solver dívidas do ausente; c) custear benfeitorias necessárias ou úteis [remissão para
o artigo 216º CC]; d) ocorrer a outra necessidade urgente.
 Artigo 96º CC: Remuneração do curador de 10% da receita líquida que realizar.
 Artigo 98º CC: Termo da curadoria provisória.
CURADORIA DEFINITIVA

 Finalidade: O sentido deste regime é mais o da proteção do interesse dos futuros titulares dos bens, embora ainda não seja
realizada a partilha definitiva dos bens do ausente.

 Legitimidade:
 Para justificar a ausência: Ministério Público [artigo 99º CC, “in fine”] ou algum dos interessados consagrados no artigo 100º CC.
 Para ser curador definitivo: Artigo 104º CC – herdeiros e demais interessados a quem tenham sido entregues os bens do ausente.

 Prazo: O artigo 99º CC consagra dois prazos mínimos para requerer a curadoria definitiva, sendo estes prazos relativos à data das
últimas notícias do ausente:
 i) 2 anos – se não tiver deixado representante legal nem procurador [se nada for dito no enunciado da frequência, é isto que presumem];
 ii) 5 anos – se tiver deixado representante legal ou procurador bastante.

 Regime:
 Artigo 110º CC: Aplica-se o regime do artigo 94º CC
 Artigo 101º CC: Abertura de testamento.
 Artigo 102º CC: Entrega de bens aos legatários e outros interessados.
 Artigo 103º CC: Entrega dos bens aos herdeiros.
 Artigo 106º CC: Suspende-se a exigibilidade das obrigações que se extinguiriam pela morte do ausente.
 Artigo 108º CC: Cônjuge não separado de pessoas e bens pode requerer inventário e partilha e exigir os alimentos [ver artigo 2003º/1 CC] a que tiver
direito.
 Artigo 111º CC: Os ascendentes, descendentes e cônjuge nomeados curadores definitivos têm direito à totalidade dos frutos percebidos [nº 1]; o
curador definitivo que, não os anteriores, tem de reservar para o ausente 1/3 da receita líquida que realizarem [nº 2].
 Artigo 112º CC: Termo da curadoria definitiva. Artigo 113º CC: Se o ausente regressar ou se houver notícias da sua existência e do lugar onde reside,
os seus bens ser-lhe-ão entregues após este os requerer [nº1].
MORTE PRESUMIDA

 Finalidade: Há uma descrença da sobrevivência do ausente e, portanto, a lei presume a sua morte e os seus bens serão
entregues aos sucessores e àqueles que a eles teriam direito por morte do ausente.

 Legitimidade:
 O artigo 114º/1 CC, “in fine”, remete para o artigo 100º CC relativamente aos interessados com legitimidade para requerer a
morte presumida.

 Prazo: Existem três prazos mínimos para a declaração da morte presumida, todos eles dependentes da idade do ausente
e relativos à data das últimas notícias:
 i) 10 anos – regime geral [artigo 114º/1 CC];
 ii) 5 anos – se entretanto o ausente tiver completado 80 anos de idade [artigo 114º/1 CC];
 iii) 5 anos após atingir a maioridade – se o ausente for menor [artigo 114º/2 CC]. [notem que este prazo é INDEPENDENTE da
idade do menor].

 Regime:
 Artigo 115º CC: A declaração da morte presumida produz os mesmos efeitos da morte com exceção da dissolução do
casamento, ou seja: termo da personalidade jurídica [artigo 68º/1 CC] e abertura da sucessão [artigo 2024º CC e ss.]
 Artigo 116º CC: Cônjuge do ausente casado civilmente pode ser contrair novo casamento; se o ausente regressar, considera-se
o primeiro matrimónio dissolvido à data da declaração da morte presumida.
 Artigo 117º CC: Entrega dos bens, remetendo para o artigo 101º CC, não havendo, porém, caução (contrariamente à curadoria
definitiva: artigo 107º CC)
 Artigo 119º/1 CC: Se o ausente regressar, terá direito à devolução do seu património no estado em que se encontrar, bem como
o preço dos bens alienados e sub-rogados e, ainda, os bens adquiridos mediante o preço dos alienados.
 Artigo 119º/2 CC: Sucessores de má fé [sentido subjetivo: conhecimento de um facto ou situação juridicamente relevante, neste
caso a sobrevivência do ausente à data da declaração da morte presumida: artigo 119º/3 CC] devem indemnizar o ausente
[artigo 562º CC e ss.] pelos prejuízos causados.
Situação de A
A casado com B no regime de Desaparecimento em circunstâncias que não permitem dúvidas da sua
separação de bens. Certo dia A e B, morte – 68.º n.º3
junto do filho C foram fazer um Sua personalidade cessa com a "suposta" morte.
passeio de barco. Devido a uma forte Os direitos pessoais cessam, e quanto aos patrimoniais é aberta a sua
sucessão nos termos do 2024.º.
tempestade sofreram um naufrágio. B
C é um dos herdeiros, mas diante da ausência de B, se habilita como
e C conseguiram se salvar. Mas A cabeça de casal e pode administrar os bens - 2079.º e 2080.º
desapareceu. *Justificação Judicial da morte nos termos do artigo 207.º
CRC
A tinha vários imóveis, alguns estavam
arrendados e outros estavam a ser Situação de B
sujeitos a obras de conservação. Caso de B é aplicável o instituo da ausência. Podendo C requerer nos
termos do 89.º a Curadoria Provisória, já que tudo indica que B está
apenas ausente, e por isso, há expetativa do seu regresso.
B ficou desgostoso com
Caso B não regresse no prazo de 2 anos, já que não deixou qualquer
desaparecimento de A, e acabou por procuração, poderá C requerer a Curadoria Definitiva nos termos do
viajar não dando mais notícias. 99.º ss.
Como curador definitivo têm direito à totalidade dos frutos percebidos
B tinha uma empresa no ramo têxtil. [111.º nº 1]; não precisa reservar para o ausente 1/3 da receita líquida
que realizarem [nº 2].
C, sozinho, e diante dos bens e
negócio dos pais, precisa intervir para
E após 10 anos do sumiço, requerer a morte presumida, e assim.
administrar os bens.

Como deve agir? Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


A pessoa de 76 anos de idade é
proprietário de um apartamento  Curadoria Provisória – 89.º ss tem 3 pressupostos:
situado em 1. Situação de ausência (desaparecimento sem notícias)
Coimbra, tem dois automóveis e 2. Seja importante garantir a administração dos bens do ausente
três terrenos. Sem que nada o
3. O ausente não tenha deixado qualquer representante legal ou voluntário
fizesse prever A
desapareceu, sem deixar  Curador provisório poderá administrar os bens – não pode vender (94.º
n.º3)
qualquer representante
legal/voluntário. Acontece que os  Para curadoria Definitiva (100.º), aguardar os 2 anos (seria 5 anos se
seus bens foram deixados ao tivesse representante legal ou procurador).
abandono pelo que os seus  Bens serão então atribuídos aos herdeiros e legatários – não a título
herdeiros pretendem saber sucessório (não serão proprietário).
se os podem administrar. A é  Passado 9 anos, já teria A 80 anos + 5 anos, cabendo a morte
casado com C que depois de 6 presumida.
anos a contar  Os bens serão efetivamente entregues – 119.º
do seu desaparecimento quer
 C poderá se casar – após a morte presumida, considera-se em caso de
voltar a casar-se
nova núpcias o casamento com o ausente dissolvido pelo divórcio a
data da declaração da morte presumida.
Alberto, com 52 anos, saiu de casa no dia
13 de maio de 2021, tendo sido visto pela
última vez pela sua vizinha quando, como  Permite-nos duvidar se ele está vivo ou morto.
habitualmente, saía de casa no seu  89.º ss -» 3 pressupostos –Desapareceu, sem
automóvel para ir trabalhar. Acontece que,
nesse dia, Alberto não chegou ao trabalho, notícias, há bens, sem representante
uma plantação de frutos vermelhos em legal/procurador
Oliveira do Bairro, tendo o seu automóvel
sido encontrado dois dias depois em  7 meses após ação-» Não cabe curadoria
Granada, Espanha, sem que se consiga
perceber como foi lá parar ou que Alberto lá
definitiva nem morte presumida. Somente a
poderia fazer uma vez que este não só não provisória – Sobrinho tem legitimidade 91.º
tinha por hábito viajar nem ausentar-se da
sua residência, como sendo o único (qualquer pessoa interessada).
trabalhador na sua plantação de frutos  Curador, administrará os bens 92.º.
vermelhos, a mesma depende da sua
presencia diária. Em dezembro de 2021, o  Carlos pode ser curador? Conflito de interesse em
seu sobrinho Daniel, percebendo que o
património do tio está abandonado, resolve
relação ao património do irmão, por isso o
providenciar pela sua administração que o sobrinho poderá ser nomeado.
seu pai, Carlos, irmão de Alberto, se opõe,
já que ele é também produtor de frutos  Sobrinho com poderes como se tivesse mandato
vermelhos e não estando a ser explorada a (94.º) – atos em nome exclusivo do ausente.
plantação do irmão desaparecido, é menos
um concorrente no mercado o que potencia  Curador provisório pode vender os frutos
o aumento da sua própria carteira de vermelhos (ato de administração), fazer a
clientes. Para além da plantação, Alberto
tem como património uma casa onde reside prestação de contas, e receber 10% da liquidez.
e o seu automóvel e não deixou nem tem
qualquer procurador para a administração
do seu património. Quid juris?
A casado com B, no regime de separação de A) Qual o valor dos atos praticados por B em junho de 2008?
bens, tem uma propriedade em Trás-dos-Montes,
dois apartamentos em Cascais, e um automóvel Com o desaparecimento poderá ser aplicado o 89.º em face de haver bens que carecem de administração.
Como B tem interesse poderá requerer a curadoria provisória (91.º) assim como tem legitimidade para ser
conversível. nomeada curadora (92.º). Regime de mandato, onde poderá administrar os bens (1159.º e 94.º n.º1). Isso é
está limitada ao atos de administração ordinária.
Em janeiro de 2008 desaparece. Como o Contrato de Arrendamento é um ato de administração ordinária poderia fazê-lo. O negócio jurídico
poderá produzir os seus efeitos por ser perfeitamente válido.
Já o contrato de compra e venda do carro (874.º, 879.º com efeitos reais pelo 408.º) não se enquadra como
B requerer a Curadoria Provisória, sendo ato de administração ordinário, e sim uma disposição, e por isso não poderia fazer!
decretada a ausência de A e a nomeando em Falta legitimidade de B para esse negocio jurídico, de modo que o ato é NULO.
maio de 2008.
B) Qual a consequência jurídica de ter aparecido o advogado com a
Em junho de 2008 B vendeu o carro a D, e procuração?
colocou os dois apartamentos de Cascais a A Curadoria pode cessar diante as circunstâncias elencadas no 98.º, e na alínea c) exatamente este caso.
arrendar. Portanto, diante do aparecimento do Advogado com a procuração B deixa de ser curadora provisória, e o
Advogado torna-se responsável pela administração de bens. Somente após 5 anos do desaparecimento é
que B poderá requerer a curadoria definitiva (99.º e ss)
Em novembro de 2008 surgiu X, advogado com
uma procuração de dezembro de 2007 o C) Poderia B ter requerido a declaração de morte presumida de A quando o
nomeando procurador bastante. fez?
Sim, pois já havia passado dez 10 do desaparecimento (114.º). B estando elencada no artigo 100.º tem
legitimidade para requerer ação.
Em agosto de 2020 B requer a morte presumida
de A, a qual foi decretada no mês seguinte. D) Terá A, após o seu regresso, direito aquilo tudo que exige?
Em dezembro de 2020 B vendeu a propriedade Conforme o 115.º os efeitos da morte presumida são os mesmos que do 68.ºn.º1, isso é, cessa a
de Trás-dos-Montes por 1 milhão de euros e com personalidade jurídica e abre-se a sucessão.
o dinheiro comprou uma casa em Cascais. Nada refere sobre outros herdeiros, por isso considera-se que B é a única herdeira~, recebendo então os
bens e podendo dispor como entender.
B casou com D. Com o regresso de A, B realmente tem de devolver os bens, como havia vendido um bem e adquirido outro
com o valor, isso é, em sub-rogação, terá de entregar o novo imóvel, caso na escritura tenha se indicado a
Em fevereiro de 2022 A retorna, e exige a entrega natureza do valor pago. Caso não tenha sido identificado, caberá a devolução do valor já que diante do
da propriedade de Trás-dos-Montes, o automóvel, regresso devolve-se o dinheiro conforme o preço da venda (119.º n.º1)
Quanto ao casamento, diante da morte presumida, B poderia contrair novas núpcias (116.º), e diante do
os dois apartamentos, assim, como a relembra retorno de A, considera-se que o casamento foi dissolvido por divórcio a data da decisão de morte
que são casados, e que por isso deve voltar a presumida. Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
morar com ele.
Nulidade Anulabilidade

Causa Violação de uma norma imperativa (que protegem interesses Violação de normar que estão particularizadas.
públicos/difusos/gerais) e que não podem ser afastadas pela
vontade das partes. Tipicidade -» legislador indica quando determinado comportamento pode resultar em
anulação.
Atipicidade --» norma não precisa indicar que o ato será nulo
Efeitos Ineficácia total. O negócio produz efeitos até ser arguida a anulação.
Como se o ato nunca tivesse produzido efeitos. A anulação é retroativa.
Consequência 289.º n.º1 "Tanto a declaração de nulidade como a anulação do negócio têm efeito retroactivo, devendo ser restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se
a restituição em espécie não for possível, o valor correspondente."
Legitimidade 286.º "A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer 287.º n.º 1 "1. Só têm legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em cujo
interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal." interesse a lei a estabelece, e só dentro do ano subsequente à cessação do vício que
Mesmo que as partes não requeiram. lhe serve de fundamento."
Legitimidade de quem é protegido, tem interesse.
Prazo NÃO HÁ PRAZO Tem prazo de caducidade
287.º n.º1 - "só dentro do ano subsequente à cessação do vício que lhe serve de
fundamento"
n.º2 - "Enquanto, porém, o negócio não estiver cumprido"
Sanação INSANÁVEL - nulo sempre nulo SANÁVEL
Pelo decurso do prazo ou pela confirmação.
288.º n.º 2 - "compete à pessoa a quem pertencer o direito de anulação"

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


A industrial abastado, cansado do
seu modo de vida, decide
desaparecer de casa sem dar mais Sim, poderá contratar 94.º n.º1 com remissão
notícias. Após o respetivo 1157.º por se tratar de um ato de administração.
processo, M, sua mulher e herdeira
universal. É nomeada curadora
provisória.
Não por se tratar de um ato de disposição. 110.º e
M pretende contratar B para 94.º (ex vi. 1157.º)
restaurar o painel de azulejos da
casa de campo de A que encontra-
se degradado.
Poderá casar 116.º. Em caso de retorno considerar-
Após dois anos, M é nomeada se-á que houve dissolução do primeiro casamento
curadora definitiva. Ela tenciona
vender um dos automóveis de A por divórcio desde a data da decisão da morte
para com o dinheiro comprar um
apartamento na praia. Ela poderá presumida.
vender?

Após 10 anos do desaparecimento,


M requer a decretação da a morte
presumida de A. M poderá se casar
com C?

Você também pode gostar