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DIP – Frequência dia 24/11

RELAÇÃO ENTRE O DIREITO INTERNACIONAL E O DIREITO INTERNO

As soluções teóricas, acerca do relacionamento entre os dois ordenamentos jurídicos – D.I e


D.Interno ou estadual- encontram-se nas teses dualistas ou pluralistas e monistas sendo que
estas ultimas se cindiam tradicionalmente no monismo de direito interno e no monismo de
direito internacional.

Há autores que as consideram absolutamente independentes uma da outra, a ponto de serem


necessárias normas especificas destinadas a regular as suas relações reciprocas (dualismo),
enquanto outros se apoiam antes na tese de essencial unidade axiológica do mundo jurídico,
cabendo então falar-se de um mesmo sistema(monismo).

Teses dualistas -consideram que a ordem internacional e a ordem interna são distintas uma da
outra , dois mundos separados apresenta uma separação radical.

Defendem que as normas internacional para vigorarem tem que ser convertidas em normas
internas pelo legislador ordinal.

A teoria dualista tem suas raízes na doutrina vontade coletiva ou voluntarista da vereinbarung.

Principais argumentos em que se apoiam as teses dualistas:

Para os partidários, existira uma separação radical entre o ordenamento jurídico internacional
e as jurídicas internas, separação essa fundada numa tríplice diferença –

 Quanto a origem do direito positivo, pois que no direito interno ela encontra-se-ia na
vontade singular do Estado, enquanto o direito internacional proviria da vontade
coletiva de vários Estados
 Em matérias de sujeitos das relações jurídicas, que seriam os indivíduos e as pessoas
morais no direito interno e os Estados no direito Internacional
 Tocante à natureza jurídica de ambos os ordenamentos , uma vez que o interno e os
Estados apresentaria uma estrutura de subordinação , ao passo que o internacional
seria essencialmente coordenador.

Consequência produzidas pela linha clara de separação entre as duas ordens jurídicas:

Por um lado , so poderiam as normas internacionais produzir efeitos na esfera estadual


depois de transformadas em normas de direito interno.

Por outro , em virtude de serem estranhos um ao outro, não seriam configuráveis


quaisquer conflitos de competência entre os dois sistemas , cada um deles regularia
relações distintas

CRITICAS:

1. Prende-se com a circunstancia de a vontade coletiva ser apresentada como


constituindo a origem e o fundamento de obrigatoriedade do direito internacional.
Trata-se de uma doutrina voluntarista , inspirada numa ideia de soberania absoluta
, há muito ultrapassada.
2. Assenta no ilogismo subjacente a uma estrita compartimentação entre sujeitos de
direito interno e os sujeitos de internacional. É facilmente se pode comprovar a
existência de normas com diferentes destinatários em ambos os ordenamentos .
Assim há já , cada vez mais, um numero considerável de normas de direito
internacional cujos destinatários diretos são pessoas físicas como também
abundam as normas de direito interno , a maior parte das que integram o direito
publico, que se dirigem aos próprios Estados.
3. Não é aceitável a asserção de que para relevarem na ordem interna, as normas
internacionais necessitam sempre de um qualquer ato de receção ou de
transformação.Para rebater esta ideia , basta que nos detenhamos a examinar a
forma como os tribunais internos aplicam o direito internacional geral ou comum.
4. Inexistência de conflitos de competência entre os dois sistemas, em resultado de,
alegadamente, cada um deles regular relações distintas.

TESES MONISTAS – unidade do mundo jurídico , as normas internacionais inserem-se


automaticamente nas normas internas , não há obstáculos há vigência das normas
internacionais no plano interno.

As teorias monistas repousam na permissa de que todo o direito , interno ou internacional,


constitui uma unidade (um sistema único). Não há , todavia, unanimidade entre os partidários
das correntes monistas.

Encontram-se divididos em dois grupos , consoante o primado é atribuído ao direito interno


( monismo do direito interno) ou ao direito internacional( monismo de direito internacional).

Monismo de direito interno:

Esta tese, hoje de escasso relevo, assenta num voluntarismo extremo, sobrevalorizando a
ordem interna, apresenta o direito internacional como mero produto de uma autolimitação ou
autovinculação dos Estados, isto é, como uma espécie de direito estadual externo, que , no
limite, se reduziria a uma declaração de intenções sobre o comportamentos futuros com
incidência nas relações internacionais, nada sucedendo no plano da responsabilidade
internacional, caso tais comportamentos acabassem por não se concretizar.

A doutrina acaba por negar a existência do direito internacional enquanto disciplina autonoma
da ciência jurídica , esquecendo, nomeadamente, que há normas internacionais cuja vigência e
aplicação no plano interno não dependem da vontade do Estado.

Ex: acontece com aquelas que integram a noção de direito internacional geral ou comum, em
particular as que possuam a natureza de jus cogens , ou com as regras relativas a privilégios e
imunidades diplomáticas.

Por aqui se ve que esta variante das correntes monistas esbarra, na verdade, em obstáculos de
tomo, quer do ponto de vista doutrinal, quer no plano puramente pratico, que vivamente
aconselham a sua rejeição.

Duas raízes,hegelianismo :

1. O estado como tendo uma soberania absoluta, o estado não pode estar sujeito a
nenhum sistema jurídico que não tenha emanado de sua própria vontade, pois o
fundamento do direito internacional , segundo

Monismo de direito internacional


Nos antípodas da anterior, situa-se a concepção antivoluntarista do monismo com primado do
direito internacional. defendida por triepel

Numa versão mais radical defende-se a homogeneidade da ordem jurídica, assentando,


todavia, essa uniformidade no suposto de que normas internacionais se situam num plano
superior às internas.

Qualquer contraposição normativa redundaria na invalidade destas ultimas, o que, em bom


rigor, apenas seria conjecturável caso, estruturalmente, a comunidade internacional replicasse
o modelo de um estado federal.

Para os mais moderados, VERDROSS, a ordem internacional delimita o campo de atuação da


ordem jurídica interna, rectius do legislador interno. Este não fica, contudo, sujeito a uma
constrição total da sua liberdade conformadora, pelo contrario dispõe de considerável margem
de manobra.

Já na versão mais radical, KELSEN, a corrente em apreço aponta, com efeito, em qualquer caso,
para a nulidade da norma interna que contrarie a internacional.

A soberania encontra-se na comunidade internacional, aparecendo o Estado como entidade


não soberana, em termos de produção normativa, ou , pelo menos, com uma soberania
crescentemente entibiada ou esbatida. Sera esta conclusão aceitável?

Não é aceitável , a globalização que caracteriza os tempos atuais conduz a uma diluição
das prerrogativas tradicionalmente insitas no conceito soberania, é certo, mas dai a
prognosticar-se o fim do Estado nacional vai uma grande distancia. Não devemos sufragar a
versão mais radical.

O efeito direto de certas normas internacionais determina o reconhecimento da ilegalidade e a


consequente invalidação das normas internas que as contrariem ou que com elas se
apresentem discrepantes, assim se demonstrando o alcance limitado do principio do primado
do direito internacional. Suscetibilidade de uma norma.

Possibilidade de invocar uma norma emanada do direito internacional (ONU)num tribunal


contra o Estado(efeito vertical) quer contra o particular(efeito horizontal)

Posição adotada

Há que tomarmos uma posição na controvérsia doutrinal dualismo-monismo cujos contornos


essenciais procuramos apreender.

Uma coisa temos por sem duvida: na sua versão mais radical, nenhuma das correntes expostas
se poderá, verdadeiramente, acolher.

Vem se assistindo a um claro esbatimento da querela, propiciado pelo surgimento de formas


moderadas ou mitigadas de dualismo e monismo, com propósitos conciliatórios.

No essencial, convergem os mais moderados na ideia de que por opção pelo dualismo ou pelo
monismo, determinado, embora, diferentes modos de recepção das normas internacionais,
não contende, de modo significativo, com os resultados práticos da respetiva vigência no plano
interno. Assentou-se em que todos os Estados devem adequar o seu ordenamento interno às
obrigações internacionais que assumem, sendo certo que, no caso de incumprimento desse
dever, só excecionalmente, como se disse – e sem prejuízo do desencadeamento dos
mecanismos próprios da responsabilidade internacional-, a consequência jurídica de uma
contradição normativa entre uma norma internacional e uma norma interna será a invalidade
desta ultima .

A tese do monismo com o primado do direito internacional (na sua versão moderada) aquela
que se revela mais consentânea com o atual estádio de desenvolvimento das relações
internacionais?

Duas razoes que justificam a escolha:

1. Por causa do Numero cada vez maior de normas de direito internacional que são
validas no plano interno independentemente da vontade dos Estados. Enquadram-se
nesta categoria as que fazem parte do direito internacional geral ou comum,
constituindo autentica reserva de direito internacional e, de entre estas, sobretudo,
aquelas que visam tutelar os dois valores primaciais da comunidade internacional- paz
e a dignidade da pessoa humana. Mas dela fazem parte, igualmente, as que emanam
de organizações internacionais do tipo da União Europeia e sejam dotadas de
aplicabilidade direta.
2. Pela circunstancia de a globalização de hoje em dia determinar uma redução no leque
de matérias que fazem parte do chamado domínio reservado dos Estados

SOLUÇÕES POSITIVAS

A opção pelo dualismo ou pelo monismo ou condiciona, evidentemente, as soluções positivas,


consagradas nas constituições estaduais, acerca da recepção do direito internacional na ordem
interna.

Tecnicas de incorporação

Na esteira da generalidade dos autores, portugueses ou estrangeiros, pode afirmar-se que são
três os sistemas configuráveis de recepção do direito internacional na ordem interna dos
Estados:

1. Receção / incorparação automática-tributário de uma concepção monista rectius , do


monismo com primado do direito internacional, as normas de direito internacional
inserem-se automaticamente no direito interno e ai vigoram enquanto normas
internas mas não perdem o seu valor de natureza internacional. Claro que mesmo
neste sistema pode a Constituição impor leves restrições à imediata vigência interna de
certas normas de direito internacional. No caso português relativamente as
convenções internacionais.
2. Transformação- inspirado no dualismo,as normas de direito internacional para
vigorarem no plano interno tem que ser convertidas a normas internas por um
legislador interno através de um ato, perdendo o valor de natureza internacional.
3. Receção semiplena- técnica mista , conjuga as duas técnicas anteriores , receção e a
transformação. Distinção de normas internacionais algumas inserem-se
automaticamente e outras exigem uma transformação. As normas internacionais com
uma determinada natureza ou respeitantes a certas matérias, direito internacional
geral ou comum, vigoram automaticamente no plano interno, as demais com uma
natureza ou conteúdo diversos, as de direito internacional particular, so mediante um
ato de transformação adquirem relevância internamente.
RECEPÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL NA ORDEM JURIDICA PORTUGUESA

Tres distintas categorias de direito internacional:

Direito internacional geral ou comum , art.8 n1-vincula todos os sujeitos internacionais porque
são conjunto de princípios fundamentais, jus cogens, estão acima da própria constituição e
legislação (supralegais e supraconstitucionais). Desacautelada a possibilidade de em causa
estarem Normas convencionais , universais ou para-universais.

Na doutrina portuguesa, relativamente, ao direito internacional geral ou comum da


constituição , consagra uma clausula geral de recepção automática , «… fazem parte integrante
do direito português », não se exige qualquer ato formal de recepção ou incorporação ,
podendo nomeadamente as entidades publicas e os operadores judiciários proceder a sua
aplicação imediata com o sentido que o direito internacional lhe atribui.

E o caso das normas de costume geral(algumas delas, de natureza imperativa ou jus


cogens), os tratados universais ou quase universais, justamente aceites como direito
internacional geral (carta das nações unidas, a convenção sobre o genocídio, os pactos
internacionais sobre os direitos humanos) e , ainda, se já assimilados pelo direito internacional
os próprios princípios gerais de direito.

Direito internacional particular, art.8 n2- apresentam um valor supralegal, ou seja, estão acima
da lei e os decretos de lei mas abaixo da constituição. Art.119 da CRP. Desconsiderou-se a
hipótese de o direito internacional particular poder ter origem na fonte costumeira, costumes
regionais e locais, havendo-se , erradamente , partido do principio de que é convencional.

Na doutrina portuguesa, para as normas constantes de convenções internacionais, enveredou,


igualmente, a CRP pelo sistema da recepção automática, ainda que, desta feita, condicionada.

As normas delas constantes vigorarão em Portugal enquanto normas de direito internacional,


conservando, portanto, essa sua natureza originaria. Não são transformadas em direito interno.

Recepção condicionada- na medida em que a CRP impõe que sejam as convenções


internacionais regularmente ratificadas ou aprovadas( na verdade, aprovadas terão de ser
todas elas, ao passo que a ratificação, como se sabe, só para os tratados solenes é requerida)
e , bem assim, publicadas oficialmente no diário da republica .

Parte final do n2 do art.8, as convenções internacionais vigorarão na ordem interna enquanto


vincularem internacionalmente o Estado português. Que significado devemos atribuir?

Um duplo significado

Por um lado, só poderá uma convenção internacional iniciar a sua vigência na ordem interna a
partir do momento em que entre em vigor na ordem internacional. O simples facto de um
tratado haver sido aprovado, ratificado e publicado em Portugal não constitui garantia bastante
da sua vigência interna, pois pode muito bem suceder que não tenha sido ainda atingido o
numero mínimo de ratificações que esse tratado exige para a respetiva entrada em vigor no
ordenamento jurídico internacional.

A aprovação, a ratificação e a publicação podem , em determinados casos, ser condições


necessárias , mas não suficientes para a vigência interna de uma convenção internacional.
Por outro lado , se por qualquer razão, na ordem externa, deixarem as convenções
internacionais de produzir os efeitos jurídicos a que tendem, isto é, deixarem de valer ou de ter
eficácia ( em virtude de denuncia, caducidade, etc) cessará também a sua vigência interna.

Direito de organizações internacionais – em especial o da UNO art.8 n3

Direito Europeu originado- direito dos tratados que instituíram as comunidades europeias
(tratado roma, paris) e por também os tratados que modificaram (tratado lisboa, nice).

Direito Europeu derivado- direito que emana os órgãos da U.E parlamento europeu

Regulamentos , diretivas, decisões.

Uma sistema de recepção automática , com a particularidade de se afirmar que as normas em


causa gozam de um regime de aplicabilidade directa (se reconduz a uma sua relevância na
ordem interna, não intermediada pelos órgãos estaduais, quer dizer, tal norma aplicar-se-a de
forma automática ao estado e os indivíduos sem que seja necessário adotar qualquer ato de
adaptação ou transposição para o ordenamento interno, a aprovação, a ratificação ou a
publicação).

O preceito do nº3 , de que agora curamos, estabelece duas condições para que o direito
internacionais de que Portugal seja membro beneficie dessa aplicabilidade direta:

Por um lado , que as normas em causa hajam sido adotadas pelos órgãos competentes dessas
organizações e por outro , que se encontre estabelecido nos respetivos tratados constitutivos o
mencionado regime de vigência ( aplicação) automática.

Segunda condição

HIERARQUIA ENTRE NORMAS INTERNACIONAIS E INTERNAS

Feita uma analise global do modo de inserção das normas internacionais na ordem jurídica
portuguesa, pode, em resumo, afirmar-se que a nossa constituição, partindo de uma
concepção monista, se mostra francamente aberta ao direito internacional e aos princípios
fundamentais , que assume como seus.

Mas, no quadro das relações entre o direito internacional e o direito interno, sobeja ainda o
problema, alias de suma importância, do valor hierárquico das normas internacionais recebidas
face às diversas fontes do direito português.

1. Direito internacional geral ou comum: autores atribuem um valor supralegal.

A sua posição hierárquica em relação à CRP as opiniões dividem-se

Para uns , aquele direito terá de ceder perante a lei fundamental do


estado.

Para outros, o direito internacional geral ou comum tem valor


supraconstitucional

2. Direito internacional convencional( particular): doutrina para uma tese do valor


supralegal das convenções internacionais , tem sido acompanhada pela jurisprudência,
sobretudo do tribunal constitucional .
Bastaria que as convenções internacionais não tivessem um valor inferior às leis para
que -por aplicação direta do principio lex posterior priori derrogat- prevalecessem
sobre as normas constantes de uma lei interna anterior. Mas só reconhecendo-se-lhes
um valor supralegislativo é que elas poderão prevalecer sobre as leis internas
posteriores, o que, em decorrência, originaria a invalidade ou eficácia de uma lei
interna discrepante com uma norma de direito internacional convencional vigente na
nossa ordem jurídica.

Segunda possibilidade, que as convenções internacionais «… vigoram na ordem


interna.. enquanto vincularem internacionalmente o Estado Portugues», caso uma lei
interna alterar ou revogar as normas de direito internacional convencional já recebido,
estas deixariam de vigorar na ordem interna apesar de continuarem a vincular
internacionalmente o Estado Portugues- tabua rasa do mencionado inciso
constitucional.
O argumento é na aparência inatacável mas não convence inteiramente alguns
autores , designadamente os constitucionalistas supracitados. Destinar-se-ia ela a
estabelecer

Direito Europeu Originado: direito dos tratados que instituíram as comunidades


europeias e os tratados que modificaram

Direito Europeu Derivado: direito que emana os órgãos da EU , parlamento Europeu,


regulamentos, diretivas e decisões.

ESTADO
Noção- É constituído por um agrupamento de pessoas(população), ser dotado de uma
base territorial(território) e dispor de órgãos governativos(governo) que o representam
e exprimem a sua vontade(coletiva), o Estado exibe ainda uma característica
fundamental que, verdadeiramente o singulariza que é a soberania ou independencia.
É o único sujeito de direito que beneficia desse tal atributo.
O estado é um fenómeno histórico, sociológico e politico.
Principal sujeito de dip.
O estado é uma entidade dotada, de população, território e governo, é o único que
possui a característica de soberania ou independência

3 elementos :

POPULAÇÃO-O Estado é uma coletividade de pessoas não podendo existir sem população.

População significa o conjunto de indivíduos ligados, de forma estável e efectiva, a um estado


através do vinculo jurídico da nacionalidade – os seus nacionais.

Nacionalidade – vinculo entre uma pessoa e o estado

-- originada- adquirida –jus solis: local de nascimento

-- jus sanguinis: sangue , ascendência (filhos, netos…)

--derivada- adquirida- naturalização, casamento, adoção


Decreto-lei nº26/2022- a nacionalidade portuguesa é , designadamente, atribuída a quem
nasça em Portugal; a quem tenha, pelo menos, um avo de nacionalidade portuguesa , a quem
reside em Portugal há , pelo menos, 5anos, com filhos nascidos em Portugal; mediante o
cumprimento de certos requisitos, tenha nascido nas ex-colónias; etc…

Nação ou Povo- conjunto de pessoas que estão ligadas por varias afinidades, étnicas, históricas,
culturais, linguísticas, religiosas etc, que manifestam predisposição e vontade de viver em
comum(conceito sociológico)

Nenhum principio de direito internacional impõe que cada estado, enquanto entidade jurídica,
deva corresponder uma e uma so nação.

Legitimar irrestritamente a autodeterminação de povos não autónomos, passando, muitos


deles, a exercer autoridade sobre territórios provavelmente demasiado exíguos, redundaria
numa nada avisada balcanização

Elemento Território

Não há Estado sem território, mínimo de base territorial

O território assume-se como pressuposto e garante da independencia e autonomia do estado,


quer no plano politico, quer no plano económico.

A população estadual acha-se estabelecida no interior das fronteiras de um determinado


território, devendo, por conseguinte, ter-se por excluída a ideia de um «Estado nómada».

Varias dimensões:

Território terrestre- abrange o solo e o subsolo que se situam no interior das fronteiras

Domínio fluvial- compreende ele os cursos de agua doce que atravessam o estado ou o
separam de outro. (Ex:douro,goa, guadiana) Rios nacionais, rios internacionais ,…

Domínio marítimo- fazem parte determinados espaços marítimos, de agua salgada,


relativamente nos quais o estado exerce poderes de soberania.

Domínio lacustre- diz respeito aos lagos, que são superfícies de agua doce totalmente
circundadas por terra. São aplicadas as normas que vigoram para esses mares.

Domínio aéreo- entende-se por soberania de cada estado ao espaço aéreo suprajacente aos
domínios terrestre, fluvial, marítimo e lacustre.

Elemento Governo

O estado pressupões ainda um aparelho politico, enquanto pessoa jurídica (coletiva), so


através de um conjunto de instituições e órgãos que o representem poderá exprimir a sua
vontade e atuar, quer no plano interno, quer no plano internacional.( elemento funcional)

Quando em direito internacional se fala em governo como elemento constitutivo do estado,


não são apenas as respetivas autoridades executivas que estão em causa ,mas ,em rigor , os
seus diferentes poderes públicos, pelo que é toda a ordem politica, legislativa, judicial e
administrativa.
A importância reconhecida ao governo reside na circunstancia de constituir ele um
instrumento fundamental para a satisfação das necessidades da população a seu cargo,
fornecendo-lhes os bens e os serviços indispensáveis ao seu bem-estar e à sua segurança
(conceção funcional do estado)

SOBERANIA

Constitui também atributo fundamental do estado a soberania.

Constitui a fonte das competências estaduais, não pode deixar de concluir-se que a soberania
de cada estado é limitada por idêntico atributo ou qualidade de todos os outros que lhe são
iguais juridicamente , sendo as necessidades de coexistência entre os sujeitos primários de
direito internacional a determinar a compressão daquela majestas.

Quanto a sua natureza intrínseca a soberania como poder parece, ter cedido o passo à
soberania como responsabilidade.

Deve ainda acrescentar-se que os três elementos constitutivos do estado- população,território,


governo- seriam noções perfeitamente vazias e inertes na ausência deste outro conceito
jurídico de independência. Dai que seja nesta que reside a especificidade do estado.

RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO POR ATOS ILICITOS

Normas primarias – são aquelas que impõem determinadas obrigações de conduta aos
destinatários respetivos, sujeitos de dip.

Normas secundárias- estabelecem consequências jurídicas para as violações das normas


primarias.

Responsabilidade do estado :

 Objetiva- responsabilização por risco


 Subjetiva- sempre que um estado por ação ou omissão intencionalmente viola uma
obrigação internacional

Requisitos:

 O ato tem que ser internacional e ilícito- violação por ação ou omissão de uma norma
de direito internacional ou obrigação , a cuja estaja vinculada num estado. Orçamento
estadual determina a licitude do ato.
 Nexo de imputação ao estado- que o ato ilícito tenha sido cometido por um
representante do estado. Determinado comportamento será imputável ao estado caso
haja sido adotado por órgãos que o representem( imputação direta)
Pode advir das situações de excesso de poder, de atuação contraria a instruções ou
ultra vires.
 Ocorrências de danos- que podem ser morais ou matérias. O dever de reparação dos
danos, materiais ou morais, causados ao estado vitima.
 Nexo de causalidade- tem que haver um efeito de causa- efeito entre o ato ilícito e o
dano. Demonstrar que os danos causados foram consequência do ato praticado pelo
estado autor.

Criação de uma nova relação jurídica internacional( estado vitima)


Dolito internacional- resulta de uma norma internacional, convenção internacional

Crime internacional- violação do direito internacional geral ou comum e particular , jus cogen.

CONSEQUENCIAS

Principal- dever de reparação de danos

Surgimento de uma relação jurídica nova entre o estado autor e o estado vitima. O estado
vitima tem o direito subjetivo de invocar a reparação dos danos que foram causados , e o
estado autor tem o dever correlativo de proceder a reparação dos danos.

3 tipos de reparação:

1- Restitutio in intergrum- reparação integral, reposição da situação hipotética.


Consequência normal do incumprimento de obrigações internacionais
2- Reparação por equivalente ou indeminização- sempre que não for possível uma
reparação integral (ex: bombardeamento de um monumento, homicídio de um
pm). Consiste num pagamento de uma quantia pecuniária ao Estado vitima de
modo a compensar os danos causados e ainda deve cobrir também os lucros
cessantes.
O calculo do montante da indemnização é feito à luz das normas de direito
internacional e não de direito interno.
A indemnização deve ser calculada de acordo com os critérios do momento em
que é fixado a sanção e não de acordo com o momento em que se deu a violação.
A sanção deve ser reparadora e não punitiva
3- Satisfação – quando há uma violação de um obrigação internacional de carater
puramente moral- Um pedido oficial de desculpas por parte do estado
responsável, a cominação de sanções internas ao agente autor do ato ilícito, ou
até, mesmo uma simples declaração de legalidade do tribunal.

Consequências acessórias:

1- Um dever que dai por diante ira cumprir a obrigação internacional que violou
2- Dever de cessar a pratica do ato ilícito se ele for continuado
3- Preste ao estado vitima as necessárias garantias de não repetição desse
comportamento ilícito.

CAUSAS DE EXCLUSAO DA ILICITUDE

Não se deve apreciar de forma mecânica ou automática o incumprimento de uma obrigação


internacional, abstraindo de qualquer fator ou circunstância que possa ter condicionado o
comportamento do estado.

Tanto na ordem interna como na internacional, se admite justamente a existência de


determinadas vicissitudes, acasos ou acontecimentos que, uma vez verificados, conduzem a
que se não desencadeiem as consequências normais previstas pelo ordenamento jurídico para
condutas similares, como exceções à aplicação das normas.

1- Consentimento- consiste num acordo entre o estado autor do ato ilícito e o


estado vitima através que este ultimo vai consentir a pratica dessa
comportamento ilícito. Deve ser um consentimento valido à luz das normas de
direito internacional , o que significa exigir-se que a vontade do estado seja
exprimida sem vícios( dolo, erro, corrupção ou coação).
Consentimento claro e inequivo
ser prestado antes da pratica do ato ilícito
não produz quaisquer efeitos o consentimento prestado para a pratica do ato
que consiste na violação de princípios de jus cogens.
2- Legitima defesa- art.51 CNU- emprego de força. Perante um ato ilícito prévio-
ataque armado, uso defensivo da força em resposta ao ato ilícito.
Preventiva-antecipatória
Perante um perigo grave que ameaça a sua existência
3- Contramedidas- represálias- medida de reação relativamente ao ato ilícito
Resposta ao ato ilícito, mas sem uso da força
Represálias – inamistosas e ilícitas
Retorsões- inamistosas , mas são licitas
4- Força maior- catástrofes –obra da natureza ou fruto da ação humana
acontecimento exterior e irresistível
Não foi voluntariado
Situações em que um estado se impossibilitado de cumprir uma obrigação
internacional que vinculava em virtude de uma força irresistível ou de um
acontecimento que o coloca numa situação de não cumprir o dip.
5- Perigo extremo- viola o dip porque não tinha outra alternativa viável com
objetivo de salvar o estado ou ate mesmo vida de pessoas.
Tem escolha mas é a única opção que pode salvar quer seja a sua própria vida
ou de outros a sua guarda.
Proporcionalidade entre o ato ilícito e o bem que os procura defender
6- Estado de necessidade- situações em que o estado vê um seu interesse
essencial, ou da comunidade internacional, ameaçado por um perigo grave e
iminente , não lhe restando outra opção se não violar uma obrigação
internacional.
Tem faculdade de optar por agir ou não de forma contraria à obrigação
internacional.
Ameaça a própria existência do Estado, a sua sobrevivência politica e
económica, ao funcionamento dos seus serviços essenciais, a sua segurança,…
Requisitos:
 Interesse essencial
 Único meio para combater a ameaça que tem de ser real, eminente e
grave
 Não pode por em causa o interesse essencial do outro estado
 Desculpável
 Não pode ser sobre jus cogens
 Aplicado se norma convencional existir

SUJEITOS DE DIP( O.I)

Noção- a organização internacional é um sujeito internacional publico sem base territorial.


Associações voluntarias de estados, criadas por meio de tratados, que visa a prossecução de
objetivos comuns, dotadas de órgãos de personalidade própria e diferente dos Estados-
membros

Classificações:

 Território – universais – ONU


-- regionais—EU
 Estrutura- cooperação- ONU/NATO
- integração- EU
 Objeto- gerais- ONU
- especiais- NATO

ONU

A criação da Organização das Nações Unidas não pode desligar-se do fracasso

por que se saldou, no pós-Primeira Guerra Mundial, a actuação da sua antecessora: a

Sociedade das Nações. Constituía esta, igualmente, uma organização política de

vocação universal, cujo Pacto instituidor ocupava os primeiros artigos do Tratado de

Paz de Versalhes. Para além de garantir a paz e a segurança internacionais,

promovendo a solução pacífica de conflitos, visava ainda assegurar a cooperação

económica e social entre os seus membros, bem como superintender na administração

de territórios colonizados.

OBJETIVOS DA ONU

A manutenção da paz e da segurança internacional é a finalidade primordial da organização,


procuravam preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra.

O desenvolvimento das relações cordiais e amistosas entre os estados , cooperação


internacional em ordem à resolução de problemas económicos, sociais, culturais e
humanitários, no respeito pelos direitos e liberdades fundamentais da pessoa humana.

Funcionar como ponto de encontro da comunidade internacional, propiciando a harmonização


das suas atividades, em ordem à consecução dos objetivos previamente enunciados

São muito extensas e ambiciosas as atribuições da ONU como podemos ver acima.

PRINCIPIOS DA ONU

Mais do que princípios específicos da carta, trata-se de autênticos princípios fundamentais de


direito internacional, que dão corpo ao já bordejado direito constitucional internacional.

 Principio da igualdade soberana dos estados- art.2 nº1 da CNU- goza de plena
aplicação no funcionamento dos órgãos da ONU, designadamente no seu órgão
plenário , assembleia geral. Numa tentativa de não abrir caminho aquilo que se revelou
uma das principais debilidades estruturais da SDN.
 Principio da boa-fé- art.2 nº2 da CNU- bem do adequado funcionamento da
organização, aos estados membros incumbira observar no cumprimento das
obrigações emergentes das suas relações reciprocas.
 Principio da solução pacifica dos conflitos- sempre que um conflito internacional
ecloda ou se manifeste, implicara o acatamento deste principio que os estados
membros se socorram dos diversos métodos indicados no art.33 da CNU.
 Proibição de recurso de força – que impede sobre os membros das Nações Unidas nas
suas relações internacionais, nomeadamente contra integridade territorial ou a
independência politica de qualquer estado.

ESTRUTURA DA ONU- MEMBROS E ORGÃOS

No que toca aos membros da ONU temos duas categorias:

1. Membros originários- aqueles que tendo participado na conferencia de S.Francisco ou


assinado previamente a declaração das nações unidas 1942, assinaram e ratificaram a
CNU
2. Membros admitidos- aqueles que , por decisão da assembleia geral, sob
recomendação do conselho de segurança, se tornam, ulteriormente, membros da
organização.

Aquando da constituição da ONU, o numero de estados membros era de 51. Em 1955 fruto de
um certo apaziguamento da tensão entre estados ocidentais e os bloco socialista , entraram 16
estados incluindo Portugal.

Com a descolonização entraram para a ONU um grande numero de estados , afro-asiáticos,em


janeiro de 1970, ascendia já a 126 membros da organização.

No decurso dos anos 80 o crescimento prosseguiu a bom ritmo , a ONU contava com 154
estados membros.

Nas décadas de 90 deu-se um novo salto quantitativo passando para 185 estados membros.

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