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NAJ Recursal

Justificativa para não interposição de recurso

Número do processo: 0015756-44.2015.4.01.3400

Origem: 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Distrito Federal

Nome da assistida: Rosilene da Conceição da Rocha

Nome da parte contrária: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS

Recurso cabível: Incidente de Uniformização de Jurisprudência (IUJ)

Início do prazo recursal: 07/10/2019

Fim do prazo recursal: 28/10/2019

EMENTA: IUJ. INVIÁVEL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO


DOENÇA. AUSÊNCIA DE QUALIDADE DE SEGURADA.
RECOLHIMENTOS EXTEMPORÂNEOS. DOENÇA NÃO
LABORAL. LAUDO PERICIAL.
1. O Incidente de Uniformização de Jurisprudência se mostra inviável no
presente caso, uma vez que a recorrente não ostenta a qualidade de
segurada, não possui o período de carência exigido e a doença dela não é
decorrente da atividade laboral.
2. A tese dos recolhimentos extemporâneos está de acordo com a posição
jurisprudencial do TRF1, nos seguintes termos: “Por derradeiro, cumpre
salientar que as contribuições extemporâneas referentes às competências
02 a 04/2006 (...) cujos pagamentos foram efetuados de uma só vez, de
maneira extemporânea, no dia 30/05/2007 (...), quando já acometido da
doença incapacitante, muito embora sirvam para cômputo do tempo de
contribuição, não se aplica para o cômputo da contribuição previdenciária
para fins de carência.” (AC 0029630-04.2011.4.01.9199 - 1ª CÂMARA
REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DA BAHIA).
3. Diante do posicionamento atual do TRF1, TRF2 e TRF3, torna-se
inviável a interposição do Incidente de Uniformização de Jurisprudência.

1. SÍNTESE DO PROCESSO.

A parte autora ajuizou a ação de concessão de auxílio doença c/c com


aposentadoria por invalidez, em razão da decisão negativa do INSS.

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O pedido liminar foi indeferido e foi determinada a produção antecipada de
provas no feito.
Com a perícia judicial feita, constatou-se a incapacitada da autora (Artrite
reumatoide soro-negativa - CID 10 M 060) para o trabalho pelo período de 3 (três)
meses.
Frustrada a conciliação, o INSS foi devidamente citado, oportunidade em
que ofereceu a contestação alegando que a postulante não possui qualidade de segurada
e não ostenta o período de carência exigido por lei em virtude de recolhimentos
extemporâneos.
Proferida a sentença, os pedidos iniciais foram julgados parcialmente
procedentes para conceder o benefício de auxílio doença pelo período de 3 meses para a
demandante.
Em face de tal decisão, o INSS interpôs o recurso inominado aduzindo a
falta de qualidade de segurado e a ausência do período de carência exigido.
Apresentadas as contrarrazões, 2ª Turma Recursal dos Juizados do Distrito
Federal deu provimento ao recurso do INSS e reformou a sentença para revogar o
beneficio anteriormente concedido, sem a necessidade de devolução dos valores
recebidos pela parte autora.

2. DA INVIABILIDADE DE INTERPOSIÇÃO DO INCIDENTE DE


UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.

Como dito, o recurso inominado interposto pelo INSS foi fundamentado da


seguinte maneira: 1. a recorrida não possui qualidade de segurada; 2. ela não ostenta o
período de carência exigido por lei em razão de recolhimentos extemporâneos. Em sede
de contrarrazões, o NPJ-UniCEUB alegou: 1. o período de graça de 1 (um) ano após a
cessação do benefício; e 2. subsidiariamente, a concessão do benefício
independentemente do prazo de carência por a incapacidade ter sido surgido em virtude
de doença profissional.
Proferido o acórdão, a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais
do Distrito Federal se posicionou assim:
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONTRIBUINTE
INDIVIDUAL. RECOLHIMENTO COM ATRASO DE CONTRIBUIÇÕES
REFERENTES A COMPETÊNCIAS ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE
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POR EXPRESSA VEDAÇÃO LEGAL. AUSÊNCIA DA QUALIDADE DE
SEGURADO. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.
PEDIDO IMPROCEDENTE.
1. ROSILENE DA CONCEIÇÃO ROCHA ajuizou ação em face do
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS) requerendo a
concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.
2. A sentença julgou parcialmente procedente o pedido, deferida a concessão
de auxílio-doença pelo período de 3 meses com DIP a partir da prolação da
sentença. A data de início do benefício (DIB) foi fixada na data de início da
incapacidade atestada pelo perito judicial (08.01.2015).
3. O INSS recorreu da sentença, alegando que a autora não ostentava
qualidade de segurada antes do início da doença e da incapacidade. Afirmou
a ré que a autora verteu recolhimentos extemporâneos como contribuinte
individual.
4. A autora apresentou contrarrazões. Argumentou que sua incapacidade
decorre de doença profissional, de maneira que não seria necessária a
carência (art. 26, II, Lei 8.213/91).
5. DECISÃO. Para concessão dos benefícios de auxílio-doença e de
aposentadoria por invalidez são necessários os seguintes requisitos: a) a
qualidade de segurado; b) a carência de 12 (doze) contribuições mensais; c) a
incapacidade parcial ou total e temporária, no caso de auxíliodoença, e
incapacidade total e permanente para a aposentadoria por invalidez (artigos
42 e 59 da Lei n. 8.213/91).
6. Para o segurado contribuinte individual, serão consideradas, para cômputo
do período de carência, as contribuições realizadas a contar da data de efetivo
pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para
este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências
anteriores (art. 27, II, da Lei nº 8.213/1991). O contribuinte individual está
obrigado a recolher sua contribuição por iniciativa própria, até o dia quinze
do mês seguinte ao da competência (art. 30, II, da Lei nº 8.212/1991).
7. No caso concreto, em consulta ao CNIS, verificou-se que a autora está
inscrita na Previdência Social (NIT 1.234.254.898-4) e que, no período de
6.2014 a 7.2014 e 12.2014, recolheu contribuições na condição de
contribuinte individual. O INSS afirma que as contribuições referentes às
competências 06/2014 a 07/2014 foram pagas somente em 16/09/2014.
Assim, constata-se que ocorreram recolhimentos extemporâneos de
contribuições após a perda da qualidade de segurada.
8. No laudo médico (doc. registrado em 01.07.2015), a DII foi fixada em
08.01.2015. O perito judicial também atestou que a incapacidade da autora
não é decorrente de sua atividade profissional. Essa constatação não foi
impugnada pelo causídico da autora no momento processual oportuno. Logo,
não assiste razão à autora.
9. Assim, ainda que mantivesse a qualidade de segurada, o que não é o caso,
a autora também não teria, na data do requerimento administrativo, cumprido
a carência de 12 contribuições.
10. Nesse ponto, importante esclarecer que há diferença entre “recolhimento,
com atraso, de contribuições relativas a competências posteriores ao efetivo
pagamento da primeira contribuição sem atraso” e “recolhimento, também
com atraso, mas de contribuições referentes a competências anteriores ao (re)
ingresso no sistema”, hipótese em que se enquadra a situação da recorrida.
No primeiro caso, as contribuições pagas com atraso podem ser consideradas
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para efeito de carência, desde que não haja perda da qualidade de segurado,
enquanto que, no segundo, há expressa vedação legal para tanto (art. 27, II,
da Lei nº 8.213/1991; STJ, AR nº 200902256166, Rel. Min. Rogério Schietti
Cruz, DJe 18.4.2016).
11. Por fim, vale frisar que todas as contribuições impugnadas pelo INSS
foram pagas na condição de contribuinte individual e não houve
comprovação do efetivo exercício de atividade remunerada no período.
Assim, inviável reconhecer o recolhimento extemporâneo de contribuições,
sem comprovação do exercício de atividade e sem observância das regras
sobre qualidade de segurado e carência.
(...)
(PEDILEF 50023993020134047107, Rel. Juiz Federal Daniel Machado da
Rocha, DOU 18.12.2015).

Em face da referida decisão colegiada, é cabível o Incidente de


Uniformização de Jurisprudência (art. 14, §1º da Lei 10.259/01 c/c art. 6º da Resolução
nº 22 do CJF).
A respeito de tal impugnação, seu manejo é inviável no processo, uma vez
que a recorrente não tem a qualidade de segurada, não possui o período de carência
exigido por lei e a incapacidade dela não se deu em virtude de doença profissional.
Quanto ao primeiro fundamento, a demandante não ostenta qualidade de
segurada, visto que ela gozou de um benefício de auxílio doença anterior ao processo
dos autos até a data de 23/03/2012, tendo um período de graça de 1 (um) ano até
23/03/2013 (art. 15, inc. II, da Lei n. 8.213/91), perdendo a partir dessa data a qualidade
de segurada.
Após a perda da seguridade, a assistida reingressa ao sistema pagando, com
atraso, as primeiras contribuições individuais referentes às competências de 06/2014 a
07/2014 somente na data 16/09/2014. Como os primeiros recolhimentos foram feitos
atrasados, tais contribuições não servem para computar no período de carência (art. 27,
II, da Lei nº 8.213/1991).
Além disso, com base no CNIS, a impugnante não possui 12 (doze)
contribuições mensais, depois de perder a qualidade de segurada, o que a impede de
gozar de novo benefício previdenciário (art. 25, inc. I, da Lei nº 8.213/1991).
Nesse sentido, a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região
(TRF1):
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERDA DA
QUALIDADE DE SEGURADO NO MOMENTO DO INÍCIO DA
INCAPACIDADE. RECOLHIMENTO EXTEMPORÂNEO DE
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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS A TÍTULO DE
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL APÓS O FATO GERADOR DO
BENEFÍCIO PRETENDIDO. BENEFÍCIO INDEVIDO. SENTENÇA
REFORMADA. (...) 2. O auxílio-doença funda-se no art.59 da Lei 8.213/91,
que garante o benefício ao segurado que esteja incapacitado para o trabalho
ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos,
cumprido o período de carência respectivo, equivalente a doze contribuições
mensais. Por sua vez, para a concessão de aposentadoria por invalidez exige-
se que o segurado esteja incapacitado total e permanentemente para o
exercício de atividade que lhe assegure a subsistência, sem possibilidade de
reabilitação (art. 42 da Lei 8.213/91). 3. Segundo o laudo judicial de fls.
67/68, a parte autora apresenta sequelas de um acidente vascular cerebral que
a incapacita total e permanentemente para o trabalho. No entanto, não restou
caracterizada a sua qualidade de segurado. Por derradeiro, cumpre salientar
que as contribuições extemporâneas referentes às competências 02 a 04/2006,
fl. 92, cujos pagamentos foram efetuados de uma só vez, de maneira
extemporânea, no dia 30/05/2007 (fls.92), quando já acometido da doença
incapacitante, muito embora sirvam para cômputo do tempo de contribuição,
não se aplica para o cômputo da contribuição previdenciária para fins de
carência.
(...)
(AC 0029630-04.2011.4.01.9199, JUIZ FEDERAL SAULO JOSÉ CASALI
BAHIA, TRF1 - 1ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DA
BAHIA, e-DJF1 28/06/2017 PAG.)

No mesmo sentido, a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 2ª


Região (TRF2):
PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. AUXÍLIO-DOENÇA E
PENSÃO POR MORTE. PERDA DA CONDIÇÃO DE SEGURADO DO
FALECIDO MARIDO DA AUTORA. RECOLHIMENTOS
EXTEMPORÂNEOS POSTERIORES AO INÍCIO DA
INCAPACIDADE QUE NÃO SE PRESTAM A FUNDAMENTAR A
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. COMPREENSÃO DO PARÁGRAFO
ÚNICO DO ARTIGO 59 DA LEI Nº 8.213/1991. APELO IMPROVIDO. -
Analisando-se as contribuições do segurado, infere-se que houve
contribuições como segurado até 30/07/2001, quando, com mais de 120
contribuições mensais, ficou desempregado. Desse modo, seu período de
graça foi de 36 meses, tendo perdido a qualidade de segurado no dia
16/09/2004. - O falecido não mais ostentava a qualidade de segurado junto à
Previdência Social no momento do requerimento do benefício de auxílio-
doença em 08/12/2008 (NB 5334357080), tendo sido a concessão um
equívoco administrativo, razão pela qual não há para procedência do pedido
articulado na peça vestibular, já que o falecido havia perdido a qualidade de
segurado desde 2004, de modo que deve ser mantido o julgamento de
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improcedência do pedido. - Apelo improvido.
(AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho 0133708-
41.2014.4.02.5117, PAULO ESPIRITO SANTO, TRF2 - 1ª TURMA
ESPECIALIZADA..ORGAO_JULGADOR:.)

Seguindo a mesma orientação jurisprudencial, o Tribunal Regional Federal


da 3ª Região (TRF3):
PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA. APELAÇÃO CÍVEL.
AUXÍLIO DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
INDEVIDOS. QUALIDADE DE SEGURADO NÃO COMPROVADA.
INCAPACIDADE PREEXISTENTE. INVERSÃO DO ÔNUS DE
SUCUMBÊNCIA. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO
DE VALORES. 1. Trata-se de pedido de concessão de auxílio doença ou
aposentadoria por invalidez. 2. Filiações extemporâneas e reingressos tardios
afrontam a lógica do sistema, privilegiando situações acintosas ao seu
equilíbrio financeiro e atuarial. 3. Ausência da qualidade de segurado no
momento do surgimento da incapacidade para o trabalho. Recolhimentos
extemporâneos. 4. Inversão do ônus da sucumbência. Exigibilidade
condicionada à hipótese prevista no artigo 12 da Lei nº 1.060/50. 5. Tutela
antecipada revogada. Devolução dos valores. Precedente: REsp nº
1401560/MT. 6. Remessa necessária e apelação do INSS providas. Recurso
adesivo prejudicado.
(ApelRemNec 0006622-66.2011.4.03.6119, DESEMBARGADOR
FEDERAL PAULO DOMINGUES, TRF3 - SÉTIMA TURMA, e-DJF3
Judicial 1 DATA:07/03/2018.)
A respeito da incapacidade por doença profissional, o laudo pericial dos
autos comprovou que a incapacidade da recorrente não se deu em virtude da atividade
laboral, não houve a impugnação específica dessa prova pericial no momento oportuno
e, também, a parte autora não trouxe laudos médicos particulares para contrapor o
documento da perícia, razão pela qual não há de se falar em concessão do benefício
previdenciário independente do período de carência (AC 0000983-54.2012.4.01.3802 -
TRF1 - 1ª Câmara Regional Previdenciária de Juiz de Fora, e-DJF1 03/05/2018 PAG.).
Além disso, destaca-se que a parte autora não sofrerá qualquer restrição em
seu patrimônio, uma vez que não terá que devolver os valores anteriormente recebidos a
título de auxílio doença (Súmula 51/TNU).
Sendo assim, a interposição do Incidente de Uniformização de
Jurisprudência se torna inviável, já que as teses de defensa estão contra a jurisprudência
formada no Tribunais Regionais Federais da 1ª, 2ª e 3ª Regiões.
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3. CONCLUSÃO

Pelo exposto, o entendimento do v. acórdão da 2ª Turma Recursal dos


Juizados Especiais Federais do Distrito Federal está em consonância com o
entendimento jurisprudencial proferido pelo TRF1, TRF2 e TRF3, razão pela não há a
possibilidade de interposição do Incidente de Uniformização de Jurisprudência.

Brasília, 04 de novembro de 2019.

Leandro Pontes Azevedo Tiago dos Santos Nascimento


Orientador do NPJ/UniCEUB Estagiário NPJ/ UniCEUB
OAB/DF nº. 42.127 RA 21508835

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