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COMARCA DE …/…
RECURSO INOMINADO
Desta forma, não são apenas os atestados e laudos médicos elaborados exatamente
dentro do período em que postulado o benefício previdenciário que devem ser
levados em consideração para a concessão ou indeferimento do pleito, mas todo o
histórico médico do Recorrente, fato que não foi observado pelo Juiz a quo.
Ocorre, Excelências, que no exercício das suas atividades, era muito comum que o
Recorrente tivesse que realizar esforços que, do ponto de vista físico,
correspondiam e, muitas vezes, ultrapassavam o equivalente a levantar 10 quilos.
O Recorrente, quando se viu obrigado a retornar ao seu labor após ter o seu
benefício cessado, voltou a exercer as atividades acima descritas. Sentindo muita
dor, o Recorrente teve que voltar a recolher sacos de lixo (muitas vezes com mais
de 10 quilos), empurrar carrinhos de limpeza carregados de baldes, sacos de lixo e
galões de produtos de higiene, lavar janelas e fachadas, permanecendo em pé por
longos períodos de tempo, além de efetuar a limpeza de recintos que demandavam
o deslocamento de móveis grandes e pesados.
É fato que a realização das atividades acima descritas importa em grande esforço
para uma pessoa saldável e para o Recorrente, que sofria de fortes dores na região
da coluna, o cumprimento das suas funções resultava extremamente penoso.
Tanto o é que, em diversas ocasiões, o Recorrente não pode realizar com afinco
suas tarefas, quase sempre necessitando da ajuda dos seus companheiros de
labor. Tal situação resultou na demissão do Recorrente da empresa onde
trabalhava em 05/10/2007, consoante demonstra o CNIS juntado no evento 31.
Caem por terra, desta forma, dois dos argumentos utilizados pelo Juiz sentenciante
para indeferir o pleito do Recorrente, uma vez que há nos autos farta
documentação dando conta do estado clínico precário em que o Recorrente
encontrava-se durante o período postulado, além de ser certo que a reabilitação
profissional realizada pelo INSS no Recorrente não surtiu quaisquer efeitos sobre
a saúde deste último, sendo que o seu resultado foi extremamente tendencioso.
Ainda:
PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLO-DOENÇA.
REQUISITOS PRESENTES. CONTAGEM RECÍPROCA.
ART. 94 DA LEI N. 8.213/91. ENFERMIDADE PRÉ-
EXISTENTE. AGRAVAMENTO DA
DOENÇA. INTERPRETAÇÃO DO LAUDO PERICIAL COM
AS DEMAIS PROVAS PRODUZIDAS NO FEITO.
POSSIBILIDADE. SOLUÇÃO PRO MISERO. […] 4. É de se
acolher a orientação de que a incapacitade laborativa é
decorrente do agravamento da moléstia, ocorrida posteriormente
à cessação do último vínculo trabalhista registrado na CTPS em
outubro/1999, conforme, inclusive, atestado pela perícia do
INSS,a par da linha do entendimento adotado no âmbito do STJ,
que privilegia a solução pro misero em casos que tais, no sentido
de que quaisquer dúvidas porventura derivadas das provas
dissipam-se em prol do segurado. […] (TRF1, AC n.
200401990155892, 2ª Turma Suplementar, Juíza Federal Rogéria
Maria Castro Debelli, julgado em 10/08/2011, sem grifo no
original).
PREVIDENCIÁRIO – PROCESSUAL CIVIL – AUXILIO-
DOENÇA – RESTABELECIMENTO – INCAPACIDADE
LABORATIVA COMPROVADA – LAUDO
PERIDICIAL – DÚVIDA QUANTO AO INÍCIO DA
INCAPACIDADE – PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO
MISERO – QUALIDADE DE SEGURADO
MANTIDA – POSSIBILIDADE DA CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. […] (TRF5, AC n. 200180000050098, Juiz Federal
Ubaldo Ataíde Cavalcante, julgado em 18/08/2008, sem grifo no
original).
Por fim, quanto ao fato de o Recorrente não ter pleiteado a concessão de benefício
previdenciário durante o período que agora postula, não tem qualquer condão de
afastar seu direito, uma vez que, cessado o benefício de auxílio doença pelo
Recorrido em 15/05/2007, o Recorrente, pessoa simples e de poucos conhecimentos,
acreditou, ingenuamente, que não detinha outros meios de reaver seu benefício.
Não fosse isso, poucos meses após ser reintegrado no mercado de trabalho, o
Recorrente foi demitido da empresa onde trabalhava (em 05/10/2007), dada sua
incapacidade de realizar corretamente suas funções, fato que o levou a acreditar
que não mais gozava do caráter de segurado da previdência social.
Ainda:
Por fim:
Logo, é possível afirmar, com a certeza que o caso requer, que entre 15/05/2007 a
30/09/2008 o Recorrente não detinha condições de laborar, fazendo jus, portanto,
ao benefício de auxílio doença durante tal lapso temporal, merecendo a sentença
perseguida ser reformada neste aspecto.
3. REQUERIMENTOS
Ante todo o exposto, requer seja o presente Recurso Inominado conhecido e provido em
sua integralidade, para REFORMAR a sentença atacada, que julgou improcedente os
pedidos do Recorrente e, em consequência: