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Apostila Módulo 3

Composição, Organização e
Planejamento dos Conselhos de
Direitos da Pessoa Idosa
FICHA TÉCNICA
Elaboração/Desenvolvimento: Consultoria técnico-especializada:
Profa. Dra. Andréia Queiroz Ribeiro Ma. Silvia Maria Magalhães Costa
Universidade Federal de Viçosa (UFV) Pesquisadora do GEGOP
Profa. Dra. Simone Martins (Espaços Deliberativos e Governança Pública)
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Profa. Dra. Stefania Becattini Vaccaro Prof. Dr. Ivan Beck Ckagnazaroff
Universidade Federal de Lavras (UFLA) Universidade Federal de Minas Gerais
Profa. Dra. Tainá Rodrigues G. Souza Pinto (UFMG)
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Diagramação:
Revisão de Vernáculo: Ms. Pedro Eni Lourenço Rodrigues
Carlos Henrique Guimarães Ribeiro Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Universidade Federal de Viçosa (UFV) Imagens: www.freepik.com

© 2021 Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos


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Sumário
Apresentação ...................................................................... 3
Unidade 1 - Composição e representações nos Conselhos de
Direitos da Pessoa Idosa ...................................................... 5
Composição dos Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa ............ 6
Condições para a atuação eficaz dos Conselheiros ................................... 10
Expectativas de atuação das representações nos Conselhos Municipais de
Direitos da Pessoa Idosa ......................................................................... 15
Resumindo............................................................................................. 17

Unidade 2 - Estruturação e Organização dos Conselhos


Municipais de Direitos da Pessoa Idosa ............................... 19
Estruturação dos Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa ......... 20
O Planejamento para a organização das Ações do CMDPI ......................... 24
Resumindo............................................................................................. 29

Unidade 3 - Deliberação nos Conselhos de Direitos da Pessoa


Idosa ................................................................................ 31
Princípios democráticos para uma deliberação de qualidade .................... 32
Requisitos para uma deliberação de qualidade ........................................ 35
Encaminhamentos e registros das deliberações nos Conselhos ................. 37
Resumindo............................................................................................. 41
Referências ........................................................................................... 43

i
Ícones da Apostila
Ao longo da apostila serão apresentados ícones, propostos com o objetivo
de facilitar a compreensão imediata do conteúdo apresentado e, assim,
contribuir para a organização do estudo.
Você vai encontrar pequenas figuras ao lado do texto. Elas têm o objetivo
de chamar a sua atenção para determinados trechos do conteúdo. Cada
uma delas tem uma função específica, como apresentamos a seguir.

TEXTO-DESTAQUE!
São definições, conceitos ou afirmações importantes
às quais você deve estar atento.

SAIBA MAIS!!!
Apresenta links da internet, a partir dos quais você
pode obter vídeos, sites ou artigos relacionados ao
tema,caso queira complementar ou aprofundar o
conteúdo apresentado na apostila.

ATENÇÃO!
Utilizado para chamar atenção sobre a importância
do conteúdo destacado. É um convite a refletir sobre
os aspectos apontados, relacionando-os com a sua
prática profissional e cotidiana.

PARA REFLETIR!
Utilizado como forma de um convite para reflexão
sobre diversos temas abordados nesta apostila e
as suas vivências relacionadas a eles.

ii
Apresentação
Neste Módulo vamos abordar aspectos relacionados a composição e funcionamento
dos Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa.
Como você já sabe, os Conselhos são inovações na gestão pública e instrumentos de
fortalecimento da democracia. A sua importância aumenta quando pessoas afetadas
diretamente pela ação pública, como as pessoas idosas, são convidadas a participar
de todos os processos de construção e fortalecimento das políticas, podendo auxiliar
na identificação de problemas e de soluções transformadoras, que podem melhorar
a vida de muita gente.
No caso dos Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa, podem contribuir para a defesa
dos direitos, proteção das pessoas idosas e para garantir em seu município longevi-
dade com qualidade de vida. Na Figura 1 você irá encontrar os conteúdos que serão
tratados neste Módulo.

Figura 1 - Unidades do Módulo 3

Iniciaremos este Módulo contemplando a composição e as representações nos Con-


selhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa (CMDPIs). Vamos compreender as ex-
pectativas de atuação das representações nestas instituições participativas e refletir
sobre os papéis dos conselheiros. Dando sequência, na Unidade 2, conheceremos so-
bre as formas de organização e estruturação do CMDPI e a importância do planeja-
mento para o alcance de seus objetivos.
Já na Unidade 3, avançaremos compreendendo o que é necessário para que o Conse-
lho tenha uma deliberação de qualidade. Serão abordados os princípios e orientações
para uma deliberação de qualidade.
Os conteúdos propostos para este Módulo foram considerados relevantes para fun-
damentar o funcionamento dos CMDPIs. Além deles, serão disponibilizados:

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Vídeo de apresentação – de caráter introdutório, deve ser assistido antes da lei-
tura desta apostila;
Aulas narradas – para reforçar o conteúdo do Módulo;
Exercícios de fixação - permite a verificação da aprendizagem
Fórum de Discussão - para trocas de experiências, solicitação de esclarecimentos
adicionais e compartilhamento das boas práticas.
Manuais e Orientações – modelos de documentos e orientações ampliadas.

Na plataforma você encontrará as informações para acessar os fóruns de discussão.


Participe! A sua participação será de grande importância!
Você encontrará, também, o Manual FoCo MG, criado opara auxiliar no processo de
fortalecimento do Conselho de Direitos da Pessoa Idosa do seu município, contendo
modelos ou orientações valiosas, para colocar em prática todo o conteúdo que será
tratado neste Módulo.
Este Módulo 3 terá duração de 10 horas, o que inclui todas as atividades propostas.
Não se esqueça de ler o Guia de Estudos, preparado para lhe auxiliar a se organizar e
aproveitar da melhor maneira o tempo dedicado a este Módulo. Você encontrará o
Guia na Plataforma deste Curso. Acesse e receba as nossas sugestões para realizar as
atividades.
Desejamos sucesso na realização deste Módulo 3 e em todo o Curso de Fortaleci-
mento dos Conselhos e Fundos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa!
Boa leitura!

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Unidade 1
Composição e representações
-

nos Conselhos de Direitos


da Pessoa Idosa
Nesta Unidade temos como objetivo compreender a composi-
ção e as expectativas de atuação das representações nos Con-
selhos de Direitos da Pessoa Idosa. Para tanto, serão tratados
os seguintes conteúdos:
 Composição dos Conselhos Municipais de Direitos da
Pessoa Idosa;
 Condições para atuação eficaz dos conselheiros;
 Expectativas de atuação das representações nos Conse-
lhos de Direitos da Pessoa Idosa.
Unidade 1 – Composição e representações nos
Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa

Composição dos Conselhos Municipais


de Direitos da Pessoa Idosa
As normas de criação de Conselhos de Direitos no Brasil sofreram influência dos Prin-
cípios de Paris, como já foi comentado na apostila do Módulo 1. Com base neles,
instituições participativas como os Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa se orienta-
ram para contemplar características que se relacionam com competências, atribui-
ções, estrutura e composição, com vistas à garantia de independência e pluralidade.
Assim, na composição dos Conse-
lhos é muito importante que seja
observado o princípio da Plurali-
dade, de maneira que a multiplici-
dade de pessoas idosas do município
esteja nele representada. Outro
princípio que deve ser observado
para a sua composição é o da Pari-
dade. Significa que na composição
do Conselho deverá ser garantido o
equilíbrio entre o número de representações do governo local e da sociedade civil
organizada, sendo estes últimos, selecionados, eleitos e indicados pelas organizações
não governamentais.

ATENÇÃO!
É válido lembrar que a paridade entre o governo e a sociedade civil deve
ser observada nos processos de preparação, de constituição da comissão
para conduzir os trabalhos de criação do CMDPI, de elaboração do Ante-
projeto de Lei de criação do CMDPI, de constituição da comissão para a
eleição dos primeiros conselheiros e no funcionamento do Conselho.

Destaca-se a necessidade de observar este princípio para garantir iguais oportunida-


des de participação nos processos políticos relacionados com a pessoa idosa, tanto
da sociedade quanto do governo. Ainda, para que o CMDPI seja um mecanismo autô-
nomo na garantia da atenção à pessoa idosa, é importante que a paridade não seja
apenas formal.

Isso significa que os conselheiros devem estar em


condições de igualdade em termos de participação.

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Para tanto, os conselheiros devem dispor de informações e capacitações que lhes per-
mitam participar das discussões e tomar decisões com segurança.
Vamos compreender isso melhor ao longo desta Unidade. Antes, uma pergunta:

No seu município já existe o Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa?


Antes de seguir, que tal acessar o documento: “Orientações para
criação de Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa”. Nele
contém orientações valiosas para a criação do Conselho e está
Se NÃO disponível na Plataforma deste Curso. Sem dúvidas, ter o
entendimento sobre o processo de criação será fundamental para
a continuidade neste curso.

Ótimo! O seu município já deu um valioso passo. Já possui um


Conselho e, portanto, vamos dar continuidade ao conteúdo desta
Se SIM apostila para compreender aspectos da composição e organização
dele e, ainda, sobre o planejamento das suas ações.

Quem pode compor o Conselho? Quem pode ser um Conselheiro?


A composição do Conselho se realiza por representação, ou seja, os conselheiros são
eleitos ou indicados para agir em nome de outras pessoas. Isto indica que as repre-
sentações têm responsabilidade de apresentarem as demandas, as necessidades, as
propostas, os pontos de vistas de uma coletividade, assim como de defender os inte-
resses comuns.
Nos Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa, tem-se garantida a representação do po-
der público e da sociedade civil. Em se tratando das representações governamentais,
deverá estar prevista no Regimento Interno do Conselho Municipal a relação dos ór-
gãos que o comporão, sendo normalmente as secretarias municipais de governo.
Neste caso, não há necessidade de eleição das entidades governamentais.
Em se tratando de entidades não governamentais, o CMDPI será composto por repre-
sentações da sociedade civil, tais como Associações, Movimentos Organizados, Or-
ganizações, Sindicatos e Fóruns, dentre outras. Tais entidades deverão tomar conhe-
cimento desta oportunidade de representação por meio de edital público e estarão
sujeitas a eleições.

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Unidade 1 – Composição e representações nos
Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa

É importante que cada uma das entidades que serão representadas no CMDPI (públi-
cas ou privadas) atue com ou para a população idosa, como, por exemplo, por meio
da realização de ações, programas, projetos, atividades ou em instituições que pos-
sam atender às demandas desta população.
Cabe destacar que cada O número de entidades que comporão o
entidade (governamental ou CMDPI será definido em Regimento In-
não governamental) deverá terno. Este número dependerá do tama-
nho da população do município e/ou da
indicar duas pessoas para
quantidade de entidades que se dedicam
compor o CMDPI, uma para à temática da pessoa idosa na localidade.
atuar na qualidade de titular O importante é permitir que o Conselho
e outra na de suplente. seja plural em sua composição.
Quanto aos Conselheiros de Direitos da Pessoa Idosa, é fundamental que as pessoas
estejam cientes de que as atuações são voluntárias. Ou seja, não haverá qualquer
remuneração pelo trabalho, sendo a virtude cívica a principal qualidade para assumir
esta destacada função. Um conselheiro que tem virtude cívica é aquele que dispõe de
sentimento de vinculação com a vida pública e com a comunidade. Ele trabalha ori-
entado para o diálogo, buscando alcançar os interesses coletivos.
O mandato dos Conselheiros é definido na sua lei de criação, sendo que o mais co-
mum é ter duração de dois anos, podendo permanecer por dois mandatos consecuti-
vos. Mas, lembre-se, esta não é uma regra. Cada CMDPI poderá adequar o tempo de
mandato à sua realidade.

Quais são as formas de seleção das


representações da sociedade civil?
O processo de seleção dos representantes
da sociedade civil é formalizado por meio
dos editais de Chamamento e de Eleição.
Primeiramente, 60 dias antes do final do
mandato dos atuais conselheiros, o
CMDPI deverá publicar o Edital de Chama-
mento no Diário Oficial do Município,
dando às organizações não governamen-
tais a oportunidade de se candidatarem.

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Vale lembrar que a garantia de pluralidade da participação da sociedade civil organi-
zada está relacionada com as formas de escolha das suas representações. Dessa ma-
neira, a ampla divulgação do edital é imprescindível. Sobre a importância da ampla
divulgação dos atos dos Conselhos, consulte a Unidade 4 do Módulo 4.
Escolhidas as organizações que representarão a sociedade civil no Conselho Munici-
pal, em sequência, é necessário que estas indiquem os membros titulares e suplentes
que farão parte do Conselho.
A eleição dos representantes da sociedade civil deverá ocorrer pelo menos 30 dias
antes do final do mandato dos atuais conselheiros. Quanto ao processo eleitoral, é
recomendável que seja acompanhado por um representante do Ministério Público,
indicado para este fim.

Saiba Mais!!!
Na Plataforma deste Curso se encontram disponibilizados modelos de
Edital de Chamamento e de Eleição das Representações não governa-
mentais.

Tanto as entidades governamentais quanto as não governamentais poderão substi-


tuir seus representantes quando julgarem necessário, devendo, para tanto, comuni-
car o fato por escrito à presidência do CMDPI.
Um ponto importante a ser observado é que a renovação dos membros do Conselho
Municipal deve ser incentivada, de forma a garantir a efetiva representação e dimi-
nuir a possibilidade de vícios.
Para que os conselheiros possam desempenhar suas funções com efetividade, algumas
condições são imprescindíveis. Tais condições são apresentadas no tópico a seguir.

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Unidade 1 – Composição e representações nos
Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa

Condições para a atuação


eficaz dos Conselheiros
Não há exigências quanto ao perfil das pessoas que serão eleitas ou indicadas pelas
entidades governamentais ou não governamentais para compor os Conselhos. Entre-
tanto, há um perfil desejado. É importante que sejam pessoas que estejam dispostas
a participar efetivamente, que possam se engajar nas atividades do Conselho e que
possam conciliar a sua vida privada junto às responsabilidades que assumirá no
CMDPI.
Outra questão fundamental é que o Conselheiro Municipal de Direitos da Pessoa
Idosa precisa compreender claramente o seu papel e ter a exata noção sobre quem
são os representados, para que possa efetivamente representar as suas entidades e
a população idosa.
Antes de tratar especificamente das condições de atuação dos Conselheiros, vamos
compreender um pouco mais sobre o perfil desejado para as representações. Esse
tema será tratado no tópico a seguir.

Perfil desejado para os Conselheiros


de Direitos da Pessoa Idosa
O entendimento sobre o que se espera como perfil dos conselheiros é fundamental
para compreender e avaliar a atuação e o envolvimento destes com as políticas para
as pessoas idosas e para o envelhecimento.
É indispensável que o conselheiro tenha consciência cidadã e compromisso com a
causa da pessoa idosa, o que requer disponibilidade de tempo para dedicar-se às ati-
vidades do Conselho. Ainda, é fundamental que apresentem características, como:
idoneidade, empenho, bom senso, capacidade para expressar opiniões e defender
propostas.
Além disso, é esperado dos conselheiros – quer sejam representantes governamen-
tais ou da sociedade civil – que tenham clareza e conhecimento sobre as suas atribui-
ções e competências.
Espera-se, ainda, que os conselheiros estejam dispostos a atuar como porta-vozes da
defesa e da promoção dos direitos da população idosa, socializando informações e
buscando manterem-se informados sobre as matérias que envolvam a pessoa idosa.

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A expectativa é que os Os conselheiros devem possuírem postura ética e
defenderem os interesses públicos e coletivos,
conselheiros estejam
não devendo: atuarem em favorecimento próprio
comprometidos em
ou político-partidário, com objetivo de obtenção
contribuir para o bem de alguma vantagem pessoal ou para o grupo que
comum, nesta atuação representa, ou mesmo por um mero status social
voluntária que requer de conselheiro.
virtudes cívicas das Alguns comprometimentos dos conselheiros tam-
representações. bém são pontos importantes a serem observados.
Como exemplo: assiduidade às reuniões, pois sua
falta (baixa assiduidade) pode “empobrecer” as discussões, uma vez que cada mem-
bro representa algum setor ou grupo que tem relação direta com os interesses da
população idosa.
Vale destacar que os conselheiros trabalham em órgãos públicos, empresas, organi-
zações sem fins lucrativos ou estão envolvidos com seus afazeres diários, e são indi-
cados para desempenharem atividade voluntária. Nesse sentido, a ocupação primor-
dial e remunerada dos conselheiros diz respeito à vinculação de origem. Assim, a pre-
sença e a atuação no CMDI dependem da disponibilidade desses sujeitos, que preci-
sam atender primeiramente às demandas de seus respectivos trabalhos.
Ainda que os Conselheiros sejam portadores de virtudes cívicas e disponham dos co-
nhecimentos desejados, algumas condições precisam ser garantidas para que a atua-
ção deles seja efetiva, com proposições de ações, realização de diagnósticos, fiscali-
zação, acompanhamentos das atividades realizadas pelo poder público e pela socie-
dade em geral.

Quais são as condições necessárias para atuação eficaz dos conselheiros


municipais?
No exercício das suas funções, o conselheiro precisa ter condições materiais e cogni-
tivas; autonomia; capacitações; reconhecimento; acesso à informação e colaboração.
Trataremos sobre cada uma dessas condições de forma detalhada.

ATENÇÃO!
Uma das principais condições para atuação efetiva dos conselheiros é
que eles tenham autonomia para promover debate público e transpa-
rente e liberdade para agir.

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Unidade 1 – Composição e representações nos
Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa

No tocante à autonomia dos Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa idosa, vale


colocar que são órgãos criados por lei municipal e estão vinculados administrativa-
mente à estrutura do executivo municipal, que deve fornecer-lhe todo o apoio admi-
nistrativo e financeiro, sem gerar qualquer tipo de constrangimento para a sua atuação.
Assim, a administração pública municipal trabalha em sistema de cooperação com os
Conselhos, disponibilizando recursos necessários (humanos, materiais e informacio-
nais) para que funcionem bem. Contudo, os conselheiros devem possuir autonomia
nas decisões, devendo estar livres de qualquer condição de subordinação de caráter
clientelístico, partidário e político.
Para que o conselheiro atue com autonomia, segurança e efetividade, é necessária
sua capacitação para conhecer a política da pessoa idosa, a legislação, a estrutura e
funcionamento da máquina pública, o orçamento público, as políticas e os programas
de interesse da pessoa idosa e a rede de proteção local. Os recursos para a realização
das capacitações devem estar previstos no planejamento dos Conselhos.
A falta de capacitação e informação sobre suas atribuições e sobre os assuntos com
os quais irão se envolver no exercício das suas funções, pode levar os conselheiros à
omissão, negligência ou mesmo a atuações aquém das expectativas e necessidades
demandadas pelo Conselho, diante de circunstâncias específicas.
Para uma boa atuação do Conselho é exigido dos seus conselheiros segurança e ma-
turidade em suas decisões. Assim, a capacitação normativa é necessária para conhe-
cimento da legislação o que, consequentemente, permitirá maior capacidade para li-
dar com as diferentes situações.
Além dessa capacitação normativa, é necessário prever e oportunizar aos conselhei-
ros formação acerca do processo de envelhecimento e da velhice, para que haja per-
cepção positiva desse momento da vida. Também, que possam compreender as res-
ponsabilidades compartilhadas entre a família e o Estado para proporcionar cuidados
e proteção à pessoa idosa.

Conforme já abordamos, os conselheiros precisam ser


reconhecidos pelos seus representados e pela sociedade de
forma geral, para que tenham suas ações legitimadas,
o que também fortalece suas autonomias.

Uma condição central para a atuação ideal dos conselheiros é a mobilização da soci-
edade. É indispensável contar com o respaldo social e de suas bases representativas.

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A mobilização da sociedade e de segmentos organizados é fundamental para o forta-
lecimento da capacidade de pressão social que garanta força, legitimidade e repre-
sentatividade nas negociações e defesa do que é de interesse público (MARTINS et
al., 2008).

O efetivo exercício do controle social pelos conselheiros depende também do acesso


às informações. Os conselheiros precisam obter e buscar informações acerca das
ações que impactam a vida da população idosa. A divulgação das informações deve ir
além da simples emissão do conteúdo a ser transmitido. Elas devem ser divulgadas
de forma clara, para que proporcionem a compreensão.
Para que os conselheiros participem ativamente e efetivamente das políticas para as
pessoas idosas e de envelhecimento é necessário que sejam disponibilizados também
recursos materiais, como infraestrutura física adequada e de transporte.
Para que os conselheiros possam desempenhar suas funções é necessário um espaço
físico permanente para as reuniões do Conselho e para atendimento das pessoas que
procuram o órgão, devendo esse espaço funcionar de portas abertas, de modo a ga-
rantir a participação de toda a sociedade.

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Unidade 1 – Composição e representações nos
Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa

ATENÇÃO!
É importante também que o Conselho tenha recursos humanos disponí-
veis para garantir o apoio administrativo e, até mesmo, para garantir a
gestão e a transferência do conhecimento, visando o fortalecimento e a
continuidade.

Dessa forma, verifica-se a necessidade de que o poder público garanta estrutura téc-
nica, administrativa e financeira para o funcionamento do Conselho Municipal de Di-
reitos da Pessoa Idosa. São fatores que, além de permitir uma atuação efetiva, podem
contribuir para motivar os conselheiros a permanecerem, uma vez que terão condi-
ções e estrutura para realizarem suas ações.
As condições favoráveis à atuação dos conselheiros podem facilitar a participação de-
les nas decisões, contribuindo para discussões mais ricas sobre as dificuldades e ne-
cessidades dos grupos aos quais representam.

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Expectativas de atuação das representa-
ções nos Conselhos Municipais de Direi-
tos da Pessoa Idosa
A representação envolve distintos atores do Estado e da sociedade. Portanto, esses
precisam manter proximidade e interação contínuas com os seus representados.
Para que a representação seja efetiva é fundamental que tenha legitimidade. Para
isso, os representantes devem possuir adequado conhecimento de sua área de atua-
ção e autonomia para a tomada de decisões, como já destacado ao tratar do perfil
desejado para conselheiros de direitos da pessoa idosa.
Os conselheiros/representantes da sociedade civil devem manterem-se sintonizados
com as demais organizações sociais (por intermédio de encontros, reuniões, estudos,
assembleias etc.). Com isso, estarão em sintonia com os anseios e necessidades da
população, tendo a capacidade de propor soluções e tomar decisões frente aos pro-
blemas apresentados ao Conselho.

ATENÇÃO!
Podemos entender que a legitimidade da representação está baseada
em uma relação de mão dupla, que envolve a capacidade do represen-
tante em manifestar e defender interesses coletivos e o reconhecimento
dos seus atos por parte de seus pares.

15
Unidade 1 – Composição e representações nos
Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa

Em se tratando das expectativas de atuação das representações nos Conselhos de


Direitos da Pessoa Idosa, a atuação do conselheiro que representa a sociedade civil
envolve:
 Representar a população idosa;
 Manter proximidade e interação frequente com a base que representa;
 Levar ao conhecimento da população idosa do município propostas e soluções
legais de interesse comum;
 Apresentar ao Conselho propostas e projetos para a devida apreciação;
 Participar das decisões tomadas pelo Conselho Municipal da Pessoa Idosa, tendo
em vista o interesse da pessoa idosa em nível municipal;
 Apresentar relatórios sobre as atividades realizadas.

E, a atuação do conselheiro que representa o poder público pressupõe:


 Conhecer os projetos, as ações concretas previstas no orçamento da secretaria
representada;
 Levar ao conhecimento e à consideração do chefe da secretaria que representa,
as propostas do Conselho e acompanhar junto à secretaria, o andamento dos
processos;
 Relatar as atividades desenvolvidas em reunião do Conselho;
 Acompanhar, dentro do possível, os projetos enviados pelo Conselho à secreta-
ria; e
 Apresentar ao Conselho, propostas que julgar interessantes para a Política Mu-
nicipal da Pessoa Idosa.
Os representantes da sociedade civil e do poder público possuem papel a desempe-
nhar enquanto conselheiros. As atribuições dos conselheiros são:
 Zelar pelos direitos das pessoas idosas;
 Participar ativamente das atividades do Conselho e trabalhar na promoção e efe-
tivação de políticas públicas voltadas à pessoa idosa;
 Sensibilizar e mobilizar a sociedade para a defesa dos direitos das pessoas idosas;
 Relatar, submeter ao colegiado e votar matérias em estudo, propostas de pro-
moção e desenvolvimento de intercâmbios e cooperações técnicas no âmbito
das áreas de atuação do Conselho.
 Manter diálogo constante com suas bases, com a população idosa;
 Encaminhar as demandas da população idosa;
 Participar das comissões permanentes e grupos temáticos, bem como desempe-
nhar outras atribuições que lhes forem conferidas pela diretoria do Conselho
(CAOp – PIPD, 2019).
Enfim, os representantes da sociedade civil e do poder público formam um único co-
legiado e somam as suas competências para dar proteção à pessoa idosa e melhorar
as políticas para esta população.

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Resumindo
Nesta Unidade foi possível observar a importância de garantir o princípio da paridade
para o funcionamento do Conselho. Igualmente, foi verificada a importância em dar
visibilidade ao CMDPI para que a sociedade participe e o fortaleça.
Quanto à composição do CMDPI, percebemos a necessidade de contar com a partici-
pação de organizações públicas e privadas que atuam com ou para a população idosa.
Organizações estas que indicam seus representantes para assumirem a função de
Conselheiros, sendo desejável que estes disponham de virtudes cívicas para a dedica-
ção ao trabalho voluntariado.
Vimos que a representação envolve distintos atores do Estado e da sociedade, e que
nos Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa a representação se dá por meio
de composição paritária entre eles.
Vimos também que os conselheiros devem possuir conduta ética e defender os inte-
resses públicos e coletivos; que devem estar dispostos a serem porta-vozes da defesa
e promoção dos direitos da pessoa idosa, socializando informações e buscando man-
terem-se informados sobre matérias que envolvam a pessoa idosa.

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Unidade 1 – Composição e representações nos
Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa

Finalizamos a Unidade compreendendo que, para que os conselheiros possam exercer


o papel esperado para eles, devem dispor de algumas condições para o exercício de
suas atividades. Dentre elas, autonomia, capacitação, acesso à informação, reconheci-
mento da sociedade, assiduidade, além de recursos físicos, financeiros e humanos.

PARA REFLETIR!
Com base em tudo que vimos nesta Unidade do Módulo 3, que tal
pararmos um pouco para refletirmos sobre:
 A população idosa do seu município, que é diversa, está represen-
tada no Conselho de Direitos da Pessoa Idosa?
 O Conselho de Direitos da Pessoa Idosa é um espaço de maior im-
portância para o exercício da democracia e para a inclusão das pes-
soas idosas nos processos políticos. A população idosa do seu muni-
cípio conhece o Conselho? Está ocupando este espaço?
 O que é necessário para fortalecer os Conselhos de Direitos da Pes-
soa Idosa do seu município?

18
Unidade 2
Estruturação e Organização
-

dos Conselhos Municipais de


Direitos da Pessoa Idosa
O que se busca com esta Unidade é permitir a compreensão
sobre as formas de estruturação e organização dos Conselhos
Municipais de Direitos da Pessoa Idosa, assim como demons-
trar a importância de o planejamento para os Conselhos alcan-
çarem bons resultados. De tal maneira, serão tratados os se-
guintes conteúdos:
 Estruturação dos Conselhos Municipais de Direitos da
Pessoa Idosa.
 Planejamento para a organização das ações do Conselho
Municipal de Direitos da Pessoa Idosa.
Unidade 2 – Estruturação e Organização dos
Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa

Estruturação dos Conselhos Municipais


de Direitos da Pessoa Idosa
Após o entendimento sobre a composição do CMDPI, levando em consideração o
princípio da paridade, é chegado o momento de tratar da sua estruturação e organi-
zação para o seu bom funcionamento.
Como o CMDPI é um espaço democrático e de decisões colegiadas, seguramente a
elaboração do seu Regimento Interno se realiza em reunião com ampla discussão de
todos os seus aspectos.
Como é sabido, o Regimento Interno é Devido à sua importância e à sua
um documento normativo fundamental,
função de disciplinar de orientar as
que regula e harmoniza a convivência no
Conselho. Nele se encontra determinado ações de todos os participantes, o
todo o funcionamento do CMDPI, a sua Regimento Interno deve ser
organização e composição, bem como elaborado ou reestruturado com a
definida a sua natureza, finalidade, atri- participação de todo o colegiado.
buições e competências.
Em caso de Conselhos que estão iniciando as suas atividades, uma vez aprovado o
Regimento Interno, o colegiado, formado pelos conselheiros indicados ou eleitos pe-
las entidades governamentais e não governamentais, deve eleger o seu presidente e
respectivo vice (que juntos formam a diretoria). Além disso, deve organizar as comis-
sões internas e permanentes e solicitar à autoridade competente (prefeito ou secre-
tário) a indicação de pessoas que possam atuar na secretaria executiva do Conselho.

20
Em termos de estrutura de um Conselho, é desejável que, além da diretoria, seja
composta minimamente pelo Plenário as Comissões Permanentes e a Secretaria Exe-
cutiva. Vamos compreender cada um deles:
 PLENÁRIO: é composto por todas as conselheiras e todos os conselheiros e
pela diretoria (presidente e vice-presidente);
 COMISSÕES PERMANENTES: são compostas por membros do plenário e orga-
nizadas com o objetivo de estudar, analisar, opinar e emitir parecer sobre te-
mas específicos, com o objetivo de subsidiar decisões nas plenárias.
 SECRETARIA EXECUTIVA: poderá ser composta por servidores públicos indica-
dos pelo governo ou contratados para esta finalidade, que não sejam conse-
lheiros e que possam desenvolver as atividades administrativas e dar apoio
técnico ao Conselho.
Esta é uma estrutura desejável para que os CMDPIs possam atuar de maneira exitosa,
contando com apoio técnico da Secretaria Executiva e com o olhar atento das Comis-
sões Permanentes.
Além das Comissões Permanentes, também podem ser criados Grupos Temáticos,
para temas específicos. Esses, em sua maioria, têm caráter transitório e são formados
a partir de necessidades também transitórias, cuja organização pode seguir, igual-
mente, a proposta indicada para as Comissões Permanentes.

Quanto à diretoria, quem pode ser presidente e vice-presidente do Conselho?


Faz-se necessário dizer que todos que compõem o colegiado como membros titulares
são pessoas elegíveis para os cargos de presidente e vice-presidente do Conselho.
Assim, pode ser qualquer membro titular do colegiado.
Quanto à eleição do presidente e vice-presidente, deverá ocorrer de acordo com o
previsto no Regimento Interno do CMDPI. No Regimento Interno também constará
o tempo de mandato da mesa diretora.
Em termos de composição, é comum a diretoria contar com um representante do
poder público e outro da sociedade civil. Ainda, é desejável a alternância entre repre-
sentantes do poder público e da sociedade civil organizada na presidência. Esta é uma
informação que também deverá constar no Regimento Interno do Conselho.
As comissões permanentes são importantes por permitirem distribuir as tarefas e fa-
cilitar o trabalho do CMDPI. Também, por permitirem o aprofundamento na análise
dos temas que lhes competem, por manterem olhar cuidadoso no controle das ações
públicas, por permitirem a elaboração de opiniões e pareceres com potencial para
subsidiar as decisões nas reuniões plenárias. Sua composição é flexível, devendo ser
observadas as necessidades e especificidades de cada CMDPI. Uma sugestão é realizar

21
Unidade 2 – Estruturação e Organização dos
Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa

os agrupamentos de conselheiros com base em seu conhecimento técnico, como uma


maneira de aproveitar as competências dos conselheiros para orientar o trabalho nas
comissões (ex. um professor na comissão de capacitação).
As comissões permanentes são de grande importância para auxiliar o Plenário nos
processos de tomada de decisão. Assuntos que requerem análise prévia para subsi-
diar a deliberação no Conselho normalmente passam por elas, que devem emitir pa-
recer para orientar os trabalhos do Plenário.
As Comissões Permanentes podem ser organizadas por temas, tais como: Diagnóstico
Situacional da População Idosa; Planejamento das Ações do Conselho; Normas; Orça-
mento e Finanças; Articulação/Intersetorialidade; Gestão do Fundo Municipal do
Idoso; dentre outros.
A Secretaria Executiva tem a função de orga-
nizar e controlar todo o trabalho do Conselho,
elaborar e arquivar documentos, realizar
atendimento ao público e aos conselheiros,
dentre outras funções. Apesar de sua impor-
tância, essa área da estrutura está presente
em poucos Conselhos.
Caso não seja disponibilizada a Secretaria Exe-
cutiva exclusiva para o CMDPI no seu municí-
pio, é fundamental que a autoridade local in-
dique a Secretaria de governo que poderá dar
todo o apoio para que o Conselho possa fun-
cionar bem.

O que é necessário para um Conselho funcionar bem?


Como já tratado na Unidade anterior, para o bom funcionamento do Conselho e efe-
tiva atuação dos conselheiros, além dos aspectos formais, tais como a Lei de Criação
e o Regimento Interno, é necessário dispor de recursos humanos e materiais e de uma
infraestrutura logística.

ATENÇÃO!
A garantia das condições para o bom funcionamento do CMDPI é de
responsabilidade do poder público, responsabilidade esta que deverá
ser assegurada na lei de criação dos Conselhos.

22
O CMDPI precisará minimamente de recursos humanos para auxiliar nos trabalhos ro-
tineiros, tais como: atender telefone, registrar demandas; arquivar documentos, den-
tre outras. Precisará também de recursos materiais e de infraestrutura, pelo menos de
uma sala com equipamentos e um espaço para as reuniões plenárias periódicas.
Lembre-se que o CMDPI é um espaço democrático e que embora seja formado por
representações com direito a voto e voz, deve ser aberto à participação de toda a
sociedade.
Portanto, é recomendável que as reuniões plenárias periódicas ocorram em espaços
de fácil acesso e com capacidade para acolher as pessoas que desejam acompanhar
os trabalhos do Conselho. Essa é uma maneira de dar visibilidade ao Conselho e de
torná-lo legítimo.
Além disso, considerando que são muitos os efeitos esperados para um Conselho de
Direitos da Pessoa Idosa em funcionamento, é muito importante que seja realizado o
planejamento das ações.

23
Unidade 2 – Estruturação e Organização dos
Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa

O Planejamento para a organização


das Ações do CMDPI
Como já observado, são muitas as atribuições dos Conselhos deliberativos como o
CMDPI. Tais atribuições vão desde a organização do seu próprio Regimento Interno,
participação em assuntos de interesse público e defesa da pessoa idosa até a propo-
sição de ações, projetos e políticas públicas e de atenção à pessoa idosa.
Além das atribuições mencionadas, competirá aos Conselhos eleger, entre os seus
membros, o presidente e o secretário e realizar o planejamento de suas ações.
Ainda que o Conselho seja uma instituição política, ele também assume responsabili-
dades administrativas. Desse modo, para ser efetivo em suas atribuições, a elabora-
ção do seu próprio planejamento será fundamental.
O planejamento é O planejamento poderá conter tanto as ações ine-
importante tanto para rentes à função de conselheiros, como as ações que
serão realizadas pelo CMDPI com o apoio de outras
os Conselhos quanto para
pessoas ou instituições parceiras. Possibilita com-
o Poder Público. Trata-se preender a realidade, avaliar as alternativas, definir
de ferramenta de gestão os melhores caminhos para se alcançar os objetivos
e administração, que diz pretendidos. Auxilia a pensar antes de agir e agir
respeito a preparação com sabedoria, de forma racional para percorrer
para a ação. caminhos que levem a melhores resultados.

24
O ato e o hábito de planejar são relevantes para que os conselheiros possam se orga-
nizar nas diferentes funções que assumem, traçar as suas metas, identificar os apoios
e recursos necessários, e dar melhores respostas à sociedade representada.
Para um bom planejamento nos Conselhos seria interessante observar algumas fases,
como as dispostas no Quadro 1.

Quadro 1 - Planejamento das Ações do CMDPI


FASES do Ações esperadas
Planejamento
• Definir uma comissão permanente para tratar do tema;
Preparação • Propor, no âmbito da comissão, uma metodologia de trabalho;
• Definir as formas de realização de diagnóstico.
• Realização de autoavaliação do funcionamento do Conselho;
• Realização do diagnóstico da gestão em relação às ações,
Diagnóstico projetos e programas para a pessoa idosa no município;
• Realização do diagnóstico da pessoa idosa.
• Definir as prioridades de ações;
• Apresentar um plano contendo os objetivos e as metas a serem
alcançadas;
• Definir os indicadores de avaliação;
Execução • Disponibilizar um cronograma que poderá ser acompanhado
pelos conselheiros;
• Providenciar os recursos necessários para a sua execução;
• Formalizar o Plano em plenária do Conselho;
• Executar as ações planejadas.
• Avaliar os resultados com base nos indicadores selecionados;
Avaliação • Elaborar relatório de avaliação;
• Informar a todos os membros sobre o resultado alcançado.
Fonte: Elaboração própria

No que se refere a preparação, é desejável constituir uma Comissão Permanente que


possa propor a metodologia de trabalho para a elaboração e o acompanhamento do
plano de ação do Conselho.
Para que todos os conselheiros estejam comprometidos com o planejamento, a me-
todologia proposta deve ser compartilhada e aprovada em Plenário. Lembre-se que o
Conselho é um local de ação coletiva e que somente com o comprometimento de
todos será possível alcançar os objetivos elencados no seu Plano de Ação.
Algo relevante quando se pensa em planejamento é o diagnóstico, conforme vimos
no Módulo 2. Conhecer a realidade da população idosa do município é fundamental
para identificar as ações prioritárias que deverão ser contempladas no planejamento
do Conselho. Assim, uma vez definida a metodologia para a realização do plano e do
diagnóstico, o próximo passo será a sua realização.

25
Unidade 2 – Estruturação e Organização dos
Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa

Para ter uma visão ampla da situação da população idosa no município, faz-se neces-
sário escutar esta população e compreender o que ela pensa sobre os bens e serviços
públicos, como vive na sua cidade, e o que espera que seja realizado com ações para
a sua proteção e garantia dos seus direitos.
São muitas as dimensões de análise que podem ser contempladas no diagnóstico si-
tuacional da população idosa, tais como: moradia; transporte; saúde, educação; am-
biente físico e outras. Todas elas permitindo compreender como esta população ava-
lia as condições da cidade onde vive, os bens públicos e os serviços a ela prestados.
Além de dar voz à população idosa, é uma maneira de identificar quais são as ações
projetos e programas para a pessoa idosa realizadas pelos gestores municipais. So-
mente com este olhar amplo, será possível elencar as prioridades de ações que deve-
rão ser executadas pelo Conselho.

Saiba Mais!!!
Você sabia que o Guia 3 da Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa é
um significante instrumento orientador para a elaboração do Diagnós-
tico Situacional da População Idosa? Este Guia está disponível na Biblio-
teca Virtual deste curso. Acesse e coloque em prática!

26
Em termos de execução, uma vez definidas as prioridades de ação, deve-se estabele-
cer objetivos de metas a serem alcançadas. O ideal é que sejam definidos também os
indicadores que facilitarão o acompanhamento e a identificação dos resultados alcan-
çados por meio das ações do Conselho.
A título de exemplo, podemos imaginar que foi estabelecido no planejamento do Con-
selho que serão realizadas duas visitas por mês para fiscalização às Instituições de
Longa Permanência para Pessoas Idosas do município. Neste caso, um indicador é o
número de visitas e o número de relatórios a serem produzidos.
Os indicadores podem estar relacionados, também, com:
• Número de reuniões dos Conselhos;
• Número de reuniões das comissões permanentes;
• Análise e elaboração de Relatório do Disque 100;
• Elaboração de diagnósticos situacionais da pessoa idosa;
• Realização de palestras para públicos externos;
• Número de ações de fiscalização;
• Realização de ações referentes a projetos;
• Realização de eventos;
• Visitas às Instituições que trabalham com ou para a população idosa;
• Captação de recursos via Fundos Especiais, dentre outras.

27
Unidade 2 – Estruturação e Organização dos
Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa

Também deverão constar as ações contínuas, como, por exemplo, o controle sobre
as contas públicas do município. Embora não seja possível associar a um indicador, o
resultado é algo precioso a ser informado durante as reuniões plenárias e para as
entidades e pessoas representadas no Conselho.
O que foi destacado é a necessidade de se estabelecer formas de possibilitar o acom-
panhamento no que se refere ao exercício do controle social, sendo este um papel do
Conselho. Também, possibilitar o acompanhamento por parte das pessoas represen-
tadas no Conselho, neste caso, sobre as ações do próprio Conselho.
Neste sentido, dar publicidade ao planejamento é algo relevante. Isso pode ser viabi-
lizado por meio de um cronograma de ações para o acompanhamento amplo.

ATENÇÃO!
Compreendendo a importância do planejamento para a atuação dos
Conselheiros, foi desenvolvido um modelo que se encontra disponibili-
zado na Plataforma deste Curso. Não deixe de acessá-lo!

Há que se destacar que muitas das ações elencadas em um planejamento necessitam


de recursos para serem executadas. Neste sentido, o planejamento se torna ainda
mais necessário, visto que é a partir do estabelecimento das ações que os recursos
poderão ser previstos e buscados, visando a sua execução.
Dito isso, destaca-se que, após ou durante a execução das ações, conforme previstas
no planejamento, o Conselho tem a função de avaliar os resultados.
A avaliação de resultados é uma grande Avaliar os resultados colabora,
ação para permitir aos Conselheiros dentre outras coisas, para forta-
lecer o sentimento de pertenci-
compreender se os seus esforços estão
mento e contribui para aumentar
gerando resultados efetivos e se estão
o engajamento social nas delibe-
contribuindo para o objetivo maior do rações públicas.
Conselho: dar proteção e garantir os
Com os resultados identificados,
direitos da pessoa idosa.
torna-se possível ao Conselho
dar melhores respostas para os públicos nele representados; corrigir os rumos, se ne-
cessário; alinhar as ações com as demandas da população idosa, e contribuir para a
longevidade com qualidade de vida no município.
É desejável que o Conselho se preocupe em registrar, em forma de relatórios, os re-
sultados de suas ações e em criar a cultura de dar visibilidade às suas ações e aos
resultados delas. Isso fortalece a imagem do Conselho junto à sociedade, colabora

28
para a renovação em sua composição e, de forma geral, para o fortalecimento deste
importante espaço democrático.

ATENÇÃO!
O Conselho é um espaço para ações coletivas, construções que contam
com colaboração e priorizam dar protagonismo à pessoa idosa.

Outro destaque se refere a elaboração do planejamento e execução das ações do


Conselho considerando que ele está inserido numa Rede de Apoio à Pessoa Idosa no
município, conforme enfatizado no Módulo 1.
Realizar o planejamento pode ajudar os Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa a rea-
lizar todas as outras atribuições de sua competência com sucesso.

Resumindo
Com a Unidade 2 deste Módulo foi possível pensar na preparação do CMDPI para
funcionar bem, o que requer recursos humanos e materiais, que devem ser garanti-
dos pelo Poder Público. Foi possível também compreender as possibilidades de estru-
tura e organização.

29
Unidade 2 – Estruturação e Organização dos
Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa

Vimos que o planejamento é um poderoso instrumento gerencial, cujas etapas ini-


ciam com a preparação, seguida do diagnóstico, execução do trabalho e avaliação.
Também vimos que, para os Conselhos alcançarem os seus objetivos, é fundamental
envolver a população idosa, seja convidando esta população a participar das ativida-
des desenvolvidas pelo CMDPI ou lhes enviando informações sobre as ações do Con-
selho.
Ainda, foi destacada relevância do diagnóstico situacional da pessoa idosa, tendo no
Guia 3 da Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa um instrumento orientador.

PARA REFLETIR!
Vimos que o planejamento é fundamental para a ação do Conselho.
Também que o protagonismo da população idosa é essencial para a rea-
lização do diagnóstico que, por sua vez, será a base para elaboração do
planejamento. Assim,
• Os conselheiros de direitos da pessoa idosa conhecem a realidade da
população idosa do seu município?
• Eles estão preparados para defender os direitos desta população?
• O planejamento é uma ferramenta utilizada pelo Conselho de Direi-
tos da Pessoa Idosa?

30
Unidade 3
Deliberação nos Conselhos
-

de Direitos da Pessoa Idosa


Os Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa têm garantida a prerrogativa
de tomar decisões e influenciar a gestão das Políticas Públicas. Por
isso, a deliberação é uma característica desses Conselhos.
Desse modo, um Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa –
CMDPI deliberativo é aquele que possui o poder de discutir e decidir
sobre os assuntos que dizem respeito às políticas e direitos das pes-
soas idosas. Suas decisões precisam ser consideradas para orientar a
ação governamental.
Isso significa que os resultados das deliberações no CMDPI têm poder
para influenciar as decisões políticas e administrativas no município.
Nesta Unidade vamos compreender um pouco mais sobre o caráter
deliberativo de um Conselho, abordando os seguintes aspectos:
 Princípios democráticos para uma deliberação de qualidade;
 Requisitos para uma deliberação de qualidade;
 Encaminhamentos e registros das deliberações nos Conselhos.
Unidade 3 - Deliberação nos Conselhos
de Direitos da Pessoa Idosa

Princípios democráticos para


uma deliberação de qualidade
Como Conselho deliberativo, as decisões são fundamentadas em reflexões e discus-
sões amplas e abertas, conduzidas de forma democrática, permitindo a participação
de todos os interessados.
Para que o Conselho possa cumprir com o papel a ele atribuído, não basta ser delibe-
rativo, dispor de boa estrutura física ou recursos financeiros e materiais. Faz-se ne-
cessário que seja composto por pessoas comprometidas com a temática e que os pro-
cessos deliberativos possam ser qualificados.
Para qualificar os processos deliberativos nos Conselhos é esperado que as regras de
orientação para o seu funcionamento estejam claras no seu Regimento Interno. Esse
já é um grande passo!
Conselho é dinâmico e os resultados estão condicionados ao comprometimento e
comportamento dos conselheiros que o compõem. Assim, para uma deliberação de
qualidade, além das regras de funcionamento, alguns princípios democráticos devem
ser observados e compartilhados entre os conselheiros.

32
Quais seriam estes princípios democráticos?
Vamos tratar aqui de três princípios sem os quais não será possível qualificar as delibe-
rações nos Conselhos: Liberdade; Igualdade; e Publicidade. Vejamos cada um deles.
Em se tratando do princípio da liberdade, significa que no Conselho é necessário ga-
rantir a liberdade de expressão. Os conselheiros devem ter garantido o seu direito a
todo tipo de manifestação e a sua opinião deve ser respeitada.
Manter o respeito mútuo é uma condição essencial para o princípio da liberdade. É
importante ter em mente que o CMDPI reunirá pessoas com opiniões diferentes em
relação a um único problema ou tema. Mas também vamos lembrar que todos estão
ocupando este lugar buscando colaborar com os objetivos do CMDPI e dar proteção
à população idosa.
Dessa forma, é necessário praticar nos Conselhos a “escuta” em relação aos próprios
conselheiros, sejam eles representantes do poder público ou da sociedade civil orga-
nizada, e da população idosa ali representada.

Se a liberdade de expressão, seja ela individual ou coletiva,


for ameaçada, o CMDPI deixará de ser um órgão autônomo
de defesa e proteção à pessoa idosa, o que não é desejado.

Já em relação ao princípio da igualdade, significa que todos os conselheiros devem


ter as mesmas oportunidades para atuar, se expressar, manifestar, sugerir pautas ou
projetos, propor ações, dentre todas demais funções que lhes forem atribuídas. De-
vem ter igualdade de oportunidades.
Ainda que o CMDPI seja composto por pessoas com diferentes perfis e formação, di-
ferentes condições socioeconômicas, diferenças políticas e culturais, todos que com-
põem o Conselho trabalham com ou para a população idosa e, portanto, são deten-
tores de conhecimentos sobre a temática e têm muito a colaborar nos processos de-
liberativos. Logo, devem ter iguais oportunidades de se expressarem e de atuarem.
Para as situações em que são pautados temas complexos e de difícil compreensão, os
conselheiros podem contar com o apoio das comissões permanentes ou de assesso-
rias, como, por exemplo, dos Conselhos de Classe. Podem também solicitar, sempre
que necessário, esclarecimentos por parte do Poder Público.
O crucial é que cada decisão no Conselho esteja bem fundamentada e esclarecida e
seja resultado de um processo em que toda informação necessária para as discussões
e decisões foram disponibilizadas aos conselheiros.

33
Unidade 3 - Deliberação nos Conselhos
de Direitos da Pessoa Idosa

Assim, todos os participantes se sentirão suficientemente informados e preparados


para tomar as decisões cabíveis.
Por fim, o princípio da publicidade, que
deve ser observado por todos que lidam
com a gestão pública e que podem influ-
enciar as ações e políticas públicas, como
é o caso do CMDPI. Significa que o CMDPI
terá condições de acompanhar as ações
do Poder Público, que está obrigado por
lei a garantir a transparência e dar respos-
tas para as questões que forem levanta-
das e/ou demandadas pelo Conselho.
Significa, ainda, garantir que todos os atos
do CMDPI sejam publicizados e que todas
as pessoas que estão representadas no
Conselho possam acompanhar os traba-
lhos realizados. Dar publicidade às ações do Conselho é uma forma de manter a soci-
edade informada e possibilitar que ela exerça a cidadania. Assim, é importante para
fortalecer a opinião pública e, consequentemente, o próprio Conselho.

34
Requisitos para uma
deliberação de qualidade
Quando pensamos em uma deliberação de qualidade, cientes de que ser deliberativo
atribui ao CMDPI o caráter vinculante, ou seja, o poder de influenciar os processos
políticos e administrativos a partir de decisões orientadas, pautadas em diálogos e
discussões, destacamos alguns requisitos. São eles: Escutar; Explicar; Responder; e
Acompanhar.
Escutar é um requisito valioso
para um Conselho que é formado
por representações, como é o
caso do CMDPI. Significa estar
aberto para acolher as demandas
apresentadas pela sociedade, pe-
las instituições que trabalham
com ou para a pessoa idosa, pelo
poder público e demais pessoas
que demonstrem interesse em co-
laborar com a temática da pessoa
idosa.
Durante os processos deliberativos que ocorrem no CMDPI, precedidos por debates
e trocas de informações entre os conselheiros, é muito importante que este requisito,
“escutar”, seja observado. Seja para ouvir as instruções da mesa diretora, quanto às
pautas do dia, ou os informes e as livres manifestações dos conselheiros.

ATENÇÃO!
O CMDPI é um espaço democrático e de acomodação das diferenças,
portanto, temos que estar preparados para escutar as opiniões que se
assemelham às nossas e as opiniões contrárias, mantendo sempre o res-
peito.

A mesma observação vale para o segundo requisito, explicar. É desejável que seja
explicado aos participantes o seu papel, além das expectativas e as possibilidades de
atuação. Embora contempladas no Regimento Interno as orientações para atuação
do conselheiro, é sempre bom que haja explicação para cada novo participante (con-
selheiro).

35
Unidade 3 - Deliberação nos Conselhos
de Direitos da Pessoa Idosa

Em cada reunião plenária ou nas reuniões das comissões permanentes do Conselho,


é esperado que haja explicação sobre a pauta e sobre a forma como a reunião será
conduzida. Em cada ponto de pauta, é importante dar todos os esclarecimentos ne-
cessários para promover a discussão e para a tomada de decisão esclarecida sobre o
tema.
Após as deliberações, é igualmente importante comunicar às pessoas que são repre-
sentadas no Conselho sobre as decisões tomadas, já como uma forma de responder
e dizer sobre os resultados obtidos por meio dos processos deliberativos.
Em relação à apresentação de resultados, vamos lembrar que o CMDPI de caráter
deliberativo assume diversas funções que passam pela fiscalização, organização de
conferências, recebimento de denúncias, proposição de políticas públicas, dentre ou-
tros. Para cada ação desenvolvida são esperados resultados, e estes devem ser comu-
nicados aos públicos no Conselho representados.
Para dar melhores respostas e ter clareza quanto aos resultados que são alcançados
com o CMDPI em funcionamento, é relevante que haja um planejamento que servirá
de orientação para a ação e avaliação dos resultados nos Conselhos. O planejamento,
abordado na Unidade 2 desse Módulo, permite ao Conselho acompanhar as suas
ações. Não basta tomar decisão, é preciso acompanhar até que seja possível compre-
ender os resultados das decisões tomadas.

ATENÇÃO!
É importante lembrar que embora o CMDPI possa decidir e exigir que o
poder público considere as suas decisões e as incorpore nos seus proces-
sos políticos administrativos, o Conselho não é uma instituição com fun-
ção executora (a qual compete ao Poder Executivo) e não é instituição
com função legisladora (a qual compete ao Poder Legislativo).

Isso significa que não basta tomar decisões no Conselho, é preciso que estas decisões
sejam monitoradas para garantir a incorporação delas, nas agendas públicas.
Ainda que seja desejável que todas as decisões do CMDPI sejam incorporadas aos
processos políticos e administrativos, é relevante também que os conselheiros te-
nham clareza que muitas vezes o governo poderá estar diante de demandas ilimitadas
e dispor de recursos finitos para atendê-las. Isso exigirá muito diálogo entre os repre-
sentantes governamentais e não governamentais para definir as prioridades das
ações em cada município.

36
Encaminhamentos e registros das
deliberações nos Conselhos
Os processos deliberativos nos Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa acontecem es-
sencialmente nas reuniões Plenárias. Isso, porque é na Plenária que as decisões pode-
rão ser tomadas de forma democrática, informada e com ampla participação dos con-
selheiros (com direito a voz e voto) e demais pessoas interessadas (com direito a voz).
O processo deliberativo que se realiza nas Plenárias dos Conselhos inicia com o con-
vite para a reunião, que normalmente ocorre uma vez a cada mês. Este convite deve
ser enviado para todos os conselheiros e deve ser publicizado. Esta é uma forma de
o Conselho garantir transparência no exercício de suas funções e informar a socie-
dade sobre o trabalho em desenvolvimento.

Em se tratando da reunião plenária, outros cuidados devem ser tomados, dentre eles:
Pauta de Reunião; Ata da Reunião; e Encaminhamentos da Reunião.
No que se refere à pauta, é recomendável que ela contemple informes e outros assun-
tos que os conselheiros queiram apresentar ao final da reunião plenária. Igualmente
essencial que seja dada publicidade, para que todos os interessados participem.

37
Unidade 3 - Deliberação nos Conselhos
de Direitos da Pessoa Idosa

Quanto aos itens de pauta, é recomendável que sejam incorporados assuntos rele-
vantes para o processo de deliberação, assuntos que dizem respeito às competências
do Conselho, como:
• Ações de formalidades;
• Planejamento das ações do Conselho;
• Apresentação de projetos voltados para pessoas idosas;
• Proposições para as políticas das pessoas idosas;
• Avaliações da prestação de contas referentes das ações governamentais;
• Avaliações quanto aos resultados da atuação do Conselho;
• Autoavaliação da atuação do Conselho;
• Aprovação do orçamento público;
• Planejamento das Conferências Municipais;
• Plano de aplicação dos recursos do Conselho;
• Gestão do Fundo do Idoso;
• Denúncias acolhidas no Conselho;
• Ações de fiscalização de entidades que trabalham com a população idosa;
• Organização de atividades comemorativas;
• Outras.

ATENÇÃO!
Devem ser claras quais são as competências do CMDPI, que precisam
estar informadas no Regimento Interno.

Os processos deliberativos que ocorrem no Conselho poderão gerar diversos tipos de


resultados.
• Aprovação de Ata da Reunião;
• Informes repassados;
• Registro de denúncias;
• Registro de elogios;
• Encaminhamento de demandas para análise Comissão Permanente;
• Encaminhamento de propostas para análise da Comissão Permanente;
• Indicação ou seleção de nomes para representar o CMDPI em evento ou outras
atividades;
• Decisões a serem encaminhadas para o Poder Executivo;
• Encaminhamento de propostas de políticas públicas para o Poder Executivo;
• Outras.
Como são diversos os tipos de resultados obtidos nos processos deliberativos, tam-
bém serão diversas as formas de encaminhamento, sendo que em muitas vezes, ca-
bendo apenas ao registro no próprio Conselho. Em outras, há necessidade de buscar
apoio da rede local de atenção à pessoa idosa (ex. para dar respostas às denúncias)
ou de dar encaminhamento para o Poder Executivo.

38
Para este último caso, a decisão do Conselho poderá necessitar da elaboração de do-
cumentos, como os apresentados no Quadro 2.

Quadro 2 - Formalização das decisões do CMDPI

Documento Definição
São atos administrativos normativos expedidos por um colegiado com
competência deliberativa, como do CMDPI, para disciplinar matéria de
Resolução sua competência. Elas devem ser homologadas pela autoridade
competente à qual o Conselho se encontra vinculada.
Recomendação é ato normativo expedido por órgão colegiado com
competência consultiva. Por isso, tem menor peso normativo que a
Recomendação Resolução. Podem ser assinadas pelo presidente do Colegiado ou pelo
conjunto de seus membros.
É uma proposta apresentada ao colegiado do CMDPI, por qualquer um
Moção de seus membros, como forma de manifestar apoio, solidariedade,
repúdio ou desconfiança em relação a um fato de interesse comum.
Fonte: Elaboração própria.

Vamos compreender um pouco melhor cada uma das opções de formalização da de-
cisão do CMDPI, constante no Quadro 2.

Das Resoluções
A Resolução é ato geral, de caráter normativo, utilizado pelos Conselhos para unificar
as suas deliberações. As resoluções devem ser homologadas pela autoridade máxima
da Secretaria a qual o Conselho é vinculado e deve ser publicada no Diário Oficial do
Município, no prazo máximo de quinze dias após a sua aprovação.
Uma vez homologada, considera-se que o Poder Público acatou a decisão do CMDPI
e que esta decisão estará vinculada às decisões do governo municipal, ou seja, as in-
fluenciará. O silêncio por parte do governo municipal sobre a Resolução leva a sua
aprovação de forma automática.
Vale lembrar que o Poder Executivo poderá realizar o veto ao conteúdo da Resolu-
ção, desde que de forma justificada. Uma vez vetado o conteúdo, a Resolução deverá
ser devolvida ao Pleno para sua deliberação. Após análise das justificativas do veto,
por falta de fundamentação ou inadequação, o Conselho poderá derrubá-lo, desde
que o quórum seja composto por maioria qualificada.
No caso de derrubada do veto, a Resolução será homologada automaticamente, de-
vendo ser publicada no Diário Oficial. Caso não obtenha os votos necessários, o veto
persistirá.

39
Unidade 3 - Deliberação nos Conselhos
de Direitos da Pessoa Idosa

Das Recomendações
A Recomendação é uma sugestão, advertência ou aviso a respeito do conteúdo ou
forma de execução de políticas e estratégias setoriais ou sobre a conveniência ou
oportunidade de se adotar determinada providência.
As Recomendações devem ser adotadas sobre tema ou assuntos específicos que não
sejam habitualmente de responsabilidade direta do Conselho, mas que são relevantes
e necessários, dirigidos a sujeitos institucionais de quem se espera ou se solicita de-
terminada conduta ou providência.

Das Moções
Moção é uma proposta apresentada em uma assembleia deliberativa por um dos seus
membros. A moção é uma forma de manifestar aprovação, reconhecimento ou repú-
dio a respeito de determinado assunto, ou fato. Toda moção deve ser submetida ao
Pleno para discussão e deliberação.
Embora, o conteúdo da moção não seja normativo é necessário dar publicidade. Con-
tudo, não há exigência de ser em diário oficial.

40
ATENÇÃO!
Cada um dos documentos de formalização das deliberações do Conse-
lho serve para uma finalidade específica, podendo ser utilizado mais de
um, simultaneamente em alguns casos. Para todos eles foram desenvol-
vidos modelos que se encontram disponibilizados na Plataforma deste
Curso.

É crucial que após os encaminhamentos para os gestores públicos locais, que o Con-
selho acompanhe os processos junto ao governo.
Como é de seu conhecimento, o poder público está obrigado a agir orientado por leis
e só poderá (e deverá) agir conforme o que estiver determinado em lei.
Para permitir que o CMDPI, demais Conselhos ou instituições participativas e qual-
quer cidadão possa exercer o controle social, o Poder Público deverá dar publicidade
a todas as suas ações, agir conforme determina as leis de Responsabilidade Fiscal e
Lei da Transparência Pública (Estas leis estão disponíveis na Biblioteca virtual).
Assim, o direito de realizar o acompanhamento das ações governamentais está ga-
rantido. O monitoramento do CMDPI sobre o governo municipal será fundamental
para compreender os resultados das suas deliberações e exercer o controle ex post,
ou seja, após as tomadas de decisão.

Resumindo
Com esta Unidade foi possível compreender o que é uma deliberação, os princípios e
orientações para uma deliberação de qualidade e a importância da realização do
acompanhamento das decisões antes, durante e após as deliberações.
Vimos nesta Unidade que não basta dispor das condições materiais ideais no Conselho,
que é necessário também garantir processos deliberativos de qualidade, fundamenta-
dos em princípios democráticos, como os de Liberdade, Igualdade e Publicidade.
Compreendemos que alguns requisitos são fundamentais para qualificar a delibera-
ção, que dizem respeito à capacidade de o Conselho “Escutar”, “Explicar”, “Respon-
der” e “Acompanhar” as suas próprias ações e as ações do governo.
Compreendemos, ainda, que os processos deliberativos podem resultar em diversas
decisões, a depender das atribuições contidas no Regimento Interno do Conselho, e
que muitas delas podem e devem ser formalizadas.

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Unidade 3 - Deliberação nos Conselhos
de Direitos da Pessoa Idosa

Por fim, percebemos a importância do controle sobre o governo para o acompanha-


mento das deliberações do Conselho.

PARA REFLETIR!
Chegamos ao final de mais uma Unidade. Vamos refletir um pouco
mais? Vimos o quanto é importante que as deliberações nos Conselhos
sejam de qualidade. Assim,
• Como você avalia os processos de deliberação no Conselho de Direi-
tos da Pessoa Idosa em seu município?
• Acredita que pode ser melhorado?

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Referências
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