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GARANHUNS/PE
Processo nº 0007287-64.2015.8.17.0640
A questão aqui proposta cinge-se a uma dúvida central: o juízo no qual tramitou a ação
coletiva de conhecimento estará prevento para as liquidações e execuções individuais,
promovidas com lastro na sentença proferida?
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pois inexiste interesse apto a justificar a prevenção do
Juízo que examinou o mérito da ação coletiva para o
processamento e julgamento das execuções individuais
desse título judicial. 2. A analogia com o art. 101, I, do
CDC e a integração desta regra com a contida no art. 98,
§ 2º, I, do mesmo diploma legal garantem ao
consumidor a prerrogativa processual do ajuizamento da
execução individual derivada de decisão proferida no
julgamento de ação coletiva no foro de seu domicílio. 3.
Recurso especial provido (STJ-3ªT., REsp nº 1.098.242-
GO, rel. Minª Nancy Andrighi, j. 21.10.2010, DJe
28.10.2010).
O processo coletivo comum tem por objeto os direitos transindividuais. Nas lições de
Fernando Gajardoni, os direitos coletivos estão dentro daquilo que a doutrina denomina de
terceira geração de direitos fundamentais, recepcionados num momento histórico quando se
reconheceu a existência de direitos que transcendem ao indivíduo e que só podem ser
exercitados de forma coletiva. São os denominados direitos transindividuais ou
metaindividuais (interesses naturalmente coletivos: difusos e coletivos, e interesses
acidentalmente coletivos: individuais homogêneos).
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da
Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que
não contrariar suas disposições.
Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for
cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça
local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; II - no foro
da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional,
aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
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Assim, distinguem-se os âmbitos local (Município), regional (um Estado) e nacional
(mais de um Estado da nação) para se saber se a competência será do juízo do local, da Capital
do Estado ou do Distrito Federal.
Art. 103, 3º, CDC: Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o
art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por
danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código,
mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder
à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99 . (Destacamos)
O caso foi relatado pela Ministra Nancy Andrighi, e de acordo com informações
constantes na página on line do Tribunal da Cidadania:
A ministra apontou que ações coletivas têm alto grau de generalidade e, muitas vezes,
não estabelecem os direitos de cada um dos interessados. A execução, entretanto, deve
demonstrar nexo causal (relação de causa e efeito) entre o dano genérico e os prejuízos
realmente suportados. Não se trata aqui de somente proceder à liquidação de uma sentença
ilíquida, porque o grau de indeterminação é muito maior, asseverou. Assim, a ministra
concluiu que inexiste interesse que justifique a prevenção do juízo que examinou o mérito da
ação coletiva.
Quanto aos artigos do CDC, a ministra relatora argumentou que a legislação se omitiu
quanto à execução individual em ações coletivas, sendo necessária a interpretação sistemática
para sanar a lacuna. Destacou que o artigo 101 da norma permite ao consumidor escolher o
foro de seu domicílio para ajuizar a ação.
Para a ministra Nancy Andrighi, não faz sentido negar tal direito na ação de execução.
Já o artigo 98 do mesmo código também admitiria a competência do foro da liquidação da
sentença ou da ação condenatória para a ação individual, ou seja, os dois podem ser
diferentes. Qualquer conclusão que imponha o deslocamento da competência para o
julgamento da execução individual ao juízo no qual foi prolatada a sentença condenatória
coletiva dificulta o acesso ao Judiciário, concluiu a relatora. Com essas considerações, a Turma
definiu a competência para a 3ª Vara da Seção Judiciária de Goiás.
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PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. AÇÃO
COLETIVA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL NO DOMICÍLIO DO
AUTOR. FORO DIVERSO DAQUELE DO PROCESSO DE
CONHECIMENTO.POSSIBILIDADE.CONFLITO CONHECIDO.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª
REGIÃO. 1. A Corte Especial do STJ fixou, sob o rito do
art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 8/2008, que "a
liquidação e a execução individual de sentença genérica
proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro
do domicílio do beneficiário" (REsp 1.243.887/PR, Rel.
Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, DJe
12.12.2011). 2. A execução individual de sentença
condenatória proferida no julgamento de ação coletiva
não segue a regra geral dos arts. 475-A e 575, II, do
Código de Processo Civil, pois inexiste interesse apto a
justificar a prevenção do Juízo que examinou o mérito da
ação coletiva para o processamento e julgamento das
execuções individuais desse título judicial. 2. Obrigar os
beneficiados pela sentença coletiva a liquidá-la e a
executá-la no foro em que a ação coletiva foi julgada
implicaria em inviabilização da tutela dos direitos
individuais. 3. No mesmo sentido: AgRg na Rcl
10.318/RS, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira,
Segunda Seção, DJe 29.4.2013; CC 96.682/RJ, Rel.
Ministro Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, DJe
23.3.2010; REsp 1.122.292/GO, Rel. Ministro Castro
Meira, Segunda Turma, DJe 4.10.2010; AgRg no REsp
1.316.504/SP, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta
Turma, DJe 20.8.2013; REsp 1.098.242/GO, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 28.10.2010 4.
Agravo Regimental não provido. (STJ - AgRg no CC:
131630 DF 2013/0399098-8, Relator: Ministro HERMAN
BENJAMIN, Data de Julgamento: 26/02/2014, S1 -
PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 21/03/2014)
A regra geral no sistema do CPC é que a execução deve ser movida, seja na hipótese de
simples cumprimento de sentença, seja nos casos em que há verdadeiro processo autônomo
executivo, perante os seguintes juízos:
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(c) juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença
arbitral ou de sentença estrangeira homologada.
De qualquer forma, não faria sentido - como afirmam Patrícia Miranda Pizzol e Athos
Gusmão Carneiro - que a liquidação e a execução manejadas individualmente, com base em
sentença proferida no bojo de processo coletivo, fossem vinculadas ao juízo prolator da
decisão na fase de conhecimento.
(a) o foro no qual tramitou a ação de conhecimento, sem prevenção do juízo que julgou a
demanda coletiva;
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Admitir-se somente o aforamento da execução individual da sentença coletiva no juízo
da condenação seria inviabilizar a fruição do benefício assegurado, com negativa de acesso à
justiça para os lesados que residissem em lugares distantes, por exemplo.
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as liquidações/execuções individuais de sentença
proferida em ação coletiva, a fim de impedir o
congestionamento do juízo sentenciante, deve ser
definida pelo critério da livre distribuição, não havendo
prevenção do juízo que examinou o mérito da ação
coletiva, evitando-se, desta forma, a inviabilização das
liquidações/execuções individuais e da própria
efetividade da ação coletiva.4. Dessa forma, havendo a
parte credora optado pelo foro do juízo prolator da
sentença coletiva e considerando que após a
redistribuição do processo pela 2ª Vara Cível de Rio
Branco/AC, foi efetuada a livre distribuição do processo
por sorteio a 3ª Vara Cível da Comarca de Rio
Branco/AC, esta deve ser declarada competente para
processar e julgar o feito. 5. Conflito de competência
improcedente.
DOS PEDIDOS
Diante de tudo que fora exposto, requerem os Autores, que o presente pedido de
reconsideração seja recebido e acatado no sentido de dar prosseguimento ao presente feito
neste r. juízo. Revogando assim o declínio de competência ora suscitado.
Nestes termos
Pede deferimento
_________________________________________
OAB/PE 38588
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