Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
i
Ícones da Apostila
Ao longo da apostila serão apresentados ícones, propostos com o objetivo
de facilitar a compreensão imediata do conteúdo apresentado e, assim,
contribuir para a organização do estudo.
Você vai encontrar pequenas figuras ao lado do texto. Elas têm o objetivo
de chamar a sua atenção para determinados trechos do conteúdo. Cada
uma delas tem uma função específica, como apresentamos a seguir.
TEXTO-DESTAQUE!
São definições, conceitos ou afirmações importantes
às quais você deve estar atento.
SAIBA MAIS!!!
Apresenta links da internet, a partir dos quais você
pode obter vídeos, sites ou artigos relacionados ao
tema,caso queira complementar ou aprofundar o
conteúdo apresentado na apostila.
ATENÇÃO!
Utilizado para chamar atenção sobre a importância
do conteúdo destacado. É um convite a refletir sobre
os aspectos apontados, relacionando-os com a sua
prática profissional e cotidiana.
PARA REFLETIR!
Utilizado como forma de um convite para reflexão
sobre diversos temas abordados nesta apostila e
as suas vivências relacionadas a eles.
ii
Carta ao cursista
Olá, Cursista!
Seja bem-vinda, bem-vindo ao Curso de Fortalecimento dos Conselhos de
Direitos da Pessoa Idosa no estado de Minas Gerais – FoCo MG!
É um prazer ter você conosco para tratar de um tema tão relevante, a in-
serção social nos assuntos públicos! O que seguramente é possibilitado por
meio dos Conselhos.
Este Curso é uma iniciativa da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa
dos Direitos da Pessoa Idosa do Ministério da Mulher, da Família e dos Di-
reitos Humanos - SNDPI/MMFDH e do Conselho Nacional da Pessoa Idosa
– CNDPI, como etapa fundamental para a execução do Pacto Nacional de
Implementação dos Direitos da Pessoa Idosa – PNIDPI.
Com esta ação, o que se espera é contribuir para favorecer o diálogo e a
interação entre sociedade e governo na defesa dos direitos da pessoa
idosa. Também, é dar protagonismo à população idosa, seja para a identi-
ficação dos problemas que lhe afeta ou para a proposição de soluções que
resultem em melhoria em sua qualidade de vida.
O Brasil está envelhecendo rapidamente e essa iniciativa reforça o quanto
o nosso país está comprometido com a longevidade digna para toda a sua
população.
Este Curso foi preparado para que você tenha acesso a conteúdos essenci-
ais para fortalecer os Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa em seu muni-
cípio. Assim como os Fundos de Direitos da Pessoa Idosa, gera condições
necessárias para multiplicar os esforços em defesa e em proteção destas
pessoas.
iii
O assunto é tão importante que foi incluído no Pacto Nacional, como já
dito acima. Isso reforça o compromisso assumido pelo governo brasileiro,
com ações articuladas, colaborativas e solidárias, para o cuidado integral
da pessoa idosa, mas também para a promoção do envelhecimento ativo
em nosso País.
Desejamos sucesso na realização deste Curso e que você utilize estes con-
teúdos para fazer a diferença em seu município, ciente que estaremos jun-
tos lutando por um País mais justo e igualitário, para todas as idades.
Bom Curso!
Ministério da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos
iv
Apresentação
Neste Módulo 1 vamos compreender as bases constitucionais e normativas de prote-
ção à pessoa idosa no Brasil.
Já não é mais novidade o fenômeno do envelhecimento populacional no Brasil. Com
isso, o aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade nas últimas
décadas mudaram o perfil demográfico no nosso país. Cada vez mais, deixamos de
ser um “país de jovens” e, assim, a pessoa idosa tornou-se questão fundamental para
as políticas públicas.
Neste módulo, as unidades que o compõe auxiliarão a compreender melhor este fe-
nômeno e o histórico de criação dos direitos das pessoas idosas e dos Conselhos de
direitos.
5
Os conteúdos propostos para este módulo foram considerados como de grande im-
portância para a formação dos conselheiros, de maneira que possam atender às ex-
pectativas de sua atuação nos Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa. Mas,
durante a realização do Curso, esses conteúdos serão somados a outro importante
modo de construção do conhecimento, os fóruns de discussão. Com os fóruns de dis-
cussão, haverá espaços para trocas de experiências e boas práticas, além da possibi-
lidade de solicitação de esclarecimentos adicionais. Na plataforma, você encontrará
as informações para acessar os fóruns de discussão. Participe, a sua participação será
de grande importância.
Para oportunizar o aprofundamento no conhecimento das bases normativas e cons-
titucionais de proteção dos direitos das pessoas idosas, nós preparamos o manual
FoCo MG – Conselhos, que poderá ser acessado na plataforma AVA. Nele, você en-
contrará uma sequência dos principais marcos legais nacionais e as principais políticas
voltadas para o envelhecimento e a atenção à pessoa idosa no Brasil.
Este Módulo 1 tem duração total de 10 horas. Para bom aproveitamento, além dos
conteúdos disponibilizados nesta apostila, você terá acesso ao vídeo de apresentação,
aulas narradas, exercícios e jogos interativos. É interessante que você assista ao vídeo
de apresentação antes de continuar a leitura desta apostila. Para tanto, basta acessá-
lo no Portal.
Recomendamos que você não se esqueça de ler o Guia de Estudos, que foi preparado
para lhe auxiliar a se organizar e aproveitar da melhor maneira o tempo dedicado a
este módulo. Você encontrará o Guia na Plataforma do curso. Acesse e receba as nos-
sas sugestões para realizar as atividades do Módulo 1.
A realização dos exercícios de fixação será importante para que você verifique se está
preparado para seguir em frente no Curso. Portanto, orientamos que sejam resolvi-
dos nos momentos indicados ao longo da apostila ou após a sua leitura.
Desejamos sucesso neste Módulo 1 e em todo o Curso de Fortalecimento dos Conse-
lhos e Fundos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa!
Bons estudos!!!
6
Unidade 1
Envelhecimento populacional
-
7
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
Envelhecimento populacional
A cada dia mais nos damos conta de que estamos diante da realidade de um Brasil
que vivencia o envelhecimento de sua população. Para além de estatísticas e dados
demográficos, se observarmos o número de pessoas idosas com as quais encontra-
mos ou convivemos cotidianamente nos diferentes ambientes, facilmente iremos
perceber o aumento nesse número nos últimos tempos. Para ratificar essa nossa per-
cepção, as projeções indicam que daqui a pouco – no ano de 2025, o Brasil será o 6º
país do mundo em números de pessoas idosas.
O envelhecimento individual pode ser compreendido sob vários aspectos. Do ponto
de vista cronológico, ele é expresso pela passagem do tempo. Do ponto de vista bio-
lógico, expressa-se na alteração no organismo humano decorrente de desgaste natu-
ral, que vai gerando, gradualmente, a redução de funções. O tempo e a forma que se
processam essas alterações dependem de cada um, de sua condição genética e do
ambiente onde vive.
8
Ainda antes da pandemia pelo novo coronaví-
Esse cenário é resultado
rus, a diminuição da mortalidade na faixa etá-
dos avanços tecnológicos ria das pessoas idosas também vinha contri-
na área da saúde e no buindo para o aumento da longevidade dessa
acesso a serviços como população. Alterações nessa dinâmica podem
saúde, educação, ser esperadas, visto que já há estudo indi-
saneamento básico e cando redução na expectativa de vida da po-
melhoria da distribuição pulação brasileira após a chegada da COVID-
de renda. Mais uma vez, 19 (CASTRO et al., 2021)
então, o envelhecimento Uma característica que destaca as particulari-
é uma conquista! dades do processo de envelhecimento no Bra-
sil é que precisamos de menos de 25 anos
para que a proporção de pessoas idosas duplicasse de 7% (2000) para 14% (2020), ao
passo que essa mesma mudança ocorreu ao longo de 70 a 115 anos em países como
França, Suécia, Austrália e Estados Unidos (IBGE, 2016; UNITED NATIONS, 2017).
Para uma visualização desse acelerado processo de envelhecimento da população
brasileira, observe as pirâmides etárias, produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE), para os anos 1980, 2010 e projetada para 2060 (Figura 2).
9
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
10
Há diferenças importantes de expectativa e de qualidade de vida nas diferentes clas-
ses sociais e econômicas e que constituem questão central para governo e sociedade
civil considerarem no planejamento, implementação e gestão das políticas públicas
de interesse para esse grupo.
Além disso, de acordo com a Frente Nacional de Fortalecimento dos Conselhos, em
seu I Diagnóstico Nacional dos Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa (GIACOMIN;
SOUZA, 2020, p.9.):
11
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
Marcos internacionais
de proteção à pessoa idosa
Conhecer o cenário internacional de debates e proposições sobre a temática do en-
velhecimento e da garantia de direitos às pessoas idosas é importante, pois nos ajuda
a compreender que grande parte dos problemas que enfrentamos também ocorre
em outros países.
O Brasil esteve representado nos eventos que produziram os principais marcos que
trataremos aqui e debateu sobre nossa realidade, trazendo ensinamentos que me-
lhoraram a compreensão da nossa realidade sobre o processo de envelhecimento e
influenciaram a elaboração dos nossos marcos nacionais, conforme você verá nessa
Unidade e no Módulo 2.
ATENÇÃO!
A partir desta breve contextualização, chamamos sua atenção para o
fato de que, no cenário internacional, o primeiro documento sobre en-
velhecimento e proteção aos direitos das pessoas idosas foi o Plano In-
ternacional sobre Envelhecimento.
12
metas nacionais e os princípios reconhecidos internacionalmente em relação ao enve-
lhecimento e às necessidades das pessoas idosas;
e) incentivar o desenvolvimento da educação, da formação e da pesquisa que per-
mita responder adequadamente ao envelhecimento da população mundial e promo-
ver o intercâmbio internacional de habilidades e conhecimentos nesta área (FREITAS,
2013, tradução livre. Apud NACIONES UNIDAS, 1982).
Dez anos depois, na Assembleia da ONU de 1992, foi aprovada a Proclamação sobre o
Envelhecimento, estabelecendo, dentre diferentes atos, o ano de 1999 como o Ano
Internacional das pessoas idosas, com o slogan:
Saiba Mais!!!
O Brasil foi um dos primeiros a assinar. Entretanto, apesar de ter assi-
nado, o Brasil ainda não ratificou, o que quer dizer que o Legislativo
ainda não deliberou favoravelmente. Isso pode ser verificado no sítio
eletrônico da Câmara: https://bit.ly/3uWakw7
13
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
Saiba Mais!!!
Para conhecer melhor a Convenção Interamericana sobre a Proteção
dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas no que diz respeito aos seus
princípios, aos deveres dos estados signatários e quais são os direitos
protegidos, acesse o documento de criação, no endereço:
https://bit.ly/3waNhhj
14
Marcos nacionais contemporâneos
de proteção à pessoa idosa
Os principais marcos legais brasileiros voltados para a população idosa se originaram
na década de 1990, embora sejam reconhecidos antecedentes do começo do Século
XX, tais como alguns artigos do Código Civil (1916). Depois, vieram artigos do Código
Penal (1940), do Código Eleitoral (1965) e outros normativos que abordam questões
do envelhecimento.
Alguns documentos consideram a Lei Eloy Chaves, de 1923, importante marco legal
para a proteção à pessoa idosa, por ser a primeira iniciativa de que se tem registro
para a garantia de aposentadorias, criando assim, o sistema previdenciário e
instituindo as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) para os empregados de
empresas ferroviárias, o que depois se estendeu para outras categorias.
As Constituições brasileiras anteriores à de 1988 não expressavam a preocupação na
garantia de direitos às pessoas idosas, apenas enfatizavam a questão previdenciária,
de forma incipiente.
ATENÇÃO!
Importante sinalizar, ainda, que somente em 1986, durante a 8ª Confe-
rência Nacional de Saúde, emergiu a proposta de elaboração de uma
política global de assistência à população idosa, influenciada pelo Plano
de Viena. Desde então, o envelhecimento passou a ser pauta das políti-
cas públicas nacionais.
O grande marco em defesa dos direitos humanos das pessoas idosas se deu com o
advento da Constituição de 1988, que passou a evidenciar os direitos humanos,
conforme veremos a seguir.
15
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
TEXTO-DESTAQUE!
Foi a partir da Constituição de 1998 que ficou estabelecida a cobertura
universal das necessidades das pessoas idosas, com base na seguri-
dade social, por meio de programas de saúde, de assistência e de pre-
vidência, estruturados numa rede de proteção descentralizada, inte-
grada e participativa.
16
Desse modo, a Constituição assegura tanto a garantia de renda - como é o caso do
Benefício de Prestação Continuada (BPC) - como o fornecimento de serviços especia-
lizados prestados pela assistência social.
Um importante avanço trazido pela Constituição de 1988 para a defesa e proteção
dos direitos das pessoas idosas foi a introdução da participação civil dentro do espaço
público, estabelecendo a democracia participativa na administração pública
brasileira. Conforme veremos na Unidade 2, essa participação social se
institucionaliza, principalmente, por meio dos Conselhos.
Darlene Silveira (2013, p.74), em capítulo de livro sobre pessoas idosas e a
Constituição, chama atenção para o fato de que:
na década que segue a aprovação da Constituição de 1988, o
debate em torno da criação dos Conselhos do Idoso se configura
como o espaço que privilegia a participação das entidades
representativas da pessoa idosa e, especialmente, a participação
do idoso, dando-lhe voz no debate político em torno da afirmação
de seus direitos.
ATENÇÃO!
Importante destacar, também, que alguns documentos apontam obstá-
culos à efetivação da garantia de direitos às pessoas idosas, conforme
estabelece a Constituição de 1988. São resistências de ordem cultural,
política, econômica e social, visto que o envelhecimento no imaginário
coletivo ainda é associado a doenças, incapacidades, peso para a socie-
dade e para o sistema. O desafio presente é a superação da invisibili-
dade social da pessoa idosa, fruto dessa visão preconceituosa sobre a
velhice.
17
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
Uma vez que o Brasil foi signatário do Plano de Viena em 1982, ele passou a
incorporar, de forma mais assertiva, este tema na sua agenda política.
Além disso, os princípios de independência, participação, cuidados, autorrealização
e dignidade – adotados na Assembleia Geral da ONU de 1991 e as recomendações
definidas nesses documentos, orientaram diferentes legislações e documentos naci-
onais, especialmente a elaboração da Lei no 8.842 de 1994, que sancionou a PNI, con-
forme veremos adiante.
Ana Amélia Camarano (2016, p. 18-19) descreve cada um desses princípios, a partir
de publicação anterior de Camarano & Pasinato (2004), conforme abaixo:
a) “A promoção da independência requer políticas públicas que garantam a autono-
mia física e financeira, ou seja, acesso aos direitos básicos de todo o ser humano: ali-
mentação, habitação, saúde, trabalho e educação, além de previdência.
b) Por participação, busca-se a integração das pessoas idosas na sociedade. Isso re-
quer a criação de um ambiente propício para que possam compartilhar suas experiên-
cias com outras gerações e se socializarem.
c) O tema cuidados refere-se à necessidade de as pessoas idosas usufruírem de todos
os direitos humanos e liberdades fundamentais por meio do cuidado familiar ou insti-
tucional.
d) Autorrealização significa a possibilidade de os indivíduos fazerem uso de oportuni-
dades para o desenvolvimento do seu potencial, via acesso a recursos educacionais,
culturais, espirituais e recreativos.
e) Por último, o quesito dignidade requer que se assegure as pessoas idosas a possi-
bilidade de uma vida digna e segura, livre de toda e qualquer forma de exploração e
maus tratos”.
ATENÇÃO!
A PNI é fruto da reivindicação da sociedade e de amplos debates e con-
sultas ocorridos nos estados, com a participação de pessoas idosas (ati-
vas e aposentadas), pesquisadores, profissionais da área de gerontolo-
gia e geriatria e diferentes entidades representativas desse segmento,
os quais elaboraram um documento que serviu de referência para o
texto base da lei.
18
A Lei da PNI contém 22 artigos e é estruturada nos seguintes capítulos:
capítulo 1 - Da Finalidade;
capítulo 2 – Dos Princípios e das Diretrizes;
capítulo 3 – Da Organização e Gestão;
capítulo 4 – Das Ações Governamentais;
capítulo 5 – Do Conselho Nacional; e
capítulo6 – Das Disposições Gerais.
Destacaremos, a seguir, alguns aspectos relevantes dessa política.
Em seu Capítulo 1, consta que o objetivo da PNI é assegurar os direitos sociais da
pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade (BRASIL, 1994). Observe que o objetivo guarda
estreita relação com os princípios adotados pela Assembleia Mundial da ONU, de
1991, conforme apresentado no início desse tópico.
Ainda no Capítulo 1, Da Finalidade, a PNI normatiza a faixa etária ao tratar da pessoa
idosa. Assim, conforme o art. 2º:
Como referido no artigo, “para efeitos desta lei”, observamos que houve necessidade
de estabelecer um critério cronológico, que serve apenas de referência para o acesso
a direitos e oportunidades à pessoa idosa (BRASIL, 1994).
Como já vimos no início desta Unidade, o envelhecimento é complexo e heterogêneo.
Isso quer dizer que pessoas com 60, 70, 80 e 90 anos, embora consideradas “idosas”,
podem ter necessidades bastante diferentes.
No Capítulo 2, a Lei trata dos princípios da PNI, conforme segue:
I. a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar à pessoa idosa
todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade,
defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;
II. o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser
objeto de conhecimento e informação para todos;
III. a pessoa idosa não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;
IV. a pessoa idosa deve ser o principal agente e o destinatário das transformações
a serem efetivadas por meio desta política;
V. as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as
contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas
pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei.
19
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
ATENÇÃO!
É importante que, para assegurar os objetivos, a PNI propõe diversas
ações governamentais que tratam dos direitos das pessoas idosas a par-
tir de políticas setoriais. No Módulo 2, você conhecerá um conjunto
dessas políticas.
20
Por ora, apresentamos no Quadro 1 algumas das principais ações conforme as áreas
ou setores:
Uma questão central para este Curso, assim como para os conselheiros, é conhecer
bem a lei que cria a PNI. Isto inclui ter adequada noção da sua estruturação e de seu
funcionamento, bem como do papel da sociedade nesse processo e de que forma a
lei prevê a organização e a gestão da PNI. Isso, porque essa lei, em sintonia com os
princípios da Constituição Federal de 1988, reconhece o controle social como corres-
ponsável pela gestão dessa política. Abordaremos a questão do controle social na
próxima Unidade deste Módulo.
Quando a PNI foi criada, a proporção da população idosa no Brasil era em torno de
8%. Em 2016, quando a PNI completou 20 anos de sua regulamentação, essa propor-
ção alcançou a marca de 13,7%. Este aumento do contingente amplia os desafios,
intensifica a necessidade de políticas públicas, demandando a atualização e o aprimo-
ramento da PNI. Um esforço de reflexões e avaliações da PNI, como contribuição ao
seu aprimoramento foi organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA), fundação vinculada ao então Ministério de Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão.
21
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
Saiba Mais!!!
Para conhecer melhor a avaliação da PNI em seus 20 anos, consulte o
livro Política Nacional do Idoso: velhas e novas questões, organizado por
Alexandre de Oliveira Alcântara, Ana Amélia Camarano e Karla Cristina
Giacomin e publicado em 2016 pelo IPEA. O livro pode ser acessado na
íntegra no endereço: https://bit.ly/3yhudA1
Para uma boa atuação como conselheiro dos direitos da pessoa idosa, é fundamental
o amplo conhecimento da Política Nacional do Idoso.
O Estatuto do Idoso
Juntamente à Política Nacional do Idoso, o Estatuto é documento base para a prática
dos conselheiros de direitos da pessoa idosa. Assim, é fundamental ter pleno conhe-
cimento de seu conteúdo para que se possa defender, nas diferentes situações, os
direitos estabelecidos nesse documento. Assim, você pode consultá-lo na íntegra em
nossa Biblioteca Virtual!!!
Esse importante marco jurídico foi resultado da luta organizada de diferentes seg-
mentos da sociedade, comprometidos com a defesa dos direitos da pessoa idosa.
Dentre este, tem-se a Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas
(COBAP); o Movimento de Servidores Aposentados e Pensionistas (MOSAP); repre-
sentantes da Associação Nacional de Gerontologia (ANG), da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG), da Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (CONTAG), e representantes religiosos, como a Pastoral da Pessoa Idosa.
O primeiro projeto de lei de Estatuto do Idoso no Brasil nasceu em 1997 e o segundo
em 1999. Em 2001, a Câmara dos Deputados constituiu uma comissão para examinar
as propostas ou projetos de lei que tratavam do Estatuto do Idoso. Houve participa-
ção do movimento social das pessoas idosas nos debates e, em seguida, foi organi-
zado em Brasília um seminário sobre o referido Estatuto, com importantes contribui-
ções ao projeto de Lei.
A partir de todos esses esforços, o projeto de Lei que cria o Estatuto do Idoso foi
aprovado em outubro de 2003 (Lei no 10.741/2003), passando a valer a partir de 1º
de janeiro de 2004.
Estruturado em 118 artigos, divididos em 07 (sete) títulos, o Estatuto versa sobre diver-
sas áreas dos direitos fundamentais e das necessidades de proteção às pessoas idosas,
22
objetivando reforçar as diretrizes contidas na Política Nacional do Idoso, muitas já as-
seguradas pela Constituição Federal de 1988, como já vimos aqui nesta Unidade.
TEXTO-DESTAQUE!
O Estatuto tem o objetivo de garantir os direitos às pessoas idosas,
consideradas como tais aquelas com idade igual ou superior a 60 anos.
Os principais direitos estabelecidos são: direito à vida, à proteção, à sa-
úde, ao trabalho, à previdência social, à assistência social, à educação, à
cultura, ao lazer, à moradia e ao voto.
23
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
A Lei no 13.466 de 2017 alterou os artigos 3o,15 e 71 da Lei no 10.741 de 2003, a fim
de estabelecer a prioridade especial das pessoas maiores de 80 anos.
Três importantes destaques são dados ao Estatuto do Idoso, como se segue. O pri-
meiro deles diz respeito ao fato de o Estatuto reunir, em um único documento legal,
muitas das leis e políticas anteriormente aprovadas que estavam dispersas no orde-
namento jurídico. Essa característica do Estatuto facilita o manuseio desse instru-
mento legal e o torna mais acessível à população, o que favorece, indiretamente, o
cumprimento da lei.
O segundo destaque é o fato dele estabelecer um conjunto de crimes e sanções ad-
ministrativas para o não cumprimento dos direitos legais previstos no Estatuto. No
caso da violação destes direitos, caberá ao Ministério Público (MP) agir para a garan-
tia deles.
Ainda neste quesito, vale destacar alguns artigos do Estatuto, tendo em vista que a
violação dos direitos às pessoas idosas é um grave problema em nossa sociedade e os
Conselhos de direitos têm papel fundamental de contribuir na prevenção, fiscalização
e denúncia dessas violações.
Assim, destacamos os seguintes artigos do Estatuto:
O art. 4o, que determina que todos estão obrigados a prevenir a ameaça ou violação
dos direitos da pessoa idosa. Aqueles que não cumprirem com esse dever serão res-
ponsabilizados, quer sejam pessoas físicas ou jurídicas (empresas, instituições, enti-
dades governamentais etc.). Esta responsabilidade não é apenas criminal, mas tam-
bém civil;
O art. 5o, que se refere à punição por omissão e estabelece que o indivíduo que
omitir deverá pagar indenização por ameaça ou violação aos direitos do idoso;
O art. 6o, que estabelece que todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade
competente qualquer forma de violação a esta Lei (do Estatuto) que tenha testemu-
nhado ou de que tenha conhecimento.
O art. 19, que se refere especificamente à obrigação dos profissionais de saúde em
comunicar às autoridades policiais, Ministério Público e Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa, os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra pessoas
idosas. Este artigo foi substituído pela Lei no 12.461 de 2011. Com isso, passou a
incluir, também, a necessidade de comunicação de suspeita ou confirmação de vio-
lência, além das autoridades mencionadas no Estatuto, às autoridades sanitárias.
24
Essa questão resgata a importância, já comentada no início desse tópico, do conse-
lheiro conhecer bem o Estatuto do Idoso. Chama a atenção, também, para a impor-
tância dos CDPI na contribuição para que o Estatuto cumpra com seus objetivos, re-
presentando, de fato, uma conquista para a sociedade brasileira.
Por fim, é importante pensarmos que, como ocorre com qualquer instrumento jurí-
dico, o Estatuto também necessita de aperfeiçoamentos, para efetivamente assegu-
rar os direitos das pessoas idosas. Por exemplo, a própria revisão da definição etária,
de forma a permitir uma uniformidade de critério para aplicação das leis, visto que
para alguns direitos a idade mínima é de 65 anos.
ATENÇÃO!
A necessidade de aperfeiçoamento não diminui a importância do Esta-
tuto como um dos principais documentos norteadores para que políti-
cas públicas direcionadas à população idosa sejam efetivamente imple-
mentadas.
Resumindo
Nessa Unidade tratamos do envelhecimento da população brasileira e da importância
desse fenômeno para as políticas públicas que garantam uma velhice digna e saudável
dessa população.
Além disso, foram abordados os principais marcos internacionais e nacionais voltados
para a proteção e defesa dos direitos das pessoas idosas.
Especificamente para as pessoas idosas, foram destacados os Planos de Ação para o En-
velhecimento, frutos de assembleias mundiais da Organização das Nações Unidas que
discutiram agendas voltadas para questões da velhice, da dignidade, da proteção, da au-
tonomia e do protagonismo das pessoas idosas. Enfatizamos, ainda, o quanto esses do-
cumentos influenciaram o Brasil, na construção de uma legislação específica para tais
pessoas. Conhecemos, ainda, a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos
Humanos das pessoas idosas, da qual o Brasil é signatário, mas ainda sem se ratificar.
Em relação aos marcos nacionais, tivemos a oportunidade de discorrer sobre a Cons-
tituição Federal de 1988 e reconhecer a sua importância para a temática do envelhe-
25
Unidade 1 – Envelhecimento populacional
e o sistema normativo de proteção
PARA REFLETIR!
A partir de então, reflita: Em seu município, qual a impor-
tância do Estatuto do Idoso na orientação das ações volta-
das para a garantia de direitos das pessoas idosas?
26
Unidade 2
Os Conselhos de Direitos da Pessoa
-
27
Unidade 2 - Os Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa e seu sistema de atuação
Conceito e histórico de
surgimento dos Conselhos
Podemos entender por controle social a participação da sociedade na administração
pública, com o objetivo de acompanhar e fiscalizar as ações do governo, em seus di-
ferentes níveis; propor soluções para problemas, a fim de assegurar a manutenção
dos serviços de atendimento ao cidadão e o cumprimento das políticas públicas.
28
ampliou diversas conquistas na esfera dos direitos sociais, introduziu a participação
civil dentro do espaço público e adotou a democracia participativa. Isto, ao prever a
participação dos cidadãos através dos denominados institutos de democracia direta
ou semidireta, como o plebiscito, a audiência pública, a iniciativa popular de lei, os
Conselhos, as conferências e outros canais institucionais de participação social.
TEXTO-DESTAQUE!
Os Conselhos, institucionalizados a partir da Constituição de 1988, são
instrumentos de controle social, por meio dos quais a sociedade exerce
papel ativo na defesa de seus interesses. Compostos por representantes
do estado e da sociedade, estes órgãos objetivam intermediar os inte-
resses desses dois segmentos na defesa e garantia de direitos, na identi-
ficação de problemas e respectivas soluções e na gestão de programas e
políticas públicas.
29
Unidade 2 - Os Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa e seu sistema de atuação
Saiba Mais!!!
Para aprender mais sobre outras características dos Conselhos, consulte
o artigo “O mapeamento da institucionalização dos Conselhos gestores
de políticas públicas nos municípios brasileiros”, da autora Danitza Pas-
samai R. Buvinich, publicado em 2014 na Revista de Administração Pú-
blica e disponível no link: https://bit.ly/3j4q64T
A partir de sua previsão pela Constituição Federal de 1988, os Conselhos podem ser
criados por leis, decretos ou portarias. Seus funcionamentos se estruturam por regras
formalizadas em estatutos, regimentos e outros documentos orientadores. No que se
refere ao Conselho Nacional do Idoso, a sua criação estava prevista no texto da Política
Nacional do Idoso (PNI), pela Lei no 8.842/1994, mas não se efetivou. Em 1996, essa lei
foi regulamentada por meio do Decreto no 1.948, que tornou responsabilidade do Mi-
nistério da Previdência e Assistência Social a coordenação das ações relativas à PNI.
Seis anos depois, foi criado, na estrutura básica do Ministério da Justiça, o Conselho
Nacional de Direitos do Idoso, por meio do Decreto no 4.227 de 2002. Inicialmente,
com caráter consultivo e sem paridade entre o número de representantes do Estado
30
e da sociedade civil, passou a ser paritário apenas com o Decreto no 4.287 do mesmo
ano. Atualmente, adota a denominação de Conselho Nacional de Direitos da Pessoa
Idosa.
TEXTO-DESTAQUE!
A Lei no 8.842/1994 também prevê a criação dos Conselhos de Direitos
da Pessoa Idosa nos níveis estaduais, distrital e municipais de governo.
Em Minas Gerais, o Conselho Estadual do Idoso - CEI - foi criado pela Lei
no 13.176 de 1999, ainda antes do CNDI.
Saiba Mais!!!
No histórico de criação dos Conselhos, um instrumento bastante reconhecido
são os chamados Princípios de Paris. Esses princípios foram redigidos durante
os primeiros encontros internacionais de instituições voltadas para a garantia
dos direitos humanos, em Paris, no ano de 1991.
Os Princípios de Paris foram adotados pela Assembleia Geral das Nações Uni-
das, através da Resolução 48/134 de 1993 e apresentam um conjunto de ca-
racterísticas as quais as instituições voltadas para a garantia de direitos devem
apresentar. Essas características se relacionam à competência e às atribuições
dessas instituições, à estrutura de funcionamento e, ainda, à composição des-
sas instituições, com vistas à garantia de independência e pluralidade.
Para conhecer melhor os Princípios de Paris, acesse o documento Princípios
relativos ao Estatuto das instituições nacionais de direitos humanos (Princí-
pios de Paris) disponível no endereço: https://bit.ly/3eRqJfW
31
Unidade 2 - Os Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa e seu sistema de atuação
32
O papel do Conselho Nacional de Direitos da Pessoa Idosa
Você já sabe que a criação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDI)
era prevista para 1994, mesmo ano em que foi criada a Política Nacional do Idoso.
Entretanto, ela somente se concretizou em 2002, sendo o CNDI vinculado ao então
Ministério da Justiça.
Inicialmente, o CNDI não era paritário, nem deliberativo. A paridade foi instituída por
meio do Decreto no 4.287, de 27 de junho de 2002 e o caráter deliberativo por meio
do Decreto no 5.109, de 17 de junho de 2004.
De forma geral, o CNDI tem como objetivo acompanhar a aplicação do Estatuto do
Idoso, da PNI e dos demais atos normativos relacionados ao atendimento do da pes-
soa idosa. Entre as competências que definem o seu papel, destacamos:
a) estimular a ampliação e aperfeiçoamento dos mecanismos de participação e
controle social;
b) apoiar os Conselhos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais dos Direitos
da Pessoa Idosa, os órgãos estaduais, municipais e entidades não-governa-
mentais;
c) acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária da União;
d) promover a cooperação entre os governos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios e a sociedade civil organizada na formulação e exe-
cução da política nacional de defesa dos direitos da pessoa idosa; entre outras.
Até 2018, o CNDPI era constituído de forma paritária, contando com quatorze mem-
bros do governo e quatorze da sociedade civil.
Em 27 de junho de 2019, foi editado o Decreto no 9.893, de 27 de junho de 2019, que
revogou dispositivos legais do CNDI e estabeleceu nova composição de 06 (seis) mem-
bros, os quais são:
• o secretário nacional de promoção e defesa dos direitos da pessoa idosa do
MMFDH, que o presidirá;
• um representante da Secretaria Nacional da Família do Ministério da Mulher,
Família e Direitos Humanos (MMFDH), indicado pelo titular da secretaria e de-
signado pelo ministro de Estado;
• um representante da Secretaria Nacional de Proteção Global do MMFDH, in-
dicado pelo titular da secretaria e designado pelo ministro de Estado; e
• três representantes da sociedade civil organizada, indicados por entidades se-
lecionadas por meio de processo seletivo público e designados pelo ministro
de Estado da MMFDH.
Cada membro mencionado na composição acima terá um suplente, que o substituirá
em suas ausências e seus impedimentos.
33
Unidade 2 - Os Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa e seu sistema de atuação
ATENÇÃO!
Uma das atribuições mais importantes do CNDI é a coordenação da Con-
ferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDPI), momento no
qual a sociedade civil discute a política e formula propostas ao governo
federal.
34
Na estrutura sistêmica dos Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa no Brasil, um dos
papéis mais importantes dos Conselhos Estaduais é o de orientação aos Conselhos
Municipais. Outras competências dos Conselhos Estaduais são destacadas abaixo:
• Zelar pela implantação, implementação, defesa e promoção dos direitos da
pessoa idosa;
• Propor, opinar e acompanhar a criação e elaboração da lei de criação da polí-
tica estadual da pessoa idosa;
• Propor, formular, acompanhar, fiscalizar e avaliar as políticas e ações do es-
tado destinadas à pessoa idosa, zelando pela sua execução;
• Cumprir e zelar pelas normas constitucionais e legais referentes à pessoa
idosa, sobretudo a Lei Federal no 8.842 de 1994 (Política Nacional do Idoso), a
Lei Federal no 10.741 de 2003 (Estatuto do Idoso), e demais leis de caráter
estadual;
• Denunciar à autoridade competente e aos Ministérios Públicos o descumpri-
mento de qualquer um dos dispositivos legais acima elencados;
• Receber e encaminhar aos órgãos competentes as petições, denúncias e re-
clamações sobre ameaças e violação dos direitos da pessoa idosa, e exigir das
instâncias competentes as medidas efetivas de proteção e reparação;
• Propor, incentivar e apoiar a realização de eventos, estudos e pesquisas vol-
tados para a promoção, proteção, a defesa dos direitos e melhoria da quali-
dade de vida da pessoa idosa;
• Incentivar a criação do fundo especial para captação de recursos destinados a
atender as políticas, ações e programas destinados à pessoa idosa, o Fundo
Estadual do Idoso;
• Deliberar sobre aplicação dos recursos oriundos do Fundo Estadual do Idoso,
elaborando e aprovando os planos de ação e aplicação, e, ainda, acompanhar,
fiscalizar sua utilização e avaliar os resultados;
• Elaborar seu regimento interno;
• Participar ativamente da elaboração das peças orçamentárias estaduais Plano
Plurianual (PPA) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária
Anual (LOA), assegurando a inclusão de dotação orçamentária compatível
com as necessidades e prioridades estabelecidas, zelando pelo seu efetivo
cumprimento e esforçando-se para realizar quaisquer outras atribuições que
se apresentem;
• Divulgar os direitos das pessoas idosas, bem como os mecanismos que asse-
guram tais direitos;
• Organizar e realizar as conferências estaduais de direitos da pessoa idosa, em
conformidade com o CNDI e observando que a convocação para realização da
Conferência é feita pelo chefe do executivo, ou seja, o governador;
Além dessas competências, outras podem ser criadas, com vistas ao fortalecimento
do controle social e da proteção das pessoas idosas.
35
Unidade 2 - Os Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa e seu sistema de atuação
TEXTO-DESTAQUE!
O Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI) é um órgão
permanente, paritário (com o mesmo número de representantes gover-
namentais e não-governamentais), consultivo, deliberativo, formulador
e controlador das políticas públicas e ações voltadas para a pessoa
idosa no município. É acompanhado por uma Secretaria Municipal que
deverá lhe dar apoio estrutural e funcional, não havendo para o Conselho
qualquer condição de subordinação.
36
prevista a aplicação de recursos oriundos daquele.
• Zelar pela efetiva descentralização político-administrativa e pela participação
de organizações representativas das pessoas idosas na implementação de po-
lítica, planos, programas e projetos de atendimento à pessoa idosa;
• Elaborar o seu regimento interno.
• Cabe ao Conselho, ainda, participar ativamente da elaboração das políticas
públicas de atendimento à pessoa idosa, cuidando e vigiando sua inclusão nas
peças orçamentárias municipais (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Or-
çamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA).
ATENÇÃO!
Conforme você verá no Módulo 5, um dos grandes desafios para os Con-
selhos Municipais é a criação e funcionamento dos Fundos Municipais do
Idoso. Nesse sentido, é fundamental que os conselheiros se engajem
nesse objetivo, pois são instrumentos de grande contribuição para o fi-
nanciamento de políticas públicas voltadas para este público nos municí-
pios.
37
Unidade 2 - Os Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa e seu sistema de atuação
38
Nesse sentido, a abertura do espaço político e o fortalecimento de uma cultura do
interesse público, tanto na sociedade civil quanto nos governantes, constitui das mais
importantes potencialidades dos Conselhos como instrumentos de democratização
da administração pública.
A abrangência de atuação dos Conselhos é bastante ampla. Suas decisões devem in-
cidir tanto sobre o formato das políticas públicas quanto sobre as estratégias e dire-
trizes para sua implementação. Por isso, devem, além de definir metas e diretrizes
políticas em relação à universalização de direitos e às políticas de atendimento esta-
belecidas nos direitos sociais, deliberar sobre o formato de gestão de maneira a ga-
rantir o controle social.
ATENÇÃO!
Para a garantia do controle social, é fundamental que os Conselhos fun-
cionem com composição paritária e representativa entre o poder gover-
namental e sociedade civil. Esta condição deve ser respeitada desde a
primeira ação após a publicação da lei.
Em relação à paridade, para que esta seja efetiva nos Conselhos, é preciso que ocorra
a alternância na diretoria e presidência da mesa diretora. No módulo 2 deste Curso,
você compreenderá melhor essas questões para o caso dos Conselhos Municipais de
Direitos da Pessoa Idosa.
Uma vez atuando para o efetivo controle social, as expectativas quanto ao funciona-
mento dos Conselhos incluem:
• Proteger os direitos adquiridos e lutar por novos direitos;
• Ser instrumento de democratização da gestão pública;
• Ser local de escuta e de diálogo;
• Dar mais transparência aos processos políticos e controlar a corrupção, quali-
ficando as políticas públicas;
• Fortalecer a democracia; e
• Ser um contrapeso a formas autoritárias de poder.
Existe consenso, por parte de diferentes estudiosos sobre Conselhos de Direitos, de
que esses espaços representam um dos avanços mais significativos da democracia
brasileira. A justificativa é que possibilitam o aumento da influência da sociedade civil
institucionalizada sobre o Estado na formulação de políticas públicas, na ampliação
da inclusão social, no aumento do controle público e no acompanhamento dos servi-
ços prestados pelo Estado.
Conforme vocês verão no Módulo 3, muitos elementos e condições são essenciais
para que os Conselhos atendam às expectativas de sua criação e atuem conforme as
atribuições e competências que lhe cabe.
39
Unidade 2 - Os Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa e seu sistema de atuação
40
Quadro 3. Efeitos normativos esperados a partir do funcionamento dos Conselhos
Efeitos normativos
Garantia da inserção social.
Inserção da sociedade nos assuntos públicos como um direito, garantindo o pluralismo
de vozes;
Sociedade Garantir à sociedade o direito de se manifestar durante os processos deliberativos que
ocorrem no Conselho, livre de constrangimentos;
Garantia do protagonismo do cidadão nos processos políticos para gerar uma
comunidade política.
Estimular processos deliberativos dinâmicos.
Garantias de processos deliberativos dinâmicos e qualificados, decisões que continuam
Conselho influenciando resultados futuros;
Garantia da igualdade e simetria para garantir qualidade deliberativa;
Garantia de formas de comunicação democrática.
Garantir a accountability (prestação de contas à sociedade).
Reconhecimento do Conselho como órgão de controle e proporcionar as condições para
Governo que o controle social seja exercido;
Transparência no agir e nas apresentações das contas públicas.
Publicização para atuação da cidadania e geração de opinião pública.
Fonte: Adaptado de Martins, 2015.
Quanto aos efeitos políticos (Quadro 4), o que se espera é que os Conselhos sejam
espaços cujas ações influenciem efetivamente as ações e políticas públicas. Assim,
configurando uma possibilidade de via de participação social política que não se
esgota nos mecanismos eleitorais.
41
Unidade 2 - Os Conselhos de Direitos da
Pessoa Idosa e seu sistema de atuação
O conjunto dos efeitos esperados abre espaço para uma consciência política geral,
tanto por parte da população, do Conselho em si, quanto do estado. Isso permite
avançar na compreensão de que o estado necessita da colaboração da sociedade para
superar problemas de políticas públicas e favorecer a cultura de direitos.
ATENÇÃO!
Conforme você viu e conhecerá com mais detalhes no Módulo 3, os Con-
selhos de direitos das pessoas idosas possuem diferentes atribuições.
42
No caso dos CDPI, seu adequado funcionamento tem grande contribuição na efetiva-
ção das políticas públicas voltadas para a pessoa idosa, promovendo a defesa e o com-
bate à violação de direitos e igualdade social, e para o bem-estar dessa população.
Outros benefícios também relevantes da atuação dos CDPI incluem a defesa dos di-
reitos da pessoa idosa e o combate à sua violação. Adicionalmente, tem-se o estímulo
ao protagonismo das pessoas idosas nas discussões e deliberações de políticas de seu
interesse, ao exercício de sua cidadania; e a promoção de uma cultura do envelheci-
mento, com solidariedade entre diferentes gerações, o que favorece a construção de
sociedades e municípios para todas as idades.
Resumindo
Na Unidade 2 vimos o que são Conselhos; e o histórico de criação dessas instâncias
no Brasil - desde o início dos movimentos de resistência e lutas por voz política, até a
institucionalização dessa participação pela Constituição Federal de 1988.
Também, destacamos o papel dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipal no sis-
tema de Conselhos no Brasil e a importância da articulação entre esses para fortalecer
políticas voltadas para a pessoa idosa.
No terceiro tópico da Unidade conhecemos as expectativas de funcionamento dos
Conselhos e o que se esperar de resultados. Como espaços plurais e heterogêneos,
que atuam no controle social, há um conjunto de expectativas em relação aos Conse-
lhos, dentre as quais se incluem ser espaços de escuta e diálogo, de fortalecimento
da democracia e de maior transparência dos processos políticos.
Quanto aos resultados, eles contribuem, de maneira diferente, para
a sociedade, para o Conselho em si e para o governo. Também, vi-
mos que os resultados possuem natureza educativa, normativa e
política que, no conjunto, fortalecem a democracia.
PARA REFLETIR!
A partir de então, reflita: Como seria a nossa
sociedade em geral sem a existência dos
Conselhos? Em particular, como seria
o seu município?
43
Referências
ARANTES, Rodrigo Caetano. Empoderamento e protagonismo da pessoa idosa. Curso
de formação em direitos da pessoa idosa. Mudanças etárias e envelhecimento
ativo. Módulo 1. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2017, online.
ARAUJO, Cíntia Rejane Möller de. A participação societal na concepção das políticas
públicas de turismo no Brasil: o caso do Conselho Municipal de Turismo de
São Paulo no período de 1991 a 2006. 2007. Tese (Doutorado em
Administração Pública) - Escola de Administração de Empresas, Fundação
Getúlio Vargas, São Paulo, 2007. Disponível em:
https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2490/86592
.pdf?sequence=2&isAllowed=y. Acesso em: 04 maio. 2021. apud MARTINS,
Simone. O exercício da democracia em Conselhos de políticas públicas. Tese
de Doutorado, UFMG, 2015.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº
10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá
outras providências. Brasília, 3 out. 2003. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm. Acesso em: 05
maio. 2021.
44
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº
8.842, de 04 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria
o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Brasília, DF, p. 77, 05
jan. 1994. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm. Acesso em: 05 maio.
2021.
45
CASTRO, Marcia C. et al. Reduction in the 2020 Life Expectancy in Brazil after COVID-
19. medRxiv, 09 abr. 2021. Disponível em:
https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2021.04.06.21255013v1. Acesso
em: 05 maio. 2021.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 3. ed. rev. e
ampl. São Paulo, SP: Saraiva, 2003. ISBN 85-02-04077-4. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4977109/mod_resource/content/1
/A_afirmacao_historica_dos_direitos_human%20%281%29.pdf. Acesso em:
05 maio. 2021.
46
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O Conselho Nacional dos Direitos do
Idoso na Visão de seus Conselheiros. Relatório de Pesquisa. Projeto Conselhos
Nacionais: perfil e atuação dos conselheiros. Brasília: Ipea. 2012. 53 p.
Disponível em:
https://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/relatoriosconselhos/120
409_relatorio_direitos_idoso.pdf. Acesso em: 12 maio. 2021.
LIMA, Paula Pompeu Fiuza et al. Conselhos Nacionais: elementos constitutivos para
sua institucionalização. Texto para Discussão, Brasília: IPEA, abr. 2014. ISSN
1415-4765 Disponível em:
https://ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/td_1951.pdf. Acesso em: 12
maio. 2021.
LOPES, Bruno de Jesus; SILVA, Edson Arlindo; MARTINS, Simone. Conselho de Políticas
e Participação: Aspectos do Funcionamento do Conselho Municipal de Saúde
de Belo Horizonte - MG. Desenvolvimento em Questão, Unijuí, v. 14, n. 35, p.
207-242, jul./set. 2016. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br.
Acesso em: 12 maio. 2021.
47
48