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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO

À VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE TEÓFILO OTONI/MG

Autos nº: 1001896-25.2022.4.01.3816

MARIA SILVA SANTOS DE OLIVIERA, já qualificada eletronicamente, vem,


tempestivamente, por seus procuradores ao final subscritos, inconformada, data vênia,
com a r. sentença retro, interpor RECURSO INOMINADO, conforme razões anexas, a
fim de que este Egrégio Tribunal o conheça e a ele dê provimento como medida de
Direito e de Justiça.

Requer seja o recurso recebido em seu duplo efeito, e uma vez admitido, seja
regularmente processado, intimando-se o Recorrido e remetendo- se os autos a
Egrégia Turma Recursal, onde, certamente, será conhecido e provido para reforma da
r. decisão.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Almenara/MG, 02 de agosto de 2022.

Maria D’Ajuda dos Anjos Fernandes Lima


OAB/MG 179.840

Bernardo Santos Ferraz Tullio Magalhães Medeiros


OAB/MG 180.964 OAB/MG 208.516
À EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE MINAS
GERAIS

RECURSO INOMINADO

Recorrente: MARIA SILVA SANTOS DE OLIVEIRA


Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS)
Processo: 1001896-25.2022.4.01.3816
Origem: JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA CÍVEL E
CRIMINAL DA COMARCA DE TEÓFILO OTONI/MG

Colenda Turma
Eméritos Julgadores.

RAZÕES RECURSAIS

1. DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS

Conforme se extrai dos autos, o presente recurso preenche todos os


requisitos de admissibilidade, nos termos do artigo 42 da Lei 9.099/ 95 e, estando a
Recorrente sob o pálio da justiça gratuita, não há que se falar em preparo.

2. BREVE RELATO

A respeitável decisão recorrida merece ser reformada em relação à


improcedência do pedido inicial. Senão vejamos:

A Recorrente propôs a presente ação em face do Recorrido, pleiteando a


concessão de auxílio-doença c/c pedido de tutela de urgência.
Foi proferida sentença com análise do mérito (art. 487, I, CPC/15), julgando
improcedente o pedido inicial, não sendo constatado a incapacidade laboral.

Desta forma, não resta alternativa à Recorrente senão a interposição do


presente, visando a anulação da sentença, a fim de que seja reaberta a instrução
processual e realizada perícia médica com especialista nas patologias citadas.

3. DAS RAZÕES DE MODIFICAÇÃO DA SENTENÇA

Realizada perícia médica que consta em (ID 1072245295), o Sr. Perito


evidenciou que a Recorrente apresenta doenças, todavia, refutou a existência de
incapacidade ao trabalho.

Ao sentenciar o feito, assim fundamentou o juízo de primeiro grau:

"O benefício de auxílio doença tem previsão no artigo 59 e seguintes


da Lei n.º 8.213/91 e é devido ao segurado que, havendo cumprido,
quando for o caso, o período de carência exigido na lei, ficar
incapacitado para o seu trabalho ou para atividade habitual por mais
de 15 (quinze) dias consecutivos. Apresenta como principal requisito
a existência de incapacidade total para as atividades habituais do
segurado durante período superior a quinze dias, o que somente
pode ser comprovado por meio de laudo de exame médico pericial. In
casu, quanto à alegada deficiência da parte autora, o perito judicial no
laudo por ele apresentado em Juízo, atesta que inexiste incapacidade
para o trabalho. Com efeito, o expert foi contundente em afirmar a
ausência de doença incapacitante. Outrossim, não havendo nos
autos elementos capazes de infirmar as conclusões do perito judicial,
conclui-se pela improcedência dos pedidos formulados pela parte
demandante. Ressalve-se que o laudo médico não contém
irregularidade ou vício. Sua conclusão é hábil a comprovar o real
estado de saúde da parte autora, uma vez que é embasado no
exame clínico e nos documentos médicos juntados. Assim, não faz
jus a parte autora à concessão de auxílio-doença ou de
aposentadoria por invalidez. Ante o exposto, JULGO
IMPROCEDENTE a pretensão da parte autora.”

Contudo, Eméritos Julgadores, data venia, o juiz a quo, em que pese


avançada competência em matéria previdenciária, julgou improcedente o pedido da
Recorrente por não ter feito a análise pormenorizada das provas levadas aos autos.
O juiz sentenciante não se desincumbiu da análise de todas as provas
produzidas pela Recorrente e, por conseguinte, não aplicou o direito material de forma
correta ao negar-lhe o benefício previdenciário.

É necessário destacar, em sentido oposto ao que consta na sentença ora


recorrida, que existem outras provas documentais, além daquelas apontadas na r.
sentença, que indicam a incapacidade da Recorrente.

Denota-se, que o laudo pericial elaborado no presente feito é realizado por


médico não especializado nas patologias citadas em inicial e comprovadas através de
vasta documentação.

Excelências, é notório e de conhecimento geral o esforço físico intenso


despendido pelas trabalhadoras domésticas/serventes gerais. Trata-se de atividade
braçal, que requer a permanência em posições desconfortáveis por longos períodos,
extrema atenção e acuidade visual, além da exposição ao clima e a material tóxico.

Neste sentido, quando da propositura do feito, a Recorrente apresentou vasta


documentação médica, no sentido de que a mesma está impossibilitada de exercer
a atividade habitual de SERVENTE GERAL, tendo em vista sua lombociatalgia
crônica, artrose no quadril (constatadas na perícia judicial) e todas as demais
patologias que não foram observadas pelo i. Perito.

Como visto, Excelências, o laudo pericial vai de encontro aos diversos


documentos médicos constantes nos autos, inclusive atestando INCAPACIDADE
LABORAL.

Outrossim, é não observar todos os documentos ora juntados na inicial e os


da fase instrutória, que por si só já comprovam a incapacidade que acomete a
Recorrente.

O sistema normativo pátrio utiliza o princípio do livre convencimento motivado


do juiz, o que significa dizer que o julgador não está preso ao formalismo da lei nem
adstrito ao laudo pericial produzido nos autos, devendo o analisar o caso concreto,
levando em conta sua livre convicção pessoal.

A esse respeito, o Superior Tribunal de Justiça também considera que o


julgador não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros
elementos de prova constantes dos autos (STJ, 1ª Turma, AgRg nos ED no Ag
865.657/SP, rel. Min. Deise Arruda, j. 02/08/2007, DJ 10/09/2007, p. 201).

Nessa toada, a Turma Nacional de Uniformização adota a possibilidade de


valoração de outros elementos de prova dos autos para fins de concessão de
benefício por incapacidade laboral. Veja-se:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE


UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL.
PRETENSÃO DE RESTABELECIMENTO DE APOSENTADORIA
POR INVALIDEZ. CARACTERIZAÇÃO DE INCAPACIDADE
PERMANENTE. LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. AUSÊNCIA
DE TARIFAÇÃO OU HIERARQUIA ENTRE ESPÉCIES
PROBATÓRIAS. NECESSIDADE DE VALORAÇÃO DE TODOS OS
ELEMENTOS DE PROVA. INCIDENTE PARCIALMENTE PROVIDO
PARA NOVO JULGAMENTO PELA TURMA RECURSAL DE
ORIGEM. (PUIL Nº 0535032-83.2019.4.05.8013/AL, Rel. p/acórdão
MARCELLO ENES FIGUEIRA, juntado aos autos em 29/04/2021).
(grifado)

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR


INVALIDEZ. JUIZ NÃO ESTÁ ADSTRITO ÀS CONCLUSÕES DO
LAUDO PERICIAL. 1. São quatro os requisitos para a concessão
desses benefícios por incapacidade: (a) qualidade de segurado do
Recorrente (artigo 15 da LBPS); (b) cumprimento da carência de 12
contribuições mensais prevista no artigo 25, I, da Lei 8.213/91 e art.
24, parágrafo único, da LBPS; (c) superveniência de moléstia
incapacitante para o desenvolvimento de atividade laboral que
garanta a subsistência; e (d) caráter permanente da incapacidade
(para o caso da aposentadoria por invalidez) ou temporário (para o
caso do auxílio-doença). 2. O juízo não está adstrito às conclusões
do laudo médico pericial, nos termos do artigo 479 do CPC,
podendo discordar, fundamentadamente, das conclusões do
perito em razão dos demais elementos probatórios coligidos aos
autos. 3. É devido o benefício desde a data da citação, porquanto
não há, nos autos, elementos que permitam retroagir a existência da
incapacidade à data da cessação de benefício anterior. (TRF4, AC
5025181-12.2018.4.04.9999, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR
DE SC, Relator JOÃO BATISTA LAZZARI, juntado aos autos em
08/06/2020) (grifado)
Além disso, a Recorrente já conta com 54 anos, fato que, associado à
profissão exercida e às patologias apresentadas, resta cristalina a incapacidade
laborativa!

A bem da verdade é que a conclusão de “alta” da Perita Judicial consiste em


EMPURRAR o segurado de volta para as atividades de serviços gerais, quando o
mesmo não possui as mínimas condições para o sustento próprio.

Por fim, importante frisar que no campo previdenciário prevalece o princípio


do in dubio pro misero, ou seja, HAVENDO DÚVIDA, QUE SE JULGUE O FEITO DE
MANEIRA FAVORÁVEL À PARTE HIPOSSUFICIENTE: O SEGURADO.

Assim, caso não se entenda possível o julgamento de procedência com os


elementos probatórios já juntados aos autos, é imperativa a anulação da sentença
proferida, para fins de reabrir a instrução processual, determinando-se a produção de
nova perícia, com médico especialista.

Por estes motivos, a Recorrente não se conforma com a sentença proferida,


a qual acolheu a conclusão manifestamente equivocada do Sr. Perito Judicial.

Destarte, a anulação da sentença é medida que se impõe.

4. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer seja o presente recurso CONHECIDO e PROVIDO para:

a) Reformar a sentença impugnada e, por conseguinte, julgar totalmente


procedentes os pedidos formulados na Inicial para:

I - cominar ao Recorrido que implante o benefício pleiteado em favor da


Recorrente desde a desde a DER em 09/02/2019, conforme carta de indeferimento.
b) Alternativamente, caso seja de entendimento desta Turma, anular a
sentença proferida e determinar a realização de nova perícia médica, por médico
especialista nas patologias da Recorrente.

c) Condenar o Recorrido aos consectários da sucumbência.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Almenara/MG, 02 de agosto de 2022.

Maria D’Ajuda dos Anjos Fernandes Lima


OAB/MG 179.840

Bernardo Santos Ferraz Tullio Magalhães Medeiros


OAB/MG 180.964 OAB/MG 208.516

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