Relações de Direito Internacional Público e Direito Interno Estatal
É de suma importância a discussão acerca do relacionamento entre o Direito
Internacional Público e o Direito Interno Estatal, com a finalidade de compreender onde estes ramos se complementam e até mesmo se contrapõem. É sabido que, após assinado, um tratado internacional deve ser aplicado em todos os Estado que o celebraram, sendo incorporado ao Direito Interno, estando o Estado sob responsabilidade para com os demais Estado e diante das Cortes Internacionais. Desse modo, ao assinar um tratado, o Estado se obriga a incorporar seus princípios, revogando leis contrárias a ele e não legislando de maneira contraposta ao que é acordado pelo tratado. Assim, também os magistrados, no âmbito interno, devem seguir o Direito Internacional, estando subordinados a ele. Contudo, verifica-se uma discrepância grande em relação às decisões judiciais internas e internacionais, havendo divergências entre os magistrados. Por outro lado, é de conhecimento que o Direito Internacional rege-se pelo princípio pacta sunt servanda, devendo os tratados celebrados serem cumpridos ao rigor. Por isso, será fundamental a incorporação das normas internacionais ao direito interno, sendo dever de responsabilidade do Estado participante do tratado. Deve-se ainda pontuar as diferenças entre o Direito Interno e o Internacional. Este apresenta em suas relações o Estado como principal sujeito, aquele reconhece o indivíduo também como tal. O direito estatal tem por fonte a vontade de um Estado, o internacional, por sua vez, é manifestado por tratados-leis ou pelo costume internacional. Por fim, no âmbito externo, verifica-se uma estrutura de coordenação, diferente do interno, em que se nota a subordinação. Ao considerar as diferenças entre os ramos jurídicos, poderia-se cogitar a inexistência de conflitos, existindo apenas uma verificação de aplicabilidade e eficácia de normas, uma nacional e outra internacional. A respeito da relação entre estes sistemas, percebe-se as teorias dualista e monista. A primeira, verifica o Direito Interno e o Internacional como sistemas distintos, que não se tocam. A segunda já os verifica como um fenômeno único a relação entre os direitos. A Teoria Dualista é caracterizada por doutrinadores que exaltam a soberania Estatal, afirmam a existência de dois sistemas distintos e independentes, com fontes diversas, que se ignoram mutuamente e não se sobrepõem, salvo quando ocorre o processo de incorporação de norma internacional no Direito Interno. Para eles, prevalece o voluntarismo, é por vontade dos Estados que ocorrerá a incorporação normativa, não possuindo uma aplicabilidade imediata senão por meio da recepção. Contudo, erram ao não prever os costumes internacionais, princípios de direito geral e a jurisprudência internacional. O Monismo, por sua vez, defende a existência de um único sistema jurídico. Para eles, há uma aplicabilidade imediata das normas de direito internacional no âmbito interno. Nesta teoria, nota-se uma subdivisão, aqueles que afirmam o predomínio do direito interno em detrimento do internacional e ou que defendem o oposto. O jurista Hans Kelsen é reconhecido como principal defensor da visão de que o Direito Internacional prevalece ao Estatal, por aquele estar hierarquicamente acima deste. A respeito da Teoria Monista, pontua-se o Artigo 27 da Convenção de Viena, que salienta a impossibilidade de um Estado invocar disposições de Direito Interno para justificar o inadimplemento de um tratado, demonstrando assim um posicionamento monista por parte da Convenção.