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CURSO EM PD F - D I REI TO CON STI TUCI ON AL PARA AN ALI STA

D O I N SS – TEORI A E EXERCÍ CI OS
Pr of. Je a n Cla u de O` D on n e ll

APRESEN TAÇÃO

Olá!
É com grande sat isfação que iniciam os est e curso de Direit o
Const it ucional pelo Canal dos Concursos. Tenho cert eza de que você
fez um a ót im a escolha, ao decidir lut ar por um a vaga em um cargo
de excelência no serviço público federal, que é o de Analist a do
Seguro Social do I NSS.
I nicialm ent e, vou m e apresent ar.
Meu nom e é Jean Claude O` Donnell e, at ualm ent e, ocupo o
cargo de Audit or Federal de Cont role Ext erno no TCU, para o qual
obt ive a 10ª colocação no concurso de 2008.
No m om ent o, exerço funções na Segunda Secret aria de
Cont role Ext erno do Tribunal.
Ant es do Tribunal de Cont as, exerci as funções de AFC na CGU
( 11º colocado em 2008) , de t aquígrafo no Tribunal Superior do
Trabalho e de analist a de m ercado no Banco do Brasil.
Lem bre- se de que você não irá com pet ir com 20 m il ou 30 m il
candidat os, m as sim com aquele grupo de elit e que irá disput ar pra
valer um a vaga. Lem bre- se da corrida de Sã o Silve st r e . Largam
m ais de 10 m il corredores, m as logo se dest aca um pelot ão de elit e
que represent a os m ais preparados. Assim , nosso obj et ivo é fazer
você chegar nesse pe lot ã o de e lit e , com pet indo com um núm ero
bem m enor de concurseiros. A part ir daí, para que você sej a
classificado dent ro do núm ero de vagas, é a sua part e no esforço! !
Est e curso foi preparado com a finalidade de prepará- lo para
quaisquer concursos elaborados pela Banca Cespe/ Unb, cobrindo t oda
a m at éria de D ir e it o Con st it ucion a l.
Dent ro dest e nosso propósit o de auxiliá- lo na cam inhada rum o
à conquist a de um excelent e cargo público, na disciplina Direit o
Const it ucional, é que form ulam os est e curso no form at o de t e or ia +
qu e st õe s do CESPE, o que o t orna especialm ent e at raent e para o
concursando que j á possui algum as noções dessa disciplina e
pret ende aprofundar e consolidar o seu conhecim ent o.
Várias quest ões serão com e n t a da s, para facilit ar a sua
assim ilação do cont eúdo, enquant o est uda a t eoria. Ao final de cada,
um a list a de exercícios de fixação com plem ent a a bat eria de

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CURSO EM PD F - D I REI TO CON STI TUCI ON AL PARA AN ALI STA
D O I N SS – TEORI A E EXERCÍ CI OS
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exercícios. Nest a prim eira aula dem onst rat iva, fizem os com ent ários
de t odos os e x e r cícios, para que você se fam iliarize com a
m et odologia.
E aqui vai um a dica de ou r o: perceba que em t odas as provas
de concurso, os exam inadores acabam ut ilizando de 7 0 % a 8 0 % de
quest ões que j á caíram em cert am es ant eriores, com algum a
diferença de redação aqui e acolá. Por quê isso acont ece?
Sim plesm ent e porque o exam inador não pode “ reinvent ar a roda” , ou
est ará fadado a t er a sua quest ão anulada pela banca exam inadora.
Os out ros 30% a 20% de quest ões são relat ivos a j urisprudência
inédit a dos t ribunais ou um a t ent at iva falha do exam inador de querer
invent ar o que não deve, e o que acont ece nesse caso é a t r oca de
ga ba r it o ou a n u la çã o do qu e sit o! Port ant o, quant o m ais quest ões
de concurso você resolver, m ais pert o você est ará do pelot ão de elit e
que disput ará as concorridas vagas.
Ao t odo, nosso curso const ará de 5 a u la s, incluindo e st a
Au la D e m on st r a t iva , um a a cada sem ana, cuj a program ação será a
seguint e:

Direit os e deveres fundam ent ais: direit os e deveres


individuais e colet ivos; direit o à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade; direit os
Au la
sociais; nacionalidade; cidadania e direit os
D e m on st r a t iva
polít icos; part idos polít icos; garant ias
const it ucionais individuais; garant ias dos direit os
colet ivos, sociais e polít icos. PARTE I

Direit os e deveres fundam ent ais: direit os e deveres


individuais e colet ivos; direit o à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade; direit os
Aula 1 sociais; nacionalidade; cidadania e direit os
polít icos; part idos polít icos; garant ias
const it ucionais individuais; garant ias dos direit os
colet ivos, sociais e polít icos. PARTE I I

2 Poder Legislat ivo: fundam ent o, at ribuições e


garant ias de independência. 3 Processo legislat ivo:
Aula 2
fundam ent o e garant ias de independência,
conceit o, obj et os, at os e procedim ent os.

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Poder Execut ivo: form a e sist em a de governo;


chefia de Est ado e chefia de Governo; at ribuições e
responsabilidades do President e da República.
Aula 3 Poder Judiciário: disposições gerais; Suprem o
Tribunal Federal; Superior Tribunal de Just iça;
t ribunais regionais federais e j uízes federais;
t ribunais e j uízes dos est ados.

Ordem social: base e obj et ivos da ordem social;


seguridade social; educação, cult ura e desport o;
Aula 4 ciência e t ecnologia; com unicação social; m eio
am bient e; fam ília, criança, adolescent e e idoso.

Nest a aula inaugural, iniciarem os o est udo dos Direit os e


Garant ias Fundam ent ais, um assunt o que não t em fim !
Para você t er um a idéia, o art . 5º da Const it uição Federal, que
consagra apenas os direit os e deveres individuais e colet ivos – um a
das cinco classes de direit os e garant ias fundam ent ais - , possui
set ent a e oit o incisos. Cada um deles com inúm eras or ie n t a çõe s
j u r ispr u de n cia is e dou t r in á r ia s, at ualizadas diut urnam ent e pelo
Suprem o Tribunal Federal e com grande cobrança em t odo e qualquer
concurso.
Em função disso, irem os, nest e t ópico, carregar na quant idade
de exercícios e nos com ent ários respect ivos, j á que nest e assunt o,
quant o m ais exercícios forem apresent ados m elhor para o candidat o,
at é porque várias quest ões se repet em de um concurso para out ro. E
isso é est at íst ico. Já dissem os que a m aior part e das quest ões de
concurso são sim ples repet ições de exercícios j á cobrados em out ras
provas, com algum as inversões ou m odificações de form a. E t raga
suas dúvidas para o fórum !
Bom , est a aula é dividida em duas et apas. Na prim eira et apa,
exam inarem os t odo o a r t igo 5 º , à exceção dos rem édios
const it ucionais. Na segunda et apa, est udarem os os r e m é dios bem
com o os direit os socia is, direit os polít icos e os direit os de
N a cion a lida de .
Com isso, procurarem os abranger um núm ero m aior de direit os
fundam ent ais, aum ent ando a chance de abordarm os t ópicos que
cert am ent e serão exigidos nos próxim os concursos.

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Out ro aspect o é que a apresent ação de exercícios


( aparent em ent e) repet idos t em por finalidade, exat am ent e,
dem onst rar que o assunt o é recorrent e nos concursos do CESPE.
Assim , é possível que no início você ache cansat ivo, ent ret ant o, com o
disse um pensador, “ a disciplina precede a espont aneidade” , e, na
hora de fazer a prova, você vai “ passear” nas quest ões.
Lida a aula, feit os os exercícios não deixe de com plem ent ar
com a leit ura do próprio art . 5° da Const it uição, ok?
Ent ão, vam os ao cont eúdo da aula de hoj e ! ! !

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SUM ÁRI O D A AULA

1 – Te or ia Ge r a l dos D ir e it os e Ga r a n t ia s Fu n da m e n t a is
2 – D ir e it os e Ga r a n t ia s Fu n da m e n t a is n a Espé cie
2 .1 – Pr in cípio da Ra zoa bilida de / Pr opor cion a lida de

2 .2 - Pr in cípio da I gu a lda de / I son om ia

2 .3 - Pr in cípio da Le ga lida de x Re se r va Le ga l

2 .4 – I n viola bilida de da s cor r e spon dê n cia s e com u n ica çõe s

2 .5 – Libe r da de de Ex pr e ssã o

2 .6 – Libe r da de de cr e n ça r e ligiosa e con vicçã o polít ica e filosófica

2 .7 – I n viola bilida de da in t im ida de , da vida pr iva da , da h on r a e da


im a ge m da s pe ssoa s

2 .8 – I n viola bilida de dom icilia r

2 .9 – Libe r da de do e x e r cício de ofício ou pr ofissã o

2 .1 0 – Libe r da de de Re u n iã o

2 .1 1 – Libe r da de de Associa çã o

2 .1 2 – Re pr e se n t a çã o pr oce ssu a l ve r su s su bst it u içã o pr oce ssu a l

2 .1 3 – D ir e it o de Pr opr ie da de

2 .1 4 – D ir e it os de Pe t içã o e de Ce r t idã o

2 .1 5 – Pr incipio da in a fa st a bilida de da j u r isdiçã o

2 .1 6 – Pr ot e çã o a o dir e it o a dqu ir ido, à coisa j u lga da e a o a t o


j u r ídico pe r fe it o

2 .1 7 – Pr incipio do Ju iz N a t u r a l

2 .1 8 – Jú r i Popu la r

2 .1 9 – Pr incípio da pr e su n çã o de in ocê n cia ou n ã o cu lpa bilida de

2 .2 0 – I m possibilida de da pr isã o civil por dívida

2 .2 1 Cr im e s con st it u cion a liza dos

2 .2 2 Pr ot e çã o a os h ipossu ficie n t e s e em con diçã o de


vu ln e r a bilida de socia l

2 .2 3 Pr in cípio do Con t r a dit ór io e da Am pla D e fe sa

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1 – Te or ia Ge r a l dos D ir e it os e Ga r a n t ia s Fu n da m e n t a is

Você deve t er em m ent e que os direit os fundam ent ais


originaram - se a part ir da necessidade de se garant ir um a esfera
irredut ível de liberdades aos indivíduos em geral frent e ao Poder
est at al.
Boa part e dos aut ores considera o m arco fundam ent al dos
direit os fundam ent ais a Cart a Magna de 1215, de João Sem - Terra,
Rei I nglês que se viu acuado pelos barões, que não m ais aceit avam
os im post os exorbit ant es e exigiam a lim it ação do poder real. Não
era, port ant o, um docum ent o que visava garant ir um a e sfe r a de
libe r da de s a os in divídu os em geral frent e ao Est ado.
Modernam ent e, t em - se que os direit os fundam ent ais foram
posit ivados a part ir da Revolução Francesa, com a D e cla r a çã o dos
D ir e it os do H om e m e do Cidadão ( 1789) bem com o do At o das
Confederações ( Bill of Right s) de 1776 das t reze colônias
am ericanas que declararam independência da Coroa Brit ânica. A
part ir daí, surgiram as Const it uições libe r a is dos séculos XVI I I e XI X.
Tais direit os de índole liberal podem t am bém ser cham ados de
dir e it os n e ga t ivos, a exem plo do direit o à vida, à liberdade, à
propriedade, à liberdade de expressão dent re out ros, t am bém
cham ados direit os de pr im e ir a ge r a çã o ou pr im e ir a dim e n sã o.
Som ent e no século XX, com o surgim ent o do Est ado Social,
passa- se a exigir um a at it ude com issiva do Est ado, um a at uação
est at al em favor do bem - est ar do indivíduo.
Com isso, podem os classificar os direit os fundam ent ais em t rês
dim ensões ( ou gerações) .
Na pr im e ir a ge r a çã o, consolidada no final do séc. XVI I I ,
t em os os direit os ligados aos ideais do Est ado liberal, de nat ureza
n e ga t iva ( obrigações de não- fazer do Est ado) com foco na liberdade
individual frent e ao Est ado ( direit os civis e polít icos) .
Na se gun da dim e n sã o ou ge r a çã o, surgida no início do séc.
XX, t em os os direit os ligados aos ideais do Est ado social, de nat ureza
posit iva ( prest ações posit ivas do Est ado) com foco na igualdade
ent re os hom ens ( direit os sociais, cult urais e econôm icos) .

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Há ainda a t e r ce ir a dim e n sã o, t am bém reconhecida no séc.


XX, em que t em os os direit os de índole colet iva e difusa
( pert encent es a um grupo indet erm inável de pessoas) , com foco na
frat ernidade ent re os povos ( direit o ao m eio am bient e, à paz, ao
progresso et c.) .
Alguns aut ores chegam m esm o a reconhecer um a quart a
geração de direit os fundam ent ais e at é m esm o quint a geração;
ent ret ant o, não há consenso na dout rina quant o aos bens prot egidos
por essas novas gerações.
Se você prest ar at enção ao pr e â m bu lo da Const it uição, verá
que as t rês gerações de direit os est ão lá represent adas. Prest e
at enção nas palavras grifadas abaixo e t ent e correlacionar cada um a
delas a um a das gerações de direit os, acim a cit adas:
“ Nós, represent ant es do povo brasileiro, reunidos em
Assem bléia Nacional Const it uint e para inst it uir um Est ado
Dem ocrát ico, dest inado a assegurar o exercício dos dir e it os
socia is e individuais, a libe r da de , a se gu r a n ça , o be m -
e st a r , o de se n volvim e n t o, a igu a lda de e a j u st iça com o
valores suprem os de um a sociedade fr a t e r na , plu r a list a e
se m pr e con ce it os, fundada na h a r m on ia socia l e
com prom et ida, na ordem int erna e int ernacional, com a
solução pacífica das cont rovérsias, prom ulgam os, sob a
prot eção de Deus, a seguint e CONSTI TUI ÇÃO DA
REPÚBLI CA FEDERATI VA DO BRASI L.”

A t abela a seguir resum e o assunt o:

GERAÇÕES D E D I REI TOS FUN D AM EN TAI S

1 ª GERAÇÃO Direit os N e ga t ivos, foco na libe r da de individual

Direit os Posit ivos, foco na igu a lda de m at erial, por


2 ª GERAÇÃO
int erm édio de prest ações posit ivas pelo Est ado.

Direit os cole t ivos e difu sos, com foco na


3 ª GERAÇÃO fr a t e r n ida de , na paz, no progresso, no m eio
am bient e salut ar.

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I st o post o, vam os fazer um a varredura suscint a de out ros


pont os im port ant es ligados à t eoria dos direit os fundam ent ais:

1 – As expressões direit os e garant ias não se confundem . Enquant o


os dir e it os são os bens em si m esm o considerados ( principal) , as
ga r a n t ia s são inst rum ent os de preservação desses bens ( acessório) .
2 – Se inicialm ent e os direit os fundam ent ais surgiram t endo com o
t it ulares as pessoas nat urais, pessoas físicas, hoj e j á se reconhecem
direit os fundam ent ais em favor das pe ssoa s j u r ídica s ou m esm o em
favor do Est a do.
3 – Em bora originalm ent e visassem regular a relação indivíduo-
Est ado ( relações ve r t ica is) , at ualm ent e os direit os fundam ent ais
devem ser respeit ados m esm o nas relações privadas, ent re os
próprios indivíduos ( relações hor izont a is) .
4 – Não exist em direit os fundam ent ais de n a t u r e za a bsolu t a , j á que
encont ram lim it es nos dem ais direit os previst os na Const it uição.
Assim , por exem plo, o direit o de propriedade se subm et erá ao
at endim ent o de sua função social; a garant ia da inviolabilidade das
correspondências não será oponível ant e a prát ica de at ividades
ilícit as; a liberdade de pensam ent o não pode conduzir ao racism o – e
assim por diant e.
5 – Não há r e a l conflit o ent re direit os fundam ent ais, ent ret ant o, no
caso concret o poderá haver colisão ent re diversos direit os ( por
exem plo, liberdade de com unicações x inviolabilidade da int im idade) .
O int érpret e deverá ent ão realizar um a harm onização ent re esses
direit os, t endo em vist a a inexist ência de hierarquia e subordinação
ent re eles, evit ando o sacrifício t ot al de um perant e o out ro.
6 – Não se adm it e a r e n ú n cia t ot a l por part e do indivíduo de um
direit o fundam ent al. Ou sej a, é caract eríst ica deles serem
irrenunciáveis. Todavia, m odernam ent e, adm it e- se que deixem de ser
exercidos pelos seus t it ulares t em porariam ent e em det erm inadas
sit uações.

Vam os dar um a olhada, ainda, com o a Const it uição Federal de


1988 disciplinou os direit os e garant ias fundam ent ais.

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Os direit os e garant ias fundam ent ais est ão cat alogados no


Tít ulo I I ( art s. 5º a 17) , por isso denom inado “ ca t á logo dos direit os
fundam ent ais” . Nesse Tít ulo I I , os direit os e garant ias fundam ent ais
foram divididos em cinco grupos, a saber:

Mas, nem t odos os direit os e garant ias fundam ent ais present es
na nossa Const it uição est ão enum erados nesse cat álogo próprio. Há,
t am bém , diversos direit os fundam ent ais present es em out ros
disposit ivos da nossa Const it uição, que são, por esse m ot ivo,
denom inados “ direit os fundam ent ais n ã o- ca t a loga dos” ( fora do
cat álogo próprio) .
O direit o ao m eio am bient e ecologicam ent e equilibrado, por
exem plo, é um direit o fundam ent al de t erceira geração não-
cat alogado, pois est á previst o no art . 225 da Const it uição Federal. As
lim it ações ao poder de t ribut ar ( art . 150, CF/ 88) const it uem um a
garant ia e t am bém um direit o, t ant o do part icular, quant o das
próprias Unidades da Federação ( direit o fundam ent al do Est ado) .
Nesse sent ido, o const it uint e foi expresso ( art . 5º , § 2º ) :
“ Os direit os e garant ias expressos nest a Const it uição não excluem
out ros decorrent es do regim e e dos princípios por ela adot ados, ou
dos t rat ados int ernacionais em que a República Federat iva do Brasil
sej a part e.”

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Guarde t am bém est as dicas...

I ) Os direit os e garant ias fundam ent ais est ão suj eit os a r e st r içã o,
com base em aut orização do próprio t ext o const it ucional: ( “ na form a
da lei” ) ou ( “ nos t erm os da lei” ) . Ent ret ant o, isso não pode im plicar
num a ilim it a da r e st r içã o o que configura a cham ada t e or ia dos
lim it e s dos lim it e s, que refere- se à im posição de lim it es ao
est abelecim ent o de lim it ações legais que possam vir a at ingir o
n ú cle o e sse n cia l daqueles direit os.
I I ) Em sit uações excepcionais ( est ado de defesa – art . 136 e est ado
de sít io – art . 139) , são adm it idas r e st r içõe s e at é m esm o
su spe n sõe s de diversos direit os e garant ias fundam ent ais, sem
aut orização do Poder Judiciário.
I I I ) Nem t odos os direit os e garant ias fundam ent ais foram
expressam ent e gravados com o clá u su la pé t r e a . Nos t erm os da
CF/ 88, só são cláusulas pét reas “ os direit os e garant ais individuais”
( CF, art . 60, § 4º , I ) , const ant es do art . 5º e out ros dispersos na
Const it uição, com o, por exem plo, a garant ia da ant erioridade
t ribut ária ( um a das lim it ações ao poder de t ribut ar do art . 150) .
I V) As norm as que consagram os direit os e garant ias fundam ent ais
t êm , em regra, aplicação im e dia t a ( CF, art . 5º , § 1º ) . Ent ret ant o,
há exceções: direit os fundam ent ais consagrados em norm as de
eficácia lim it a da ( dependent es de regulam ent ação) .
V) Os direit os e garant ias fundam ent ais fundam ent am - se no princípio
da igualdade perant e a lei, garant indo- se aos brasileiros e aos
est rangeiros resident es no País a inviolabilidade do direit o à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Ent enda- se
est rangeiro resident e com o t odo e qu a lqu e r e st r a n ge ir o qu e
e st e j a pe r m a n e n t e m e n t e ou de pa ssa ge m pe lo t e r r it ór io
n a cion a l.

Com o corolário ( decorrência) da exist ência dos direit os e


garant ias com o lim it e s à at uação do Est ado, dent ro de um a relação
a ssim é t r ica ent re indivíduo e governant e e com o form a de prot eção
das liberdades individuais, é que t em os a cham ada t e or ia da

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e ficá cia ve r t ica l dos direit os e garant ias fundam ent ais, ligada aos
direit os de pr im e ir a ge r a çã o.
De out ro lado, est á a cham ada e ficá cia h or iz on t a l dos direit os
fundam ent ais, que diz respeit o à incidência desses direit os nas
relações ent re part iculares, pessoas físicas ou j urídicas.
A j u r ispr u dê n cia do nosso STF t em se firm ado no sent ido de
assegurar a eficácia horizont al dos direit os fundam ent ais, e nesse
sent ido t em os, por exem plo, a proibição da revist a ínt im a de
m ulheres em fábricas de lingerie ( STF/ RE 160.222- 8) ; a vedação da
exclusão de associado de cooperat iva sem o exercício do direit o de
defesa ( STF/ RE 158.215- 4) ; a discrim inação de em pregado brasileiro
em relação ao francês na em presa " Air France" , m esm o realizando
at ividades análogas ou idênt icas ( STF/ RE 161.243- 6) ; a necessária
observância do devido processo legal, da am pla defesa e do
cont radit ório no caso de exclusão de associados de um a sociedade
civil ( STF/ RE n. 201.819) .
Por fim , lem bre- se de que a enum eração const it ucional dos
direit os e garant ias fundam ent ais é a be r t a , não lim it at iva ou
t axat iva, haj a vist a que out ros poderão ser reconhecidos
ult eriorm ent e, sej a por m eio de fut uras em endas const it ucionais ( EC)
ou m esm o m ediant e norm as infraconst it ucionais, com o os t rat ados e
convenções int ernacionais celebrados pelo Brasil ( art . 5º , § 2º ) .
Vam os t reinar um pouco agora? Vej a algum as quest ões do
CESPE sobre os assunt os vist os nest a int rodução.
1 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD I CI ÁRI O/ EXECUÇÃO DE
M AN D AD OS/ STM / 2 0 1 1 ) Os dir e it os fu n da m e n t a is, e m qu e
pe se possu ír e m h ie r a r qu ia con st it u cion a l, não sã o
a bsolu t os, pode n do se r lim it a dos por e x pr e ssa disposiçã o
con st it u cion a l ou m e dia n t e le i pr om u lga da com fu n da m e n t o
im e dia t o n a pr ópr ia CF.
Conform e est udam os, os direit os e garant ais fundam ent ais não
gozam de nat ureza absolut a, podendo ser relat ivizados pela própria
Const it uição ou por norm a infraconst it ucional exigida por ela, assim
com o t rat ados e convenções int ernacionais celebrados pelo Brasil.

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O que não pode ocorrer é a su pr e ssã o desses direit os, a


m odificação do núcleo essencial que descaract erize o obj et ivo da
norm a do legislador const it uint e.
I t e m ce r t o.

2 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD I CI ÁRI O / CON H ECI M EN TOS


BÁSI COS/ STM / 2 0 1 1 ) As libe r da de s in dividu a is ga r a n t ida s
n a Con st it u içã o Fe de r a l de 1 9 8 8 n ã o possu e m ca r á t e r
a bsolu t o.
Já vim os que os direit os e garant ias fundam ent ais, incluídas aí
as liberdades individuais, não possuem carát er absolut o e, port ant o,
podem sofrer lim it ação, ou dent ro da própria Const it uição, ou por lei
por ela aut orizada ou por t rat ado int ernacional.
Perceba com o as quest ões se repet em .
I t e m ce r t o.

3 . ( CESPE/ ACE/ D I REI TO/ TCE/ AC/ 2 0 0 9 ) As viola çõe s a


dir e it os fu n da m e n t a is ocor r e m som e n t e n o â m bit o da s
r e la çõe s e n t r e o cida dã o e o Est a do, in e x ist in do n a s
r e la çõe s t r a va da s e n t r e pe ssoa s física s e j u r ídica s de
dir e it o pr iva do. Assim , os dir e it os fu n da m e n t a is
a sse gu r a dos pe la CF vin cu la m dir e t a m e n t e os pode r e s
pú blicos, e st a n do dir e cion a dos a pe n a s de for m a in dir e t a à
pr ot e çã o dos pa r t icu la r e s e m fa ce dos pode r e s pr iva dos.
Vim os que o STF adm it e expressam ent e a eficácia vert ical e
horizont al dos direit os fundam ent ais, inform ando t ant o as relações
ent re Est ado e part icular ( ve r t ica l) e ent re part iculares ( hor izont a l) ,
incluídas aqui as relações ent re pessoas físicas, ent re essas e as
pessoas j urídicas e ent re est as.
E essa vinculação é diret a, ou sej a, não necessit a de int erm ediação
do legislador para surt ir efeit o nas relações privadas.
I t e m e r r a do.

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4 . ( CESPE/ ACE/ D I REI TO/ TCE/ AC/ 2 0 0 9 ) No


con st it u cion a lism o, a e x ist ê n cia de discr im in a çõe s posit iva s
igu a la m a t e r ia lm e n t e os de sigu a is.
Um a das m aneiras de concret izar a igu a lda de m a t e r ia l é a adoção
das cham adas polít icas afirm at ivas ou ações afirm at ivas, com o por
exem plo, as quot as em universidades públicas para cert as m inorias
t radicionalm ent e em sit uação de vulnerabilidade social.
A prot eção do m ercado de t rabalho da m ulher ( art . 7º , inciso XX) é
out ro exem plo de discr im in a çã o posit iva da CF/ 88.
I t e m ce r t o.

5 . ( CESPE/ AN ALI STA JURÍ D I CO/ CBM D F/ 2 0 0 7 ) En qu a n t o os


dir e it os de pr im e ir a ge r a çã o ( civis e polít icos) — qu e
com pr e e nde m a s libe r da de s clá ssica s, n e ga t iva s ou for m a is
— r e a lça m o pr in cípio da libe r da de , os dir e it os de se gu n da
ge r a çã o ( e con ôm icos, socia is e cu lt u r a is) — qu e se
ide n t ifica m com a s libe r da de s posit iva s, r e a is ou con cr e t a s
— a ce n t u a m o pr in cípio da igu a lda de .
Os direit os de prim eira geração, t am bém denom inados de
“ negat ivos” , prot egem o indivíduo cont ra a int erferência indevida do
Est ado na esfera privada, além de exigirem dos governos a prot eção
à libe r da de , à propriedade e à vida. Os direit os de segunda geração,
dit os “ posit ivos” exigem um a at uação com issiva do Est ado de ordem
a assegurar um a igu a lda de m at erial ent re os cidadãos.
Cuidado! O Cespe j á cobrou essa m esm a quest ão apenas invert endo
os t erm os “ igualdade” e “ liberdade” , o que t ornaria a assert iva, é
claro, incorret a.
I t e m cor r e t o.

6 . ( CESPE/ OFI CI AL D E I N TELI GÊN CI A/ D I REI TO/ ABI N / 2 0 1 0 )


Em bor a se sa lie n t e , n a s ga r a n t ia s fu n da m e n t a is, o ca r á t e r
in st r u m e n t a l de pr ot e çã o a dir e it os, t a is ga r a n t ia s t a m bé m
sã o dir e it os, pois se r e ve la m n a fa cu lda de dos cida dã os de
e x igir dos pode r e s pú blicos a pr ot e çã o de ou t r os dir e it os,

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ou n o r e con h e cim e n t o dos m e ios pr oce ssu a is a de qu a dos a


e ssa fin a lida de .
Quest ão bast ant e dout rinária, t ípica do Cespe. As garant ias
const it ucionais são direit os assecurat órios dos direit os individuais e
colet ivos fundam ent ais, cat alogados ou não no capít ulo próprio da
Const it uição.
Assim , o Mandado de segurança individual e colet ivo, o m andado de
inj unção individual e colet ivo, o habeas dat a, o habeas corpus,
const it uem t odos garant ias ou “ direit os” ou m eios processuais
dest inados a assegurar o reconhecim ent o de um direit o fundam ent al
legít im o.
I t e m ce r t o.

7 . ( CESPE/ AD VOGAD O/ CESAN / 2 0 0 5 ) O pr oce sso de


a fir m a çã o dos dir e it os fu n da m e n t a is de se gu n da ge r a çã o
in iciou - se n o sé cu lo XI X e int e n sificou - se n o sé cu lo XX por
m e io da posit iva çã o dos dir e it os cole t ivos e socia is. O pa pe l
do Est a do, a gor a , é o de ga r a n t ir e im ple m e n t a r e sse s
dir e it os, in t e r fe r in do, se n e ce ssá r io, n o dom ín io e con ôm ico.
Esse é o t ipo de quest ão dout rinária que não se alt era
subst ancialm ent e com o t em po ou com a j urisprudência. Port ant o,
você pode resolver quest ões m ais ant igas sem m aiores receios.
Diversos disposit ivos const it ucionais prevêem a possibilidade de
int ervenção do Est ado no dom ínio econôm ico, com o form a de
assegurar a defesa do int eresse público e dos direit os fundam ent ais
de segunda geração, sociais, de at uação posit iva. Dent re eles, as
rest rições ao direit o de propriedade, a de sa pr opr ia çã o, a
r e qu isiçã o de bens, a ocu pa çã o pr ovisór ia e o con fisco.
I t e m ce r t o.

8 . ( CESPE/ AN ALI STA JURÍ D I CO/ CM BD F/ 2 0 0 7 ) H á , n o sist e m a


con st it u cion a l br a sile ir o, dir e it os e ga r a n t ia s qu e se
r e ve st e m de ca r á t e r a bsolu t o, e qu e n ã o e st ã o su j e it os a
m e dida s r e st r it iva s por pa r t e dos ór gã os e st a t a is, a in da qu e
r e spe it a dos os t e r m os e st a be le cidos pe la pr ópr ia
Con st it u içã o.

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Conform e vim os, não exist em direit os e garant ias de carát er


absolut o, podendo t odos serem relat ivizados de acordo com a
ponderação dos bens j urídicos em disput a e os princípios de
int erpret ação const it ucional.
I t e m e r r a do.

9 . ( CESPE/ AN ALI STA AD M I N I STRATI VO/ STF/ 2 0 0 8 ) Todos os


dir e it os e ga r a n t ia s fu n da m e n t a is pr e vist os n a CF for a m
in se r idos n o r ol da s clá u su la s pé t r e a s.
Vim os que apenas os direit os e garant ias individuais, const ant es do
art . 5º , bem com o out ros dispersos no t ext o const it ucional, é que
est ão cobert os pelo m ant o de cláusula pét rea.
I t e m e r r a do.

1 0 . ( CESPE/ CON TROLE I N TERN O/ TJD FT/ 2 0 0 8 ) Os dir e it os e


ga r a n t ia s in dividu a is sã o a r r ola dos com o clá u su la pé t r e a ,
de for m a qu e n ã o se a dm it ir á pr opost a de e m e n da qu e
possa , de qu a lqu e r for m a , lim it a r e sse s dir e it os.
Apesar de est arem cobert os pela prot eção de cláusulas pét reas os
direit os e garant ias individuais podem sim sofrer rest rições. Essas
rest rições, ent ret ant o, não poderão descaract erizá- los a pont o de
const it uírem - se em verdadeiras revogações de t ais direit os. Esse
aspect o relaciona- se à t eoria dos lim it es dos lim it es, que pode ser
assim resum ida:
I ) não exist em direit os e garant ias fundam ent ais de nat ureza
absolut a;
I I ) logo, o legislador ordinário pode im por lim it es ao exercício desses
direit os e garant ias;
I I I ) t odavia, o poder de a lei im por lim it es ao exercício de direit os e
garant ias const it ucionais não é ilim it ado, pois deverá ser respeit ado o
núcleo essencial desses inst it ut os, em conform idade ainda com o
princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade - que exige
necessidade, adequação e proporcionalidade est rit a da rest rição
im post a.
I t e m e r r a do.

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1 1 . ( CESPE/ AD M I N I STRAD OR/ TJD FT/ 2 0 0 8 ) Os dir e it os e


ga r a n t ia s fu n da m e n t a is pr e vist os n a Con st it u içã o Fe de r a l
de 1 9 8 8 n ã o com por t a m qu a lqu e r gr a u de r e st r içã o, j á qu e
sã o con side r a dos clá u su la s pé t r e a s.
Não est ão t odos os direit os e garant ias fundam ent ais im unizados com
o rót ulo de cláusulas pét reas, apenas os de índole individual.
De out ra sort e, m esm o est es poderão sofrer rest rições por part e do
const it uint e derivado ou m esm o por part e do legislador ordinário.
Perceba, nest a sequência, com o as quest ões se repet em com
pequenas alt erações de form a ou de ordem dos cont eúdos
apresent ados. Mais um a vez, reforçam os a im port ância de você
resolver o m aior núm ero possível de quest ões de provas ant eriores.
I t e m e r r a do.

2 – D ir e it os Fu n da m e n t a is n a e spé cie

Diversos princípios inform am os direit os e garant ias


fundam ent ais especificados na Const it uição. I rem os aqui abordar os
de m aior cont rovérsia e por isso m esm o m ais cobrados em concurso,
alguns deles inclusive j á discut idos ant eriorm ent e.

2 .1 – Pr in cípio da Ra zoa bilida de / Pr opor ciona lida de

Além de ser, com o vim os na aula inaugural, um princípio de


int erpret ação da Const it uição Federal e inst rum ent o de cont role de
const it ucionalidade, o princípio da razoabilidade est á im plícit o no
t ext o const it ucional.

O inciso LXXVI I I do art . 5º , t raz a palavra “ razoável” , m as não


no sent ido de razoabilidade e sim no de ce le r ida de pr oce ssu a l,
relat iva à razoável duração do processo, sej a j udicial, sej a
adm inist rat ivo.

Com ent am os logo acim a a respeit o da t eoria dos lim it es dos


lim it es, a qual preconiza que leis rest rit ivas de direit os const it ucionais

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enfrent am um a barreira, que é j ust am ent e o princípio da


razoabilidade.

Mesm o sendo um princípio im plícit o, necessit a, com o condição


para sua aplicação, de respaldo da Const it uição Federal. E, nesse
sent ido, o STF firm ou ent endim ent o de que sua guarida est á no inciso
LI V do Art . 5º da CF, que est abelece o princípio do de vido pr oce sso
le ga l, em seu sent ido m a t e r ia l ou su bst a n t ivo ( ninguém será
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal) .

Ent ret ant o, não bast a a observância aos procedim ent os


est abelecidos na Const it uição e nas leis processuais respect ivas, as
lim it ações im post as aos direit os fundam ent ais devem ser r a zoá ve is
e não podem ferir o núcleo essencial do direit o em foco.

At enção: O princípio da r a zoa bilida de exige das leis rest rit ivas
de direit o:
Î Respeit o ao núcleo essencial do Direit o Const it ucional;
Î Necessidade;
Î Adequação;
Î Proporcionalidade est rit a.

É m uit o com um , em quest ões de concurso, aparecer o t erm o


pr opor cion a lida de com o sendo o princípio da razoabilidade, sendo
que na verdade, aquela é um requisit o dest a.
Com relação ao princípio do devido processo legal, em suas
dim ensões m at erial e form al, é convenient e apresent arm os um m apa
m ent al resum ido que ut ilizo em m inhas aulas presenciais:

Vam os resolver, agora, algum as quest ões do CESPE.


1 2 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD I CI ÁRI O/ TRE M T/ 2 0 1 0 ) A O
dir e it o à du r a çã o r a zoá ve l do pr oce sso, t a n t o n o â m bit o
j u dicia l qu a n t o n o â m bit o a dm in ist r a t ivo, é u m dir e it o
fu n da m e n t a l pr e vist o e x pr e ssa m e n t e n a CF.
Com o vim os, o princípio da razoabilidade/ proporcionalidade, apesar
de não explícit o na Const it uição, m anifest a- se por int erm édio de

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out ros princípios e garant ias, com o essa, da razoável duração do


processo, previst o no art . 5º , LXXVI I I .
I t e m ce r t o.

1 3 . ( CESPE/ AN ALI STA AD M I N I STRATI VO/ STF/ 2 0 0 8 ) Os


pr in cípios da r a zoa bilida de e da pr opor cion a lida de e st ã o
pr e vist os de for m a e x pr e ssa n a CF.
Tais princípios est ão previst os im plicit am ent e na Const it uição Federal,
conform e expusem os. O conceit o de razoável duração do processo,
const ant e do inciso LXXVI I I do art . 5º , diz respeit o ao princípio da
celeridade processual. Ent ret ant o, t ais princípios est ão previst os de
form a expressa na Lei nº 9.784/ 99.
I t e m e r r a do.

1 4 . ( CESPE/ ESCRI VÃO D E POLÍ CI A/ SGA/ AC/ 2 0 0 8 ) O u so de


a lge m a s, a pe sa r de n ã o e st a r e x pr e ssa m e n t e pr e vist o n a
Con st it u içã o ou e m le i, t e m com o ba liza m e n t o j u r ídico os
pr in cípios da pr opor cion a lida de e da r a zoa bilida de .
Decidiu o STF que, em honra aos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, o uso de algem as nos presos, m orm ent e em
sit uações de exposição na m ídia e quando o acusado não oferecer
perigo im inent e deverá ser rest rit o.
I t e m ce r t o.

2 .2 – Pr in cípio da I gu a lda de / I son om ia

Est á previst o expressam ent e no art . 5º , caput e inciso I . A


igualdade é a base fundam ent al do princípio republicano e do Est ado
Dem ocrát ico de Direit o. Dele decorrem inúm eros out ros princípios e
preceit os const it ucionais, t ais com o:
a) Proibição ao r a cism o ( art . 5º inciso XLI I ) ;
b) Proibição de dife r e n ça de salários, exercício de funções e
crit érios de adm issão por m ot ivo de sexo, cor ou est ado civil
( art . 7º , XXX) ;

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c) Exigência de prévia aprovação em con cu r so pú blico


para invest idura em cargo ou em prego público ( art . 37, I I ) ;
d) Princípio da ison om ia t r ibu t á r ia ( art . 150, I I ) .
I m port ant e ent endim ent o do STF a respeit o da aplicação desse
princípio, diz respeit o ao seu a lca n ce : prim eiram ent e at inge o
legislador ( igu a lda de n a le i) , que ao fixar norm as gerais abst rat as,
ao inovar no m undo j urídico, não poderá elaborar leis desarrazoadas.
Post eriorm ent e, o princípio da igualdade obriga o aplicador da
lei ( igu a lda de pe r a n t e a le i) , ou sej a, o Est ado- Juiz e o Est ado-
Adm inist rador, que ao aplicar as norm as aos casos concret os, não
poderão est abelecer t rat am ent o ant i isonôm ico.
Em t erceiro lugar, o princípio da igualdade alcança igualm ent e
os part iculares ( igu a lda de n a s r e la çõe s h or izon t a is) , em seus
negócios privados.
Out ro ent endim ent o do STF preconiza que o princípio da
isonom ia não aut oriza o Poder Judiciário a est ender vant agem a
indivíduos não cont em plados pela lei. Por exem plo, um a lei concede
um a cert a vant agem a um a cat egoria X de servidores; se a lei não
out orgou essa vant agem à cat egoria Y, ainda que t ais servidores
est ej am em isonom ia com os da cat egoria X ( em t erm os de regim e
j urídico, funções e cargos) não poderá o Judiciário est endê- la apenas
por considerar esse t rat am ent o m ais isonôm ico.
Um a t erceira corrent e j urisprudencial do nosso Suprem o
Tribunal afirm a que dist inções de sexo, idade ou alt ura para exercício
de cargos públicos são perfeit am ent e const it ucionais, desde que
pr e vist a s e m le i e não em edit al, e desde que haj a razoabilidade no
est abelecim ent o de requisit os para a invest idura nesses cargos.
Exem plos são o de rest rições para o sexo m asculino para cargos de
agent es de penit enciárias fem ininas, lim it e de idade para ingresso em
força policial ou bom beiros.
Vej a est as quest ões do CESPE sobre o princípio da igualdade:
1 5 . ( CESPE/ ACE/ D I REI TO/ TCE/ AC/ 2 0 0 9 ) A j u r ispr u dê n cia
do STF fir m ou e n t e n dim e n t o n o se n t ido de qu e n ã o a fr on t a
o pr in cípio da ison om ia a a doçã o de cr it é r ios dist in t os pa r a
a pr om oçã o de in t e gr a n t e s do cor po fe m in in o e m a scu lin o
da Ae r on á u t ica .

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De fat o, o STF assent ou orient ação no sent ido de que a previsão de


crit érios de prom oção diferenciados para m ilit ares dos sexo m asculino
e fem inino não ofende o post ulado const it ucional da isonom ia,
observadas as at ribuições e nat ureza de cada cargo ( AR 2033/ 2006) .
I t e m ce r t o.

1 6 . ( CESPE/ ACE/ D I REI TO/ TCE/ AC/ 2 0 0 9 ) A j u r ispr u dê n cia


do STF fir m ou - se n o se n t ido de qu e a n or m a con st it u ciona l
qu e pr oíbe t r a t a m e n t o n or m a t ivo discr im in a t ór io, e m r a zã o
da ida de , pa r a e fe it o de in gr e sso n o se r viço pú blico, se
r e ve st e de ca r á t e r a bsolu t o, se n do ile gít im a , em
con se qu ê n cia , a e st ipu la çã o de e x igê n cia de or de m e t á r ia ,
a in da qu a n do e st a de cor r e r da n a t u r e za e do con t e ú do
ocu pa cion a l do ca r go pú blico a se r pr ovido.
Ao cont rário, o STF ent ende perfeit am ent e legít im a a dist inção em
razão da idade, para efeit o de ingresso no serviço público, desde que
t al diferenciação decorra da nat ureza e do cont eúdo ocupacional do
cargo público a ser provido.
I t e m e r r a do.

2 .3 – Pr in cípio da Le ga lida de x Re se r va Le ga l

O princípio da le ga lida de , t am bém cham ado de le ga lida de


a m pla , não se confunde com o princípio da le ga lida de pa r a o se t or
pú blico, t am pouco com o princípio da r e se r va le ga l ou le ga lida de
e st r it a .
O princípio da le ga lida de a m pla , enunciado em sua versão
m ais genérica no art . 5º , I I , prescreve que ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer algum a coisa senão em virt ude de lei. Lei
aqui ent enda- se t ant o a lei em sent ido form al, aprovada pelo
processo legislat ivo das leis, com o at os com força de lei e at os
adm inist rat ivos expedidos nos lim it es da lei ( resoluções, port arias,
decret os) . Lei aqui est á no sent ido lat o senso, de norm a j urídica.
Já o princípio da r e se r va le ga l exige a edição de lei em sent ido
est rit o, com o por exem plo, a exigência de lei para est abelecim ent o

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das hipót eses de int ercept ação t elefônica para fins de invest igação
crim inal ou inst rução processual penal ( art . 5º , XI I ) ; a exigência de
lei para fixação da rem uneração dos servidores do poder execut ivo
( art . 37, X) .
O princípio da le ga lida de pa r a o se t or pú blico assum e um a
out ra conot ação, na m edida em que, se para o part icular é perm it ido
fazer t udo o que a lei não proíba, para o adm inist rador público é
defeso ( proibido) agir sem respaldo expresso da lei.
Trat ando agora das nom enclat uras com um ent e present es em
concursos, o princípio da legalidade ou legalidade am pla abrange um
núm ero m aior de m at érias const it ucionais, possuindo, port ant o, um a
m aior abrangência. Já o princípio da legalidade est rit a ou reserva
legal abrange um m enor núm ero de m at érias, m as com m aior
cont eúdo, im port ância, m aior garant ia frent e ao Est ado, sendo
pacífico considerar que est e princípio possui um a m aior densidade.
Em resum o, t em os as seguint es caract eríst icas para os
princípios da legalidade e da reserva legal:

LEGALI D AD E RESERVA LEGAL

O vocábulo “ Lei” é em pregado O vocábulo “ Lei” é em pregado em


em sent ido “ am plo” ( norm a sent ido “ est rit o” ( est rit o senso)
j urídica)

Adm it e lei e t am bém at os Só adm it e lei ou at o com força de


adm inist rat ivos expedidos nos lei ( exem plo: m edida provisória)
lim it es dest a

Alcance m ais am plo Alcance m enos am plo

Menor densidade ( garant ia) Maior densidade ( garant ia)

At ent e para est as quest ões do CESPE:


1 7 . ( CESPE/ OFI CI AL DE I N TELI G./ D I REI TO/ ABI N / 2 0 1 0 )
pr e ce it o con st it u cion a l que e st a be le ce qu e n in gu é m é
obr iga do a fa ze r ou de ix a r de fa ze r a lgu m a coisa se n ã o e m
vir t u de de le i ve icu la a n oçã o ge n é r ica do pr in cípio da
le ga lida de .

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Aqui, o vocábulo “ lei” est á em pregado em sent ido am plo ou


genérico, com alcance m aior e densidade m enor. Difere da legalidade
aplicada aos agent es públicos ( Adm inist ração Pública) e daquela
incident e sobre m at érias para as quais a Const it uição exige o
em prego de lei em sent ido est rit o ( legalidade est rit a) .
Trat a- se, port ant o, da idéia de legalidade em sent ido am plo,
previst a no art . 5º , I I , da CF/ 88.
I t e m ce r t o.

1 8 . ( CESPE/ AD VOGAD O D A UN I ÃO/ AGU/ 2 0 0 6 ) O pr in cípio


da r e se r va le ga l e qu iva le a o pr in cípio da le ga lida de n a
m e dida e m qu e qu a lqu e r com a n do j u r ídico qu e obr igu e
de t e r m in a da condu t a de ve pr ovir de u m a da s e spé cie s
pr e vist a s n o pr oce sso le gisla t ivo.
I t e m e r r a do. Conform e vim os, a dout rina dist ingue o princípio
da legalidade ( m ais am plo e m enos denso) do princípio da reserva
legal ( m ais est rit o e de m aior densidade) . Quando a Const it uição
est abelece que cert a m at éria subm et e- se ao princípio da legalidade,
significa que poderá ser disciplinada em lei ou at os adm inist rat ivos
expedidos com fundam ent o na lei ( decret os, por exem plo) .
Est abelece- se, assim , que o princípio da legalidade est á m at erializado
no inciso I I do art . 5º , o qual est abelece que “ ninguém será obrigado
a fazer ou deixar de fazer algum a coisa senão em virt ude de lei” , lei
aqui em pregada em sent ido am plo. Por isso se diz que o princípio da
legalidade t em m aior alcance ( abrange um a m aior núm ero de
m at érias const it ucionais) e m enor densidade ( pois pode ser sat isfeit o
não som ent e por lei, m as t am bém pela expedição de at os
adm inist rat ivos) .
Por oport uno, cabe aqui t am bém fazer um a dist inção ent re le i
em se n t ido for m a l e lei em se n t ido m a t e r ia l.
O princípio da reserva legal exige a edição de lei em se n t ido
for m a l, ou sej a, a norm a que obedeceu ao processo legislat ivo de
elaboração das le is or diná r ia s, m e dida s pr ovisór ia s, le is
de le ga da s ou le is com ple m e n t a r e s e que assum iu a form a dessas
espécies legislat ivas.

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Ent ret ant o, pode acont ecer que a m at éria t rat ada nessa lei não
t enha carát er m a t e r ia l, que pode ser resum ido na expressão do
quadro:

GI A – Geral, I m pessoal e Abst rat a:


Ge r a l: vale para t odas as sit uações abrangidas pela lei;
I m pe ssoa l: vale para t odos, que deverão se subm et er ao com ando
legal;
Abst r a t a : carát er de abst ração, não para um caso concret o
específico e vale para sem pre, at é que out ra lei a revogue.

Ora, det erm inadas m at érias, por não at enderem a esses


requisit os, não possuem esse carát er GI A, no ent ender do Suprem o
Tribunal Federal, const it uindo- se em verdadeiros at os
adm inist rat ivos, não sendo, port ant o, lei em se n t ido m a t e r ia l. Qual
a relevância dessa dist inção? Essas leis, por exem plo, não poderão
ser at acadas pela via de ação de inconst it ucionalidade, m as sim por
m a n da do de se gu r a n ça .
Ent ão:
Î Le i e m se n t ido for m a l: que passou pelo devido processo
legislat ivo;
Î Le i e m se n t ido m a t e r ia l: que possui as caract eríst icas de
generalidade, im pessoalidade e abst ração, independent em ent e
de t er sido form ulada no âm bit o do processo legislat ivo
ordinário.

2 .4 – I n viola bilida de da s cor r e spon dê n cia s e com u n ica çõe s


( a r t . 5 º , XI I )

Trat a- se de um inciso m uit o valorizado pelas bancas, cobrado


bast ant e pelo CESPE e com fart a j urisprudência recent e. Prescreve o
inciso ser inviolável o sigilo da correspondência e das com unicações
t elegráficas, de dados e das com unicações t elefônicas, salvo, n o
ú lt im o ca so ( das com u n ica çõe s t e le fôn ica s) por or de m j u dicia l,
nas hipót eses e na form a que a lei est abelecer para fins de
invest igação crim inal ou inst rução processual penal.

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Pr of. Je a n Cla u de O` D on n e ll

Poderíam os ser forçados a acredit ar que o sigilo das


correspondências t eria nat ureza absolut a. Com o vim os, n ã o e x ist e m
diret os e garant ias fundam ent ais de n a t u r e za a bsolu t a . Ent ret ant o,
vim os que a própria Const it uição Federal prevê lim it ações, além de
out ras, do sigilo de correspondência, em caso de Est ado de Defesa
( art . 136) e Est ado de Sít io ( art . 139) , por part e da própria
aut oridade adm inist rat iva.
Bom , a Const it uição previu expressam ent e apenas a
possibilidade da violação das com unicações t elefônicas, pois são as
únicas que não deixam rast ro, regist ros. Não exist e m ais a
possibilidade j urídica de gravação e arm anezam ent o desse t ipo de
com unicação por part e das operadoras de t elefonia. As dem ais
deixam regist ros – cart as, e- m ails.
Exist em m ecanism os legais, hoj e, que possibilit am a
int ercept ação das com unicações t elefônicas ou t elem át icas ( t elex,
fax) . O requisit o básico para quebra de sigilo t elefônico é a ordem
j udicial, sendo m at éria suj eit a à cham ada reserva de j urisdição.
Out ro requisit o são as hipót eses e a form a aut orizadas em lei,
no caso, a Lei 9.296/ 96, que regulam ent a a m at éria. Só pode ser
ut ilizada para processos cuj o desfecho culm ine em pena privat iva de
liberdade na m odalidade de reclusão, e quando a m edida m ost rar- se
indispensável à invest igação.
Não é albergada, pois, a int ercept ação das com unicações
t elefônicas, no âm bit o de pr oce ssos a dm in ist r a t ivos ou cíve is.
Não há possibilidade, por exem plo, que num curso de procedim ent o
de separação j udicial ou divórcio, um dos cônj uges solicit e ao
m agist rado a aut orização para escut a t elefônica do consort e, com o
int uit o de com provar de infidelidade conj ugal.
Ent ret ant o, isso não im pede o uso em prest ado de provas, ou
sej a, se no curso da invest igação penal surj a fat o envolvendo
servidor público, as provas ligadas à int ercept ação t elefônica poderão
ser ut ilizadas para punição do servidor, no âm bit o de processo
adm inist rat ivo disciplinar, ou, ainda, no âm bit o de processo civil de
im probidade adm inist rat iva, m as apenas com o pr ova e m pr e st a da ,
nunca com o font e ou prova aut ônom a em processo civil ou
adm inist rat ivo. Ou sej a, deve haver cone x ã o ent re as inst âncias.

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Agora, at enção! A j urisprudência do STF assent ou


ent endim ent o no sent ido de que present es sit uações excludent es da
a n t ij u r idicida de ( t ais com o legít im a defesa, est ado de necessidade) ,
a gravação poderá ser realizada validam ent e se m n e ce ssida de de
a u t or iza çã o j u dicia l.
Exem plo t ípico é a cham ada gravação de conversa, inclusive
am bient al, por um dos int erlocut ores, sem o consent im ent o ou
conhecim ent o por part e do out ro. Em regra essa gravação é ilícit a,
por ofensa à privacidade ou à int im idade ( Art . 5º , X) . Ent ret ant o, a
gravação const it uirá prova lícit a se um dos com unicant es est iver em
sit uação de legít im a defesa ( am eaça, chant agem , coação) .
Tam bém possível, nesse caso, a gravação de conversa realizada
por t erceiro, t am bém apenas se for ut ilizada em legít im a defesa de
um dos int erlocut ores, que poderá est ar sendo vít im a de um a
invest ida crim inosa.
Vale lem brar t am bém que Com issã o Pa r la m e n t a r de
I n qu é r it o ( CPI ) não t em com pet ência para det erm inar a
int ercept ação t elefônica, m as apenas e t ão som ent e a quebra dos
regist ros t elefônicos – quem ligou para quem , duração das cham adas,
dat a e hora.
Caso ocorra, no curso da invest igação crim inal, a descobert a
fort uit a ( acident al) de crim e punível com det enção, a ut ilização da
prova decorrent e de int ercept ação dependerá da conexão daquele
crim e com out ro, punível com pena de reclusão.
É im port ant e lem brar que a inviolabilidade das com unicações
refere- se ao t rânsit o, à com unicação em si e não aos dados
arm azenados. Assim , pode ser aut orizado, no âm bit o de processo
cível, por exem plo, m andado de busca e apreensão de com put adores
e fax cont endo inform ações passíveis de ut ilização com o prova de
ilícit os
Quant o às prorrogações do prazo de int ercept ação, a Lei
9.296/ 96 só perm it ia que o m agist rado aut orizasse por 15 dias
prorrogáveis por m ais 15 dias. Ent ret ant o, o STF aut orizou
prorrogações sucessivas, desde fundam ent adas e solicit adas ao j uízo
com pet ent e.

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Todas as int ercept ações deverão ser obrigat oriam ent e


degravadas e reduzidas a t erm o ( t ranscrit as) , e som ent e aquelas
part es ou t rechos im pr e scin díve is à in ve st iga çã o. Conversas
fam iliares, ínt im as ou que não digam respeit o ao processo não
deverão const ar das degravações e não serão consideradas com o
evidências no processo.
Dê um a olhada nest as quest ões do CESPE:

1 9 . ( CESPE/ JUI Z D O TRABALH O/ TRT 1 ª REGI ÃO/ 2 0 1 1 )


Em bor a a CF a dm it a a de cr e t a çã o, pe la a ut or ida de j u dicia l,
da in t e r ce pt a çã o t e le fôn ica pa r a fin s de in ve st iga çã o
cr im in a l ou in st r u çã o pr oce ssu a l pe n a l, é possíve l a
u t iliza çã o da s gr a va çõe s no pr oce sso civil ou
a dm in ist r a t ivo, com o pr ova e m pr e st a da .
A int ercept ação t elefônica não poderá ser det erm inada j udicialm ent e
no âm bit o de processos cíveis ou adm inist rat ivos, m as a ut ilização
das degravações efet uadas poderá ser ut ilizada com o “ prova
em prest ada” , havendo conexão ent re o processo crim inal que deu
origem à int ercept ação e os dem ais processos .
I t e m ce r t o.

2 0 . ( CESPE- TFCE- TCU- 2 0 0 9 ) Adm it e - se a qu e br a do sigilo


da s com u n ica çõe s t e le fôn ica s, por de cisã o j udicia l, n a s
h ipót e se s e n a for m a qu e a le i e st a be le ce r , pa r a fin s de
in ve st iga çã o cr im in a l ou a dm in ist r a t iva .
As hipót eses de quebra de sigilo das com unicações t elefônicas, por
decisão j udicial, na form a da lei, são as de invest igação crim inal ou
in st r u çã o pr oce ssu a l pe n a l.
Ent ret ant o, é possível a ut ilização das degravações lavradas a t erm o
nos processos adm inist rat ivos ou cíveis que possuam conexão com o
processo crim inal ( principal) , na form a de prova e m pr e st a da .
Ent ret ant o, a quest ão abrangeu a possibilidade da quebra de sigilo
em esferas independent es, não especificando as hipót eses, o que a
t orna falsa.
I t e m e r r a do.

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21. ( CESPE/ AN ALI STA AD M I N I STRATI VO/ STF/ 2 0 0 8 ) Ape sa r


de a CF a fir m a r ca t e gor ica m e n t e qu e o sigilo da
cor r e spon dê n cia é in violá ve l, a dm it e - se a su a lim it a çã o
in fr a con st it u cion a l, qu a n do se a bor da r out r o in t e r e sse de
igu a l ou m a ior r e le vâ n cia , do qu e o pr e vist o n a CF.

Com o j á assent am os, não exist em direit os e garant ias de nat ureza
absolut a. Dessa form a, t ais regalias não podem ser ut ilizadas para
acobert ar prát icas delit uosas.

Há j ulgados do STF que aut orizam , com fundam ent o em razões de


segurança pública, de disciplina prisional ou de prevenção da ordem
j urídica, a int ercept ação de correspondência rem et ida pelos
sent enciados, por part e da adm inist ração penit enciária, eis que a
cláusula da inviolabilidade do sigilo epist olar ( de correspondência)
não pode const it uir- se em inst rum ent o de salvaguarda de at ividades
crim inosas.

I t e m ce r t o.

2 2 . ( CESPE/ JUI Z D E D I REI TO SUBSTI TUTO/ TJ AC/ 2 0 0 7 ) A


in viola bilida de do sigilo de cor r e spon dê n cia , pr e vist a n a
Con st it u içã o Fe de r a l, a lca n ça , in clu sive , a a dm inist r a çã o
pe n it e n ciá r ia , a qu a l n ã o pode pr oce de r à in t e r ce pt a çã o da
cor r e spon dê n cia r e m e t ida pe los se n t e n cia dos.
É possível a quebra do sigilo de correspondência quando out ros
direit os fundam ent ais de igual ou m aior m agnit ude est iverem em
xeque.
Assim , o sigilo de correspondência não será oponível à violação de
correspondência direcionada a presídio com suspeit a de cont eúdo
nocivo ou proibido; t am bém poderá ser quebrado sigilo de
correspondência da fam ília do seqüest rado para o seqüest rador e
vice- versa. Ou sej a, o sigilo de correspondência não poderá ser
alegado para acobert ar at ividades ilícit as.
I t e m e r r a do.

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2 .5 – Libe r da de de Ex pr e ssã o ( a r t . 5 º , I V, V, I X e X I V)

Trat a- se de um direit o não absolut o, previst o no art . 5.°,


incisos I V, V, I X e XI V, t odos relacionados, diret a ou indiret am ent e,
ao direit o de liberdade de pensam ent o e de expressão.
Nos t erm os do inciso I V do art . 5.°, " é livre a m an ifest ação do
pensam ent o, sendo ve da do o a n on im a t o" . Trat a- se de regra sem
dest inat ários definidos, j á que qualquer pessoa, em principio, pode
m anifest ar o que pensa, desde que não o faça sob o m ant o do
anonim at o.
Trat a- se, port ant o, com o t odos os dem ais direit os e garant ias,
de um direit o não absolut o, j á que a proibição do anonim at o t em por
obj et ivo prot eger event uais dest inat ários da m anifest ação de j uízos
caluniosos, ofensivos ou depreciat ivos.
Com o decorrência dessa vedação, não é possível ainda, regra
geral, o acolhim ent o de denúncias anônim as, conform e j á confirm ado
em arest os do STF. Assent ou ainda a Suprem a Cort e a possibilidade
de ut ilização do h a be a s cor pu s para t r a n ca m e n t o de a çã o pe n a l,
por requisição do Minist ério Público, fundada unicam ent e em
de n ú n cia a n ôn im a .
A j ust ificat iva do Suprem o para t al ent endim ent o é que os
docum ent os apócrifos ofenderiam o princípio da dignidade da pessoa
hum ana, im possibilit ando o exercício do con t r a dit ór io e da a m pla
de fe sa , inviabilizando event ual indenização por danos m orais ou
m at eriais, cont rariando essas garant ias previst as nos incisos V e X do
art . 5º .
Ent ret ant o, ent ende a m esm a Cort e, ser possível a ut ilização
dos fat os colhidos na denúncia para a abert ura de in ve st iga çã o
a u t ôn om a , sej a por part e do Minist ério Público, sej a no âm bit o do
Tribunal de Cont as da União, quando ent ão poderão ser confirm ados
de per si as alegações t razidas pelo denunciant e, m as nunca a
ut ilização da denúncia ou das provas t razidas diret am ent e pelo
denunciant e anônim o, sob pena de nulidade do processo.
Merece ainda com ent ário o inciso XI V do art . 5º , no qual é
assegurado, a t odos o acesso à inform ação, resguardado o sigilo da
font e , quando necessário ao exercício profissional. Assim , um

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repórt er j ornalíst ico não est á obrigado a inform ar a font e de suas


evidências publicadas, no âm bit o de processo crim inal invest igat ório
de crim e cont ra o pat rim ônio público, por exem plo.
Vej a est a quest ão do CESPE sobre o t em a:

2 3 . ( CESPE/ D EFEN SOR PÚBLI CO/ D PU/ 2 0 1 0 ) Con for m e


e n t e n dim e n t o do STF, com ba se n o pr in cípio da ve da çã o do
a n on im a t o, os e scr it os a pócr ifos n ã o pode m j u st ifica r , por
si sós, de sde que isola da m e n t e con side r a dos, a im e dia t a
in st a u r a çã o da pe r se cu t io cr im in is, sa lvo qu a n do for e m
pr odu zidos pe lo a cu sa do, ou , a in da , qu a n do con st it u ír e m
e le s pr ópr ios o cor po de de lit o.
Escrit os apócrifos são os oriundos de denúncia não ident ificada ou
anônim a. Dessa form a, não poderão eles servir de fundam ent o para
iniciar o processo de persecução penal ou a inst auração da ação
penal, a cargo do Minist ério Público. A ressalva da quest ão diz
respeit o aos docum ent os ou provas produzidas pelo acusado.
I t e m ce r t o.

2 .6 – Libe r da de de cr e n ça r e ligiosa e con vicçã o polít ica e


filosófica ( a r t . 5 .°, VI , VI I , VI I I )

Solicit o sua at enção para nos at erm os aqui ao inciso VI I I :


“ ninguém será privado de direit os por m ot ivo de crença religiosa ou
de convicção filosófica ou polít ica, salvo se as invocar para exim ir- se
de obrigação legal a t odos im post a e recusar- se a cum prir prest ação
alt ernat iva, fixada em lei” .
Dessa form a, o disposit ivo em com ent o consagra o direit o à
denom inada “ escusa de consciência” , sendo que a conseqüência do
não cum prim ent o da prest ação alt ernat iva, est á no art . 15, I V:
“ Art . 15. É vedada a cassação de direit os polít icos, cuj a perda ou
suspensão só se dará nos casos de:
( ...)
I V - recusa de cum prir obrigação a t odos im post a ou prest ação
alt ernat iva, nos t erm os do art . 5º , VI I I ; ”

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Trat a- se de um a norm a const it ucional de eficácia cont ida,


porquant o a escusa de consciência é plenam ent e exeqüível, sem
conseqüências para o individuo, at é que se edit e a lei que est abeleça
quais as prest ações alt ernat ivas ao cum prim ent o de det erm inadas
obrigações.

2 .7 – I n viola bilida de da in t im ida de , da vida pr iva da , da h on r a


e da im a ge m da s pe ssoa s ( a r t . 5 º , X)

Prescreve o t ext o const it ucional que " são invioláveis a


int im idade, a vida privada, a honra e a im agem das pessoas,
assegurado o direit o à indenização pelo dano m at erial ou m oral
decorrent e de sua violação” .
Segundo o STF, para condenações por dano m oral, não se exige
a com provação de ofensa à reput ação do indivíduo, m as a m era
publicação não consent ida de fot ografias, escrit os ou out ros regist ros
desabonadores, que gerem desconfort o ou const rangim ent o, geram
para o lesado o direit o à reparação.
Est ão incluídas nessa prot eção t ant o as pessoas físicas quant o
j urídicas, e a expressão “ ou m oral” não é excludent e, ist o é, poderá
haver cum ulação de condenações. Para condenação em dano
m at erial, é indispensável a com provação da ocorrência do dano.
Em relações às ações civis de invest igação de pat ernidade, o
STF firm ou orient ação reconhecendo a im possibilidade de coação do
pai para realização do exam e de DNA, porque essa m edida im plicaria
ofensa a garant ias const it ucionais explicit as e im plícit as, com o a
preservação da dignidade hum ana e da int im idade, além da
inexecução específica e diret a da obrigação de fazer.
Agora, perceba que o sigilo bancário e fiscal, segundo firm e
ent endim ent o do STF, é espécie do gênero dir e it o à pr iva cida de ,
inerent e à personalidade das pessoas físicas e j urídicas, sob o
albergue, port ant o, do inciso X do art . 5º .
Não obst ant e, considerando a inexist ência de direit os e
garant ias absolut os em nosso ordenam ent o const it ucional, o próprio
Suprem o assent iu com algum as hipót eses de violação do referido

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sigilo bancário, observados os princípios da razoabilidade e da


legalidade.

ATEN ÇÃO! É possível a quebra do sigilo bancário som e nt e nas


seguint es hipót eses:
a) por de t e r m in a çã o j u dicia l;
b) pelo Pode r Le gisla t ivo, m ediant e aprovação do Plenário de suas
Casas, Com issões Parlam ent ares ou CPI ;
O STF firm ou ent endim ent o em dezem bro/ 2010 de que agent es do
fisco n ã o pode m m a is solicit ar inform ações bancárias às inst it uições
financeiras, m esm o com base na Lei Com plem ent ar nº 105/ 2001;
t am bém o M in ist é r io Pú blico, ainda que em procedim ent o
adm inist rat ivo visando à defesa do erário, n ã o pode det erm inar essa
quebra de sigilo.
O Suprem o asseverou, no j ulgado ( RE 389.808/ 2010) , que est ariam
envolvidas nessas sit uações a Su pr e m a cia da Con st it u içã o, o
pr im a do do Ju diciá r io e a pr e r r oga t iva de for o para o Órgão
j udicial com pet ent e.

Not e que TCU, aut oridades policiais, parlam ent ares ou o próprio
m inist ério público, quando não est iver na t ut ela de recursos do erário
não t êm com pet ência para det erm inar a quebra de sigilo bancário.
Observe est as quest ões:

2 4 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD I CI ÁRI O/ ÁREA JUD I CI ÁRI A/ TRE


BA/ 2 0 1 0 ) Os sigilos ba n cá r io e fisca l sã o con sa gr a dos com o
dir e it os in dividua is con st it ucion a lm e n t e pr ot e gidos qu e
pode m se r e x ce pcion a dos por or de m j u dicia l
fu n da m e n t a da . N e sse se n t ido, é vá lida a qu e br a de sigilo
ba n cá r io de m e m br os do Con gr e sso N a cion a l qu a n do
de cr e t a da por u m TRE e m in ve st iga çã o cr im in a l de st in a da à
a pu r a çã o de cr im e e le it or a l.
O STF j á deixou assent e que a com pet ência originária para processar
e j ulgar pa r la m e n t a r e s fe de r a is, em quaisquer delit os abrangidos
pelo t erm o “ crim e com um ” , inclusive os e le it or a is é do Suprem o

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Tribunal Federal, com fulcro no art . 102, I , “ b” da CF, que


est udarem os m ais adiant e.
Dessa form a, a garant ia da im unidade form al de parlam ent ar não
im pede a inst auração de inquérit o policial cont ra m em bro do
Legislat ivo, bem com o os at os de invest igação crim inal, desde que as
m edidas persecut órias sej am adot adas no âm bit o de procedim ent o
invest igat ório perant e o STF.
I t e m e r r a do.

2 5 . ( CESPE/ PROCURAD OR D O M UN I CÍ PI O/ ARACAJU/ 2 0 0 7 )


Adm it e - se a con du çã o coe r cit iva do r é u e m a çã o de
in ve st iga çã o de pa t e r n ida de pa r a qu e se j a su bm e t ido a
e x a m e de D N A, a fim de sa be r se é o pa i da cr ia n ça .
Conform e vim os acim a, a j urisprudência do STF não adm it e a coação
do possível pai para realizar o exam e de DNA. Tal negat iva do
possível genit or pesará, é cert o, em seu desfavor no processo civil de
invest igação, e a Just iça dispõe igualm ent e de out ros m eios para
evidenciar o liam e genét ico ou afet ivo ent re a criança e o réu.
I t e m e r r a do.

2 .8 – I n viola bilida de dom icilia r ( a r t . 5 º , XI )

Prevê o t ext o const it ucional que " a casa é asilo inviolável do


indivíduo, ninguém nela podendo penet rar sem consent im ent o do
m orador, salvo em caso de flagrant e delit o ou desast re, ou para
prest ar socorro, ou, durant e o dia, por det erm inação j udicial" .
Est a é a regra, e com o, sem pre, o que vale para o concurso é a
in t e r pr e t a çã o do STF para o inciso em com ent o. Nesse sent ido, o
conceit o de “ casa” abrange qualquer recint o, sej a de nat ureza
residencial, sej a de nat ureza profissional, perm anent e ou t em porária.
I ncluem - se aí, apart am ent os de hot el, casa de praia, consult ório
m édico, escrit ório de advocacia, inclusive loj as e est abelecim ent os
não franqueados ao público ( balcão, suport e, back- office) .

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D O I N SS – TEORI A E EXERCÍ CI OS
Pr of. Je a n Cla u de O` D on n e ll

A relevância dest e disposit ivo reside na ext inção do m andado


de busca e apreensão det erm inada por aut oridade adm inist rat iva –
policial, fazendária ou fiscal - , sem a devida aut orização j udicial.
Assim , não havendo consent im ent o dos propriet ários ou
possuidores, as aut oridades adm inist rat ivas fiscais, fazendárias,
t rabalhist as, sanit árias, am bient ais e congêneres, som ent e poderão
adent rar nas dependências dos adm inist rados se m unidos de ordem
j udicial aut orizat iva ( m andado j udicial de busca e apreensão) .
Ainda que diant e de fort es indícios de que, no int erior do
est abelecim ent o, haj a provas com probat órias da ocorrência de
ilícit os, se não houver consent im ent o, não poderá o agent e
adm inist rat ivo execut ar a busca e apreensão, sem aut orização do
Poder Judiciário.
Ent endim ent o recent e do STF, que j á est á sendo cobrado de
form a recorrent e nas provas, diz respeit o à possibilidade de ingresso
em recint o profissional prot egido pela inviolabilidade dom iciliar para
inst alação de equipam ent os de escut a am bient al, durant e a noit e,
desde que haj a ordem j udicial para t ant o, no caso concret o.
É que o STF adm it iu provim ent o j udicial ( oriundo de Minist ro do
próprio STF) que aut orizou o ingresso de aut oridade policial em
recint o profissional durant e a noit e, para o fim de inst alar
equipam ent os de capt ação acúst ica ( escut a am bient al) .
De início, observou- se que essa inst alação de equipam ent os de
escut a não poderia ser realizada com publicidade, cert o? Afinal de
cont as, ficaria frust rada sua finalidade.
No caso concret o, ponderaram - se os bens j urídicos em conflit o
e adm it iu- se o procedim ent o, t endo com o de fundo os valores da
prot eção à int im idade, à privacidade e da dignidade da pessoa
hum ana. Nesse sent ido, a inst alação de escut a am bient al em
escrit órios vazios não se suj eit aria est rit am ent e aos m esm os lim it es
da busca em dom icílios st rict o sensu ( em que haveria pessoas
habit ando) . Diant e disso, desde que exist ent e a aut orização j udicial,
poderia ser adm it ida essa at uação do Est ado, sej a para execução
durant e o dia, sej a para execução durant e a noit e.

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Pr of. Je a n Cla u de O` D on n e ll

E o que significa “ durant e o dia” ? Trat a- se de um crit ério


ast ronôm ico e não t em poral, m ot ivo pelo qual considera- se dia a
part ir de e enquant o o céu est iver claro.
Agora prest e at enção nest as quest ões do CESPE, que t rat aram
dest e assunt o.

2 6 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD ./ ÁREA JUD I CI ÁRI A/ STM / 2 0 1 1 )


O M in ist é r io Pú blico pode de t e r m in a r a viola çã o de u m
dom icílio pa r a r e a liza çã o de bu sca e a pr e e n sã o de obj e t os
qu e possa m se r vir de pr ova e m u m pr oce sso.
O Minist ério Público não é legit im ado para det erm inar a perquirição
dom iciliar para busca e apreensão de provas.
Trat a- se de m at éria cobert a pela cham ada “ r e se r va de j u r isdiçã o” ,
ou sej a, som ent e o j uiz pode det erm inar a m edida invasiva, com
fulcro no art . 5º , XI da CF, e durant e o dia.
I t e m e r r a do.

2 7 . ( CESPE/ TRT 17ª Re giã o/ An a list a / 2 0 0 9 ) Ca so um


e scr it ór io de a dvoca cia se j a in va dido, du r a n t e a n oit e , por
policia is, pa r a n e le se in st a la r e scu t a s a m bie n t a is,
or de n a da s pe la j u st iça , j á que o a dvoga do qu e a li t r a ba lh a
e st a r ia e n volvido e m or ga n iza çã o cr im in osa , a pr ova obt ida
se r á ilícit a , j á que a r e fe r ida diligê n cia n ã o foi fe it a du r a n t e
o dia .
Est a quest ão e as duas próxim as t rat am do m esm o j ulgado do STF,
que aut orizou o ingresso de aut oridade policial em recint o profissional
durant e a noit e, para o fim de inst alar equipam ent os de capt ação
acúst ica ( escut a am bient al) .
Nesse caso, as provas colet adas oriundas da escut a am bient al, são
perfeit am ent e lícit as.
Perceba com o cada decisão do STF provoca um a enxurrada de
quest ões no m esm o sent ido, em concursos diferent es!
I t e m e r r a do.

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2 8 . ( CESPE/ PROCURAD OR/ PGE/ AL2 0 0 9 ) O con ce it o


n or m a t ivo de ca sa é a br a n ge n t e ; a ssim , qu a lqu e r
com pa r t im e n t o pr iva do on de a lgu é m e x e r ce pr ofissã o ou
a t ivida de e st á pr ot e gido pe la in viola bilida de do dom icílio.
Ape sa r disso, h á a possibilida de de se in st a la r e scu t a
a m bie n t a l e m e scr it ór io de a dvoca cia que se j a u t iliza do
com o r e du t o pa r a a pr á t ica de cr im e s.
Vide com ent ários à quest ão 18.
I t e m ce r t o.

2 9 . ( CESPE/ ACE/ TCE/ TO/ 2 0 0 9 ) Um a dvoga do qu e e st e j a


se n do in ve st iga do por for m a çã o de qua dr ilh a e ou t r os
cr im e s n ã o pode r á sofr e r , e m se u e scr it ór io, u m a e scu t a
a m bie n t a l ca pt a da por gr a va dor in st a la do por for ça de
de cisã o j u dicia l, j á qu e t a l fa t o viola o pr in cípio de pr ot e çã o
do dom icílio.
Vide com ent ários à quest ão 18.
I t e m e r r a do.

3 0 . ( CESPE/ OFI CI AL D E I N TELI G./ D I REI TO/ ABI N / 2 0 1 0 ) O


e n t e n dim e n t o do dir e it o con st it u cion a l r e la t ivo à ca sa
a pr e se n t a m a ior a m plit u de qu e o do dir e it o pr iva do, de
m odo qu e ba r e s, r e st a u r a n t e s e e scr it ór ios, por e x e m plo,
sã o loca is a sse gur a dos pe lo dir e it o à in viola bilida de de
dom icílio.
Cuidado com a m aldade dest a quest ão! Um bar, rest aurant e ou
escrit ório som ent e serão considerados dom icílio para os seus
pr opr ie t á r ios ou sócios!
Não pense agora que se você est iver t om ando sua cervej a no bot eco
est ará prot egido pela inviolabilidade dom iciliar! A ext ensão do
conceit o de dom icílio aplica- se, nat uralm ent e, aos propriet ários do
recint o profissional. Mas a quest ão, m aldosam ent e, om it iu esse
“ det alhe” , o que t ornou a assert iva falsa!
I t e m e r r a do.

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3 1 . ( CESPE/ ACE/ TCU/ 2 0 0 9 ) O cu m pr im e n t o de m a n da do de


bu sca e a pr e e n sã o, e x pe dido pe la a ut or ida de j u dicia l
com pe t e n t e , pode r á ocor r e r a qu a lqu e r h or á r io do dia ,
in clu sive du r a n t e o pe r íodo n ot u r n o, m e sm o qu e n ã o h a j a o
con se n t im e n t o do m or a dor , t e n do e m vist a qu e a CF
e st a be le ce a lgu m a s e x ce çõe s a o pr in cípio da in viola bilida de
dom icilia r , e n t r e a s qu a is se in clu e m a s de t e r m in a çõe s do
Pode r Ju diciá r io.
Evident em ent e, o m andado j udicial de busca e apreensão só poderá
ser cum prido du r a n t e o dia , independent em ent e do consent im ent o
do m orador.
Ent ret ant o, os a ge n t e s do fisco, no exercício de suas at ribuições,
proceder à busca e apreensão de docum ent os ou inform ações
com probat órias de crim e fiscal, ainda que sem ordem j udicial, com
base na Lei Com plem ent ar 105/ 2001, havendo necessidade,
ent ret ant o, de con se n t im e n t o do propriet ário para adent rar no
est abelecim ent o.
Assim t em ent endido o STF, no sent ido de que o ingresso no
dom icílio, sem pre que necessário vencer a oposiçã o do m or a dor ,
passa a depender de aut orização j udicial prévia.
I t e m e r r a do.

3 2 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD ./ ÁREA AD M I N I STRATI VA/ TRE


ES/ 2 0 1 1 ) Se u m in divídu o, de pois de a ssa lt a r u m
e st a be le cim e n t o com e r cia l, for pe r se gu ido por policia is
m ilit a r e s e , n a t e n t a t iva de fu ga , e n t r a r e m ca sa de fa m ília
pa r a se e scon de r , os policia is e st ã o a u t or iz a dos a e n t r a r n a
r e sidê n cia e e fe t u a r a pr isã o, in de pe n de n t e m e n t e do
con se n t im e n t o dos m or a dor e s.
O art . 5º , XI da CF aut oriza a ent rada dom iciliar à revelia do m orador
ou propriet ário em caso de fla gr a n t e de lit o.
Com o o flagrant e é caract erizado at é 24h após o ocorrido, ent ão os
agent es policiais agiram dent ro da lei e da Const it uição.
I t e m ce r t o.

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2 .9 – Libe r da de do e x e r cício de ofício ou pr ofissã o ( a r t . 5 º ,


XI I I )

Prescreve o inciso const it ucional que " é livre o exercício de


qualquer t rabalho, ofício ou profissão, at endidas as qualificações
profissionais que a lei est abelecer" .
Trat a- se, aqui, de disposit ivo de e ficá cia con t ida , dot ado de
aplicabilidade im ediat a, porém suj eit o a rest rições est abelecidas pela
lei. Nesse sent ido, para que você exerça a profissão de analist a de
sist em as, j ornalist a, processador de dados ou profissional
com unicação e m arket ing não necessit a com provar a graduação em
curso superior específico ou est ar regist rado no órgão profissional
com pet ent e.
Já para exercer o ofício de m édico, odont ólogo ou advogado,
não poderá fazê- lo senão após cum prir as exigências legais e as
norm as expedidas pelas aut arquias profissionais que regulam ent am
essas profissões.

2 .1 0 – Libe r da de de Re u n iã o ( a r t . 5 º , XVI )

Det erm ina o t ext o const it ucional que " t odos podem reunir- se
pacificam ent e, sem arm as, em locais abert os ao publico,
independent em ent e de aut orização, desde que não frust rem out ra
reunião ant eriorm ent e convocada para o m esm o local, sendo apenas
exigido prévio aviso à aut oridade com pet ent e"
I m port ant e ressalt ar que o direit o de reunião, no Est ado
brasileiro, n ã o e x ige a u t or iza çã o pr é via , o que não se confunde
com a com u n ica çã o pr é via à aut oridade com pet ent e, no caso a
polícia m ilit ar, sem que haj a frust ração de out ra reunião m arcada
para o m esm o local.
Essa reunião poderá ser est át ica ou dinâm ica, um a passeat a,
um a reunião, um a m anifest ação, um a parada gay et c.
Para com bat er a frust ração ao direit o de reunião o rem édio
adequado não é o habeas corpus m as sim o m a n da do de
se gu r a n ça , rem édio const it ucional que irem os est udar m ais adiant e.
Vej a est a quest ão do Cespe:

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3 3 . ( CESPE/ AGEN TE PEN I TEN CI ÁRI O/ SECRETARI A DE


SEGURAN ÇA/ ES/ 2 0 0 9 ) I n de pe n de n t e m e n t e de a viso pr é vio
ou a u t or iza çã o do pode r pú blico, t odos pode m r e u n ir - se
pa cifica m e n t e , se m a r m a s, e m loca is a be r t os a o pú blico,
de sde qu e n ã o fr u st r e m ou t r a r e u n iã o a n t e r ior m e n t e
con voca da pa r a o m e sm o loca l.
Quest ão capciosa. A aut orização do poder público é dispensável m as
o a viso à a u t or ida de com pe t e n t e , norm alm ent e a polícia m ilit ar, é
im prescindível para assegurar a segurança ou não frust rar out ro
event o previst o para o m esm o local e horário, conform e m andam ent o
do art . 5º , XVI .
I t e m e r r a do.

2 .1 1 – Libe r da de de Associa çã o ( a r t . 5 º , XV I I a XX)

Dispõe a Const it uição Federal ser “ plena a liberdade de


associação para fins lícit os, vedadas as de carát er param ilit ar” ( inciso
XVI I ) , bem com o que “ a criação de associações e, na form a da lei, a
de cooperat ivas, independem de aut orização j udicial, sendo vedada a
int erferência est at al em seu funcionam ent o” ( inciso XVI I I ) .
Tal liberdade alcança apenas as associações criadas para fins
lícit os. Não poderão os cidadãos, port ant o, criar um a “ associação dos
consum idores de m aconha” , ou de “ com bat e arm ado ao sist em a que
est á aí” , sob pena de int erferência diret a ou dissolução com pulsória.
Aliás, t em a recorrent e e que confunde os candidat os diz
respeit o à suspensão das at ividades da associação e à sua dissolução
com pulsória. Suponha que as t orcidas organizadas da “ Mancha
Verde” e da “ Gaviões da Fiel” ent rem em conflit o e provoquem
pert urbação da ordem , agressões e m ort es.
O Minist ério Público poderá solicit ar e o j uiz deferir, a
suspensão das at ividades dessas agrem iações, m as a dissolução
com pulsória som ent e ocorrerá com o t rânsit o em j ulgado da decisão
( art . 5º , XI X) . Trânsit o em j ulgado é aquele relat ivo à decisão da qual
não caiba m ais recurso j udicial, a não ser ação rescisória, no prazo de
dois anos.

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Além disso, " ninguém poderá ser com pelido a associar- se ou a


perm anecer associado" ( inciso XX) , o que preconiza o livre direit o de
part icipar ou aderir, de se desligar ou de se dissolver
espont aneam ent e qualquer associação.
Vej a est a quest ão do Cespe:
3 4 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD I CI ÁRI O/ ÁREA JUD I CI ÁRI A/ TRE
ES/ 2 0 1 1 ) Um a a ssocia çã o j á con st it u ída som e n t e pode r á
se r com pu lsor ia m e n t e dissolvida m e dia n t e de cisã o j u dicia l
t r a n sit a da e m j u lga do, n a h ipót e se de t e r fin a lida de ilícit a .
É o que se depreende da leit ura do art . 5º , inciso XI X, bem com o do
ent endim ent o assent e do STF:
“ XI X - as associações só poderão ser com pulsoriam ent e dissolvidas
ou t er suas at ividades suspensas por decisão j udicial, exigindo- se, no
prim eiro caso, o t rânsit o em j ulgado; ”
I t e m ce r t o.

2 .1 2 – Re pr e se n t a çã o pr oce ssu a l ve r su s su bst it u içã o


pr oce ssu a l ( a r t . 5 .°, XXI e LXX; Ar t . 8 .°, I I I )

Dispõe o inciso XXI do art . 5º que as “ ent idades associat ivas,


quando e x pr e ssa m e n t e a u t or iza da s, t êm legit im idade para
r e pr e se n t a r seus filiados j udicial ou ext raj udicialm ent e” . Trat a- se,
aqui, da hipót ese de represent ação j udicial, na qual o t it ular do
direit o t em o direit o de out orgar expressam ent e a t erceiros,
represent ant es, que o represent em perant e o Poder Judiciário, na
defesa dos direit os do represent ado.
Em alguns casos, ent ret ant o, a Const it uição aut oriza a
det erm inadas pessoas j urídicas a denom inada legit im ação at iva
ext raordinária, o que caract eriza a cham ada subst it uição processual.
Nesses casos, o subst it ut o processual aj uíza a ação em seu nom e,
m as em defesa de um direit o alheio, do subst it uído. Nest a sit uação,
não é necessário que o subst it uído aut orize expressam ent e o
subst it ut o a aj uizar a ação.
Pelo inciso XXI , ent ão, para que um a associação represent e,
defenda o int eresse de seus associados, é necessária um a

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aut orização expressa. Já pelo inciso LXX, ocorre a hipót ese de


m a n da do de se gu r a n ça cole t ivo im pet rado por associação,
organização sindical ou ent idade de classe, obedecidos det erm inados
requisit os. Aqui, a Const it uição dispe n sou a a u t or iza çã o e x pr e ssa
dos associados, surgindo aqui, ent ão, a hipót ese de subst it uição
processual, bast ando que os est at ut os j urídicos das ent idades ali
referidas aut orizem a defesa do direit o pleit eado pelo subst it uído.
O STF firm ou posicionam ent o no sent ido de que a associação,
na defesa de int eresses de seus associados, pode se ut ilizar de duas
vias: a do m a n da do de se gu r a n ça cole t ivo ( art . 5º , LXX) ou
m ediant e quaisquer ou t r a s a çõe s adm inist rat ivas ou j udiciárias ( art .
5º , XXI ) . Na via do MS Colet ivo, ocorre a cham ada su bst it u içã o
pr oce ssu a l; j á na opção de out ras vias adm inist rat ivas ou j udiciais,
est aríam os diant e da r e pr e se n t a çã o j u dicia l. O quadro abaixo
resum e a dist inção.

Re pr e se n t a çã o Ju dicia l ( a r t . Su bst it u içã o Pr oce ssu a l ( Ar t .


5 º , XXI ) 5 º , LXX)

Desnecessidade de aut orização


Necessidade de aut orização expressa dos associados ( bast a
expressa dos associados aut orização genérica nos at os
const it ut ivos)

Defesa do direit o dos associados Defesa dos direit os dos


em out ras ações j udiciais ( que associados m ediant e im pet ração
não m ediant e im pet ração de de m andado de segurança
m andado de segurança colet ivo) colet ivo, nos t erm os do art . 5º ,
ou recursos adm inist rat ivos. LXX, da Const it uição

2 .1 3 – D ir e it o de Pr opr ie da de ( a r t . 5 .°, XXI I a XXVI e a r t . 1 7 0 ,


II e III)

A propriedade, com o m anifest ação de um direit o de prim eira


geração, encont ra- se consagrado no caput do art . 5º , ao lado de
out ros direit os individuais elem ent ares, e caract eriza o Brasil com o
est ado capit alist a.
Tam bém o inciso I I do art . 170 preconiza com o princípio
fundam ent al da ordem econôm ica a propriedade privada. Ent ret ant o,

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diant e do direit o const it ucional cont em porâneo, não se concebe m ais


a propriedade com o um direit o absolut o, caract eríst ico das
organizações liberais clássicas.
O próprio art . 170, no seu inciso I I I , est abelece que a
propriedade at enderá à sua função social. Dessa form a, não pode o
propriet ário de t erreno urbano m ant ê- lo não edificado ou
subut ilizado, sob pena de sanções adm inist rat ivas sucessivas ( art .
182, § 4º ) ; não pode o propriet ário de im óvel rural m ant ê- lo
im produt ivo ( art . 186) , sob pena de desapropriação.
O direit o de propriedade pode ceder, inclusive, quando for
necessária a t ut ela do int eresse público, com o nas hipót eses de
desapropriação por necessidade ou ut ilidade pública ( art . 5º , XXI V) ,
de requisição adm inist rat iva ( art . 5º , XXV) , de requisição em est ado
de sít io ( art . 139, VI I ) ou ainda, expropriação ou perda de bens ( art .
5º , XLVI , “ b” e art . 243) .
O direit o de propriedade consagra um a t ípica norm a de
e ficá cia con t ida , j á que o const it uint e regulou suficient em ent e os
int eresses relat ivos a essa m at éria, m as deixou m argem à at uação
rest rit iva do Poder Judiciário e do Poder Legislat ivo, nos lim it es
est abelecidos pela Const it uição.
Apesar de o inciso XXI I afirm ar perem pt oriam ent e que “ é
garant ido o direit o de propriedade” , sem rest rições do t ipo “ nos
t erm os da lei” ou “ na form a da lei” . Tais rest rições encont ram - se
esparsas em out ros incisos const it ucionais, com o vim os.

Vej a est a quest ão do Cespe:


3 5 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD I CI ÁRI O/ D I REI TO/ TJ ES/ 2 0 1 0 ) A
r e qu isiçã o, com o for m a de in t e r ve n çã o pú blica n o dir e it o de
pr opr ie da de qu e se dá e m r a zã o de im in e n t e pe r igo pú blico,
n ã o con figu r a for m a de a u t oe x e cu çã o a dm in ist r a t iva n a
m e dida e m qu e pr e ssu põe a u t or iza çã o do Pode r Ju diciá r io.
A requisição é um a das form as de int ervenção público no dom ínio
privado ou no direit o de propriedade, e pode ser ut ilizada diret am ent e
pela Adm inist ração, nas hipót eses const it ucionais ( art . 5º , XXV) , sem
necessidade de aut orização j udicial.
I t e m e r r a do.

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2 .1 4 – D ir e it os de Pe t içã o e de Ce r t idã o ( a r t . 5 º , XXXI V, “a ” e


XXXI V, “b”)

A Const it uição consagra a t odos, independent em ent e do


pagam ent o de t axas, o direit o de pet ição aos poderes públicos em
defesa de direit os ou con t r a ile ga lida de ou a bu so de pode r .
Referido direit o assegura ao indivíduo o exercício do cont role
social, m ediant e a part icipação polít ica e a possibilidade de
fiscalização na gest ão da coisa pública, configurando- se em m eio
para t ornar efet ivo o exercício da cidadania. Const it ui- se em
inst rum ent o de que dispõe qualquer pessoa para levar ao
conhecim ent o dos poderes públicos fat o ilegal ou abusivo, cont rário
ao int eresse público, a fim de que sej am adot adas as m edidas
necessárias.
Por exem plo, o art . 31, em seu § 3º , est abelece que “ as cont as
dos Municípios ficarão, durant e sessent a dias, anualm ent e, à
disposição de qualquer cont ribuint e, para exam e e apreciação, o qual
poderá quest ionar- lhes a legit im idade, nos t erm os da lei” . Diant e da
const at ação de descum prim ent o ou violação da lei orçam ent ária
anual, um cont ribuint e poderá pet icionar ao poder público no sent ido
de ver sat isfeit a a corret a execução orçam ent ária previst a na lei
aprovada pela Câm ara de Vereadores.
Ent ret ant o, o direit o de pet ição não poderá ser ut ilizado com o
sucedâneo ( subst it ut o) da a çã o pe n a l, o que im plicaria usurpação
de at ribuição inst it ucional do Minist ério Público, e nem t orna apt o o
int eressado a post ular em j uízo, em nom e próprio.
Já o direit o de cert idão assegura a t odos, independent em ent e
do pagam ent o de t axas, a obt enção de ce r t idõe s em repart ições
públicas, para defesa de direit os e esclarecim ent o de sit uações de
int eresse pessoal ( art . 5º , XXXI V, “ b” ) .
Referida garant ia de nat ureza individual não pode ser invocada
por quem pret enda obt er cópia de docum ent o a respeit o de t e r ce ir o,
a m enos que est e t enha lhe conferido m andat o de represent ação.
O Est ado est á obr iga do a prest ar as inform ações solicit adas,
r e ssa lva da s nat uralm ent e as hipót eses sob prot eção de sigilo. A
j urisprudência firm ou- se, ainda, no sent ido de que não se exige do

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requerent e a dem onst ração da finalidade específica do pedido. Se


você for a um a repart ição solicit ar um a cert idão de nada const a, por
exem plo, não preciso inform ar para quê vou ut ilizá- la, se para
ingresso no serviço público, se para obt enção de passaport e et c.
At enção! “ Pegadinha” de concurso m uit o cobrada recent em ent e
diz respeit o à negat iva ilegal ao fornecim ent o de cert idões. Qual seria
ent ão o rem édio idôneo para sua repressão? Mesm o que ainda não
t enham os est udado esses dois rem édios, vale a pena j á ir conferindo
algum as quest ões sobre o assunt o.

3 6 . ( CESPE/ PROCURAD OR/ AGU/ 2 0 1 0 ) A CF a sse gur a a


t odos, in de pe n de n t e m e n t e do pa ga m e n t o de t a x a s, a
obt e n çã o de ce r t idõe s e m r e pa r t içõe s pú blica s, pa r a a
de fe sa de dir e it os e e scla r e cim e n t os de sit u a çõe s de
in t e r e sse pe ssoa l. N e sse se n t ido, n ã o se n do a t e n dido o
pe dido de ce r t idã o, por ile ga lida de ou a bu so de pode r , o
r e m é dio ca bíve l se r á o h a be a s da t a .
O inst rum ent o para t ut ela do direit o de ce r t idã o é o m a n da do
de se gu r a n ça e não o habeas dat a.
E por quê isso? O habeas dat a é cabível cont ra at o de
aut oridade que possua r e gist r os ou ba n co de da dos de carát er
público e serve: ( i) para o conhecim ent o de inform ações; ( ii) para a
ret ificação de dados; ou ( iii) para a com plem ent ação de dados ( CF,
art . 5º , LXXI I ) .
No caso de cert idões, busca- se o reconhecim ent o de um
dir e it o líqu ido e ce r t o m at erializado em prova docum ent al
( cert idão) e por isso defensável por m eio do m a n da do de
se gu r a n ça , com o verem os m ais adiant e.
I t e m e r r a do.

3 7 . ( CESPE/ Té cn ico Am bie n t a l/ I EM A/ 2 0 0 5 ) . Con side r e a


se gu in t e sit u a çã o h ipot é t ica . Pr oficie n t e Se r viços de
Lim pe za Lt da . solicit ou à Se cr e t a r ia da Re ce it a Fe de r a l, por
in t e r m é dio de r e qu e r im e n t o fu n da m e n t a do, ce r t idã o de
r e gu la r ida de de pa ga m e n t o de t r ibu t os fe de r a is, visa n do
in st r u ir docu m e n t a çã o a se r a pr e se n t a da e m pr oce dim e nt o

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de licit a çã o. Após la r go pe r íodo de e spe r a , se u pe dido foi


n e ga do, se m qu a lqu e r e x plica çã o pla u síve l. N e ssa sit u a çã o,
a Pr oficie n t e Se r viços de Lim pe za Lt da . pode im pe t r a r
h a be a s da t a pa r a a obt e n çã o da r e fe r ida ce r t idã o.
Meu am igo, não caia nessa! O rem édio adequado para defesa
do direit o de pet ição é o m a n da do de se gu r a n ça e não o habeas
dat a.
I t e m e r r a do.

2 .1 5 – Pr in cipio da in a fa st a bilida de da j u r isdiçã o ( a r t . 5 .°,


XXXV)

Est e princípio est á canonizado no seguint e dizer const it ucional:


“ a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou am eaça
a direit o” .
Caract eriza o cham ado princípio da Jurisdição Una, em que não
se exige, com o regra, a busca das vias adm inist rat ivas para t ut ela de
direit os e int eresse dos cidadãos, ao cont rário da França, onde
im pera o sist em a de j urisdição dual, com um t ribunal adm inist rat ivo
que exaure em si as causas oriundas das lides que envolvam a
adm inist ração, t ribunal de cont as e afins.
Assim , no Brasil, m esm o a últ im a decisão adm inist rat iva
irreform ável, pode ser apreciada pelo Poder Judiciário. A esfera
adm inist rat iva no Est ado brasileiro, em regra é facult at iva, com
algum as exceções, em que o cidadão é obrigado a percorrer as
inst âncias adm inist rat ivas ant es de buscar a t ut ela do Judiciário.

At enção: As exceções ao carát er facult at ivo da esfera adm inist rat iva
ou à j urisdição una são:
a) habeas dat a;
b) Just iça Desport iva;
c) Descum prim ent o de Súm ula Vinculant e por at o adm inist rat ivo.

No caso de h a be a s da t a , bast a a negat iva da via


adm inist rat iva, ainda que haj a possibilidade de recurso hierárquico,
para ingressar com a ação j unt o ao Poder Judiciário.

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Quant o à Ju st iça D e spor t iva , de acordo com o art . 217, § 1º ,


o Poder Judiciário só adm it irá ações relat ivas à disciplina e às
com pet ições desport ivas após esgot arem - se as inst âncias da j ust iça
desport iva, regulada em lei. Claro est á que os t ribunais desport ivos
não int egram o Poder Judiciário.
Já a EC 45/ 04 conferiu força vinculant e a algum as Súm ulas
aprovadas pelo STF. Trat arem os desse assunt o ao falar de Poder
Judiciário e Cont role de Const it ucionalidade, m as, em resum o, isso
significa que nenhum out ro t ribunal inferior e nenhum órgão/
ent idade da Adm inist ração Diret a ou I ndiret a de t odas as esferas não
poderão decidir em sent ido cont rário a essa Súm ula.
Se um j uiz ou t ribunal inferior descum prir um a Súm ula
Vinculant e, qualquer brasileiro que se sint a prej udicado pelo
descum prim ent o da m esm a pode im pet rar reclam ação perant e o STF.
No ent ant o, se o descum prim ent o originar- se da Adm in ist r a çã o
Pú blica , Diret a ou I ndiret a, na esfera Federal, Est adual ou Municipal,
nenhum brasileiro poderá reclam ar diret am ent e no STF ant es de
esgot ar a via a dm in ist r a t iva .
Som ent e após o esgot am ent o das vias adm inist rat ivas, é que
poderá o requerent e int erpor Reclam ação perant e o Suprem o
Tribunal Federal, conform e aut oriza o art . 103- A, § 3º :
“ § 3º Do at o adm inist rat ivo ou decisão j udicial que cont rariar a
súm ula aplicável ou que indevidam ent e a aplicar, caberá reclam ação
ao Suprem o Tribunal Federal que, j ulgando- a procedent e, anulará o
at o adm inist rat ivo ou cassará a decisão j udicial reclam ada, e
det erm inará que out ra sej a proferida com ou sem a aplicação da
súm ula, conform e o caso.”
Dê um a olhada nest a quest ão do CESPE:
3 8 . ( CESPE/ JUI Z D O TRABALH O/ TRT 1 ª REGI ÃO/ 2 0 1 1 ) O
pr in cípio da in a fa st a bilida de da j u r isdiçã o t e m a plica çã o
a bsolu t a n o sist e m a j u r ídico vige n t e , o qu a l n ã o con t e m pla
a h ipót e se de ocor r ê n cia da de n om in a da j u r isdiçã o
con dicion a da .
Com o vim os, nenhum direit o ou garant ia fundam ent al é absolut o.
Mesm o a inafast abilidade da j urisdição encont ra na cham ada

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j urisdição una con dicion a da lim it ações que exigem a busca da via
adm inist rat iva ant es da j udicial.
É o caso do h a be a s cor pu s, da Ju st iça D e spor t iva ( que na
verdade é um a inst ância adm inist rat iva e não j udicial) e o
descum prim ent o de sú m u la vin cu la n t e por a t o a dm in ist r a t ivo.
I t e m e r r a do.

2 .1 6 – Pr ot e çã o a o dir e it o a dqu ir ido, à coisa j u lga da e a o a t o


j u r ídico pe r fe it o ( a r t . 5 .°, XXXVI )

Ordena a Const it uição Federal que " a lei não prej udicará o
direit o adquirido, o at o j urídico perfeit o e a coisa j ulgada" . Essa
lim it ação visa a garant ir o princípio da segurança j urídica, obst ando
leis que incidam ret roat ivam ent e sobre sit uações at inent es à esfera
j urídica subj et iva do indivíduo, j á consolidadas na vigência da
legislação pret érit a.
Ent ret ant o, isso não im pede que o Est ado adot e leis ret roat ivas,
desde que est abeleçam sit uações m enos gravosas, m ais favoráveis
ao indivíduo, do que as consolidadas sob as leis ant eriores. Exem plo
disso é o inciso XL do art . 5º , det erm inando que a lei penal não
ret roagirá, sa lvo pa r a be n e ficia r o r é u.
Por direit o adquirido, ent ende- se aquele que se aperfeiçoou,
reunindo t odos os elem ent os necessários à sua form ação, sob a
vigência de det erm inada lei. Essa prot eção não alcança a cham ada
“ expect at iva de direit o” , caract erizada quando a lei nova alcança o
indivíduo que est á na im inência de at ender os requisit os para
aquisição do direit o.
I m port ant e guardar que o Suprem o Tribunal Federal firm ou
ent endim ent o de que não exist e direit o adquirido em face de um a
nova Const it uição ( t ext o originário) , m udança do padrão m onet ário
( alt eração da m oeda) , criação ou aum ent o de t ribut os ou m udança de
regim e est at ut ário.
Já o a t o j u r ídico pe r fe it o, é o j á efet ivam ent e realizado,
aquele que, além de at ender a t odas as condições legais para
aquisição do direit o, o direit o j á foi exercido, com o, por exem plo,

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num cont rat o legalm ent e celebrado e cuj as cláusulas foram


execut adas pelas part es.
Coisa j ulgada, conform e j á vim os, é a decisão j udicial
irrecorrível, da qual não cabe m ais recurso, a não ser ação rescisória,
no prazo de 2 anos, diant e de fat os ou provas novas com eficácia
sobre a decisão recorrida.
Prest e at enção nest as quest ões do concurso do I NSS de 2008.
3 9 . ( CESPE/ AN ALI STA DO SEGURO SOCI AL /
D I REI TO/ I N SS/ 2 0 0 8 ) O dir e it o à a pose n t a dor ia é r e gido
pe la le i vige n t e a o t e m po da r e u n iã o dos r e qu isit os da
in a t ivida de , in clu sive qu a n t o à ca r ga t r ibu t á r ia in cide n t e
sobr e os pr ove n t os.
Segundo o STF, não há direit o adquirido frent e à nova im posição de
t ribut os, ressalvadas as im unidades j á previst as na Const it uição.
Dessa form a, o direit o à aposent adoria não é regido,
necessariam ent e, pela lei t ribut ária vigent e ao t em po do
cum prim ent o dos requisit os de fruição, j á que, post eriorm ent e,
poderão ser criados novos t ribut os incident es sobre os provent os de
aposent adoria.
Foi o que ocorreu, por exem plo, quando da prom ulgação da EC
41/ 2003, que criou a cont ribuição previdenciária dos servidores
inat ivos, que passou a incidir, inclusive, sobre os provent os de
aposent adorias ant eriorm ent e concedidas.
Sobre o t em a, o STF m anifest ou- se no sent ido de que t al cobrança
era válida, ent ret ant o, em hom enagem ao princípio da isonom ia, só
poderia incidir sobre o valor dos provent os que ult rapassasse o
m ont ant e do valor m áxim o das aposent adorias pagas no âm bit o
Regim e Geral de Previdência Social.
I t e m e r r a do.

4 0 . ( CESPE/ AN ALI STA DO SEGURO SOCI AL /


D I REI TO/ I N SS/ 2 0 0 8 ) Os se r vidor e s pú blicos de a u t a r qu ia s
qu e pr om ove m in t e r ve n çã o n o dom ín io e con ôm ico t ê m
dir e it o a dqu ir ido a r e gim e j u r ídico.

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De acordo com j ulgados do STF, não há direit o adquirido frent e à


m u da n ça de r e gim e j u r ídico e st a t ut á r io, regim e esse que int egra
o servidor público à respect iva adm inist ração, sej a federal, est adual
ou m unicipal.
Por exem plo, um a grat ificação previst a at ualm ent e na Lei nº
8.112/ 90, poderá ser legit im am ent e revogada por lei, e novos
servidores que sej am aprovados em concurso, post eriorm ent e à lei
revogadora, não poderão invocar direit o adquirido á m anut enção
daquela vant agem .
I t e m e r r a do.

2 .1 7 – Pr in cipio do Ju iz N a t ur a l ( a r t . 5 .°, XXXVI I e LI I I )

Est e princípio t em com o corolário ( decorrência) o princípio da


inafast abilidade da j urisdição. Relaciona- se t am bém , com o princípio
do devido processo legal, const ant e do inciso LI V do m esm o art . 5º .
Envolve dois incisos do art . 5º , que são a base do princípio do
j uiz nat ural. O prim eiro ( XXXVI I ) est abelece que não haverá j uízo ou
t ribunal de exceção. O segundo ( LI I I ) preconiza que ninguém será
processado nem sent enciado senão pela aut oridade com pet ent e.
E o que é um j uízo ou t ribunal de exceção? É o criado
post eriorm ent e à prát ica de det erm inado delit o para o j ulgam ent o
dos infrat ores. Foi o que se observou, por exem plo, quando dos at os
t errorist as de 11 de set em bro de 2001, nos Est ados Unidos da
Am érica, que culm inaram na criação do t ribunal de Guant ánam o. É
um t ribunal que dist ingue pessoas e não sit uações.
Já a aut oridade ou j uízo com pet ent e est ão previst os na própria
Const it uição, no caso do Poder Judiciário, nas leis processuais e
t am bém nos regram ent os adm inist rat ivos, m ot ivo pelo qual est e
princípio inform a t ant o a esfera j udicial quant o a adm inist rat iva.
E o que é um j uiz com pet ent e? É o j uiz cuj a com pet ência
decorre diret am ent e da Const it uição ou que não é vedada pela lei, ou
sej a, o j uiz que não sej a im pedido ou suspeit o. Mas você não precisa
guardar as hipót eses de suspeição ou im pedim ent o da lei processual,
para est e curso.

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Assim , diz respeit o ao j uiz nat ural não só a vedação à criação


de um t ribunal ou j uízo de exceção com o t am bém a realização de
j ulgam ent o por j uiz ou t ribunal j á previst o na Const it uição, porém
fora de sua com pet ência.

2 .1 8 – Jú r i Popu la r ( a r t . 5 .°, XXXVI I I )

A Const it uição reconhece expressam ent e o inst it ut o do j úri


popular, com a organização dada pela lei e asseguradas as seguint es
prerrogat ivas:
a) a plenit ude de defesa;
b) o sigilo das vot ações;
c) a soberania dos veredict os;
d) a com pet ência para o j ulgam ent o dos crim es dolosos cont ra a
vida;
Trat a- se de um inst it ut o present e na m aior part e dos Est ados
Dem ocrát icos, no pressupost o de que det erm inados crim es, pela sua
gravidade e im pact o social, devam ser j ulgados não pelo Est ado- Juiz
m as por pessoas com uns, cidadãos leigos, não necessariam ent e com
form ação j urídica.
A plenit ude de defesa é assent ada no princípio da a m pla
de fe sa e do cont radit ório dest inados aos acusados em geral, e diz
respeit o ao réu, m orm ent e na área penal.
O sigilo das vot ações é im prescindível para assegurar a
aut onom ia e a im parcialidade dos j urados. A soberania dos veredict os
é inerent e ao t ribunal do j úri. Ent ret ant o, no ent endim ent o recent e
do STF, ela não im pede a int erposição de recursos cont ra as decisões
do j úri. Ora, que soberania é essa ent ão? Caso o j úri t enha concluído
pela condenação, cont rariando flagrant em ent e as provas cont idas nos
aut os, cabe aí a int erposição de recurso, por nulidade do j ulgam ent o,
caso em que, caso deferido o recurso, serão devolvidos os aut os para
que sej a const it uído um novo j úri popular.
No caso do j ulgam ent o dos crim es dolosos cont ra a vida, dois
ent endim ent os im port ant es para a prova: m at éria cont rovert ida na
dout rina é a que diz respeit o à am pliação da com pet ência do j úri

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popular, est abelecida na Const it uição. Part e da dout rina ent ende que
sim , a lei pode especificar, inclusive am pliar a com pet ência do
t ribunal do j úri.
Essa é a posição de Alexandre de Moraes, que o CESPE vem
aceit ando at é o m om ent o. A pergunt a que se faz é: é possível
am pliar a com pet ência do j úri popular sem rest ringir a com pet ência
do Poder Judiciário? Os adversários da t ese dizem que não, e que
isso feriria o princípio da in a fa st a bilida de da j u r isdiçã o.
Nem t odo aquele que prat ica um crim e doloso cont ra a vida é
j ulgado pelo j úri popular. Em bora a Const it uição out orgue
com pet ência ao j úri popular, o STF assent ou ent endim ent o de que as
aut oridades que dispõem foro especial por prerrogat iva de função se
prat icarem crim e doloso cont ra vida, se r ã o j u lga da s de a cor do
com se u for o. Por exem plo: o Prefeit o será j ulgado pelo Tribunal de
Just iça; Governador t em foro especial no STJ.
Já as Const it uições est aduais podem dilat ar o foro especial para
aut oridades locais, desde que não haj a, a j uízo do STF,
incom pat ibilidade do exercício da função pública. Diant e do caso
concret o, o t ribunal vai decidir se há ou não com pat ibilidade: por
exem plo, o STF decidiu que delegados de polícia civil não t êm direit o
a foro especial, não há razoabilidade nessa previsão da const it uição
est adual. Ent ret ant o, a com pet ência do Foro Especial definido
exclusivam ent e na Const it uição Est adual não prevalece sobre a
com pet ência do Tribunal do Júri para os crim es dolosos cont ra vida,
apenas para os dem ais crim es.
Sobre o assunt o, o Suprem o edit ou a seguint e Súm ula:
Sú m u la 7 2 1 : “A com pet ência Const it ucional do
t ribunal do j úri prevalece sobre o foro por prerrogat iva de
função est abelecida exclusivam ent e pela Const it uição
Est adual.”
Vej am os est as quest ões do CESPE sobre o t ópico.

4 1 . ( CESPE/ AN ALI STA JURÍ D I CO/ STF/ 2 0 0 8 ) O j u lga m e n t o


dos cr im e s dolosos con t r a a vida é de com pe t ê n cia do
t r ibu n a l do j ú r i, m a s a CF n ã o im pe de qu e ou t r os cr im e s
se j a m igu a lm e n t e j u lga dos por e sse ór gã o.

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Vim os que é possível ao legislador est ender a com pet ência do


t ribunal do j úri para além do j ulgam ent o dos crim es dolosos cont ra a
vida, e est e é o ent endim ent o esposado pelo CESPE, pelo m enos at é
agora, em que pese part e da dout rina isso ferir o princípio da
inafast abilidade da j urisdição.
I t e m ce r t o.

4 2 . ( CESPE/ AN ALI STA AD M I N I STRATI VO/ STJ/ 2 0 0 4 ) A


in st it u içã o do t r ibu n a l do j úr i a sse gu r a a ple n it u de da
de fe sa , o sigilo da s vot a çõe s, a sobe r a n ia dos ve r e dict os e
com pe t ê ncia pa r a j u lga r e pr oce ssa r os cr im e s dolosos
con t r a a vida , a h on r a e a libe r da de .
A com pet ência do t ribunal do j úri, nos t erm os do art . 5º , XXXVI I I ,
cinge- se à de processar os crim es dolosos cont ra a vida.
I t e m e r r a do.

4 3 . ( CESPE/ ESCRI VÃO DE POLÍ CI A/ SGA AC/ 2 0 0 8 ) A


Con st it u içã o Fe de r a l e st a be le ce qu e a com pe t ê n cia pa r a
j u lga r os cr im e s dolosos con t r a a vida é do t r ibu n a l do j ú r i.
Se n do a ssim , com pe t e a o r e fe r ido t r ibu n a l o j u lga m e n t o de
cr im e s de la t r ocín io.
O Suprem o Tribunal Federal firm ou ent endim ent o de que se um a
aut oridade det ent ora de com pet ência de for o e spe cia l por
pr e r r oga t iva de fu n çã o, previst o na Const it uição Federal
( Governador do Acre, por exem plo) , prat icar um crim e doloso cont ra
a vida, lat rocínio é um deles, será ela j ulgada pe lo r e spe ct ivo for o
especial que, no caso do governador, é o STJ, e não pelo t ribunal do
j úri, nos t erm os do art . 105, I , “ a” da CF/ 88.
I t e m e r r a do.

2 .1 9 – Pr in cípio da pr e su n çã o de in ocê ncia ou não


cu lpa bilida de ( a r t . 5 º , LVI I e LXI I I )

Prescreve o cit ado inciso const it ucional que “ ninguém será


considerado culpado at é o t ransit o em j ulgado de sent ença penal
condenat ória” .

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Por est e princípio, o Est ado t em a obrigação de com provar a


culpabilidade do infrat or. O acusado não poderá levant ar provas
cont ra si m esm o. Segundo o STF, é um dos únicos disposit ivos
Const it ucionais que t em aplicação rest rit a ao âm bit o penal. Não se
aplica no âm bit o do processo adm inist rat ivo.
Não afast a, t am pouco, as prisões caut elares ( prisão de
flagrant e, prisão provisória, prisão prevent iva) desde que
com provado algum requisit o que aut orize a prisão.
A m aior força dest e princípio é a proibição do lançam ent o do
nom e do réu no rol dos culpados ant es de um a decisão sent encial
definit iva.
Um a m udança significat iva no ent endim ent o do STF sobre est e
princípio diz respeit o à liberdade do invest igado. O réu poderá, a
depender da sit uação, ficar em liberdade at é a sent ença penal
definit iva.
I ncluí com o decorrência dest e princípio o inciso LXI I I , que
assegura ao preso inform ação sobre os seus direit os, ent re os quais o
de perm anecer calado, sendo- lhe assegurada a assist ência da fam ília
e de advogado. Nesse sent ido, ninguém est á obrigado a incrim inar a
si próprio.
Segundo o STF, o direit o ao silêncio não est á rest rit o ao preso,
pode ser invocado por pessoas em qualquer inst ância, t ais com o:
adm inist rat iva, j udicial, de CPI , em processo adm inist rat ivo
disciplinar, ou sej a, em qualquer processo adm inist rat ivo ou j udicial,
sem pre que forem feit os quest ionam ent os que possam levar à
incrim inação do invest igado.
Out ro t ópico que m erece at enção: conversas inform ais
m ant idas com aut oridades policiais ou com represent ant es do
m inist ério público em que a pessoa relat e algum fat o que possa vir a
incrim iná- lo, não valem com o prova, ou sej a t rat a- se de prova ilícit a.

2 .2 0 – I m possibilida de da pr isã o civil por dívida ( a r t . 5 º ,


LXVI I )

Assent a o m encionado inciso que “ não haverá prisão civil por


dívida, salvo a do responsável pelo inadim plem ent o volunt ário e
inescusável de obrigação alim ent ícia e a do deposit ário infiel” .

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Responsável por inadim plem ent o volunt ário e inescusável de


obrigação alim ent ícia é o devedor de prest ação de alim ent os, ou
pensão alim ent ícia, que não quer e não t em m ot ivos para não efet uar
o pagam ent o.
É claro que se o devedor est iver em sit uação de
h ipossu ficiê n cia e não t iver condições de arcar com a prest ação
alim ent ícia, não será considerado inadim plent e volunt ário e
inescusável.
Deposit ário é aquele que figura num cont rat o de depósit o
( direit o privado) do qual exist em 2 suj eit os: deposit ant e e
deposit ário. O obj et o t ípico de um cont rat o de depósit o é sem pre
coisa m óvel. O t it ular dest a coisa m óvel a deposit a, ou sej a, a deixa
sob cust ódia de um t erceiro, que é o deposit ário.
O deposit ant e espera, obviam ent e, que o deposit ário rest it ua a
coisa m óvel quando solicit ado, nas condições de conservação e
m anut enção em que foi ent regue. Caso o deposit ário não cum pra o
cont rat o, sej a por perda, alienação, consum o ou dest ruição do bem
sob depósit o, a Const it uição aut orizava a prisão do deposit ário infiel.
Nesse sent ido, t em os a seguint e cronologia, em relação ao assunt o:
Em 1988, a CF/ 88 criou 2 hipót eses de prisão civil: a do
de ve dor de a lim e n t os; e a do de posit á r io in fie l;
Em 1992, foi firm ado o Pa ct o de Sa n José da Cost a Rica ,
Trat ado I nt ernacional de Direit os Hum anos, prevendo apenas um a
hipót ese de prisão civil: a do devedor de alim ent os. Surgiu, ent ão,
um conflit o ent re a Const it uição Federal e o Trat ado de San José,
sendo que boa part e da dout rina e da j urisprudência, na época,
passaram a ent ender que o Pact o t eria afast ado do ordenam ent o
j urídico brasileiro a possibilidade da prisão do deposit ário infiel.
Em 1997, o STF firm a ent endim ent o de que os Trat ados
I nt ernacionais celebrados pela República Federat iva do Brasil t êm
st a t u s de Le i Or din á r ia Fe de r a l. Com o lei ordinária não poderia
cont rariar a CF, logo, perm aneceram válidas as duas hipót eses de
prisão civil.
Em 2004, a EC 45/ 2004 est abelece que os Trat ados
int ernacionais sobre direit os hum anos, aprovados na form a do
parágrafo 3º do art . 5º t êm st at us de e m e n da con st it u cion a l; isso

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não m udou em nada o ent endim ent o do STF de 1997, som ent e
passou a perm it ir que os Trat ados I nt ernacionais, daí por diant e,
pudessem se aprovados pelo rit o especial de Em enda.
Em 2008, o STF firm a o ent endim ent o de que os t rat ados
int ernacionais de direit os hum anos possuem st at us SUPRALEGAL
( I nfraconst it ucional, acim a das leis e abaixo da Const it uição) ; assim ,
o st at us do t rat ado de direit os hum anos, a part ir daí, dependeria de
com o ele foi incorporado. Se foi incorporado pelo rit o ordinário, ele
t erá St at us de supralegalidade. Se for aprovado pelo rit o de em enda,
ele t erá st at us const it ucional.
O Pact o de San José da Cost a Rica su spe n de u a e ficá cia da
legislação pret érit a que regulam ent ava a prisão civil do deposit ário
infiel e t am bém im pediu a regulam ent ação fut ura, pois o referido
t rat ado é superior à lei ordinária. Assim , hoj e, não é m ais possível a
prisão do deposit ário infiel. A única prisão legít im a por dívida civil é a
do devedor inescusável de alim ent os.
Vej a est as quest ões do CESPE sobre o assunt o:

4 4 . ( CESPE/ AGEN TE DE ESCOLTA E VI GI LÂN CI A


PEN I TEN CI ÁRI O/ SEJUS/ ES/ 2 0 0 9 ) Os dir e it os h u m a n os sã o
ir r e n u n ciá ve is, de m odo qu e pode m a t é de ix a r de se r
e x e r cidos por se u s t it u la r e s, os qua is, n o e nt a nt o, j a m a is
pode m r e n u n cia r a t a is dir e it os.
Um a das caract eríst icas dos direit os e garant ias fundam ent ais é a
irrenunciabilidade. Não obst ant e, em det erm inadas sit uações,
adm it e- se o seu afast am ent o, com o, por exem plo, em program as
t elevisivos de shows populares ou em realit y shows, nos quais os
part icipant es abrem m ão do direit o à inviolabilidade da im agem e da
privacidade, ainda que t em porariam ent e.
I t e m ce r t o.

4 5 . ( CESPE/ PROCURAD OR/ PGE AL/ 2 0 0 8 ) Ao a n a lisa r a


con st it u cion a lida de da le gisla çã o br a sile ir a a ce r ca da pr isã o
do de posit á r io qu e n ã o a dim pliu obr iga çã o con t r a t u a l, o
STF, r e ce n t e m e n t e , con clu iu n o se n t ido da de r r oga çã o da s

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n or m a s e st r it a m e n t e le ga is de fin idor a s da cu st ódia do


de posit á r io in fie l, pr e va le ce n do, de ssa for m a , a t e se do
st a t u s de su pr a le ga lida de do Pa ct o de Sa n José da Cost a
Rica .
Conform e est udam os, o Pact o de San José da Cost a Rica, por t rat ar
de direit os hum anos, possui st at us “ supra legal” , prevalecendo sobre
a legislação infraconst it ucional que disponha sobre o t em a. Dessa
form a, m esm o perm anecendo a redação do art . 5º , LXVI I , t al
disposit ivo, regulam ent ado em lei, não m ais encont ra eficácia no
plano j urídico int erno.
I t e m ce r t o.

2 .2 1 Cr im e s con st it u cion a liza dos ( a r t . 5 º , XLI I , XLI I I e XLI V)

De redação m uit o ruim , e com grande presença nas provas de


direit o const it ucional, com o vocês verão pelas quest ões propost as,
esses incisos t rat am dos cham ados crim es const it ucionalizados, que
m ereceram especial preocupação de nosso const it uint e originário.
Trat a- se da vedação ao racism o, da ação de grupos arm ados
cont ra a ordem const it ucional, do t errorism o, do t ráfico ilícit o de
ent orpecent es, da t ort ura e dos crim es hediondos.
A Const it uição define o crim e de racism o e o de ação de grupos
arm ados com o inafiançáveis e im prescrit íveis, suj eit o à pena de
reclusão, nos t erm os da lei. Já os crim es de t ort ura, t ráfico ilícit o de
ent orpecent es e drogas afins, t errorism o e os definidos com o crim es
hediondos foram cat alogados pelo const it uint e com o inafiançáveis e
insuscet íveis de graça ou anist ia.
Elaborei um quadro que facilit ará a m em orização sobre est es
crim es e as respect ivas com inações const it ucionais. Not e que t odos
são im pr e scr it íve is:

RAÇÃO I n a fia n çá ve l e I m pr e scr it íve l

3 TI H I n a fia n çá ve l e I n su sce t íve l de


Gr a ça ou An ist ia

RAÇÃO – Racism o e ação de grupos arm ados.


3 T1 H – Tort ura, Tráfico I lícit o de Ent orpecent es e crim es hediondos.

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Vej am os agora alguns exercícios do CESPE sobre est e t ópico:


4 6 . ( CESPE/ TÉCN I CO JUD I CI ÁRI O/ TRE/ M G/ 2 0 0 8 ) Ar t u r
com e t e u cr im e de t or t u r a , e Zilm a , de r a cism o, Joa n a
t r a ficou e n t or pe ce n t e ilicit a m e nt e e Cle be r pa r t icipou de
a çã o de gr u po a r m a do civil con t r a a or de m con st it u cion a l.
N e ssa sit u a çã o h ipot é t ica , à lu z da Con st it u içã o Fe de r a l de
1 9 8 8 ( CF) , for a m pr a t ica dos cr im e s im pr e scr it íve is por
A) Ar t ur e Zilm a .
B) Joa n a e Zilm a .
C) Ar t u r e Joa n a .
D ) Ar t u r e Cle be r .
E) Zilm a e Cle be r .
Det erm ina a CF/ 88 que são crim es im prescrit íveis os de racism o e
ação de grupos arm ados ( RAÇÃO) , e insuscet íveis de graça ou anist ia
os de t ort ura, t ráfico ilícit o de ent orpecent es, t errorism o e hediondos
( 3T1H) . Com o você não necessit a saber quais são os crim es
hediondos, ou qual a lógica que j ust ifica um crim e ser im prescrit ível e
out ro não, bast a guardar a inform ação do quadro resum o.
I t e m ce r t o: “e ”

4 7 . ( CESPE/ AD M I N I STRAD OR/ TJD FT/ 2 0 0 8 ) Sã o


im pr e scr it íve is, con for m e a Con st it u içã o br a sile ir a e m
vigor , os cr im e s h e dion dos, de r a cism o, de t or t u r a , de
t r á fico ilícit o de dr oga s.
Com o t odas as quest ões da espécie, est a t ent a sim plesm ent e
confundir você t rocando alhos por bugalhos, cit ando com o
im prescrit íveis, além do racism o, crim es que na verdade são
in su sce t íve is de gr a ça ou a nist ia ( 3T1H) .
I t e m e r r a do.

4 8 . ( CESPE/ AN ALI STA JURÍ D I CO/ STJ/ 2 0 0 8 ) N o Br a sil, o


t e r r or ism o e o r a cism o sã o im pr e scr it íve is, in a fia n çá ve is e
in su sce t íve is de gr a ça ou a n ist ia .
Conform e vim os, racism o é crim e im prescrit ível, enquant o o
t errorism o é insuscet ível de graça ou anist ia.
I t e m e r r a do.

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2 .2 2 Pr ot e çã o a os h ipossu ficie n t e s e em con diçã o de


vu ln e r a bilida de socia l ( Ar t . 5 º , LX XI V)

O art . 5º , LXXI V, assegura: “ o Est ado prest ará assist ência


j urídica int egral e grat uit a aos que com provarem insuficiência de
recursos” ; j á o art . 134 assevera: “ A Defensoria Pública é inst it uição
essencial à função j urisdicional do Est ado, incum bindo- lhe a
orient ação j urídica e a defesa, em t odos os graus, dos necessit ados,
na form a do art . 5º , LXXI V.”
Est a prot eção alcança pessoas nat urais e pessoas j urídicas, e a
prest ação da assist ência j urídica é feit a pelas defensorias públicas; a
assist ência int egral abrange os honorários advocat ícios e de perit os.
Trat a- se de norm a de eficácia plena, ou sej a, desde prom ulgação da
Const it uição os indivíduos j á faziam j us ao direit o de assist ência
j urídica, independent e da exist ência ou não das defensorias públicas
no seu Est ado. O Est ado deverá, port ant o, cum prir com suas
obrigações nesse sent ido ainda que por m eio de out ros órgãos.
Já o art . 5º , LXXVI , assegura a grat uidade, para os
reconhecidam ent e pobres, e na form a da lei, do r e gist r o civil de
n a scim e n t o e da ce r t idã o de óbit o.
Em 1996, a Lei 9.265/ 96 est endeu essa garant ia a t odos os
brasileiros independent em ent e da condição de pobreza. O STF,
acionado, considerou const it ucional essa ext ensão.
Observe est a quest ão de j uiz:
4 9 . ( CESPE/ JUI Z FED ERAL SUBSTI TUTO/ TRF 5ª
REGI ÃO/ 2 0 0 7 ) Se gu n do o STF, a le i pode e st e n de r a
gr a t u ida de do r e gist r o civil de n a scim e n t o e da ce r t idã o de
óbit o a t odos, in de pe n de n t e m e n t e da con diçã o e con ôm ica
do r e qu e r e n t e , o qu e sign ifica dize r qu e os ca r t ór ios, n a
qu a lida de de de le ga dos do pode r pú blico, n ã o t ê m dir e it o
a bsolu t o à pe r ce pçã o de e m olu m e n t os por t odos os se r viços
pr e st a dos.
Com o vim os, apesar de a Const it uição Federal assegurar a grat uidade
“ aos reconhecidam ent e pobres” , a lei que regulam ent ou essa m at éria
est endeu t al grat uidade a t odos, independent em ent e da condição de

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m iserabilidade, previst a no t ext o const it ucional, e o STF confirm ou a


validade dessa ext ensão.
I t e m ce r t o.

2 .2 3 Pr in cípio do Con t r a dit ór io e da Am pla D e fe sa ( a r t . 5 º , LV)

Est es princípios est ão previst o expressam ent e no t ext o


const it ucional, nos t erm os seguint es:
“ aos lit igant es, em processo j udicial ou adm inist rat ivo, e aos
acusados em geral são assegurados o cont radit ório e am pla defesa,
com os m eios e recursos a ela inerent es.”
Os princípios do cont radit ório e da am pla defesa são garant ias,
indissociáveis, cam inhando j unt as no pr oce sso j u dicia l e t am bém
no a dm in ist r a t ivo. Const it uem - se em corolário ( decorrência) do
princípio do de vido pr oce sso le ga l, pois não há com o falar em
devido processo legal sem a out orga da plenit ude de defesa, que
inclui o direit o à defesa t écnica, publicidade dos at os processuais, à
cit ação, à produção de provas, de recurso, de cont est ação, de
int ervenção no processo, de acesso aos elem ent os de prova
const it uídos em procedim ent o inquisit ório. Por oport uno, vale aqui
cit ar a Súm ula Vinculant e nº 14, edit ada pelo STF:
“ É direit o do defensor, no int eresse do represent ado, t er
acesso am plo aos elem ent os de prova que, já
docum ent ados em procedim ent o invest igat ório realizado por
órgão com com pet ência de polícia j udiciária, digam respeit o
ao exercício do direit o de defesa”
Por a m pla de fe sa ent ende- se o direit o dado aos lit igant es de
t razer ao processo, adm inist rat ivo ou j udicial, t odos os elem ent os de
prova licit am ent e obt idos para provar os fat os que alega, ou at é
m esm o o direit o de se om it ir ou perm anecer calado, a fim de evit ar
sua aut o- incrim inação.
Por con t r a dit ór io, ent ende- se o direit o do indivíduo de t om ar
conhecim ent o do que é alegado cont ra ele e cont radit ar a part e
adversa na lide. O cont radit ório inst aura- se a part ir da cit ação válida
do réu, no processo j udicial ou da com unicação de audiência ou
cit ação, o processo adm inist rat ivo. Para que est ej a caract erizada a

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oport unização do cont radit ório, não há necessidade da realização


efet iva do m esm o, bast a conferir a oport unidade ao int eressado para
fazê- lo. Se não o fizer, arcará com os ônus processuais de sua
desídia.
Não se aplica ao inquérit o policial, pois est e t em carát er
in qu isit ór io, prelim inar. Ent ret ant o, a Súm ula Vinculant e 14
out orgou ao represent ant e do acusado o acesso aos elem ent os
colhidos na fase de invest igação, para perm it ir j ust am ent e o exercício
do cont radit ório e da am pla defesa.
Tam bém não é obrigat ório em algum as fases do pr oce sso
a dm in ist r a t ivo, por exem plo, na sindicância prévia para abert ura do
PAD – Processo Adm inist rat ivo Disciplinar. Concluindo a sindicância
pela abert ura do PAD, est e sim deverá oport unizar a defesa do
indiciado.
Ent ret ant o, é nula a punição disciplinar de servidores, ainda que
m era advert ência, não precedida de sindicância ou processo
adm inist rat ivo no qual sej a oferecido o exercício da am pla defesa.
Ainda quant o à am pla defesa, o STF firm ou orient ação no
sent ido de que o pr in cípio do du plo gr a u de j u r isdiçã o n ã o é um a
garant ia const it ucional vigent e.
O duplo grau de j urisdição obrigat ório, exist ent e em alguns
ordenam ent os, pressupõe que não haverá processos de cunho
adm inist rat ivo e j udicial de apenas um a inst ância, sem direit o a
revisão por um a inst ância superior; por exem plo, um j uiz de prim eiro
grau e um t ribunal de j ust iça; ou um t ribunal de j ust iça e um t ribunal
superior.
Por fim , com relação ao princípio do cont radit ório, vale um a
análise da Sú m u la Vin cu la n t e 3 do STF, que preceit ua:
“ Nos processos perant e o Tribunal de Cont as da União asseguram - se
o cont radit ório e a am pla defesa quando da decisão puder result ar
anulação ou revogação de at o adm inist rat ivo que beneficie o
int eressado, excet uada a apreciação da legalidade do at o de
concessão inicial de aposent adoria, reform a e pensão.”
Aparent em ent e, a Súm ula suscit a a supressão do cont radit ório
nos processos de regist ro de aposent adoria. Ent ret ant o, o STF
ent endeu que no caso não há lit ígio, pois, no regist ro inicial das

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aposent adorias, t rat a- se apenas do aperfeiçoam ent o de um at o


com plexo – at o que depende da m anifest ação independent e de m ais
de um órgão para que t enha eficácia.
Ent ret ant o, cuidado, pois essa Súm ula t am bém j á t e m
e x ce çã o! Ent endim ent o recent e da Suprem a Cort e inclinou- se no
sent ido de que se o TCU dem orar m a is do qu e cin co a n os para
efet uar o regist ro inicial da aposent adoria, ele é obrigado a cham ar o
beneficiado para apresent ar sua defesa, ou sej a, para exercer o
con t r a dit ór io.
I sso em penhor dos princípios da razoabilidade e da segurança
j urídica, pois ent ende o STF que cinco anos é um prazo j á consagrado
em out ros diplom as ( Lei do Processo adm inist rat ivo, lei da ação civil
pública) , const it uindo- se em um int erregno razoável para que o TCU
efet ue o regist ro.
Vam os, ent ão, exercit ar algum a coisa sobre est e im port ant e princípio.

5 0 . ( CESPE/ JUI Z D O TRABALH O/ TRT 1 ª REGI ÃO/ 2 0 1 1 ) A CF


a sse gu r a a os lit iga n t e s em pr oce sso j u dicia l ou
a dm in ist r a t ivo e a os a cu sa dos e m ge r a l o con t r a dit ór io e a
a m pla de fe sa , com os m e ios e r e cu r sos a e le s in e r e n t e s,
r a zã o pe la qu a l, n o â m bit o do pr oce sso a dm in ist r a t ivo
disciplin a r , é im pr e scin díve l a pr e se n ça de a dvoga do.
Nem t oda fase do processo adm inist rat ivo disciplinar t em assegurada
o exercício do cont radit ório e da am pla defesa.
E m esm o quando esse princípio se faça necessário no PAD, a
presença do advogado não é im prescindível. Segundo o STF, o
advogado som ent e será necessário no PAD quando as circunst âncias
exigirem do invest igado conhecim ent o e inst rum ent ação j urídica de
defesa especializados.
I t e m e r r a do.

5 1 . ( CESPE/ AN ALI STA JUD I CI ÁRI O/ STF/ 2 0 0 8 ) O pr a zo


de ca de ncia l de 5 a n os r e la t ivo à a n u la çã o de a t os
a dm in ist r a t ivos e pr e vist o n a le i qu e r e gu la o pr oce sso
a dm in ist r a t ivo n o â m bit o da a dm in ist r a çã o pú blica fe de r a l
de ve se r a plica do a os pr oce ssos de con t a s qu e t e n h a m por

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obj e t o o e x a m e de le ga lida de dos a t os con ce ssivos de


a pose n t a dor ia s, r e for m a s e pe n sõe s. Assim , t r a n scor r ido
e sse in t e r r e gn o se m qu e o TCU t e n h a a n a lisa do a
r e gu la r ida de de u m a pe nsã o, por e x e m plo, a viú va de ve se r
con voca da pa r a pa r t icipa r do pr oce sso de se u in t e r e sse ,
de sfr u t a n do da s ga r a n t ia s do con t r a dit ór io e da a m pla
de fe sa , e m que pe se se r a pr in cípio dispe n sá ve l o
con t r a dit ór io e a a m pla de fe sa n os pr oce ssos qu e t r a m it a m
n o TCU e qu e a pr e cie m a le ga lida de do a t o de con ce ssã o
in icia l de pe n sã o.
Conform e vim os ant eriorm ent e, a Súm ula Vinculant e nº 3 previu a
possibilidade de o TCU dispensar o cont radit ório e am pla defesa no
caso de regist ro inicial do at o de aposent adoria. Ent ret ant o, o STF
t em ent endido que o int erregno de 5 anos é prazo razoável para que,
diant e da inércia do TCU em regist rar o at o, abra- se a possibilidade
de oferecer a am pla defesa ao int eressado.
I t e m ce r t o.

5 2 . ( CESPE/ TJD FT/ AN ALI STA EXECUÇÃO DE


M AN D AD OS/ 2 0 0 8 ) A r e t ir a da de u m dos sócios de
de t e r m in a da e m pr e sa , qu a n do m ot iva da pe la von t a de dos
de m a is, de ve se r pr e ce dida de a m pla de fe sa , pois os
dir e it os fu n da m e n t a is n ã o sã o a plicá ve is a pe n a s n o â m bit o
da s r e la çõe s e n t r e o in divíduo e o Est a do, m a s t a m bé m n a s
r e la çõe s pr iva da s. Essa qu a lida de é de nom in a da e ficá cia
h or izon t a l dos dir e it os fu n da m e n t a is.
Exat am ent e. Assim t am bém o STF decidiu, ao garant ir a
oport unidade de defesa ao cooperado expulso de associação
cooperat iva sem que t ivesse exercido o seu direit o à am pla defesa e
ao cont radit ório ( RE ( STF/ RE 158.215- 4) . É a cham ada eficácia
horizont al dos direit os fundam ent ais, que inform a a relação ent re
pessoas privadas.
I t e m ce r t o.

5 3 . ( CESPE/ AGEN TE D E POLI CI A/ SECAD TO/ 2 0 0 8 ) O dir e it o


a o con t r a dit ór io e à a m pla de fe sa é a sse gu r a do a os

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lit iga n t e s e m pr oce sso j u dicia l, m a s n ã o e m pr oce sso


a dm in ist r a t ivo, pois, n o ca so de st e , o a dm in ist r a do se m pr e
t e r á ga r a n t ida a possibilida de de r e cor r e r à in st â n cia
j u dicia l.
A possibilidade de recorrer à inst ância j udicial, nos processos de
cunho adm inist rat ivo, não afast a a garant ia do cont radit ório e da
am pla defesa, que inform a os processos em t odas as esferas, j udicial
ou adm inist rat iva.
I t e m e r r a do.

5 4 . ( CESPE/ ESCRI VÃO/ SGA/ ACRE/ 2 0 0 8 ) O Su pr e m o


Tr ibu n a l Fe de r a l ( STF) e x pr e ssou e n t e n dim e n t o n o se n t ido
de con side r a r in a dm issíve l o in t e r r oga t ór io do a cu sa do por
vide ocon fe r ê n cia por viola r , e n t r e ou t r os, o pr in cípio da
a m pla de fe sa .
Esse ent endim ent o foi esposado no HC 90.900/ SP, sob o fundam ent o
de que a lei est adual 11.819/ 2005 paulist a ofenderia o inciso I do art .
22 da Const it uição Federal, na m edida em que disciplinaria m at éria
pert inent e a direit o processual, cuj a com pet ência é reservada
privat ivam ent e à União.
Com o se vê, o STF declarou a inconst it ucionalidade form al da lei,
além de consignar, no Vot o do Relat or, Minist ro Carlos Ayres Brit o, a
violações aos princípios da am pla defesa, da igualdade, do j uiz
nat ural e do devido processo legal.
I t e m ce r t o.

Bem , essa foi nossa aula de apresent ação, que j á veio bem recheada!
Espero que t enha apreciado o est ilo e o cont eúdo! Aguardam os você
no sit e!

Um abraço

Jean Claude

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RELAÇÃO D AS QUESTÕES APRESEN TAD AS N ESTA AULA


1. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O/ EXECUÇÃO DE MANDADOS/ STM/ 2011) Os
direit os fundam ent ais, em que pese possuírem hierarquia const it ucional,
não são absolut os, podendo ser lim it ados por expressa disposição
const it ucional ou m ediant e lei prom ulgada com fundam ent o im ediat o na
própria CF.
2. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O / CONHECI MENTOS BÁSI COS/ STM/ 2011)
As liberdades individuais garant idas na Const it uição Federal de 1988 não
possuem carát er absolut o.
3. ( CESPE/ ACE/ DI REI TO/ TCE/ AC/ 2009) As violações a direit os fundam ent ais
ocorrem som ent e no âm bit o das relações ent re o cidadão e o Est ado,
inexist indo nas relações t ravadas ent re pessoas físicas e j urídicas de
direit o privado. Assim , os direit os fundam ent ais assegurados pela CF
vinculam diret am ent e os poderes públicos, est ando direcionados apenas de
form a indiret a à prot eção dos part iculares em face dos poderes privados.
4. ( CESPE/ ACE/ DI REI TO/ TCE/ AC/ 2009) No const it ucionalism o, a exist ência
de discrim inações posit ivas iguala m at erialm ent e os desiguais.
5. ( CESPE/ ANALI STA JURÍ DI CO/ CBMDF/ 2007) Enquant o os direit os de
prim eira geração ( civis e polít icos) — que com preendem as liberdades
clássicas, negat ivas ou form ais — realçam o princípio da liberdade, os
direit os de segunda geração ( econôm icos, sociais e cult urais) — que se
ident ificam com as liberdades posit ivas, reais ou concret as — acent uam o
princípio da igualdade.
6. ( CESPE/ OFI CI AL DE I NTELI GÊNCI A/ DI REI TO/ ABI N/ 2010) Em bora se
salient e, nas garant ias fundam ent ais, o carát er inst rum ent al de prot eção a
direit os, t ais garant ias t am bém são direit os, pois se revelam na faculdade
dos cidadãos de exigir dos poderes públicos a prot eção de out ros direit os,
ou no reconhecim ent o dos m eios processuais adequados a essa finalidade.
7. ( CESPE/ ADVOGADO/ CESAN/ 2005) O processo de afirm ação dos direit os
fundam ent ais de segunda geração iniciou- se no século XI X e int ensificou-
se no século XX por m eio da posit ivação dos direit os colet ivos e sociais. O
papel do Est ado, agora, é o de garant ir e im plem ent ar esses direit os,
int erferindo, se necessário, no dom ínio econôm ico.
8. ( CESPE/ ANALI STA JURÍ DI CO/ CMBDF/ 2007) Há, no sist em a const it ucional
brasileiro, direit os e garant ias que se revest em de carát er absolut o, e que

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não est ão suj eit os a m edidas rest rit ivas por part e dos órgãos est at ais,
ainda que respeit ados os t erm os est abelecidos pela própria Const it uição.
9. ( CESPE/ ANALI STA ADMI NI STRATI VO/ STF/ 2008) Todos os direit os e
garant ias fundam ent ais previst os na CF foram inseridos no rol das
cláusulas pét reas.
10. ( CESPE/ CONTROLE I NTERNO/ TJDFT/ 2008) Os direit os e garant ias
individuais são arrolados com o cláusula pét rea, de form a que não se
adm it irá propost a de em enda que possa, de qualquer form a, lim it ar esses
direit os.
11. ( CESPE/ ADMI NI STRADOR/ TJDFT/ 2008) Os direit os e garant ias
fundam ent ais previst os na Const it uição Federal de 1988 não com port am
qualquer grau de rest rição, j á que são considerados cláusulas pét reas.
12. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O/ TRE MT/ 2010) A O direit o à duração
razoável do processo, t ant o no âm bit o j udicial quant o no âm bit o
adm inist rat ivo, é um direit o fundam ent al previst o expressam ent e na CF.
13. ( CESPE/ ANALI STA ADMI NI STRATI VO/ STF/ 2008) Os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade est ão previst os de form a expressa na
CF.
14. ( CESPE/ ESCRI VÃO DE POLÍ CI A/ SGA/ AC/ 2008) O uso de algem as,
apesar de não est ar expressam ent e previst o na Const it uição ou em lei,
t em com o balizam ent o j urídico os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade.
15. ( CESPE/ ACE/ DI REI TO/ TCE/ AC/ 2009) A j urisprudência do STF firm ou
ent endim ent o no sent ido de que não afront a o princípio da isonom ia a
adoção de crit érios dist int os para a prom oção de int egrant es do corpo
fem inino e m asculino da Aeronáut ica.
16. ( CESPE/ ACE/ DI REI TO/ TCE/ AC/ 2009) A j urisprudência do STF firm ou- se
no sent ido de que a norm a const it ucional que proíbe t rat am ent o norm at ivo
discrim inat ório, em razão da idade, para efeit o de ingresso no serviço
público, se revest e de carát er absolut o, sendo ilegít im a, em consequência,
a est ipulação de exigência de ordem et ária, ainda quando est a decorrer da
nat ureza e do cont eúdo ocupacional do cargo público a ser provido.
17. ( CESPE/ OFI CI AL DE I NTELI GÊNCI A/ DI REI TO/ ABI N/ 2010) preceit o
const it ucional que est abelece que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de
fazer algum a coisa senão em virt ude de lei veicula a noção genérica do
princípio da legalidade.

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18. ( CESPE/ ADVOGADO DA UNI ÃO/ AGU/ 2006) O princípio da reserva legal
equivale ao princípio da legalidade na m edida em que qualquer com ando
j urídico que obrigue det erm inada condut a deve provir de um a das espécies
previst as no processo legislat ivo.
19. ( CESPE/ JUI Z DO TRABALHO/ TRT 1ª REGI ÃO/ 2011) Em bora a CF adm it a
a decret ação, pela aut oridade j udicial, da int ercept ação t elefônica para fins
de invest igação crim inal ou inst rução processual penal, é possível a
ut ilização das gravações no processo civil ou adm inist rat ivo, com o prova
em prest ada.
20. ( CESPE- TFCE- TCU- 2009) Adm it e- se a quebra do sigilo das
com unicações t elefônicas, por decisão j udicial, nas hipót eses e na form a
que a lei est abelecer, para fins de invest igação crim inal ou adm inist rat iva.
21. ( CESPE/ ANALI STA ADMI NI STRATI VO/ STF/ 2008) Apesar de a CF afirm ar
cat egoricam ent e que o sigilo da correspondência é inviolável, adm it e- se a
sua lim it ação infraconst it ucional, quando se abordar out ro int eresse de
igual ou m aior relevância, do que o previst o na CF.
22. ( CESPE/ JUI Z DE DI REI TO SUBSTI TUTO/ TJ AC/ 2007) A inviolabilidade
do sigilo de correspondência, previst a na Const it uição Federal, alcança,
inclusive, a adm inist ração penit enciária, a qual não pode proceder à
int ercept ação da correspondência rem et ida pelos sent enciados.
23. ( CESPE/ DEFENSOR PÚBLI CO/ DPU/ 2010) Conform e ent endim ent o do
STF, com base no princípio da vedação do anonim at o, os escrit os apócrifos
não podem j ust ificar, por si sós, desde que isoladam ent e considerados, a
im ediat a inst auração da persecut io crim inis, salvo quando forem
produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando const it uírem eles próprios o
corpo de delit o.
24. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O/ ÁREA JUDI CI ÁRI A/ TRE BA/ 2010) Os
sigilos bancário e fiscal são consagrados com o direit os individuais
const it ucionalm ent e prot egidos que podem ser excepcionados por ordem
j udicial fundam ent ada. Nesse sent ido, é válida a quebra de sigilo bancário
de m em bros do Congresso Nacional quando decret ada por um TRE em
invest igação crim inal dest inada à apuração de crim e eleit oral.
25. ( CESPE/ PROCURADOR DO MUNI CÍ PI O/ ARACAJU/ 2007) Adm it e- se a
condução coercit iva do réu em ação de invest igação de pat ernidade para
que sej a subm et ido a exam e de DNA, a fim de saber se é o pai da criança.
26. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O/ ÁREA JUDI CI ÁRI A/ STM/ 2011) O
Minist ério Público pode det erm inar a violação de um dom icílio para

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realização de busca e apreensão de obj et os que possam servir de prova


em um processo.
27. ( CESPE/ TRT 17ª Região/ Analist a/ 2009) Caso um escrit ório de advocacia
sej a invadido, durant e a noit e, por policiais, para nele se inst alar escut as
am bient ais, ordenadas pela j ust iça, j á que o advogado que ali t rabalha
est aria envolvido em organização crim inosa, a prova obt ida será ilícit a, j á
que a referida diligência não foi feit a durant e o dia.
28. ( CESPE/ PROCURADOR/ PGE/ AL2009) O conceit o norm at ivo de casa é
abrangent e; assim , qualquer com part im ent o privado onde alguém exerce
profissão ou at ividade est á prot egido pela inviolabilidade do dom icílio.
Apesar disso, há a possibilidade de se inst alar escut a am bient al em
escrit ório de advocacia que sej a ut ilizado com o redut o para a prát ica de
crim es.
29. ( CESPE/ ACE/ TCE/ TO/ 2009) Um advogado que est ej a sendo invest igado
por form ação de quadrilha e out ros crim es não poderá sofrer, em seu
escrit ório, um a escut a am bient al capt ada por gravador inst alado por força
de decisão j udicial, j á que t al fat o viola o princípio de prot eção do
dom icílio.
30. ( CESPE/ OFI CI AL DE I NTELI GÊNCI A/ DI REI TO/ ABI N/ 2010) O
ent endim ent o do direit o const it ucional relat ivo à casa apresent a m aior
am plit ude que o do direit o privado, de m odo que bares, rest aurant es e
escrit órios, por exem plo, são locais assegurados pelo direit o à
inviolabilidade de dom icílio.
31. ( CESPE/ ACE/ TCU/ 2009) O cum prim ent o de m andado de busca e
apreensão, expedido pela aut oridade j udicial com pet ent e, poderá ocorrer a
qualquer horário do dia, inclusive durant e o período not urno, m esm o que
não haj a o consent im ent o do m orador, t endo em vist a que a CF est abelece
algum as exceções ao princípio da inviolabilidade dom iciliar, ent re as quais
se incluem as det erm inações do Poder Judiciário.
32. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O/ ÁREA ADMI NI STRATI VA/ TRE ES/ 2011)
Se um indivíduo, depois de assalt ar um est abelecim ent o com ercial, for
perseguido por policiais m ilit ares e, na t ent at iva de fuga, ent rar em casa
de fam ília para se esconder, os policiais est ão aut orizados a ent rar na
residência e efet uar a prisão, independent em ent e do consent im ent o dos
m oradores.
33. ( CESPE/ AGENTE PENI TENCI ÁRI O/ SECRETARI A DE
SEGURANÇA/ ES/ 2009) I ndependent em ent e de aviso prévio ou aut orização

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do poder público, t odos podem reunir- se pacificam ent e, sem arm as, em
locais abert os ao público, desde que não frust rem out ra reunião
ant eriorm ent e convocada para o m esm o local.
34. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O/ ÁREA JUDI CI ÁRI A/ TRE ES/ 2011) Um a
associação j á const it uída som ent e poderá ser com pulsoriam ent e dissolvida
m ediant e decisão j udicial t ransit ada em j ulgado, na hipót ese de t er
finalidade ilícit a.
35. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O/ DI REI TO/ TJ ES/ 2010) A requisição,
com o form a de int ervenção pública no direit o de propriedade que se dá em
razão de im inent e perigo público, não configura form a de aut oexecução
adm inist rat iva na m edida em que pressupõe aut orização do Poder
Judiciário.
36. ( CESPE/ PROCURADOR/ AGU/ 2010) A CF assegura a t odos,
independent em ent e do pagam ent o de t axas, a obt enção de cert idões em
repart ições públicas, para a defesa de direit os e esclarecim ent os de
sit uações de int eresse pessoal. Nesse sent ido, não sendo at endido o
pedido de cert idão, por ilegalidade ou abuso de poder, o rem édio cabível
será o habeas dat a.
37. ( CESPE/ Técnico Am bient al/ I EMA/ 2005) . Considere a seguint e sit uação
hipot ét ica. Proficient e Serviços de Lim peza Lt da. solicit ou à Secret aria da
Receit a Federal, por int erm édio de requerim ent o fundam ent ado, cert idão
de regularidade de pagam ent o de t ribut os federais, visando inst ruir
docum ent ação a ser apresent ada em procedim ent o de licit ação. Após largo
período de espera, seu pedido foi negado, sem qualquer explicação
plausível. Nessa sit uação, a Proficient e Serviços de Lim peza Lt da. pode
im pet rar habeas dat a para a obt enção da referida cert idão.
38. ( CESPE/ JUI Z DO TRABALHO/ TRT 1ª REGI ÃO/ 2011) O princípio da
inafast abilidade da j urisdição t em aplicação absolut a no sist em a j urídico
vigent e, o qual não cont em pla a hipót ese de ocorrência da denom inada
j urisdição condicionada.
39. ( CESPE/ ANALI STA DO SEGURO SOCI AL / DI REI TO/ I NSS/ 2008) O direit o
à aposent adoria é regido pela lei vigent e ao t em po da reunião dos
requisit os da inat ividade, inclusive quant o à carga t ribut ária incident e
sobre os provent os.
40. ( CESPE/ ANALI STA DO SEGURO SOCI AL / DI REI TO/ I NSS/ 2008) Os
servidores públicos de aut arquias que prom ovem int ervenção no dom ínio
econôm ico t êm direit o adquirido a regim e j urídico.

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41. ( CESPE/ ANALI STA JURÍ DI CO/ STF/ 2008) O j ulgam ent o dos crim es
dolosos cont ra a vida é de com pet ência do t ribunal do j úri, m as a CF não
im pede que out ros crim es sej am igualm ent e j ulgados por esse órgão.
42. ( CESPE/ ANALI STA ADMI NI STRATI VO/ STJ/ 2004) A inst it uição do t ribunal
do j úri assegura a plenit ude da defesa, o sigilo das vot ações, a soberania
dos veredict os e com pet ência para j ulgar e processar os crim es dolosos
cont ra a vida, a honra e a liberdade.
43. ( CESPE/ ESCRI VÃO DE POLÍ CI A/ SGA AC/ 2008) A Const it uição Federal
est abelece que a com pet ência para j ulgar os crim es dolosos cont ra a vida
é do t ribunal do j úri. Sendo assim , com pet e ao referido t ribunal o
j ulgam ent o de crim es de lat rocínio.
44. ( CESPE/ AGENTE DE ESCOLTA E VI GI LÂNCI A
PENI TENCI ÁRI O/ SEJUS/ ES/ 2009) Os direit os hum anos são irrenunciáveis,
de m odo que podem at é deixar de ser exercidos por seus t it ulares, os
quais, no ent ant o, j am ais podem renunciar a t ais direit os.
45. ( CESPE/ PROCURADOR/ PGE AL/ 2008) Ao analisar a const it ucionalidade
da legislação brasileira acerca da prisão do deposit ário que não adim pliu
obrigação cont rat ual, o STF, recent em ent e, concluiu no sent ido da
derrogação das norm as est rit am ent e legais definidoras da cust ódia do
deposit ário infiel, prevalecendo, dessa form a, a t ese do st at us de
supralegalidade do Pact o de San José da Cost a Rica.
46. ( CESPE/ TÉCNI CO JUDI CI ÁRI O/ TRE/ MG/ 2008) Art ur com et eu crim e de
t ort ura, e Zilm a, de racism o, Joana t raficou ent orpecent e ilicit am ent e e
Cleber part icipou de ação de grupo arm ado civil cont ra a ordem
const it ucional. Nessa sit uação hipot ét ica, à luz da Const it uição Federal de
1988 ( CF) , foram prat icados crim es im prescrit íveis por
A) Art ur e Zilm a.
B) Joana e Zilm a.
C) Art ur e Joana.
D) Art ur e Cleber.
E) Zilm a e Cleber.
47. ( CESPE/ ADMI NI STRADOR/ TJDFT/ 2008) São im prescrit íveis, conform e a
Const it uição brasileira em vigor, os crim es hediondos, de racism o, de
t ort ura, de t ráfico ilícit o de drogas.

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48. ( CESPE/ ANALI STA JURÍ DI CO/ STJ/ 2008) No Brasil, o t errorism o e o
racism o são im prescrit íveis, inafiançáveis e insuscet íveis de graça ou
anist ia.
49. ( CESPE/ JUI Z FEDERAL SUBSTI TUTO/ TRF 5ª REGI ÃO/ 2007) Segundo o
STF, a lei pode est ender a grat uidade do regist ro civil de nascim ent o e da
cert idão de óbit o a t odos, independent em ent e da condição econôm ica do
requerent e, o que significa dizer que os cart órios, na qualidade de
delegados do poder público, não t êm direit o absolut o à percepção de
em olum ent os por t odos os serviços prest ados.
50. ( CESPE/ JUI Z DO TRABALHO/ TRT 1ª REGI ÃO/ 2011) A CF assegura aos
lit igant es em processo j udicial ou adm inist rat ivo e aos acusados em geral o
cont radit ório e a am pla defesa, com os m eios e recursos a eles inerent es,
razão pela qual, no âm bit o do processo adm inist rat ivo disciplinar, é
im prescindível a presença de advogado.
51. ( CESPE/ ANALI STA JUDI CI ÁRI O/ STF/ 2008) O prazo decadencial de 5
anos relat ivo à anulação de at os adm inist rat ivos e previst o na lei que
regula o processo adm inist rat ivo no âm bit o da adm inist ração pública
federal deve ser aplicado aos processos de cont as que t enham por obj et o o
exam e de legalidade dos at os concessivos de aposent adorias, reform as e
pensões. Assim , t ranscorrido esse int erregno sem que o TCU t enha
analisado a regularidade de um a pensão, por exem plo, a viúva deve ser
convocada para part icipar do processo de seu int eresse, desfrut ando das
garant ias do cont radit ório e da am pla defesa, em que pese ser a princípio
dispensável o cont radit ório e a am pla defesa nos processos que t ram it am
no TCU e que apreciem a legalidade do at o de concessão inicial de pensão.
52. ( CESPE/ TJDFT/ ANALI STA EXECUÇÃO DE MANDADOS/ 2008) A ret irada
de um dos sócios de det erm inada em presa, quando m ot ivada pela vont ade
dos dem ais, deve ser precedida de am pla defesa, pois os direit os
fundam ent ais não são aplicáveis apenas no âm bit o das relações ent re o
indivíduo e o Est ado, m as t am bém nas relações privadas. Essa qualidade é
denom inada eficácia horizont al dos direit os fundam ent ais.
53. ( CESPE/ AGENTE DE POLI CI A/ SECAD TO/ 2008) O direit o ao
cont radit ório e à am pla defesa é assegurado aos lit igant es em processo
j udicial, m as não em processo adm inist rat ivo, pois, no caso dest e, o
adm inist rado sem pre t erá garant ida a possibilidade de recorrer à inst ância
j udicial.

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54. ( CESPE/ ESCRI VÃO/ SGA/ ACRE/ 2008) O Suprem o Tribunal Federal ( STF)
expressou ent endim ent o no sent ido de considerar inadm issível o
int errogat ório do acusado por videoconferência por violar, ent re out ros, o
princípio da am pla defesa.

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1) C 19) C 37) E
2) C 20) E 38) E
3) E 21) C 39) E
4) C 22) E 40) E
5) C 23) C 41) C
6) C 24) E 42) E
7) C 25) E 43) E
8) E 26) E 44) C
9) E 27) E 45) C
10) E 28) C 46) E
11) E 29) E 47) E
12) C 30) E 48) E
13) E 31) E 49) C
14) C 32) C 50) E
15) C 33) E 51) C
16) E 34) C 52) C
17) C 35) E 53) E
18) E 36) E 54) C

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