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Sarah Dedono OAB/PR 101.581

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO
DO PARANÁ.

LOHANE HAIANE PEREIRA, brasileira, solteira, desempregada,


portador do CPF/MF nº 137.139.219-62, com documento de
Identidade de n° 15.071.976-3, endereço residencial a Rua Estrada
do Avencal, chácara, Antinha, na cidade de São José dos Pinhais/PR,
CEP nº 83.185-990, com endereço eletrônico
antoniovilsonpereira@outlook.com e telefone (41) 99999-5084,
vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, não se
conformando, data venia, com a r. decisão do Meritíssima Juíza da
03ª Vara Cível Da Comarca de São Jose Dos Pinhais, expedida nos
autos do processo de Alienação Fiduciária que move em face
de AYMORE CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A,
da mesma, interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO C/ PEDIDO DE
TUTELA ANTECIPADA PELO ART. 527, III E 557, § 1º, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, em conformidade com as inclusas
razões.

I – DO PREPARO.
Requer, com fulcro nos artigos 98 e 99 do CPC/2015, bem como no
art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal/88, os benefícios da Justiça
Gratuita por ser o agravante pobre na forma da lei, não podendo,
portanto, arcar com as custas e demais despesas processuais sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família.

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II – DA TEMPESTIVIDADE.
O presente recurso é tempestivo, haja vista que o agravante tomou
ciência da r. decisão interlocutória do Magistrado a quo em
17/10/2023 tendo como termo final do prazo 08/11/2023, sendo,
portanto, tempestivo o presente Agravo.

Considerando trata-se de processo eletrônico, desnecessária a


juntada de novos documentos, nos termos do § 5 do
Art. 1.017 do CPC.

Trata-se de decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória,


portanto cabível o agravo de instrumento, nos termos do
Art. 1.015 do CPC.

II – DOS NOMES DOS ADVOGADOS

Advogado do autor: SARAH EFIGENIA NUNES DEDONO, OAB/PR Nº


101.581

Advogado do réu: RAFAEL PORDEUS COSTA LIMA NETO, OAB/CE nº


23599N

Requer, portanto, seja o presente recurso recebido e regularmente


processado.

Termos em que,
Pede deferimento.

São José dos Pinhais, 08 de novembro de 2023.

SARAH EFIGENIA NUNES DEDONO


OAB/PR Nº 101.581

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

RAZÕES DO RECURSO

Processo nº 0017274-45.2023.8.16.0035
Alienação Fiduciária
3ª VARA CÍVEL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
Agravante: LOHAINE HAIANE PEREIRA
Agravado: AYMORE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO S.A

EGRÉGIO TRIBUNAL

COLENDA CÂMARA

A r. decisão de mov. 23.1, merece ser reformada, vez que, indefere


tutela de urgência pleiteada pelo Agravante, situação que o mantem
em risco quanto a demora e resultado útil do processo.

I - BREVE SÍNTESE E DA DECISÃO AGRAVADA.

O tema questionado no presente recurso se trata de AÇÃO


REVISIONAL DE FINANCIAMENTO C.C PEDIDO DE
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO C.C PEDIDO DE TUTELA
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, proveniente de contrato mútuo com
alienação fiduciária, na qual o réu oportunizou em alienação
fiduciária o veículo “MARCA/MODELO: YAMAHA/YS 150 FAZER SED
ANO: 2020/2021 CHASSI: 9C6RG3840M0019728 PLACA: BEY4A84
COR: PRETA RENAVAM: 1255516728”, como garantia do pagamento
do mútuo, obrigando-se ao pagamento de 36X de R$ 543,13
(quinhentos e quarenta e três reais e treze centavos) cada uma.

Entretanto, em junho/2023, movida por necessidades financeiras


bem como de saúde, a Agravante acabou deixando de quitar as
parcelas correspondentes no vencimento, vindo a gerar a mora.

A Agravante, entrou com ação de Revisão de financiamento com


pedido liminar para que seja mantido na posse do veículo em
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espécie, expedindo-se, para tanto, o devido MANDADO DE


MANUTENÇÃO DE POSSE, bem como o deferimento para efetivação
dos depósitos na quantia de R$ 502,55 (quinhentos e dois e
cinquenta e cinco centavos), correspondentes ao valor incontroverso
das parcelas, conforme taxa de juros que deveria ser aplicada pelo
mês e ano, segundo dados banco central.

Dos autos se extrai a decisão liminar (mov. 8.1), em que o Juiz


deferiu em parte a liminar a fim de determinar o depósito judicial do
valor incontroverso, indeferindo a manutenção de posse e
determinando o “o depósito judicial de todas as prestações que já se
venceram, em analogia ao art. 542, I, do CPC, devidamente
acrescido dos encargos de mora contratuais.”

Fora designada audiência de conciliação (mov. 12).

Da decisão, a Agravante protocolou pedido de Reconsideração,


suplicando a Magistrada a quo para quanto ao pedido de
manutenção de posse, explicando que reside em área rural, exerce a
profissão de manicure autônoma e precisa se locomover até a casa
da cliente para realizar seu trabalho, devido a sua localização ser de
difícil acesso e ninguém se interessar em ir até sua casa, não passa
ônibus, muito difícil chegar uber/99 e o valor é gritante da corrida,
chegando ao valor de R$: 48,90 (quarenta e oito reais e noventa
centavos) somente a ida e a distância de sua casa até ao Shopping
São José decorre de 53 min de carro e 48 min de moto.

Do pedido de reconsideração, resultou no indeferimento do pedido


(mov. 23.1), sob argumento “Indefiro o pedido de reconsideração
(evento 19) e mantenho a decisão por seus próprios fundamentos.”

Em continuidade aos atos processuais, o réu veio aos autos,


apresentou Contestação manifestando-se pelo desinteresse na
composição, fato onde a audiência de conciliação fora cancelada.

Prazo em curso para essa Agravante apresentar impugnação a


contestação protocolada.

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A decisão em questão e objeto deste agravo de instrumento, está


localizada no mov. 23.1. A Magistrado a quo, seus próprios
fundamentos, indeferiu a manutenção de posse pleiteada pela
Agravante, bem como pedido de reconsideração mesmo diante da
dificuldade apresentada.

Inconformada com esta decisão, não restou outra alternativa ao


autor a não ser o manejo deste agravo de instrumento.

II – DO DIREITO E DO PEDIDO DE REFORMA.

No atual quadro do país, muitos brasileiros estão sofrendo as


consequências da crise e mesmo assim, de boa-fé, o Agravante,
tentando honrar seu compromisso, se propôs a várias negociações,
não havendo necessidade de tamanha inflexibilidade por parte da
Agravada.

Em relação a decisão interlocutória do respeitável Magistrado,


devemos lembrar que o Brasil adota do sistema de Civil Law a qual
via de regra, o precedente tem a função de orientar a interpretação
da lei, mas necessariamente não obriga o julgador a adotar o
mesmo fundamento da decisão anteriormente proferida e, que tenha
como base uma situação jurídica semelhante, não sendo esta
justificativa para a adoção do stare decisis.

Insta destacar que, se existir fundamento suficiente para afastar um


entendimento jurisprudencial já consolidado, deve então o
magistrado exercer plenamente o seu livre convencimento, sem
qualquer vinculação aos julgamentos anteriores.

Segundo o NCPC, a modificação de entendimento sedimentado


poderá fundar-se, entre outras alegações, na revogação ou
modificação de norma em que se fundou a tese ou em alteração
econômica, política ou social referente à matéria decidida. O que a
norma visa é permitir a revogação de precedentes que já não
correspondem mais à realidade econômica, política, social ou
jurídica.

Por outro lado, as decisões a serem proferidas com a observação


dos precedentes vinculantes devem ser fundamentadas à luz do que
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dispõe o art. 10 do NCPC, preservando o devido contraditório


substancial, e o § 1o do art. 489 NCPC, que exige a fundamentação
específica, definindo quais as razões que levam o órgão julgador a
aplicar, no caso concreto, a orientação do precedente eleito, não
podendo se limitar a sua mera citação ou referência.

Entretanto, o art. 926 NCPC, tem que ser compreendido em


consonância com a função dos recursos ordinários, tais como a
apelação e o agravo de instrumento, onde a função precípua dos
tribunais locais é decidir o caso concreto, reexaminando a decisão
impugnada, pelos argumentos fáticos e/ou jurídicos que a
sustentaram. E, ao atender esta função própria dos órgãos
responsáveis pelo duplo grau de jurisdição, a concretude do caso
pode escapar ao manto da pretendida unicidade do direito.

Por fim, há de salientar que no caso concreto envolvendo a


Agravante, encontram-se presentes os requisitos para a concessão
da tutela provisória de urgência, uma vez que os elementos
carreados aos autos principais evidenciam o direito da Agravante,
baseado em legais e consumeristas, amparados pelos princípios
constitucionais típicos da proteção do consumidor, havendo iminente
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, caso a tutela
provisória não venha a ser concedida, nos termos do art. 300 e
seguintes do NCPC.

Isso, pois a cobrança abusiva e ilícita de encargos monetários,


fundamenta o ingresso da ação revisional nos autos principais,
necessitando a requerente gozar do direito de tutela provisória, a
fim de que o acesso ao Poder Judiciário, insculpida no art. 5º, XXXV,
da Constituição da Republica, seja garantido à peticionante.

De tal maneira, os pleitos de tutela provisória possuem amparo no


art. 300 e seguintes do CPC, uma vez que se fazem presentes os
requisitos de provisoriedade e de evidência.

Fica clara a possibilidade da incidência da teoria do adimplemento


substancial que visando impedir o uso desequilibrado do direito de
resolução do contrato por parte do credor, em prol da preservação
da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da

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função social do contrato, não se mostrando razoável a busca e


apreensão do veículo.

Neste sentido, apresento as seguintes decisões em conformidade


com o caso apresentado, inclusive com precedente do próprio STJ:

DECISÃO: ACORDAM os Julgadores integrantes da Nona Câmara


Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade
de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao Agravo de Instrumento, nos
termos da fundamentação. EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO.
AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE
VEÍCULO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. LIMINAR
INDEFERIDA. PAGAMENTO DE CINQUENTA E UMA DAS SESSENTA
PARCELAS DEVIDAS. APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO
SUBSTANCIAL. PREVALÊNCIA DOS PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ
OBJETIVA E DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO. PRECEDENTES
DESTA CORTE E DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 9ª C. Cível - AI -
1565311-7 - Paranaguá - Rel.: Vilma Régia Ramos de Rezende -
Unânime - - J. 27.10.2016)

(TJ-PR - AI: 15653117 PR 1565311-7 (Acórdão), Relator: Vilma


Régia Ramos de Rezende, Data de Julgamento: 27/10/2016, 9ª
Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1922 16/11/2016)

DECISÃO: Acordam os Excelentíssimos Desembargadores e Juízes


integrantes da 13a Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná, à unanimidade de votos, em conhecer e dar
provimento ao recurso interposto, nos termos do voto relator.
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA E
APREENSÃO. DECISÃO QUE DEFERIU O PEDIDO E DETERMINOU A
RESTRIÇÃO JUDICIAL VIA RENAJUD. RECURSO DO RÉU. APLICAÇÃO
DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL DA DÍVIDA.
CABIMENTO. NEGÓCIO JURÍDICO SUBSTANCIALMENTE CUMPRIDO.
IMPOSSIBILIDADE DE RESOLUÇÃO CONTRATUAL. OBSERVÂNCIA À
BOA-FÉ OBJETIVA E À FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO. CREDOR
QUE DEVE ADOTAR MEDIDA MENOS GRAVOSA PARA RECEBER O
CRÉDITO FALTANTE. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. LIMINAR DE
BUSCA E APREENSÃO DO BEM REGOVADA. POSSIBILIDADE DE

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ACOLHIMENTO DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL QUE NÃO EXCLUI


O DEVER DE ADIMPLIR A DÍVIDA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. 2 (TJPR - 13ª C. Cível - AI - 1530025-7 - Curitiba - Rel.:
Rosana Andriguetto de Carvalho-Unânime - - J. 09.11.2016).

(TJ-PR - AI: 15300257 PR 1530025-7 (Acórdão), Relator: Rosana


Andriguetto de Carvalho, Data de Julgamento: 09/11/2016, 13ª
Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1927 23/11/2016)

0048223-28.2013.8.19.0000 -AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª


Ementa - DES. BENEDICTO ABICAIR - Julgamento: 17/09/2013 –
SEXTA CÂMARA CIVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA
E APREENSÃO. INDEFERIMENTO DA LIMINAR. TEORIA DO
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL OU DO INADIMPLEMENTO MÍNIMO.
Trata-se de agravo de instrumento manejado contra decisão que,
nos autos de ação de busca e apreensão, indeferiu o pedido liminar
formulado pelo agravante. A teoria do adimplemento substancial
visa impedir o uso desequilibrado do direito de resolução do contrato
por parte do credor, em prol da preservação da avença, com vistas à
realização dos princípios da boa-fé e da função social Sexta Câmara
Cível – Agravo de Instrumento nº 0000652- 27.2014.8.19.0000
Página 6 do contrato. O agravado pagou 45 (quarenta e cinco) das
60 (sessenta) parcelas do contrato e propôs ação de revisão de
cláusulas contratuais. A teoria do adimplemento contratual não
equivale à quitação do contrato, mas entendo que a decisão que
indeferiu a liminar deva ser mantida, por não ser teratológica, nem
contraria a lei e à prova dos autos. Negativa de seguimento ao
recurso com fulcro no artigo 557, caput, do CPC.

De acordo com a tese, os fatos narrados e as decisões


apresentadas, respeitosamente, peço a V. Exa. Pela reforma da
decisão interlocutória, deferindo a manutenção de posse para que a
Agravante possa trabalhar, exercer suas atividades e possa ter a
oportunidade de regularizar suas pendências para que se evitem
maiores prejuízos.

PEDIDO RECURSAL

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Diante de todo o exposto, requer seja o presente Agravo de


Instrumento recebido e processado, bem como seja o recurso julgado
de plano pelo MM. Relator, com base no artigo 557, § 1º, do Código
de Processo Civil, deferindo a manutenção de posse em favor da
Agravante.

Requer-se, seja o presente Agravo de Instrumento recebido e


processado, intimando-se a Agravada para apresentar contra-razões,
para que em seu mérito, seja dado provimento ao presente recurso,
sendo reformada a r. decisão a quo, deferindo-se o pedido acima
exposto.

Termos em que,
Pede deferimento.

São José dos Pinhais, 08 de novembro de 2023.

SARAH EFIGENIA NUNES DEDONO


OAB/PR Nº 101.581

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