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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL RELATOR DA 3 a TURMA

RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO


DISTRITO FEDERAL

Juízo Originário: 0015756-44.2015.4.01.3400

ROSILENE DA CONCEICAO DA ROCHA, já devidamente qualificada nos


autos do processo em epígrafe, vem, por intermédio dos advogados e estagiária infra
assinados do NAJ/Uniceub, que esta subscrevem, com endereço profissional situado no SCS,
quadra 01, E. União, 5º andar, Asa Sul, Brasília/DF, CEP 70.070-040, vem à presença de
Vossa Excelência, com fulcro no art. 14, §1º da Lei 10.259/01 c/c art. 6º da Resolução nº 22
do Conselho da Justiça Federal, interpor:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA PARA A TURMA


REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO

Em face do acórdão proferido pela 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais


Federais da Seção Judiciária do Distrito Federal, que deu provimento ao recurso inominado
do INSS a fim de reformar a sentença para julgar improcedentes o pedido de auxílio doença
por causa da ausência de qualidade de segurado da recorrente.

Dessa forma, requer-se a admissão e remessa para a TNU para que seja recebido
e processado, nos termos da Resolução n.º 345/2015 do Conselho da Justiça Federal.

Termos em que,

Pede deferimento.

Brasília, 4 de May de 2023.

Bruno Cristian Santos de Abreu Tiago dos Santos Nascimento


Orientador do NPJ/UniCEUB Estagiário NPJ/ UniCEUB
OAB/DF nº. 43.143 RA 21508835

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EXCELENTÍSSIMOS SENHORES MAGISTRADOS DA TURMA REGIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA DOS JUIZADO ESPECIAL FEDERAL
DA 1ª REGIÃO

RAZÕES DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA

Juízo Originário: 0015756-44.2015.4.01.3400


Recorrente: Rosilene da Conceição da Rocha
Recorrido: Instituto Nacional de Seguro Social – INSS

Nobre Relator,
Colenda Turma,

1. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

1.1 Do cabimento e adequação

O pedido de uniformização jurisprudencial é a via adequada quando existe


controvérsia judicial acerca de determinada matéria entre Turmas recursais de mesma região,
na forma do art. 14, § 1º da Lei 10.259/2001.

Assim, a fim de uniformizar a jurisprudência das Turmas recursais dos juizados,


utiliza-se o presente incidente como a via cabível.

1.2 Da tempestividade

O prazo para o incidente de uniformização jurisprudencial é de 15 (quinze) dias,


nos moldes do art. 13 da resolução nº 345/2015 do CJF. Dessa maneira, a impugnante foi
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intimada nos autos eletrônicos na data ..., tendo até a data .... para apresentar o pedido de
uniformização.

Portanto, o referido incidente é tempestivo.

VERIFICAR A GRATUIDADE

1.3 Isenção de preparo

Destaca-se a ausência de preparo e das custas processuais em razão do


deferimento do benefício da gratuidade da justiça.

2. DA SÍNTESE FÁTICA

ESCREVER O RELATÓRIO

3. DA CONTROVÉRSIA JURISPRUDENCIAL

Na hipótese dos autos, a posição da 2ª Turma Recursal dos Juizados do Distrito


Federal foi no sentido de que a autora não possui a qualidade de segurado e não ostenta o
período de carência exigido para gozar do benefício em razão de recolhimentos
extemporâneos, conforme se verificar no trecho a seguir:

“(...) em consulta ao CNIS, verificou-se que a autora está inscrita na


Previdência Social (NIT 1.234.254.898-4) e que, no período de 6.2014
a 7.2014 e 12.2014, recolheu contribuições na condição de
contribuinte individual. O INSS afirma que as contribuições referentes
às competências 06/2014 a 07/2014 foram pagas somente em
16/09/2014. Assim, constata-se que ocorreram recolhimentos
extemporâneos de contribuições após a perda da qualidade de
segurada. (...) Assim, ainda que mantivesse a qualidade de segurada, o
que não é o caso, a autora também não teria, na data do requerimento
administrativo, cumprido a carência de 12 contribuições”.

Entretanto, tal posicionamento não merece prosperar, uma vez que existe
jurisprudência do .... contrária ao entendimento dos autos.
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, existe jurisprudência da 1ª Turma Recursal que diverge frontalmente com o
entendimento do acórdão recorrido. Fundamenta-se que pelo livre convencimento motivado o
juízo pode se utilizar de outros meios para formar sua convicção, não estando adstritos ao
laudo pericial quando da apreciação e valoração das alegações e das provas, podendo,
inclusive, decidir contrário ao laudo quando houver outros elementos que assim o convençam,
conforme se observa nos autos do processo n°47085-55.2007.4.01.3400.

Dessa forma, o fundamento de que a perícia feita pelo juízo é prova


predominante diante dos documentos produzidos pela parte não deve prosperar.

Primariamente, é de ressaltar que, antes de adentrar em questões divergentes,


deve-se esclarecer algumas semelhanças esposadas no referido acórdão paradigma em relação
ao acórdão recorrido.

Em ambos os Acórdãos, a matéria discutida é concessão do auxílio doença com


conversão para aposentadoria por invalidez, em que o laudo pericial conclui pela não
incapacidade plena dos assegurados.

Acórdão Recorrido Acórdão paradigma


“ 1. Trata-se de recurso interposto pela “Trata-se de recurso interposto pelo INSS
autora contra sentença que julgou contra sentença que julgou procedente o
procedente em parte o pedido para condenar pedido inicial, reconhecendo o direito da
a autarquia a conceder o auxílio-doença, parte autora ao restabelecimento do
com DIP a partir da sentença e a pagar os benefício de auxílio doença n. 517.821.415-
valores retroativos, desde a DIB 0, a contar da cessação administrativa, em

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(28.02.2015), acrescidos de correção 16/01/2007. Em suas razões recursais, o ente
monetária e juros moratórios. 2. A autárquico sustenta, em síntese, que o
recorrente alega que a sentença baseou-se julgamento feito se deu à revelia do laudo
apenas no laudo do perito judicial, pericial, que foi incisivamente contrário à
desconsiderando a existência de outros pretensão do autor, o perito atestou a
documentos médicos nos autos existência de capacidade laborativa, não
comprobatórios da incapacidade laborativa. ensejando a percepção de benefício por
Pede a concessão da aposentadoria por invalidez.”
invalidez.”

Portanto, o acórdão recorrido versa sobre recurso inominado interposto contra


sentença que julgou pela não conversão do auxílio doença em aposentadoria por invalidez,
uma vez que o laudo pericial mostrou que a Autora era total. Embora tenha reconhecido que a
parte Autora era pessoa de idade avançada, baixo grau de escolaridade, portanto suas
patologias são incompatíveis com qualquer atividade profissional.

Dessa forma, a Autora interpôs o recurso inominado, em razão dos atestados


médicos que demonstram q a mesma encontra-se incapacitada para efetuar seu trabalho nas
funções habituais, devido sua condição clínica. E ainda, que nos últimos anos a Autora
trabalhou como balconista, que lhe exige esforço físico incompatível com seu estado de
saúde. Ressalta também que é impossível recoloca-la no mercado de trabalho em ramo de
atividade que não lhe exija esforço físico, tendo em vista da sua idade avançada e seu baixo
grau de escolaridade.

Todavia, a justificativa dos nobres julgadores no acórdão recorrido foi que deve
prevalecer, em princípio, a conclusão do perito do juízo, uma vez o Tribunal Regional Federal
da 1o Região tem se orientado nesse sentido.

Frise-se, que os julgadores do Acórdão Recorrido não analisaram o caso


concreto, pois se o tivessem perceberiam que a Autora, possui 57 anos de idade, além de
possuir grau de instrução muito baixa para concorrer a uma vaga em outra atividade
em que não exija esforço físico. Além do que, atualmente, existe uma intensa competição
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no mercado, tendo mais chance aqueles que tenham maiores habilidades e uma real
eficácia.

O acórdão paradigma alude sobre recurso do INSS contra sentença que


restabeleceu o benefício doença para a parte Autora. O referido acórdão, embora a perícia
tenha concluído pela não incapacidade, concedeu o benefício, em razão da análise dos demais
exames médicos.

A divergência do caso cinge-se, portanto no livre convencimento do juízo, o


qual pode utilizar outros meios para formar sua convicção, não estando submetido ao
laudo pericial quando da apreciação e valoração das alegações e das provas.

I- DO ACÓRDÃO PARADIGMA

PROCESSO N. 0047085-55.2007.4.01.3400
RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL-INSS
ADVOGADO: JOAO EUDES LEITE SOARES NETO
RECORRIDO: CARLOS RIBEIRO DE SOUZA
ADVOGADO: - DEFENSOR PUBLICO DA UNIAO
RELATOR: RUI COSTA GONÇALVES

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA.


INCAPACIDADE LABORATIVA. DESCONSIDERAÇÃO DAS
CONCLUSÕES DO LAUDO MÉDICO JUDICIAL. PRINCÍPIO DO
LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. EXISTÊNCIA DE
RELATÓRIO MÉDICO COMPROVANDO A NECESSIDADE DE
AFASTAMENTO DAS ATIVIDADES LABORATIVAS.
CONFIGURADA A INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DE
ATIVIDADE QUE GARANTA A SUBSISTÊNCIA. BENEFÍCIO
DEVIDO. JUROS DE MORA. LEI 11.960, DE 29 DE JUNHO DE
2009. RECURSO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDO.
SENTENÇA REFORMADA EM RELAÇÃO AOS JUROS DE
MORA. 
1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra sentença que julgou
procedente o pedido inicial, reconhecendo o direito da parte autora ao
restabelecimento do benefício de auxílio doença n. 517.821.415-0, a
contar da cessação administrativa, em 16/01/2007. 
2. RECURSO DO INSS: em suas razões recursais, o ente autárquico
sustenta, em síntese, que o julgamento feito se deu à revelia do laudo
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pericial, que foi incisivamente contrário à pretensão do autor, o perito
atestou a existência de capacidade laborativa, não ensejando a percepção
de benefício por invalidez. 
3. A concessão do auxílio-doença pressupõe: a) condição de segurado;
b) cumprimento da carência exigida no art. 25, II, da Lei 8.213/91,
dispensada esta quando se tratar de doença da lista de que trata o art. 151
da Lei 8.213/91 (art. 26, II, da lei em comento); e c) incapacidade
temporária para o trabalho (art. 59 da lei 8.213/91). 
4. Vale dizer que, tratando-se de causa de natureza previdenciária, há de
se conferir prevalência à garantia e efetivação do princípio da dignidade
humana, em especial o direito à subsistência, ainda que em detrimento
dos princípios e regras que resguardam a Administração Pública, a par
de um juízo de ponderação dos valores envolvidos (princípio da
proporcionalidade). Assim, no caso de eventuais divergências quanto a
possíveis interpretações ou a valoração de provas, impõe-se ao aplicador
do direito optar pelo entendimento mais favorável à parte hipossuficiente
(aplicação do princípio in dúbio pro misero), mormente nas hipóteses em
que o cidadão alega encontrar-se em estado de incapacidade laboral,
observado o princípio do livre convencimento motivado ou persuasão
racional. 
5. No caso vertente, o perito judicial ao apresentar seu laudo, concluiu
sua manifestação da seguinte forma: "O autor apresenta limitações
físicas classificas como leve, parcial e susceptível de reabilitação. Pode
exercer atividades que não pressuponham esforços físicos no seguimento
afetado. Não existe invalidez". 
6. Pois bem, por força do Princípio do Livre Convencimento Racional, o
julgador não está adstrito ao laudo pericial, devendo analisar todas as
provas em conjunto para formar sua convicção. Desse modo, havendo a
possibilidade de se extrair do conjunto fático-probatório a existência de
incapacidade laboral, o juiz pode firmar seu convencimento nas demais
provas do processo desde que, em obediência ao inciso IX do artigo 93
da Constituição Federal, fundamente sua decisão, apontando as causas e
razões de decidir. 
7. Assim, embora o laudo médico lavrado pelo perito judicial tenha
entendido que não há invalidez, o fato de haver relatórios médicos, da
Rede Pública de Saúde e particular, indicando a necessidade de
afastamento das atividades laborais leva a crer que a parte recorrente
está, no mínimo, temporariamente incapacitada de exercer atividade que
lhe garanta subsistência. 
8. Nesse passo, chama-se a atenção para o fato de que há relatório
atestando a existência de incapacidade laboral. Ressalte-se que o próprio
perito judicial ressaltou que o autor, portador de dorsalgia crônica, não
pode exercer atividades que pressuponham esforços físicos no
seguimento afetado. 
9. Destaque-se que os exames médicos acostados aos autos apontam que
o autor é portador de discopatia degenerativa. Os relatórios médicos
informam: "não apresenta condições clínicas para retorno ao trabalho
nas funções habituais" - CID M54.4/M54.6 (laudo datada de 13/1/2007);
e "Em tratamento por apresentar quadro de dor em todos os segmentos
da coluna + MMII e outras articulações. Fez diversos tratamentos,
inclusive fisioterapia, sem melhora efetiva, permanecendo queixa de dor.
Tem diversos exames de R.M. com alterações: artrose e discopatia.
Apresenta-se incapacitado para efetuar seu trabalho nas funções
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habituais, pela condição clínica. Pela cronicidade do quadro e mau
prognóstico (exerce atividade laborativa pesada como motorista) foi
solicitado verificar possibilidade de reabilitação" (laudo datado de
2/6/2009). 
10. Nesse contexto temos que: "A incapacidade para o trabalho é
fenômeno multidimensional e não pode ser analisada tão-somente do
ponto de vista médico, devendo ser analisados também os aspectos
sociais, ambientais e pessoais. Há que se perquirir sobre a real
possibilidade de reingresso do segurado no mercado de trabalho. Esse
entendimento decorre da interpretação sistemática da legislação, da
Convenção da OIT (Organização Social do Trabalho) e do princípio da
dignidade da pessoal humana" (IUJEF n. 2005.83.00506090-2/PE,
julgado em 17.12.2007). 
11. Desse modo, considerando as enfermidades da parte autora e as
condições de caráter pessoal (baixa escolaridade e função habitual
desempenhada - motorista), conclui-se que o estado de saúde provoca
alteração na sua capacidade laboral e essa alteração gera, na esfera
fática, impossibilidade para desempenhar atividade que lhe garanta
subsistência. Portanto, é devido o benefício de auxílio doença, conforme
consignado na sentença de Primeiro Grau. 
12. Nas ações previdenciárias, os juros de mora devem ser fixados à
razão de 1% ao mês, a partir da citação válida (Súmula 204/STJ). Após a
entrada em vigor da Lei n. 11.960/2009, devem ser observados os
critérios de atualização nela disciplinados, conforme orientação
reafirmada pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça quando
do julgamento do REsp n. 1.205.946/SP, ocorrido em 19/10/2011
(Ministro Benedito Gonçalves, DJe 2/2/2012), submetido ao
procedimento dos recursos repetitivos, estabelecido pela Lei n.
11.418/2006.13. Ante o exposto, conheço do recurso interposto pelo
INSS, para lhe dar parcial provimento, somente no que se refere aos
juros de mora, para fixá-los à razão de 1% ao mês, a partir da citação
válida (Súmula 204/STJ). Após a entrada em vigor da Lei n.
11.960/2009, devem ser observados os critérios de atualização nela
disciplinados, conforme orientação reafirmada pela Corte Especial do
Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento do REsp n.
1.205.946/SP, ocorrido em 19/10/2011 (Ministro Benedito Gonçalves,
DJe 2/2/2012), submetido ao procedimento dos recursos repetitivos,
estabelecido pela Lei n. 11.418/2006.14. Incabível a condenação em
honorários advocatícios (art. 55 da Lei n. 9.099/95).

4. DO MÉRITO

Conforme demonstrado, a questão objeto deste pedido de uniformização de


jurisprudência cinge-se à possibilidade de conversão do auxílio doença em aposentadoria por
invalidez.
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Porém, a 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal entendeu
não ser cabível essa conversão, em razão da jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1 a
Região, tem se orientado no sentido de que deve prevalecer, em princípio, a conclusão do
perito do juízo.

Ocorre que, segundo o Princípio do Livre Convencimento do Juiz, o


Laudo Pericial não é prova dominante na elaboração do convencimento do magistrado, que
pode fundamentar sua decisão baseada em outros fatos e elementos integrantes do processo,
in verbis:

Art. 371 (CPC/2015). O juiz apreciará a prova constante nos autos,


independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões
da formação de seu convencimento.

Art. 479 (CPC/2015). O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no
art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de
considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.

Vejamos trecho do voto do Acórdão paradigma:

“No caso vertente, o perito judicial ao apresentar seu laudo, concluiu sua
manifestação da seguinte forma: “O autor apresenta limitações físicas
classificas como leve, parcial e susceptível de reabilitação. Pode exercer
atividades que não pressuponham esforços físicos no seguimento afetado.
Não existe invalidez.

Pois bem, por força do Princípio do Livre Convencimento Racional, o


julgador não está adstrito ao laudo pericial, devendo analisar todas as provas
em conjunto para formar sua convicção. Desse modo, havendo a
possibilidade de se extrair do conjunto fático-probatório a existência de
incapacidade laboral, o juiz pode firmar seu convencimento nas demais
provas do processo desde que, em obediência ao inciso IX do artigo 93 da
Constituição Federal, fundamente sua decisão, apontando as causas e razões
de decidir.

Assim, embora o laudo médico lavrado pelo perito judicial tenha entendido
que não há invalidez, o fato de haver relatórios médicos, da Rede Pública de
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Saúde e particular, indicando a necessidade de afastamento das atividades
laborais leva a crer que a parte recorrente está, no mínimo, temporariamente
incapacitada de exercer atividade que lhe garanta subsistência.”

Ante o exposto, resta claro que os laudos e relatórios médicos apresentados


durante o curso processual, além de todo o quadro da Autora, formam um conjunto probatório
indispensável, confirmando a existência das patologias que acometem a autora, bem como sua
limitação física, os quais geram sua incapacidade definitiva, total e omniprofissional ao labor.

Além disso, faz-se necessário enfatizar as condições pessoais e econômicas


da Autora, que não possui meios de se manter, pois é pessoa com idade avançada, que possui
baixo nível de escolaridade e é hipossuficiente.

Quanto à avaliação da capacidade laborativa, além do já exposto na


exordial, deve-se entender que ela deve ser vista também sob aspectos sociais, e não somente
do ponto de vista médico.

Dessa forma, todos esses elementos demonstrados são contundentes para a


formação do convencimento do juízo e formam um denso conjunto probatório indispensável
para a fidedigna formação do entendimento do Magistrado.

Vislumbra-se que os documentos médicos acostados aos autos confirmam a


existência de patologias importantes que acometem à Autora, bem como delineiam
claramente as limitações físicas oriundas de tais enfermidades, as quais evidenciam a
incapacidade plena para o labor.

Portanto, nobres julgadores, o entendimento da decisão proferida pelo


relator da 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do
Distrito Federal está em confronto com entendimento do próprio Tribunal Regional da
1a Região, pois não respeitou o princípio do Livre Convencimento Motivado do juiz para
converter o auxílio doença em aposentadoria por invalidez.

Além do caso paradigma há também que ressaltar jurisprudência do Tribunal


Regional Federal da 1ª Região:

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PREVIDENCIÁRIO. AUXILIO-DOENÇA. RESTABELECIMENTO.
DATA DA CESSAÇÃO. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ. JUROS. DATA DO LAUDO. PROVIMENTO. 1. A
aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença exige a qualidade de
segurado, a carência de 12 meses (art. 25, I, Lei 8.213/91) e a incapacidade
para o trabalho habitual, embora suscetível de recuperação. 2. O laudo
pericial diagnostica asma não incapacitante para a atividade de faxineira,
embora impossibilite para exercer esforço físico (resposta complementar f.
93), previsibilidade de cura (laudo f. 71). O laudo confirma o atestado
médico de que a segurada era portadora de enfisema pulmonar e bronquite
crônica grave (f. 11) 3. Ficou comprovada que a cessação do auxílio-doença
foi indevida, porque a segurada ainda se encontrava temporariamente
incapacitado para o trabalho, sendo devido o pagamento do benefício no
período. 4. O auxílio-doença é devido ao segurado ainda que haja
possibilidade de reabilitação profissional, embora ele deva ser
periodicamente reavaliado em perícia administrativa para constatar ou não, a
persistência da incapacidade temporária. (REsp 501.267/SP, Rel. Ministro
HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 27/04/2004,
DJ 28/06/2004, p. 427) 5. A data da perícia, ou da apresentação do laudo em
juízo, é relevante quando não houver prova incapacidade anterior. No caso
de auxílio-doença indevidamente suspenso, tendo em vista a persistência da
incapacidade, o benefício é devido desde a cessação (STJ, EDcl no REsp
1399371/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 07/11/2013, DJe 06/12/2013) 6. Há demonstração, contudo, de
que a incapacidade da segurada é definitiva, sem previsão de cura, e que ela
está impossibilitada para exercer atividade que dependa de esforço físico, o
que certamente ocorre com seu trabalho de faxineira. 7. A segurada está
com 56 anos de idade (nascida em 07/12/1958 f. 12), tem pouca instrução,
sempre exerceu a atividade de faxineira e não se afigura razoável determinar
a sua reabilitação para outra função que não exigisse esforço físico. EDAC
0060248-97.2009.4.01.9199 / MG, Rel. Conv. JUIZ FEDERAL
CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), SEGUNDA TURMA, e-DJF1
p.848 de 28/01/2015) 8. Embora a perícia não tenha concluído pela
incapacidade, os demais exames médicos e atestados apresentados, e as
testemunhas, demonstram a incapacidade para o trabalho e a
inviabilidade de sua reabilitação, sendo devida a aposentadoria por
invalidez a partir da citação. 9. Pelo livre convencimento motivado
(CPC, art. 131), em pode usar de outros meios para formar sua
convicção, o juiz não se encontra adstrito ao laudo pericial quando da
apreciação e valoração das alegações e das provas (CPC, art. 436),
podendo, inclusive, decidir contrário ao laudo quando houver outros
elementos que assim o convençam. (AgRg no REsp 1378370/PR, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 04/12/2014, DJe 16/12/2014; AgRg no AREsp 661.496/SE, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
14/04/2015, DJe 20/04/2015) 10. Correção monetária e juros de mora
simples de 1% ao mês, a contar da citação, até jun/2009 (Decreto
2.322/1987), até abr/2012 simples de 0,5% e, a partir de mai/2012, mesmo
percentual de juros incidentes sobre os saldos em caderneta de poupança
(Lei 11.960/2009). (itens 4.3.1 e 4.3.2 do manual de cálculos da Justiça
11

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Federal. Resolução - CJF 267/2013). 11. Provimento da apelação da autora
e, reformando parcialmente a sentença, julgar procedente o pedido para
converter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez a partir da citação
em 10/11/2008 (f. 63), mantendo o restabelecimento do auxilio doença desde
a cessão indevida. Parcial provimento da apelação do INSS e da remessa
apenas com relação aos juros de mora e correção monetária, que deverão
incidir conforme manual de cálculos da Justiça Federal.

(AC 0057986-43.2010.4.01.9199 / MG, Rel. JUIZ FEDERAL JOSÉ


ALEXANDRE FRANCO, 1ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA
DE JUIZ DE FORA, e-DJF1 p.1050 de 16/09/2015).

Cabe salientar ainda que, a função do presente incidente é uniformizar a


jurisprudência, para de fato, dar o máximo de segurança jurídica às partes.

Como bem salienta MARINONI1,“o mínimo que o cidadão pode esperar, num
Estado de Direito, é o respeito à confiança gerada pelos atos e decisões do Poder Público.”

5. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se o conhecimento e processamento do presente Pedido de


Uniformização de Jurisprudência, posto que cabível, tempestivo e adequado, para que:

1- Sejam ratificados ao pleiteante os benefícios da justiça gratuita, uma vez que


não possui condições de arcar com as custas e honorários advocatícios sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família, nos termos do art. 4° da Lei 1.060/50;

2- Seja intimada a parte contrária para se manifestar sobre tal incidente, no prazo
de 15 (quinze) dias;

3- No mérito, seja provido o presente Pedido de Uniformização de Jurisprudência,


para reformar a decisão recorrida, convertendo o auxílio doença em aposentadoria por
invalidez, com base nas demais provas carreadas aos autos, aplicando-se o melhor direito à
espécie, conforme entendimento proferido pelo acórdão paradigma.

Por fim, requer-se que as futuras intimações relativas ao presente feito sejam

1
MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. Processos Coletivos, Porto Alegre, vol. 2, n. 2, 01 abr.
2011. Disponível em:<http://www.processoscoletivos.net/ve
12

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realizadas EXCLUSIVAMENTE em nome do NPJ/UNICEUB – OAB/DF 666.666.

Nesses termos,

pede deferimento.

Brasília, 4 de May de 2023.

Bruno Cristian Santos de Abreu Tiago dos Santos Nascimento


Orientador do NPJ/UniCEUB Estagiário NPJ/ UniCEUB
OAB/DF nº. 43.143 RA 21508835

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