Um dos primeiros passos para estudarmos o Direito Internacional Privado (DIPri) é
compreender sua distinção em relação ao Direito Internacional Público (DIP). O DIP é o direito que regula as relações entre os Estados (países). É o que se verifica tipicamente nas relações diplomáticas, como aqueles decorrentes de tratados internacionais celebrados entre Estados, com Organizações Internacionais, Pactos Regionais etc. Embora pessoas também sejam sujeitos de direitos no DIP, sua forma mais evidente é quando temos Estados e Organizações Internacionais como sujeitos de direito internacional. Por sua vez, o DIPri é o direito que afeta as pessoas (físicas ou jurídicas) em situações que, tipicamente de direito privado, transbordam o espaço da jurisdição nacional porque contêm algum elemento de internacionalidade, seja seu sujeito (parte estrangeira), seu objeto, ou local de ocorrência/efeitos. Além disso, vale compreender que, via de regra, são os Estados que têm a legitimidade de utilizar a força para obrigar o cumprimento da lei. Assim, ainda que se trate da aplicação do Direito Internacional, serão os Estados a aplicarem domesticamente as leis e a obrigarem as pessoas à sua observância. Nesse sentido, o DIPri é fundamentalmente o ramo do direito que versa sobre qual o direito nacional (de qual Estado) aplicável, conforme a relação jurídica privada em questão. O Domínio do Direito Internacional Privado. O Direito Internacional Privado (DIPri) é uma área jurídica que trata das relações privadas entre indivíduos ou empresas que possuem conexões com diferentes sistemas jurídicos nacionais. Seu principal objetivo é estabelecer regras e princípios para resolver conflitos de leis e jurisdições em transações internacionais. O DIP lida com uma ampla gama de questões, como contratos internacionais, disputas comerciais, responsabilidade civil transfronteiriça, direito de família internacional, sucessões, entre outras. Uma das principais preocupações é determinar qual lei deve ser aplicada a um caso específico, quando mais de um sistema jurídico pode estar envolvido. Os tribunais nacionais e as convenções internacionais desempenham funções fundamentais na solução de questões de DIP. Além disso, há uma crescente importância de acordos e tratados internacionais que buscam harmonizar regras e promover a cooperação entre os Estados, facilitando a resolução de conflitos. A globalização e a intensificação das relações internacionais levaram a um aumento significativo nas questões de DIP, motivadas que os sistemas jurídicos nacionais e internacionais preparados para enfrentar desafios cada vez mais complexos. O DIPri cuja função é determinar em que termos jurídicos podem ser resolvidos o problema antinômico entre ordenamentos diversos, para o que busca a conexão mais próxima com a questão sub judice – é disciplina agregadora das legislações dos distintos Estados, vez que permite aos juízes de todo o mundo conhecer e aplicar normas estrangeiras vigorantes em contextos dos mais variados, quer sob a ótica política, social, cultural ou econômica. Sem o DIPri, as legislações internas seriam incompletas para reger as situações jurídicas interconectadas no espaço, bem assim aos operadores do direito não seria dada a oportunidade casual de conhecer a normativa de diversos países do mundo. Essa característica do DIPri autoriza a falar na existência de uma verdadeira interação legislativa em nível global, hoje cada vez mais crescente, cuja consequência marcante é fazer conhecer aos rincões mais distantes do planeta e cultura jurídica de um povo em dado momento histórico. Como consequência, quanto mais circulam ao redor do mundo essas legislações, também se propagam a compreensão da diversidade, o respeito pelo desconhecido e a tolerância para com o estranho, possibilitando maior aproximação entre todos os povos. A afirmação dos Direitos Humanos na sociedade internacional é fruto de um contínuo desenvolvimento histórico dessa “ideia”, cujo objeto principal é defender o indivíduo como um ser portador de direitos. Resultado de um processo que se inicia com a marcante presença dos jusnaturalismos, passando pela positivação jurídica através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, até as mais atuais teorias que tratam do assunto, o conceito desse termo tem mantido, no decorrer do tempo, um núcleo mínimo de entendimento. Fundamentado na convicção de que há certos “bens e valores que devem ser respeitados em qualquer circunstância, ainda que não reconhecidos no ordenamento jurídico estatal ou em documentos normativos internacionais”, os Direitos Humanos são conceituados das mais diversas formas. Apesar de observarmos diferenças de superfície entre diversas conceituações, podemos identificar como núcleo central a promoção da dignidade humana do indivíduo e a proteção dessa mesma dignidade. Segundo Kinsch, a expressão Direitos Humanos traz consigo dois aspectos: um filosófico e outro jurídico. O aspecto filosófico está ligado ao seu ângulo moral, influenciado pelo jusnaturalismo, que teve sua formulação jurídica.
O direito uniforme tem por objetivo estabelecer princípios e regras de direito
internacional privado comuns a todos os países (por exemplo, as Convenções de Haia sobre Direito Internacional Privado). O Direito Internacional pode ser instrumental, enquanto conjunto de regras utilizadas para identificar qual direito (de qual país) é aplicável. Mas, pode também ser material, quando se tratar de regras decorrentes de tratados internacionais no âmbito do direito privado. Por isso, os profissionais que lidam com o DIPr precisam não apenas dominar o direito brasileiro e o direito internacional, enquanto regra de escolha de regras, mas também manter uma rede de profissionais qualificados em outros países, para atender a demanda de seus clientes quando submetida a outra jurisdição que não a brasileira.
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