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Breves notas sobre a ação de dissolução parcial de

sociedade

BREVES NOTAS SOBRE A AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE


SOCIEDADE
Short notes about company's partial dissolution
Revista de Processo | vol. 302/2020 | p. 325 - 339 | Abr / 2020
DTR\2020\3860

Luis Guilherme Aidar Bondioli


Doutor e mestre em Direito Processual pela Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo. Advogado. lgbondioli@stoccheforbes.com.br

Área do Direito: Civil; Processual


Resumo: Este artigo analisa a ação de dissolução parcial de sociedade, com especial
atenção para o seu objeto, sua duplicidade, as pessoas que devem fazer parte do
respectivo processo e as balizas para a apuração de haveres.

Palavras-chave: Dissolução parcial – Duplicidade – Reconvenção – Legitimidade –


Apuração de haveres
Abstract: This article analyzes the company’s partial dissolution, with special attention to
its object, its duplicity, the people who must be part of the respective process and the
guidelines for the asset’s determination.

Keywords: Partial dissolution – Duplicity – Counterclaim – Legitimacy – Asset’s


determination
Sumário:

1.Considerações iniciais - 2.Objeto do processo, crítica terminológica, duplicidade da


ação e reconvenção - 3.Processo monofásico ou bifásico, mais uma crítica terminológica
e implicações na seara recursal - 4.Legitimidade ativa e passiva ad causam - 5.Balizas
para a apuração de haveres: data do desligamento da sociedade, critérios de apuração e
nomeação de perito - 6.Encerramento - 7.Bibliografia

1.Considerações iniciais

O Código de Processo Civil disciplina no Capítulo V, do Título III, do Livro I, da Parte


Especial a “ação de dissolução parcial de sociedade” (arts. 599 a 609). O Código de
Processo Civil de 1973 era praticamente silente sobre o assunto da dissolução de
sociedade, na medida em que tudo o que cuidou de fazer foi definir que a “dissolução e
liquidação das sociedades” continuavam reguladas pelo Código de Processo Civil de 1939
(art. 1.218, VII do CPC de 1973).

O confronto entre o Código de Processo Civil atual e o Código de Processo Civil de 1939
aponta para uma situação inusitada: aquele se ocupa somente da ação de dissolução
parcial de sociedade, marcada pelo desligamento de um dos seus sócios e pela correlata
apuração de haveres, e este tratava, sobretudo, da dissolução total de sociedade,
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caracterizada pela sua efetiva extinção e respectiva liquidação.

Nos termos do § 3º do art. 1.046 do Código de Processo Civil em vigor, “os processos
mencionados no art. 1.218 da Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (LGL\1973\5), cujo
procedimento ainda não tenha sido incorporado por lei submetem-se ao procedimento
comum previsto neste Código”. Assim, a ação de dissolução total de sociedade fica
sujeita, num primeiro momento, às regras dispostas nos arts. 318 e ss. do Código de
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Processo Civil. Todavia, para a liquidação societária que se opera na sequência do
pronunciamento judicial que dissolve a sociedade, revelam-se inadequadas as
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disposições dos arts. 509 e ss. do Código de Processo Civil, que se ocupam da
liquidação de sentença, o que torna pertinente aqui o empréstimo das disposições
presentes nos arts. 1.102 e ss. do Código Civil (LGL\2002\400), reguladoras da
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“liquidação da sociedade” (Capítulo IX, do Título II, do Livro II, da Parte Especial). Aliás,
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para garantir esse empréstimo, na prática, convém que ele seja previsto já no contrato
social, com efeito vinculante para o ulterior processo judicial.

Por sua vez, para a ação de dissolução parcial de sociedade, o legislador trouxe
regramento abrangente, que abarca tanto a pretensão de desligamento de um dos seus
sócios, quanto a pretensão de apuração de haveres desse sócio que deixa a sociedade.
Este escrito se dedica nos tópicos seguintes a uma breve abordagem dessas regras.

2.Objeto do processo, crítica terminológica, duplicidade da ação e reconvenção

Em consonância com o disposto nos incisos I e II do art. 599 do Código de Processo


Civil, cabem no objeto da “ação de dissolução parcial de sociedade” duas distintas
pretensões, quais sejam, a de desligamento de um dos sócios da sociedade (dissolução
stricto sensu) e a de levantamento do valor da participação do sócio que se desliga ou é
desligado da sociedade, considerando a perda do status societário e das correlatas
quotas (apuração de haveres).

O subsequente inciso III do mesmo art. 599 do Código de Processo Civil é de


fundamental importância para a compreensão das características da ação de dissolução
parcial de sociedade, na medida em que dispõe que o respectivo processo pode ser
deflagrado pedindo-se “somente a resolução ou a apuração de haveres”. Isso acentua a
anunciada distinção entre as pretensões e evidencia que a apuração de haveres não é
consequência automática ou decorrência lógica do desligamento de um sócio da
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sociedade; ela somente terá lugar na ação de dissolução parcial de sociedade se for
expressamente requerida. Também fica evidente nesse cenário que o simples pedido de
apuração de haveres não traz embutido nele o pleito de desligamento de um dos sócios
da sociedade.

Esse estado de coisas leva a uma crítica de ordem terminológica. À luz do Código de
Processo Civil, a ação de dissolução parcial de sociedade serve de veículo para pretensão
meramente apurativa (art. 599, III), em situações nas quais nada mais há para
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dissolver... Talvez fosse melhor cuidar da disciplina de um procedimento próprio para a
ação de apuração de haveres, cumulável com a ação de dissolução parcial propriamente
dita, que não parece precisar de nada mais do que as regras do procedimento comum
para o seu processamento, como sugere, aliás, o § 2º do art. 603 do Código de Processo
Civil.

Nesse contexto, se a ação de dissolução parcial de sociedade é proposta com pleito


unicamente dissolutivo, não se procede à apuração de haveres no processo já
deflagrado, a não ser que o réu tenha formulado pedido nesse sentido na sua resposta
(reconvenção).

Doutra parte, a propositura da ação de dissolução parcial de sociedade com pleito


exclusivamente de apuração de haveres pressupõe o prévio aperfeiçoamento do
desligamento do sócio da sociedade, sob pena de faltar para o autor interesse
processual, nos termos do art. 485, VI, do Código de Processo Civil – o levantamento do
valor da participação do sócio na sociedade tem como antecedente lógico o seu
desligamento desta e, como dito logo acima, o pedido de apuração de haveres não traz
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embutido nele pretensão dissolutiva.

Quando apresentada na ação de dissolução parcial de sociedade tanto a pretensão de


desligamento de sócio, quanto a pretensão de apuração de haveres, tem-se caso de
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cumulação sucessiva de pedidos que torna o objeto do processo complexo. Nessas
circunstâncias, aprecia-se num primeiro momento apenas o pleito dissolutivo. Se
acolhido esse pleito, cuida-se num segundo momento do pedido apurativo; se rejeitado
tal pleito, o exame do segundo pedido fica prejudicado. Assim, é possível que o processo
deflagrado pela ação de dissolução parcial de sociedade se desenvolva em duas fases:
uma, para a definição do desligamento ou não do sócio, e outra, caso se decida por tal
desligamento, para o levantamento do valor da participação do sócio na sociedade (infra
, n. 3).
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sociedade

Na medida em que, tanto a sociedade quanto os seus sócios podem ingressar em juízo
para pedir o desligamento societário ou a apuração de haveres e que a extinção da
relação societária e o levantamento de valores atrelados à participação societária
acontecem independentemente do comportamento do réu no processo, podendo se dar,
até mesmo, em bases distintas das requeridas na petição inicial e com o reconhecimento
de saldo em favor do demandado, exigível por meio de cumprimento de sentença (art.
515, I, do CPC (LGL\2015\1656)), avulta aqui o caráter dúplice da ação de dissolução
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parcial de sociedade.

Nessas condições, o réu não precisa demandar nem contestar para discutir a data do
desligamento da sociedade, o modo de ser da apuração de haveres, o valor dos haveres
e etc. Isso tudo será fixado pelo juiz, nos termos do art. 604 do Código de Processo
Civil, ainda que o réu não tenha respondido à demanda.

Todavia, em matéria de ação de dissolução parcial de sociedade ajuizada com pedido de


apuração de haveres, quando a sociedade tencionar compensar o valor desses haveres
com o valor de indenização por danos causados pelo sócio, tal qual autorizado pelo art.
602 do Código de Processo Civil, o aperfeiçoamento dessa compensação depende de
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uma demanda própria para tanto. Se a sociedade figura como autora no processo, ela
deve inserir tal demanda cumulativamente na petição inicial; se ela figura na relação
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jurídica processual como ré, deve fazê-lo pela via reconvencional. Trata-se aqui de
algo que foge da duplicidade da ação de dissolução parcial de sociedade; algo que foge
do que o legislador automaticamente programa para o processo nessas circunstâncias. O
legislador não estabelece restrições para o tipo de indenização passível de pedido com
fundamento no art. 602, de modo que mesmo atos lesivos praticados não propriamente
na condição de sócio podem embasar o pleito indenizatório (p. ex., condutas prejudiciais
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tomadas enquanto administrador da sociedade).

Como se percebe do que se disse até aqui, existe espaço para a apresentação de
reconvenção diante da ação de dissolução parcial de sociedade. A escolha do
“procedimento comum” para o processamento da demanda com pedido dissolutivo
contestado (art. 603, § 2º, do CPC (LGL\2015\1656)) reforça esse estado de coisas, na
medida em que tal procedimento caracteriza-se pelo cenário mais propício possível para
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a agregação de novas demandas ao processo em curso. Mesmo as particularidades do
procedimento estabelecido para a apuração de haveres não inibe a oferta de
reconvenção no seu contexto, visto que o próprio legislador prevê no art. 602 do Código
de Processo Civil clara hipótese de reconvenção nessas circunstâncias. Naturalmente, a
admissibilidade da reconvenção passará por um juízo acerca das vantagens e
desvantagens que ela traz para o processo, sendo a conexão de causas e a
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compatibilidade procedimental os elementos determinantes para a correlata avaliação.

Outra observação natural aqui remete ao interesse processual na oferta da reconvenção:


apenas tutela jurisdicional não programada para a ação de dissolução parcial de
sociedade exige a oferta de demanda reconvencional; para pedir algo já presente no
objeto do processo dissolutivo ou apurativo não se reconvém, ante a inutilidade da
medida (art. 485, VI, do CPC (LGL\2015\1656)). Por exemplo, para a anulação da
cláusula do contrato social que trata da apuração de haveres com fundamento em
defeito do negócio jurídico (arts. 138 e ss. do CC (LGL\2002\400)), é necessária
reconvenção, pois a tutela dessa natureza não se insere no escopo da ação de dissolução
parcial de sociedade, mas é ociosa demanda reconvencional para simplesmente pedir
que o juiz se guie pelo critério legal de apuração de haveres ante o silêncio do contrato
social, visto que se trata aqui de providência já abrangida pelo objeto da ação (arts.
604, II, e 606, caput, do CPC (LGL\2015\1656)).

O reconhecimento do pedido formulado na petição inicial não inibe a oferta de


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reconvenção. Por isso, diante de ação de dissolução parcial de sociedade com
pretensão meramente dissolutiva, é viável que o réu, concordando com essa pretensão,
formule demanda reconvencional para a pronta apuração de haveres, no próprio
processo em curso, não obstante o autor não tenha apresentado qualquer pretensão
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apurativa.

Por fim, nas situações em que o autor cumula a pretensão dissolutiva com a apurativa, o
réu interessado em reconvir deve fazê-lo sempre no prazo de 15 dias fixado no art. 601
do Código de Processo Civil, ainda que sua demanda esteja relacionada com uma
possível segunda fase do processo (p. ex., pretensão indenizatória do art. 602 do CPC
(LGL\2015\1656)). Afinal, esse é o único momento processual em que se apresenta para
o réu a oportunidade de apresentar contestação e, por consequência, reconvenção (art.
343, caput, do CPC (LGL\2015\1656)).

3.Processo monofásico ou bifásico, mais uma crítica terminológica e implicações na seara


recursal

Como visto no tópico antecedente, a ação de dissolução parcial de sociedade serve de


veículo para duas distintas pretensões, uma dissolutiva e outra apurativa, que podem
ser deduzidas de forma isolada ou cumulada, conforme as circunstâncias do caso
concreto. No tópico antecedente também se anunciou que a cumulação dessas
pretensões pode fazer com que o processo apresente mais de uma fase. É pertinente
aqui aprofundar um pouco mais a abordagem desse fenômeno.

Quando a ação de dissolução parcial de sociedade dá vida a um processo com pretensão


circunscrita ao desligamento de um dos sócios ou à apuração de haveres, a relação
jurídica processual se desenvolve em uma única fase, orientada pelo procedimento
comum (arts. 318 e ss. do CPC (LGL\2015\1656)) em matéria dissolutiva e pelos arts.
604 e ss. do Código de Processo Civil em matéria apurativa. Contra a decisão que
encerra as atividades cognitivas desenvolvidas nesse contexto cabe apelação (arts. 203,
§ 1º, e 1.009, caput, do CPC (LGL\2015\1656)).

Nas ocasiões em que as pretensões dissolutiva e apurativa são cumuladas, o processo


pode contar com duas fases: uma voltada para a dissolução parcial propriamente dita, e
a outra, para a apuração de haveres. Naturalmente, se a pretensão dissolutiva não é
acolhida, o processo se encerra com uma única fase; os laços entre os sócios e a
sociedade permanecem intactos e não há haveres por apurar. A decisão denegatória do
desligamento é impugnável por apelação (arts. 203, § 1º, e 1.009, caput, do CPC
(LGL\2015\1656)).

Quando há “manifestação expressa e unânime pela concordância da dissolução” (art.


603, caput, do CPC (LGL\2015\1656)) nessas circunstâncias, as duas fases do processo
chegam a aparecer, mas a dualidade é quase imperceptível, ante o drástico
encurtamento da primeira fase, que fica resumida às declarações concordes e ao decreto
dissolutivo do juiz, “passando-se imediatamente à fase de liquidação” (ainda, art. 603,
caput).

Antes de seguir adiante, convém fazer aqui mais uma crítica terminológica. É que não
parece adequado falar nessas circunstâncias de uma “fase de liquidação” (art. 603,
caput, do CPC (LGL\2015\1656)), em razão da autonomia que o legislador estabeleceu
entre as pretensões dissolutiva e apurativa (supra, n. 2). Ainda, a expressão “fase de
liquidação” gera confusão com as disposições da liquidação de sentença presentes nos
arts. 509 e ss. do Código de Processo Civil, impróprias para a apuração de haveres.
Melhor seria dizer o seguinte no encerramento do caput do art. 603: passando-se
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imediatamente à apuração de haveres, se houver pedido para tanto.

Seguindo adiante agora, é nas situações em que a resistência à pretensão dissolutiva se


manifesta e é superada que a dualidade de fases aparece com intensidade no processo.
Aqui, há uma primeira fase, desenvolvida de acordo com as regras do procedimento
comum (art. 603, § 2º, do CPC (LGL\2015\1656)), que se encerra com a afirmação do
direito ao desligamento do sócio da sociedade, e uma segunda fase para a apuração dos
haveres, em que o juiz fixa a data do desligamento da sociedade, define o critério para
essa apuração e capitaneia a prática de todos os outros atos que se fizerem necessários
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para o cumprimento do disposto nos arts. 604 e ss. do Código de Processo Civil.
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Breves notas sobre a ação de dissolução parcial de
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A impugnação das decisões proferidas no processo bifásico é problemática. O decreto


dissolutivo expresso no caput do art. 603 do Código de Processo Civil não recebe
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qualquer rótulo do legislador. Ele encerra uma fase do procedimento, mas não esgota
as atividades cognitivas programadas para o processo, que se estendem para a apuração
dos haveres. Trata-se então de decisão interlocutória ou de sentença, à luz do critério
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topológico expresso no art. 203 do Código de Processo Civil?

Por sua vez, o § 2º do art. 603 do Código de Processo Civil dispõe que, “havendo
contestação, observar-se-á o procedimento comum, mas a liquidação da sentença
seguirá o disposto neste Capítulo”. A fase cognitiva do procedimento comum encerra-se
por sentença (art. 203, § 1º, do CPC (LGL\2015\1656)), mas a cognição no caso
somente terminará com a apuração de haveres. Mais uma vez, pergunta-se: qual é a
natureza da decisão que decreta a dissolução parcial de uma sociedade, quando
programada para o mesmo processo ulterior apuração de haveres? E adiciona-se mais
uma pergunta: qual é a natureza da decisão que julga a apuração de haveres nessas
circunstâncias?

A lei não traz uma resposta segura para essas perguntas, razão pela qual se aplica aqui,
com toda a força, o princípio da fungibilidade, a fim de que se conheça da apelação
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interposta no lugar do agravo de instrumento considerado cabível, e vice-versa.

Outro ponto de atenção em matéria de impugnação das decisões proferidas no processo


bifásico remete à já anunciada impropriedade da palavra “liquidação” no art. 603 do
Código de Processo Civil, que pode levar a uma confusão com a liquidação de sentença
disciplinada nos arts. 509 e ss. do Código de Processo Civil, em cujo contexto o
legislador não estabelece restrições para a interposição de agravo de instrumento (art.
1.015, parágrafo único, do CPC (LGL\2015\1656)). Essa ausência de restrições para a
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interposição de agravo, por si criticável, não alcança o procedimento de apuração de
haveres, que, como já dito, de liquidação de sentença não se trata e tem regramento
próprio. Nessas condições, os pronunciamentos proferidos no seu desenrolar
comportarão agravo de instrumento apenas na medida em que se enquadrarem num dos
incisos do art. 1.015 do Código de Processo Civil.

4.Legitimidade ativa e passiva ad causam

O legislador ocupa-se da legitimidade ativa para a ação de dissolução parcial de


sociedade no art. 600 do Código de Processo Civil. Conforme disposto nos seus incisos e
no seu parágrafo único, poderão ajuizar essa ação o “espólio do sócio falecido, quando a
totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade” (inciso I); os “sucessores, após
concluída a partilha do sócio falecido” (inciso II); a sociedade (incisos III e V); o sócio
“que exerceu o direito de retirada ou recesso” (inciso IV) ou que foi “excluído” (inciso
VI); e “o cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência
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terminou” (parágrafo único).

Naturalmente, em algumas circunstâncias, apenas se cogitará da apresentação de


pretensão apurativa por esses legitimados. É o que acontece, por exemplo, com os
sucessores do falecido sócio de sociedade restritiva ao ingresso de descendentes: aqui, a
morte já produziu, por si, o efeito dissolutivo (art. 1.028 do CC (LGL\2002\400)) e
sequer há interesse processual na oferta de demanda para a extinção da relação
societária (art. 485, VI, do CPC (LGL\2015\1656)); tudo o que resta por fazer
circunscreve-se à apuração de haveres. É o que acontece, também, com o cônjuge ou
companheiro cujo casamento ou união estável chegou ao fim, na medida em que o
ex-consorte permanece como sócio na sociedade e são assim ociosas medidas
dissolutivas; basta a tomada de medidas de apuração e segregação patrimonial.
Obviamente, a pertinência do ingresso em juízo do cônjuge ou do companheiro nessas
circunstâncias somente se faz presente quando previamente aperfeiçoado o fim do
casamento, da união estável ou da convivência com regime de bens que alcance a
participação societária.

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Breves notas sobre a ação de dissolução parcial de
sociedade

Por sua vez, o art. 601 do Código de Processo Civil ocupa-se da legitimidade passiva na
ação de dissolução parcial de sociedade. Conforme expresso no caput desse dispositivo
legal, “os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de 15 (quinze) dias,
concordar com o pedido ou apresentar contestação”. O amplo litisconsórcio necessário
de que se trata aqui deve ser formado apenas nos processos em que haja pretensão
dissolutiva, deduzida isoladamente ou em conjunto com pretensão apurativa, dados os
difusos impactos que a extinção de um vínculo societário produz na vida da sociedade e
dos demais sócios. Nos processos em que houver apenas pretensão voltada à apuração
de haveres, impõe-se somente a participação de quem vai pagá-los e de quem vai
recebê-los, sendo dispensável a citação dos demais sócios, pois há aqui, sobretudo, uma
específica e circunscrita relação de crédito e débito entre a sociedade e o sócio que dela
se desligou ou alguém que a ele se equipara (espólio, sucessores, cônjuge ou
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companheiro).

Por fim, o parágrafo único do art. 601 do Código de Processo Civil deve ser lido com
cuidado: “a sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará sujeita
aos efeitos da decisão e à coisa julgada”. Não existe aqui disposição alguma que
dispense a integração da sociedade ao processo deflagrado pela ação de dissolução
parcial de sociedade. Tudo o que esse dispositivo faz é dar aplicação prática e específica
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à noção de ciência inequívoca, tida como suficiente para fins de citação e de intimação.
Assim, se todos os sócios da sociedade foram comunicados da existência do processo e
dos atos a serem nele praticados, deduz-se que as pessoas que falam pela boca da
pessoa jurídica estão devidamente cientes a esse respeito, a ponto de se considerar a
sociedade também suficientemente informada para que o processo possa seguir adiante,
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até mesmo com a prolação de decisão vinculante contra ela.

5.Balizas para a apuração de haveres: data do desligamento da sociedade, critérios de


apuração e nomeação de perito

Uma vez resolvida extrajudicialmente ou judicialmente a sociedade em relação a um dos


seus sócios e tendo sido apresentado para o juiz pedido para a apuração de haveres,
deve o magistrado seguir o disposto no art. 604 do Código de Processo Civil, fixando “a
data da resolução da sociedade” (inciso I), definindo “o critério de apuração dos haveres
à vista do disposto no contrato social” (inciso II), nomeando “o perito” (inciso III),
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quando “necessária a realização de perícia”, e determinando o depósito judicial da
parte incontroversa dos haveres, com autorização para levantamento imediato (§§ 1º a
3º).

A fixação da data do desligamento da sociedade, com base na qual são fotografadas as


condições para a liquidação das quotas do sócio que dela se desligou ou foi desligado, é
facilitada pelos parâmetros estabelecidos no art. 605 do Código de Processo Civil: data
do óbito, “no caso de falecimento do sócio” (inciso I); “sexagésimo dia seguinte ao do
recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante”, no caso de “retirada
imotivada” (inciso II); “dia do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio
dissidente”, no caso de “recesso” (inciso III); “trânsito em julgado da decisão que
dissolver a sociedade”, nos casos de “retirada por justa causa de sociedade por prazo
determinado” e de “exclusão judicial de sócio” (inciso IV); “data da assembleia ou da
reunião de sócios”, no caso de “exclusão extrajudicial” (inciso V).

A definição do critério de apuração de haveres, como já anunciado, orienta-se,


sobretudo, pelo “disposto no contrato social” (art. 604, II, do CPC (LGL\2015\1656)).
Em regra, cabe ao juiz aqui respeitar a vontade de partes capazes externada em matéria
de direito disponível. Intervenção judicial no critério contratual de apuração de haveres é
excepcional e geralmente condicionada à oferta de demanda por parte do interessado,
como se vê no regime de defeitos e invalidades do negócio jurídico estabelecido no
Código Civil (LGL\2002\400) (arts. 138 e ss.).

Apenas quando o contrato social não dispuser a respeito da apuração de haveres ou


quando restar judicialmente afastada disposição contratual acerca do assunto – situação
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que corresponde na prática à da omissão original – é que cabe ao juiz definir o critério
para tanto, sempre lançando mão do disposto no caput do art. 606 do Código de
Processo Civil:

“Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá, como critério de apuração de
haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de determinação, tomando-se por
referência a data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e
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intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a ser apurado de igual forma”.

Nessas condições, fica bem definido o papel do juiz no contexto da apuração de haveres:
havendo no contrato social disposição apurativa hígida, cabe ao magistrado
simplesmente dar-lhe aplicação prática; faltando no contrato disposição a esse respeito,
ou tendo sido ela excepcionalmente afastada, compete ao julgador seguir as diretrizes
estabelecidas no caput do art. 606 do Código de Processo Civil, sem brecha para a
adoção de outro critério.

Para a correta compreensão das diretrizes estabelecidas no caput do art. 606 do Código
de Processo Civil, é preciso analisar por partes o seu texto, a partir da noção de valor
patrimonial, que remete à divisão do patrimônio líquido da sociedade pelo número de
quotas. Todavia, tem-se aqui apenas um ponto de partida. As noções de balanço de
determinação e preço de saída trazem um tempero para o valor meramente patrimonial,
na medida em que o parâmetro aqui deixa de ser puramente o patrimônio líquido e
passa a ser o valor que a sociedade receberia caso todos os seus bens estivessem sendo
vendidos no mercado na data fixada para o desligamento (p. ex., em matéria de bem
imóvel, considera-se o valor que a sociedade receberia pela sua venda, menos
corretagem e impostos aplicáveis). É preciso agregar a essa equação, ainda, o passivo,
isto é, quanto a sociedade gastaria para a sua liquidação nesse mesmo momento (p. ex.,
em matéria trabalhista, consideram-se os encargos com a dispensa de empregados).

Em outras palavras, está-se aqui diante de uma atividade de simulação da realização de


todos os bens do ativo e da satisfação do passivo para encontrar quanto sobraria no
caixa se a sociedade estivesse sendo totalmente dissolvida naquela data, para na
sequência se dividir essa sobra pelo número de quotas e assim se encontrar um valor
real para elas.

Para fins de realização do ativo, é preciso considerar, ainda, os intangíveis, que remetem
ao patrimônio imaterial da sociedade. O conceito que melhor parece traduzir a noção de
intangíveis para fins de apuração de haveres é o de fundo de comércio, tratado no art.
1.142 do Código Civil (LGL\2002\400) como “estabelecimento” e ali definido como
“complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
sociedade empresária”. Fala-se aqui do ponto, do nome, da marca, do know-how e etc.,
que devem entrar na equação montada para a apuração de haveres na medida em que
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sejam passíveis de alienação junto ao mercado.

Não se comporta na expressão legal “intangíveis” (art. 606, caput, do CPC


(LGL\2015\1656)) o aviamento, que consiste na subjetiva capacidade do
estabelecimento de gerar lucros futuros, capturada a partir de resultados vindouros
trazidos para valor presente, com a consideração, ainda, de uma taxa de desconto
representativa do custo de oportunidade do capital e da perpetuidade do negócio (fluxo
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de caixa descontado). O cômputo do aviamento é comum nas situações de aquisição
de quotas, em que a pessoa que entra na sociedade tem a perspectiva de contribuir e se
beneficiar desses resultados futuros, a ponto de considerá-los no preço da operação de
compra e venda; nas situações de simples desligamento de sócio falta esse agente
entrante e há apenas alguém se desvinculando dos mencionados resultados e das
atividades que levarão até eles, o que desestimula a presença de uma verba a esse
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título.

Enfim, para uma síntese do critério legal de apuração de haveres presente no caput do
art. 606 do Código de Processo Civil, pode-se dizer que se parte de uma investigação
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contábil para ulteriormente se chegar a um ajustado e presente valor de mercado (


patrimônio líquido a preço de mercado), levando-se em conta, ainda, os intangíveis (
fundo de comércio) e o passivo.

Consigne-se que o art. 607 do Código de Processo Civil flexibiliza a preclusão em torno
da fixação da data do desligamento da sociedade e da definição do critério de apuração
de haveres, que “podem ser revistos pelo juiz, a pedido da parte, a qualquer tempo
antes do início da perícia”. Sem pedido de alguma das partes, fica interditada a revisão
do termo fixado para o desligamento da sociedade ou do critério definido para a
31
apuração de haveres.

No tocante à nomeação do perito, prescreve o parágrafo único do art. 606 do Código de


Processo Civil: “em todos os casos em que seja necessária a realização de perícia, a
nomeação do perito recairá preferencialmente sobre especialista em avaliação de
sociedades”. Esse dispositivo legal comporta duas observações. A primeira delas
32
relaciona-se com a possibilidade de dispensa da perícia, ante a simplicidade dos temas
a serem enfrentados ou da prévia produção dos elementos a serem considerados para a
apuração dos haveres. Valem aqui os standards gerais de dispensa da perícia expressos
nos incisos I e II do art. 464 do Código de Processo Civil.

Por sua vez, a segunda observação anunciada acima guarda relação com as
características do expert, cuja condição de “especialista em avaliação de sociedades”
nada mais é do que uma projeção da genérica disposição presente no caput do art. 465
do Código de Processo Civil (“o juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia”)
para a específica seara da ação de dissolução parcial de sociedade. Para a garantia não
só da expertise, mas também da confiança das partes, convém que o contrato social
traga de antemão o nome do perito que conduzirá a apuração de haveres que se fizer
necessária, com apoio no art. 471 do Código de Processo Civil.

Por fim, registre-se que a figura do perito na ação de dissolução parcial de sociedade não
se confunde com a do liquidante, própria da ação de dissolução total de sociedade e
33
voltada para o encerramento desta.

6.Encerramento

No fechamento deste escrito, aplaude-se a iniciativa do legislador no sentido de, pela


primeira vez, disciplinar no Código de Processo Civil a ação de dissolução parcial de
sociedade. Todavia, lamenta-se que essa inciativa tenha vindo acompanhada da
desregulamentação da ação de dissolução total de sociedade, que reclama por um
34
regramento do legislador, sobretudo, para a liquidação societária.

Por fim, como visto ao longo deste texto, a disciplina legal da ação de dissolução parcial
de sociedade necessita de alguns ajustes, a fim de melhor refletir a independência
estabelecida pelo legislador entre as pretensões dissolutiva e apurativa e de melhor
regulamentar o processo bifásico eventualmente presente no seu contexto, visto que a
apuração de haveres não consiste em liquidação de sentença nem se orienta pelas
regras dos arts. 509 e ss. do Código de Processo Civil.

7.Bibliografia

BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar. Reconvenção no processo civil. São Paulo: Saraiva,
2009.

BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar. Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. v. XX.

BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar. Comentários ao art. 327. In: ARRUDA ALVIM
WAMBIER, Teresa. Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil (Coord. et. al.).
3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.

FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; ADAMEK, Marcelo Vieira Von. Da ação de
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Breves notas sobre a ação de dissolução parcial de
sociedade

dissolução parcial de sociedade: comentários breves ao CPC/2015 (LGL\2015\1656). São


Paulo: Malheiros, 2016.

NEGRÃO, Theotonio. GOUVÊA, José Roberto F.; BONDIOLI, Luis Guilherme A.; FONSECA,
João Francisco N. da. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor. 49. ed.
São Paulo: Saraiva, 2018.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil comentado. 3. ed.
Salvador: JusPodivm, 2018.

TRINDADE, Marcelo Fernandez; TANNOUS, Thiago Saddi. “O artigo 1.031 do Código Civil
(LGL\2002\400) e a sua interpretação”. In: Processo societário. Coord. Flávio Luiz
Yarshell e Guilherme Setoguti J. Pereira). São Paulo: Quartier Latin, 2015. v. II.

WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil. 16.
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018. v. 4.

1 Para não dizer que a dissolução parcial de sociedade era absolutamente ignorada pelo
Código de Processo Civil de 1939, havia um breve aceno a ela no seu art. 668: “se a
morte ou a retirada de qualquer dos sócios não causar a dissolução da sociedade, serão
apurados exclusivamente os seus haveres, fazendo-se o pagamento pelo modo
estabelecido no contrato social, ou pelo convencionado, ou, ainda, pelo determinado na
sentença”. Todavia, nada mais do que isso era dito pelo legislador acerca do assunto
nesse diploma legal.

2 Cf. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
n. 6.1. p. 119. v. 4.

3 Tal inadequação é sugerida pelo legislador em matéria de dissolução parcial de


sociedade, quando aparta a apuração de haveres das disposições do procedimento
comum quanto à liquidação de sentença (art. 603, § 2º, do CPC).

4 Cf. FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo Novaes e; ADAMEK, Marcelo Vieira Von. Da
ação de dissolução parcial de sociedade. n. 1.4. p. 20.

5 No Código de Processo Civil de 1939, o texto imperativo dos arts. 657, caput, e 668
sugeria que a liquidação na dissolução total e a apuração de haveres na dissolução
parcial aconteciam como um desdobramento natural e automático da sentença
dissolutiva: “se o juiz declarar, ou decretar, a dissolução, na mesma sentença nomeará
liquidante a pessoa a quem, pelo contrato, pelos estatutos, ou pela lei, competir tal
função”; “se a morte ou a retirada de qualquer dos sócios não causar a dissolução da
sociedade, serão apurados exclusivamente os seus haveres, fazendo-se o pagamento
pelo modo estabelecido no contrato social, ou pelo convencionado, ou, ainda, pelo
determinado na sentença”.
Numa leitura isolada, o caput do art. 603 do Código de Processo Civil de 2015 poderia
levar a semelhante conclusão: “havendo manifestação expressa e unânime pela
concordância da dissolução, o juiz a decretará, passando-se imediatamente à fase de
liquidação”. Porém, sua interpretação não pode se dar de maneira dissociada do art.
599, que distingue claramente a pretensão dissolutiva da apurativa a ponto de
estabelecer que a ação de dissolução parcial de sociedade pode ter objeto apenas uma
delas. Todavia, o mesmo art. 599 estabelece a possibilidade de cumulação dessas
pretensões e, é apenas nessa situação, que se aplica o comando do caput do art. 603,
no sentido de que a concordância unânime quanto à dissolução faz com que se passe
diretamente à apuração de haveres.

Para uma visão crítica a respeito do assunto, cf. FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo
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Breves notas sobre a ação de dissolução parcial de
sociedade

Novaes e; ADAMEK, Marcelo Vieira Von. Da ação de dissolução parcial de sociedade. n.


2.2. p. 23-25.

6 Nas palavras de Erasmo Valladão Azevedo Novaes e França e Marcelo Vieira Von
Adamek, consagrou-se, assim, “a possibilidade de ter-se uma ação de dissolução de
sociedade que... não é de dissolução, mas de mera condenação – uma contradictio in
terminis positivada” (Da ação de dissolução parcial de sociedade. n. 2.1. p. 20).

7 Cf.FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo Novaes e; ADAMEK, Marcelo Vieira Von. Da ação
de dissolução parcial de sociedade. n. 2.3. p. 25-26.

8 “O autor pode cumular pedidos de forma sucessiva na petição inicial, de modo que,
acolhido um deles, o juiz passe à apreciação de outro” (BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar.
Comentários ao art. 327. In: Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil, p.
923-924).

9 Cf. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
n. 6.7. v. 4. p. 124. Cf. ainda BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar. Reconvenção no
processo civil, n. 7 e 7.8, p. 47 a 55 e 67. O fenômeno aqui descrito encontra paralelo
na ação de exigir de contas. Conforme disposto no art. 552 do Código de Processo Civil,
“a sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial”. Tal saldo, como é
cediço, pode ter como beneficiário tanto o autor quanto o réu do processo.

10 Cf. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
v. 4. n. 6.7. p. 124.

11 Cf. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil comentado. p.
1.068.

12 Cf. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
n. 6.7, v. 4. p. 124; FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo Novaes e; ADAMEK, Marcelo
Vieira Von. Da ação de dissolução parcial de sociedade. n. 5.1. p. 53-54.
A não apresentação da demanda indenizatória no contexto da ação de dissolução parcial
de sociedade não fulmina o direito de ressarcimento da sociedade; seu silêncio aqui tem
apenas o significado de relegar o assunto para um processo próprio.

13 Cf. BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar. Reconvenção no processo civil. n. 13.2. p. 148.

14 Cf. BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar. Reconvenção no processo civil. n. 2.1. p. 11 a


15.

15 Cf. BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar. Reconvenção no processo civil. n. 18. p. 203.

16 Cf. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
n. 6.8. v. 4. p. 125.

17 Mais uma vez é inevitável a associação com a ação de exigir contas, chamando-se
agora atenção para as suas duas possíveis fases: uma, para a definição do dever de
prestar contas, e a outra, para a apreciação dessas contas (arts. 550 e ss. do CPC).

18 O ataque a esse decreto pode ser de todo interesse, por exemplo, em situação na
qual não haja a unanimidade vislumbrada pelo juiz em matéria de concordância com a
dissolução parcial.

19 “Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões


interlocutórias e despachos. § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos
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Breves notas sobre a ação de dissolução parcial de
sociedade

procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com


fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução. “§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial
de natureza decisória que não se enquadre no § 1º”.

20 Cf. BONDIOLI, Luis Guilherme Aidar. Comentários ao Código de Processo Civil. n. 77.
v. XX. p. 89-90. Todavia, para Luiz Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini, os
pronunciamentos que dissolvem a sociedade com fundamento no art. 603, abrindo as
portas para a subsequente fase de apuração de haveres, são decisões interlocutórias que
versam sobre o mérito e comportam agravo de instrumento (Curso avançado de
processo civil. n. 6.8. v. 4. p. 125). Em sentido semelhante, cf. NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Novo Código de Processo Civil comentado, p. 1.069.

21 Cf. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Comentários ao Código de


Processo Civil. n. 109. v. XX. p. 132.

22 As disposições do parágrafo único do art. 600 do Código de Processo Civil revogam,


em termos, o art. 1.027 do Código Civil, no sentido de que “os herdeiros do cônjuge de
sócio, ou o cônjuge do que se separou judicialmente, não podem exigir desde logo a
parte que lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até
que se liquide a sociedade”.

23 Para uma visão crítica acerca da necessariedade do litisconsórcio na apuração de


haveres, cf. FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo Novaes e; ADAMEK, Marcelo Vieira Von.
Da ação de dissolução parcial de sociedade. n. 4.1. p. 47-51.
Todavia, sustentando a necessariedade do litisconsórcio previsto no art. 601 do Código
de Processo Civil também em processos com pretensão meramente apurativa:
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil. n. 6.6.
v. 4. p. 123-124.

24 Cf. NEGRÃO, Theotonio; GOUVÊA, José Roberto F.; BONDIOLI, Luis Guilherme A.;
FONSECA, João Francisco N. da. Código de Processo Civil e legislação processual em
vigor, notas 4 e 5 ao art. 231, p. 306-307.

25 Cf. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
n. 6.10.4. v. 4. p. 127.

26 Art. 606, parágrafo único, do Código de Processo Civil.

27 O caput do art. 606 do Código de Processo Civil revoga as disposições do caput do


art. 1.031 do Código Civil (“nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um
sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado,
liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial
da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado”).

28 Nesse sentido, na jurisprudência: “Dissolução parcial de sociedade. Apuração de


haveres. Inclusão do fundo de comércio. De acordo com a jurisprudência consolidada do
Superior Tribunal de Justiça, o fundo de comércio (hoje denominado pelo Código Civil de
estabelecimento empresarial - art. 1.142) deve ser levado em conta na aferição dos
valores eventualmente devidos a sócio excluído da sociedade” (STJ, 4ª Turma, REsp
907.014, rel. Min. Antonio Ferreira, j. 11.10.2011, DJ 19.10.2011). Ainda: STJ, 3ª
Turma, REsp 1.147.733, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 18.09.2012, DJ 21.09.2012.
Todavia, excluindo o fundo de comércio da apuração de haveres nas seguintes
circunstâncias: “Ação de apuração de haveres. Resolução da sociedade em relação a um
sócio. Sociedade não empresária. Prestação de serviços intelectuais na área de
engenharia. Fundo de comércio. Não caracterização. Exclusão dos bens incorpóreos do
cálculo dos haveres” (STJ, 4ª Turma, REsp 958.116, rel. Min. Raul Araújo, j. 22.05.2012,
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Breves notas sobre a ação de dissolução parcial de
sociedade

DJ 06.03.2013).

29 Cf. TRINDADE, Marcelo Fernandez; TANNOUS, Thiago Saddi. “O artigo 1.031 do


Código Civil e a sua interpretação”, p. 501-503. Porém, há julgado da 3ª Turma do
Superior Tribunal de Justiça que considerou o fluxo de caixa descontado para a apuração
de haveres, passando por cima do critério contratual que contemplava apenas a
elaboração de balanço especial ajustado a valores de mercado, mesmo sem pedido para
a invalidação dessa disposição do contrato social: “na dissolução parcial de sociedade
por quotas de responsabilidade limitada, o critério previsto no contrato social para a
apuração dos haveres do sócio retirante somente prevalecerá se houver consenso entre
as partes quanto ao resultado alcançado. Em caso de dissenso, a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça está consolidada no sentido de que o balanço de
determinação é o critério que melhor reflete o valor patrimonial da empresa. O fluxo de
caixa descontado, por representar a metodologia que melhor revela a situação
econômica e a capacidade de geração de riqueza de uma empresa, pode ser aplicado
juntamente com o balanço de determinação na apuração de haveres do sócio dissidente”
(STJ, 3ª Turma, REsp 1.335.619, rel. Min. João Otávio, j. 03.03.2015, DJ 27.03.2015).

30 Logicamente, se o contrato social estabelecer que o aviamento entra no cômputo dos


haveres, isso, por si, não vicia a disposição contratual, cabendo ao juiz aplicá-la, visto
que se está diante de avença de partes capazes sobre direitos disponíveis.

31 Cf. FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo Novaes e; ADAMEK, Marcelo Vieira Von. Da
ação de dissolução parcial de sociedade. n. 10.1. p. 75; NEVES, Daniel Amorim
Assumpção.. Novo Código de Processo Civil comentado. p. 1.072.

32 Cf. WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
n. 6.12.4. v. 4. p. 130.

33 “A nomeação de liquidante somente se faz necessária nos casos de dissolução total


da sociedade, porquanto suas atribuições estão relacionadas com a gestão do patrimônio
social de modo a regularizar a sociedade que se pretende dissolver. Na dissolução
parcial, em que se pretende apurar exclusivamente os haveres do sócio falecido ou
retirante, com a preservação da atividade da sociedade, é adequada simplesmente a
nomeação de perito técnico habilitado a realizar perícia contábil a fim de determinar o
valor da quota-parte devida ao ex-sócio ou aos seus herdeiros” (STJ, 3ª Turma, REsp
1.557.989, rel. Min. Ricardo Cueva, j. 17.03.2016, DJ 31.03.2016).

34 Cf. FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo Novaes e; ADAMEK, Marcelo Vieira Von. Da
ação de dissolução parcial de sociedade. n. 1.4. p. 19.

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