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DIREITO DE GUERRA E
NEUTRALIDADE

Versão Full

Atualizado em 30.01.2019
SUMÁRIO
1. GUERRA .................................................................................................................................... 3

2. DIREITO DE GUERRA E DIREITO HUMANITÁRIO .................................................................. 5

3. JUS AD BELLUM E JUS IN BELLO .......................................................................................... 6

4. HISTÓRICO DOS MECANISMOS DE PROSCRIÇÃO DA GUERRA ......................................... 6

5. REGRAS APLICÁVEIS AOS COMBATES ARMADOS ............................................................. 8

6. ARMAS DE ALTO POTENCIAL DESTRUTIVO ....................................................................... 10

7. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E OS CONFLITOS ARMADOS .................................. 12

8. DIREITO DE NEUTRALIDADE ................................................................................................ 13

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1. GUERRA

Guerra é o combate armado que envolve Estados soberanos, com o intuito de dirimir uma
controvérsia através da imposição da vontade de um sobre o outro.
Tecnicamente, Paulo Henrique Gonçalves Portela (2017, p. 643) que “a noção de guerra
abrange também os conflitos armados por meio dos quais os povos, no exercício do direito à
autodeterminação, lutam contra a dominação colonial, a ocupação estrangeira e os regimes
racistas, nos termos dos Protocolos I e II, adicionais às Convenções de Genebra, de 1977.
O início do conflito armado se dá por meio de uma declaração de guerra. Geralmente, o
instrumento para essa veicular declaração é uma nota diplomática. Com ela, dá-se ciência ao
outro ente soberano, rompendo-se as relações pacíficas até então mantidas.

 IMPORTANTE: a declaração visa evitar um “ataque traiçoeiro”, conduta vedada pelo Direito
de Haia ou Direito de Guerra.

Vale ressaltar que a competência interna de declaração da guerra é matéria regulada pela
Constituição de cada país. No caso do Brasil, vejamos como é regulado o tema:

Art. 21. Compete à União: 3


I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
(...)
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados
os casos previstos em lei complementar;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos
assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele
participam como membros natos:
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta
Constituição;
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de
Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos
casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Câmara dos Deputados – 2014 – Analista Legislativo


Julgue o próximo item, acerca do direito de guerra e de neutralidade.
No Brasil, a declaração de guerra compete ao presidente da República e é condicionada à prévia
autorização do Congresso Nacional.
ERRADO
Comentário do professor: há uma exceção quando a declaração ocorre no intervalo das sessões
legislativas, conforme art. 84, inciso XIX, da CR/88.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas 4
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;

Em regra, o término da guerra, no mundo civilizado, se verifica por meio da conclusão de um


tratado de paz, em que se pactua solenemente o fim das hostilidades e se estipulam as
condições de paz entre os envolvidos.

 Observação: não se ignora que já ocorreram términos com o simples fato de paralisação das
hostilidades ou a rendição incondicional dos beligerantes.

Câmara dos Deputados – 2014 – Analista Legislativo


No que concerne ao direito da guerra, julgue o item que se segue.
As guerras terminam mediante a vitória de um dos beligerantes, documentada, no plano jurídico,
pela assinatura de um tratado de paz, mediante a submissão total de um dos beligerantes a outro,
ou ainda mediante a cessação de hostilidades, processo que não determina necessariamente a
situação das pessoas e coisas no território ocupado pelo vencedor, a menos que o vencido
desapareça como ente político e suas forças sejam aniquiladas.
CERTO
 IMPORTANTE: o fim da guerra pode ser precedido de:
a) armistício: é a suspensão temporária e convencional do combate, visando
posteriormente à paralisação definitiva dos ataques. Em regra, é formalizado por escrito.
b) suspensão de armas: não é o mesmo que armistício, pois é apenas uma trégua
momentânea de natureza exclusivamente militar (ajustada entre os comandantes),
suspendendo as hostilidades para um fim específico (ex: atendimento de feridos; evacuação de
civis). Em regra, é concluída verbalmente.

Câmara dos Deputados – 2014 – Analista Legislativo


No que concerne ao direito da guerra, julgue o item que se segue.
A suspensão de hostilidades, ou cessar fogo, consiste no ato de os beligerantes, ainda em guerra,
acordarem em suspender a luta por período determinado. Legalmente, esse instrumento,
diferentemente da trégua ou do armistício, é formalizado por meio de acordo escrito que fixa o
território a que se aplica a suspensão de hostilidades.
ERRADO
Comentários do professor: em regra, é concluído verbalmente.

A nova sociedade internacional, com base em ideias humanistas revigoradas a partir do 5


Iluminismo, criou um arcabouço de normas cujos objetivos são:
a) reafirmar métodos de solução pacífica das controvérsias internacionais;
b) proscrição quase integral dos combates armados;
c) formulação de política de desarmamento;
b) regular o atendimento das vítimas das guerras;
c) regular a forma de desenvolvimento do conflito em patamares humanitários.
Tais normas podem se inserir no âmbito do Direito de Guerra ou do Direito Humanitário,
conforme se verá a seguir.

2. DIREITO DE GUERRA E DIREITO HUMANITÁRIO

O Direito de Guerra (ou “Direito da Haia” consiste no conjunto de regras e princípios que
objetivam basicamente: a) regular o direito de uso da força, restringindo-os aos objetivos
bélicos; e b) situar os combates em parâmetros mínimos de racionalidade e de valores
universalmente reconhecidos.
 IMPORTANTE: Direito de Guerra não se confunde com Direito Humanitário. Este último
estabelece regras voltadas para a proteção do ser humano inserido no meio de conflitos armados,
bem como para a regulamentação da assistência aos vitimados pelos combates.

3. JUS AD BELLUM E JUS IN BELLO

Conforme Portela (2017, p. 644), jus ad bellum “resume-se a duas possibilidades: o direito
de o Estado se defender de agressões externas; e o direito de a Organização das Nações
Unidades (ONU), por meio de seu Conselho de Segurança, tomar medidas para evitar a guerra ou
restaurar a paz. Fora dessas hipóteses, o recurso à força nas relações internacionais tornou-se
ilícito”.
O jus in bello, por sua vez, é o conjunto de normas que se aplicam aos Estados
combatentes quando já existe conflito armado. É o chamado Direito de Guerra ou Direito de Haia,
formado por preceitos que prosperaram na época em que os conflitos armados eram opções
lícitas de solução das controvérsias internacionais (era o centro do Direito Internacional até o
século XIX). Esses preceitos substancialmente visavam limitar os efeitos deletérios das armas nas
regiões em conflito.
É a partir, portanto, do jus in bello que se regulamentou o uso de armas potencialmente 6
destrutivas (biológicas, químicas e nucleares).
Para sistematizar, segue tabela para memorização:
jus ad bellum jus in bello
(Direito de deflagrar a guerra) (DIREITO DE GUERRA E DIREITO DE
GENEBRA)
No passado: bastava que a guerra fosse “justa” Direito de Guerra ou Direito de Haia: conjunto
para ser considerada meio lícito; de normas que se aplicam aos Estados
Atualmente, a licitude só se verifica em dois combatentes quando já existe conflito armado;
casos: a) legítima defesa do Estado regulamentação do uso das armas de alto
soberano; e b) ação da ONU para potencial destrutivo.
restauração e manutenção da paz Inclui também o Direito Humanitário

4. HISTÓRICO DOS MECANISMOS DE PROSCRIÇÃO DA GUERRA

1919: Pacto da Sociedade das Nações. Neste pacto ainda não se proibia a guerra, mas o
conflito armado não deveria ser a primeira opção dos Estados para dirimir controvérsias. Cite-se:
Art.12. Todos os Membros da Sociedade convêm que, se entre eles houver um litígio que
possa trazer rompimento, o submeterão ao processo de arbitragem ou ao exame do Conselho.
Convêm mais que, em nenhum caso, deverão recorrer à guerra antes de expirar o prazo de três
meses depois da sentença dos árbitros ou do parecer do Conselho.

1928: Tratado de Renúncia à Guerra (Pacto de Paris ou “Pacto Briand-Kellog”). Mais


uma vez, os entes determinaram a prioridade das soluções pacíficas de controvérsias. Confira o
preceito básico do Decreto nº 24.557/1934, que promulga o aludido Tratado:

Artigo I

As Altas Partes contratantes declaram solenemente, em nome dos respectivos povos, que
condenam o recurso à guerra para a solução das controvérsias internacionais, e á ela renunciam
como instrumento de política nacional nas suas mútuas relações.

Art. 2°, § 3°:


"Todos os membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de
modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais".

Art. 2°, § 4°: 7


Todos os membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força
contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou qualquer outra
ação incompatível com os propósitos das Nações Unidas".

1945: Carta da ONU. Este é o marco da consolidação da ilicitude da guerra, sendo essa
possível apenas nos dois casos estudados acima. Recomenda-se fortemente o estudo dos artigos
39 a 51 da Carta das Nações Unidas e as atribuições do Conselho de Segurança da ONU.

(Procurador Federal - 2010) O deslocamento de tropas e o anúncio da futura invasão do


Estado C já constituem, por si, violação à Carta da ONU.
CERTO.
Vide art. 2º, §§3º e 4º da Carta da ONU

(MPF - Procurador da República/2011) O direito à legítima defesa, de acordo com o art. 51 da


carta da ONU,
a) pode ser exercido preventivamente.
b) só pode ser exercido quando o Estado é atacado.
c) não comporta limitação pelo Conselho de Segurança, pois é um direito "inerente".
d) é objeto do direito internacional humanitário.
Gabarito: “B”.
Artigo 51. Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima defesa individual ou
coletiva no caso de ocorrer um ataque armado contra um Membro das Nações Unidas, até que o
Conselho de Segurança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e da
segurança internacionais. As medidas tomadas pelos Membros no exercício desse direito de
legítima defesa serão comunicadas imediatamente ao Conselho de Segurança e não deverão, de
modo algum, atingir a autoridade e a responsabilidade que a presente Carta atribui ao Conselho
para levar a efeito, em qualquer tempo, a ação que julgar necessária à manutenção ou ao
restabelecimento da paz e da segurança internacionais.

(AGU – 2015) Como é vedado o uso da força nas relações internacionais, os Estados não
podem executar atos beligerantes com o aval do direito internacional, ressalvada a hipótese de
legítima defesa em caso de agressão externa.
ERRADO

Observação: também é possível ação determinada pela ONU por meio de seu Conselho de
Segurança, para restauração da paz. 8
 IMPORTANTE: o direito de legítima defesa só é possível de ser exercido até que o Conselho
de Segurança da ONU adote as medidas necessárias para o reestabelecimento da paz e da
segurança internacionais. De igual modo, não é possível a legítima defesa preventiva! É dizer: não
pode um Estado soberano atacar outro porque apenas entende que este representa alguma
ameaça.

1998: Estatuto de Roma do Tribunal Internacional: tipifica os crimes de guerra e os crimes


de agressão.

5. REGRAS APLICÁVEIS AOS COMBATES ARMADOS

Como vimos, a guerra era considerada um meio lícito de solução das controvérsias entre
nações. Agora, com a aplicação da Carta da ONU, houve a consolidação da proibição da guerra.
Entretanto, nas hipóteses em que ainda é possível o conflito armado, vigoram os preceitos do
Direito Guerra ou Direito de Haia.
Inicialmente, o Direito de Guerra era substancialmente costumeiro. Em um segundo
momento, começaram a ser codificadas as regras responsáveis pela regulação dos conflitos
armados e de Direito Humanitário. Vejamos:
a) Declaração de Paris, de 1856, proibindo a prática do corso em guerra marítima;
b) Convenção para Melhoria da Sorte dos Feridos e Enfermos dos Exércitos em Campanha,
de 1864 (marco do Direito Humanitário);
c) Tratados específicos celebrados na Conferência Internacional de Paz ocorrida em Haia,
na Holanda (1907);
Paulo Portela (p. 647-648) elenca os principais pontos disciplinados pelos tratados
concluídos em Haia:
REGULAMENTAÇÃO DO DIREITO DE HAIA
✓ Aspectos técnicos referentes aos conflitos armados, como início, desenvolvimento e fim
das hostilidades;
✓ Direitos e deveres dos beligerantes;
✓ Direito de prevenção;
✓ Proibição de ações bélicas contra determinadas pessoas e bens;
✓ Vedação do emprego de formas de combate cruéis e desproporcionais;
✓ Proibição do uso de certas armas; 9
✓ Tutela da propriedade privada;
✓ Proteção dos bens culturais.

Nesse ponto, é muito importante saber os três princípios elencados por Francisco Rezek
quanto as normas do Direito de Haia (Portela, p. 648). São eles:
a) limites rationae personae: os não combatentes são poupados das ações militares;
b) limite rationae loci: o objeto de ataque só pode ser estritamente militar;
c) limite rationae conditionis: são vedadas armas e métodos causadores de sofrimento
desnecessário.

(AGU - 2006) O Direito de Haia constitui um corpo de normas jurídicas escritas, elaboradas a
partir de duas conferências internacionais de paz realizadas em Haia, durante as quais foram
elaboradas convenções multilaterais que regulam o direito de ir à guerra, o direito de prevenção e
as normas sobre a condução das hostilidades.
CERTO
Outros princípios podem ser observados na doutrina, a exemplo do princípio da
necessidade e da humanidade. Quanto ao primeiro, tem-se que a guerra só pode ser deflagrada
quando esgotados os meios pacíficos de resolução das controvérsias. O segundo diz respeito aos
meios empregados nos conflitos armados, os quais devem ser apenas os indispensáveis para a
vitória militar, evitando-se danos desproporcionais ou vítimas não combatentes.
Paulo Portela (2017, p. 648) adverte: “ainda que a guerra tenha deixado de ser, em linhas
gerais, lícita, as antigas normas do Direito da Haia ainda são aplicáveis aos conflitos armados,
estejam ou não em conformidade com o Direito Internacional”.

6. ARMAS DE ALTO POTENCIAL DESTRUTIVO

Os tratados internacionais relativos ao emprego de armas de alto potencial destrutivo


(minas, nucleares, biológicas e químicas) objetivam controlar o uso destas, bem como evitar a
propagação dessas espécies de armamento. Há uma verdadeira política de desarmamento,
pois a própria humanidade encontra-se em risco à vista do potencial bélico dos países.
Aplica-se a teoria da destruição mútua assegurada ou mutual assured destruction
(MAD). É uma tese militar no sentido de que o uso incontrolável de armas nucleares acarretará
inevitavelmente a destruição de ambos, tanto o atacante quanto o defensor. Os estudiosos
econômicos salientam que essa tese é uma forma de Equilíbrio de Nash (teoria dos jogos):
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ambos os lados buscam soluções que tentem evitar a pior das consequências para os dois lados.

DPE/MA – 2018. O conceito de Equilíbrio de Nash (NASH, John F. Theory of Games and
Economic Behavior, 1944) na teoria dos jogos
a) se trata de teoria de comportamento econômico, sem qualquer relevância para o estudo da
mediação em demandas judiciais.
b) tem como principal elemento a competição entre os envolvidos na disputa, de modo que deve
prevalecer quem tem maior mérito.
c) é absolutamente incompatível com os escopos e finalidades da mediação como instrumento de
autocomposição.
d) tem por finalidade assegurar a absoluta igualdade entre as partes envolvidas em um litígio
judicial.
e) é compatível com a cooperação, pois combinando estratégias entre os jogadores alcança-se
um melhor resultado, individual e coletivamente.
Gabarito: E
Vejamos, assim, os principais diplomas internacionais:
a) Tratado de Não Proliferação Nuclear – TNP, de 1968 (Decreto 2.864, de 07/12/1998);
b) Tratado para a Proscrição das Armas Nucleares na América Latina e no Caribe (Tratado
de Tlatelolco), de 1967 (Decreto 1.246, de 16/09/1994).
c) Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Estocagem de Armas
Bacteriológicas (Biológicas) e à Base de Toxinas e sua Destruição (Decreto 77.374, de
01/04/1976);

Câmara dos Deputados – 2014 – Analista Legislativo


Julgue o item, referente aos regimes de controle de armas químicas, biológicas e nucleares.
Conforme a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção e Estocagem de Armas
Bacteriológicas (Biológicas) e à Base de Toxinas e sua Destruição, seus signatários devem
destruir todos os agentes, toxinas, armas e meios que sirvam para emprego hostil.
CERTO

d) Convenção sobre a Proibição do Uso Militar ou Hostil de Técnicas de Modificação


Ambiental (Decreto 225, de 07/10/1991);
e) Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Estocagem e uso de
Armas Químicas e sobre a Destruição das Armas Químicas Existentes no Mundo (CPAQ - 11
Decreto 2.977, de 01/03/1999);

Câmara dos Deputados – 2014 – Analista Legislativo


Julgue o item, referente aos regimes de controle de armas químicas, biológicas e nucleares.
Resultado de iniciativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a
Convenção sobre Armas Químicas é adotada por, aproximadamente, metade dos Estados
nacionais, comprometidos com a redução gradual da produção e do emprego de armas químicas
e seus precursores.
Gabarito: E
Comentário do professor: a convenção não visa apenas uma redução gradual, mas a efetiva
eliminação e destruição das armas químicas. Vejamos:
Artigo I -Obrigações gerais
1. Cada Estado-Parte na presente Convenção se compromete, em quaisquer circunstâncias, a:
a) Não desenvolver, produzir, adquirir por qualquer outro modo, estocar ou conservar armas
químicas, nem transferir essas armas a quem quer que seja, direta ou indiretamente;
b) Não usar armas químicas;
c) Não dar início a preparativos militares para o uso de armas químicas;
d) Não ajudar, encorajar ou induzir por qualquer meio a ninguém para realizar qualquer atividade
proibida aos Estados-Partes por esta Convenção.
2. Cada Estado-Parte se compromete a destruir as armas químicas de sua propriedade ou das
quais tenha posse, ou que existam em qualquer lugar sob sua jurisdição, em conformidade com
as disposições desta Convenção.
3. Cada Estado-Parte se compromete a destruir qualquer instalação de armas químicas que tiver
abandonado no território de um outro Estado-Parte, em conformidade com as disposições desta
Convenção.
4. Cada Estado-Parte se compromete a destruir quaisquer instalações de produção de armas
químicas, de sua propriedade ou das quais tenha posse, ou que existam em qualquer lugar sob
sua jurisdição ou controle, em conformidade com as disposições desta Convenção.
5. Cada Estado-Parte se compromete a não usar agentes de repressão de distúrbios como
método de guerra.

f) Convenção sobre a Proibição do Uso, Armazenamento, Produção e Transferência de


Minas Antipessoal e sobre sua Destruição (Decreto 3.128, de 05/08/1999).

 IMPORTANTE: Se uma nação, ao tempo da celebração do TNP, já era armada


nuclearmente (ex: EUA, URSS) podem continuar mantendo suas armas, mas não podem 12
transferir esse armamento para outros entes estatais e nem mesmo a tecnologia que permita a
criação dessas armas.
Isso é objeto de crítica, pois o TNP promove apenas o desarmamento dos “desarmados” e
nada faz pelo desarmamento dos “armados”.
Por outro lado, o Tratado de Tlatelolco proíbe, de forma integral, a existência de qualquer
armamento nuclear na América Latina.

7. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E OS CONFLITOS ARMADOS

 IMPORTANTE: O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional se aplica aos conflitos


armados. Os crimes tipificados neste diploma são (art. 5º):
a) crime de genocídio;
b) crime contra a humanidade;
c) crime de guerra;
d) crime de agressão
8. DIREITO DE NEUTRALIDADE

Neutralidade nada mais é que a opção do ente soberano em não apoiar nenhuma das
nações envolvidas em um conflito armado.
Esse status de neutralidade acarreta direitos e deveres em prol do estado neutro. Este
possui o direito à inviolabilidade de seu território (ou direito à integridade territorial) e o direito
de comercializar com as nações em guerra.
Quanto aos deveres, o Estado neutro não pode se envolver em qualquer ato de combate,
tendo que tratar com igualdade todas as partes beligerantes.
Vejamos os tratados que tratam a respeito deste tema:
a) Convenção Concernente aos Direitos e Deveres das Potências Neutras, nos Casos de
Guerra Marítima;
b) Convenção Concernente aos Direitos e Deveres das Potências e das Pessoas Neutras,
no Caso de Guerra Terrestre.

Câmara dos Deputados – 2014 – Analista Legislativo


Embora a declaração de neutralidade constitua condição legal para um Estado optar por não se
engajar em uma guerra, a aplicação das regras que embasam tal declaração se funda em
presunções equivocadas: a da imparcialidade do Estado neutro em relação aos beligerantes e a 13
da necessidade de respeito dos beligerantes à soberania do Estado neutro.
ERRADO

Julgue o próximo item, acerca do direito de guerra e de neutralidade.


Durante a guerra, a comunicação entre os beligerantes pode ocorrer por meio da intermediação
de representantes do Poder Legislativo de um país neutro, denominados parlamentários, que são
enviados para apresentar propostas ou comunicações aos comandantes das partes beligerantes.
ERRADO. Vide o dever de imparcialidade.

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ANOTAÇÕES
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