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1°Va De Direitos Internacional

1)Direito internacional contemporâneo:

• Principais características: hierarquização das normas, jus cogens,


valor da paz e da dignidade da pessoa humana, relativização das
soberanias dos Estados.

O direito internacional contemporâneo é caracterizado por uma série de


elementos importantes que influenciam as relações entre os Estados e outros
atores internacionais. Algumas das principais características desse ramo do
direito incluem:

Hierarquização das normas: no Direito Internacional, as normas são


hierarquizadas em diferentes níveis, sendo que algumas têm um status
hierárquico superior a outras. Por exemplo, as normas de jus cogens têm um
status hierárquico superior a outras normas internacionais, e não podem ser
violadas ou afastadas por convenção entre os Estados.

Jus cogens: como já mencionado, o jus cogens se refere a normas


consideradas tão fundamentais que não podem ser violadas ou afastadas por
convenção entre os Estados. Essas normas têm um status hierárquico
superior a outras normas internacionais e são obrigatórias para todos os
Estados.

Valor da paz e da dignidade da pessoa humana: o Direito Internacional


tem como um dos seus principais objetivos a promoção da paz e da
segurança internacionais. Para isso, busca-se a resolução pacífica de
conflitos e a prevenção de novos conflitos. Além disso, o Direito Internacional
tem como valor fundamental a proteção da dignidade da pessoa humana,
que se manifesta na proteção dos direitos humanos e na proibição de práticas
que atentem contra a dignidade humana.

Relativização das soberanias dos Estados: embora a soberania dos


Estados seja um princípio fundamental do Direito Internacional, ela não é
absoluta. Em algumas situações, os Estados podem ser obrigados a abrir
mão de parte da sua soberania em prol de objetivos comuns, como a
promoção da paz e da segurança internacionais, ou para cumprir obrigações
decorrentes de tratados internacionais. Além disso, o Direito Internacional
prevê mecanismos de cooperação entre os Estados, que envolvem a
negociação e a adoção de normas comuns, com o objetivo de atingir objetivos
coletivos.
• Modelo das Nações Unidas: multilateralização, proibição do
uso da força pelo art.2 (4) da Carta das Nações Unidas.

O modelo das Nações Unidas é um exemplo de como o Direito Internacional


é aplicado na prática. A ONU é uma organização internacional criada com o
objetivo de promover a cooperação entre os Estados-membros e de resolver
pacificamente os conflitos internacionais.

Uma das principais características do modelo das Nações Unidas é a


multilateralização, ou seja, a participação de diversos Estados em um
processo de tomada de decisão. Na ONU, os Estados-membros têm a
oportunidade de expressar suas opiniões e defender seus interesses em
diferentes órgãos e comitês, como a Assembleia Geral e o Conselho de
Segurança.

Além disso, a Carta das Nações Unidas, que é o documento fundador da


organização, estabelece a proibição do uso da força pelos Estados como
meio de solucionar conflitos internacionais. O artigo 2, parágrafo 4, da Carta
das Nações Unidas determina que “todos os membros deverão evitar em
suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade
territorial ou a independência política de qualquer Estado”.

Essa norma representa um dos pilares do Direito Internacional


contemporâneo e busca evitar que os Estados resolvam suas disputas
através do uso da força, o que poderia gerar instabilidade e insegurança no
sistema internacional. No modelo das Nações Unidas, a proibição do uso da
força é um dos princípios fundamentais que orientam a atuação dos Estados-
membros e que são objeto de discussão e negociação em diferentes fóruns
e comitês da organização.

2) Relação entre o Direito interno e internacional:

• Teoria monista (monismo com primado no direito interno


(nacionalista) de Hegel/ monismo com primado no direito
internacional (internacionalista) de Kelsen).
A relação entre o direito interno e o direito internacional é um tema complexo
que divide opiniões na teoria do direito. Existem basicamente duas correntes
de pensamento: a teoria monista e a teoria dualista.

A teoria monista do direito é uma teoria que defende a unidade do ordenamento


jurídico, não havendo separação entre o direito interno e o direito internacional.
Existem duas vertentes principais dessa teoria: o monismo com primado no
direito interno, defendido por Hegel, e o monismo com primado no direito
internacional, defendido por Kelsen.

O monismo com primado no direito interno, também conhecido como monismo


nacionalista, sustenta que o direito internacional é parte integrante do
ordenamento jurídico interno de um Estado. Nessa teoria, o direito internacional
é visto como uma fonte do direito interno, subordinado à Constituição do
Estado. Hegel argumentava que, se o direito internacional não fosse integrado
ao direito interno, isso levaria a conflitos de competência entre as cortes
internas e internacionais, bem como entre o Estado e a comunidade
internacional.

Já o monismo com primado no direito internacional, também conhecido como


monismo internacionalista, sustenta que o direito internacional é o sistema
jurídico primário e que o direito interno é uma mera manifestação desse
sistema. Nessa teoria, o direito internacional é visto como uma ordem jurídica
autônoma, com normas que se aplicam diretamente aos indivíduos e aos
Estados. Kelsen argumentava que o direito internacional deveria ter primazia
sobre o direito interno, uma vez que é o único sistema que pode regular as
relações entre os Estados soberanos

• Teoria dualista (dualismo radical x dualismo moderado)/


Brasil considerado dualista moderado pelo STF (por que?)

A teoria dualista é outra corrente de pensamento no Direito Internacional, que


difere do monismo na forma como lida com a relação entre o Direito Internacional
e o Direito Interno dos Estados. De acordo com o dualismo, o Direito
Internacional e o Direito Interno são sistemas jurídicos distintos e independentes,
não havendo hierarquia entre eles.
Existem duas vertentes principais da teoria dualista: o dualismo radical e o
dualismo moderado.

O dualismo radical sustenta que o Direito Internacional e o Direito Interno são


completamente separados e distintos, sem qualquer relação entre eles. Nessa
corrente, as normas internacionais não podem ser aplicadas diretamente no
Direito Interno dos Estados, sendo necessária a edição de uma norma interna
para que elas tenham validade.

Já o dualismo moderado, também conhecido como "dualismo mitigado", admite


que as normas internacionais possam ser aplicadas diretamente no Direito
Interno dos Estados, desde que sejam incorporadas de forma expressa em sua
legislação. Isso significa que as normas internacionais têm força normativa no
Direito Interno, mas apenas após terem sido incorporadas pela legislação interna
do Estado.

O Brasil é considerado um país dualista moderado pelo Supremo Tribunal


Federal (STF), porque adota a posição de que as normas internacionais podem
ser aplicadas diretamente no Direito Interno do país após terem sido
incorporadas pelo processo legislativo interno. Isso significa que as normas
internacionais não precisam ser convertidas em leis internas para terem
validade, mas apenas incorporadas de forma expressa por meio de uma lei ou
outro instrumento normativo.

O STF entende que, no Brasil, a incorporação de normas internacionais em seu


ordenamento jurídico deve ser realizada por meio de um processo legislativo
específico, que varia de acordo com a natureza da norma. Em geral, as normas
internacionais são incorporadas por meio de tratados internacionais, que são
aprovados pelo Congresso Nacional e promulgados pelo Presidente da
República. Dessa forma, as normas internacionais têm força normativa no Direito
Interno do país após terem sido incorporadas por esse processo legislativo
específico.

3) Fontes do Direito Internacional:

• Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça


• Tratados: conceito, reservas, hierarquia dos tratados de
direitos humanos.
• Costumes: objetor persistente, elementos do costume
tradicional, costume selvagem ou instantâneo, diferença de
uso e costume, etc..
• Princípios gerais de direito e princípios do direito
internacional.
• Atos unilaterais
• Resoluções das OIs

As fontes do direito internacional são os elementos que servem de base para a


criação, interpretação e aplicação das normas internacionais. As principais
fontes do direito internacional são:

Tratados: acordos formais entre dois ou mais Estados, que estabelecem


obrigações mútuas. Os tratados podem ser bilaterais ou multilaterais e podem
ser sobre diversos temas, como comércio, direitos humanos, meio ambiente,
entre outros. As reservas aos tratados são declarações feitas pelos Estados no
momento da ratificação ou adesão a um tratado, que permitem que o Estado
limite a aplicação de certas disposições do tratado em seu território. A
hierarquia dos tratados é geralmente estabelecida pela Constituição ou
legislação de cada Estado, mas em geral, tratados de direitos humanos são
considerados como tendo uma posição hierárquica superior a outras leis e
normas internas.

Costumes: práticas geralmente aceitas pelos Estados como sendo


obrigatórias (opinio juris) e reiteradas ao longo do tempo (elemento material).
Os costumes podem ser tradicionais (práticas que sempre existiram) ou
instantâneos (práticas que surgem rapidamente em resposta a uma nova
situação). A objetor persistente é um Estado que se opõe a um costume
internacionalmente aceito, que mantém sua objeção por um longo período de
tempo e que é acompanhado por outros Estados.

Princípios gerais de direito e princípios do direito internacional: princípios


que se aplicam ao Direito Internacional, como a boa-fé, a equidade, a justiça e
a igualdade entre os Estados. Os princípios do direito internacional são normas
que surgem a partir da prática geral dos Estados e que são reconhecidos como
vinculantes.

Atos unilaterais: declarações ou ações realizadas por um Estado sem o


consentimento de outro Estado, como por exemplo, uma declaração de guerra,
uma anexação territorial ou uma concessão de asilo político. Esses atos podem
ter efeitos legais e políticos, mas sua validade depende da aceitação de outros
Estados.

Resoluções das Organizações Internacionais (OIs): decisões adotadas


pelas organizações internacionais, como a ONU, a OEA, a União Europeia,
entre outras. Essas resoluções podem ser vinculantes ou não-vinculantes, e
podem estabelecer normas ou recomendações para os Estados membros ou
outras partes interessadas. As resoluções das OIs geralmente refletem o
consenso dos Estados membros e são importantes fontes do Direito
Internacional.

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