Razões de Apelação

AO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL COMARCA DE
TAQUARITINGA – ESTADO DE SÃO PAULO,
Processo n. 1003088-49.2022.8.26.0619
CONCEIÇÃO APARECIDA DOS SANTOS

FURLANETTO, Requerente devidamente qualificada nos autos
do processo supramencionado, por intermédio de sua
advogada que esta subscreve, vem, tempestivamente, perante
Vossa Excelência, inconformados com respeitável Sentença
de fls. 136/140 que julgou improcedente a ação,
extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos
do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil,
interpor RECURSO DE APELAÇÃO ao Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, a fim de que seja dado
provimento ao recurso e reformada a Decisão,
consubstanciado nas razões anexas.
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Rua Duque de Caxias, 174 - Centro
CEP 15900-017 - Taquaritinga - SP
Fones (16) 3253.4473 / 98122.8881
e-mail: robertabedran@hotmail.com
A Recorrente deixa de recolher a
taxa de preparo do recurso por ser beneficiária da Justiça
Gratuita.
Nesses termos,
pede deferimento.
Taquaritinga-SP, 16 de dezembro de
2020.
Roberta Bedran Couto

OAB-SP 209.678
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Processo n. 1003088-49.2022.8.26.0619
Recorrente: Conceição Aparecida dos Santos Furlanetto
RAZÕES RECURSAIS
Egrégio Tribunal,
Eméritos Julgadores,
Diante da respeitável Sentença de

fls. 136/140, que julgou improcedente, a Apelante
inconformada com a Decisão, vem, respeitosamente, requerer
seja conhecido este recurso, dando-lhe provimento com a
reforma TOTAL DA SENTENÇA, pelas razões que passa a expor:
Em que pese a respeitável Sentença

de Primeira Instância ter sido proferida por nobre
Magistrado de notável e absoluto saber jurídico, deixou de
aplicar ao caso a merecedora Justiça, senão vejamos:
Antes de adentrarmos ao mérito

propriamente dito, pede-se venia para uma breve digressão
da demanda:
O Apelante ingressou com Ação de

Reparação de Danos Materiais e Danos Morais em face do
Banco Votorantim S/A.
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Alegou, em síntese, que estando
com parcelas do financiamento de seu veículo em atraso,
passou a receber mensagens de cobrança do Banco Requerido
por meio do aplicativo WhatsApp.
Que através do mesmo número pelo

qual recebeu as cobranças, recebeu um boleto de quitação
de seu veículo no valor de 23.346,77 (vinte e três mil,
trezentos e quarenta e seis reais e setenta e sete
centavos), mas que mesmo após saldar a dívida, continuou
recebendo cobranças do Banco Votorantim S/A e do Grupo
Paschoalotto Advocacia.
Que ao verificar novamente o

boleto pago, embora o mesmo possuía todas as
características de um boleto verdadeiro, inclusive com
todos os dados do Banco requerido e da própria
consumidora, constatou-se que o mesmo era falso, pois
constava como beneficiário o nome de “Matheus F. do
Prado”.
Que há culpa por parte da BV

Financeira S.A., pois houve quebra do sigilo bancário e
vazamento dos dados de seu cliente, como o nome, CPF,
modelo do veículo, valor de quitação do veículo, etc.
Pois bem. Essa é a síntese do

pedido inicial.
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DAS RAZÕES PROPRIAMENTE DITAS
No caso vertente, entendeu o nobre

Julgador a quo, pela extinção do feito com resolução do
mérito, por entender que não houve qualquer tipo de falha
na prestação de serviço bancário, entendendo ainda, que
houve culpa exclusiv a por parte da vítima.
Fundamenta o nobre magistrado que

a vítima não teve qualquer tipo de cautela antes de
efetuar o pagamento do boleto, conforme trechos da Decisão
abaixo transcritos:
“(...)Assim, ao efetuar os
pagamentos por esses meios disponíveis, o cliente deve ao
menos conferir o nome do beneficiário antes de concluir o
pagamento, cautela esta que não foi adotada pela parte
autora. (...)”
No entanto, é nítido que houve

vazamento de dados da parte autora pelo banco réu para que
o fraudador conseguisse emitir um boleto falso, pois se
assim não fosse, os fraudadores não conseguiriam o nome da
cliente, valor de quitação do contrato, modelo e ano do
veículo, CPF etc.
Nossa jurisprudência é pacifica

no sentido de ser responsabilidade da instituição
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financeira proteger os dados do contrato sob pena de
responsabilização:
1001293-09.2019.8.26.0491 Classe/Assunto:
Apelação Cível / Bancários Relator(a): Edgard
Rosa Comarca: Rancharia Órgão julgador: 22ª
Câmara de Direito Privado Data do julgamento:
11/08/2020 Data de publicação: 11/08/2020
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. GOLPE DO BOLETO.
FALHA NO SISTEMA DE SEGURANÇA DOS RÉUS.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELO DANO. SÚMULA
479/STJ. CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS INDICATIVAS DE
INEXISTÊNCIA DE CULPA DO CONSUMIDOR, INDUZIDO
EM ERRO PELA VULNERABILIDADE DO SISTEMA. DANO
MORAL CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO MAJORADA DE R$
5.000,00 PARA R$ 10.000,00. DANO MATERIAL
DEMONSTRADO, CONSISTENTE NA PERDA DO VALOR
DESEMBOLSADO PARA QUITAÇÃO DO CONTRATO DE
FINANCIAMENTO. DEVOLUÇÃO DESSA QUANTIA.
DESCABIMENTO. CONTRADIÇÃO COM O PEDIDO DE
INDENIZAÇÃO AMPLA, ENVOLVENDO A RESCISÃO DO
CONTRATO. QUITAÇÃO DO CONTRATO, PELO VALOR DE
R$ 17.000,00, QUE DEVE SER SUPORTADA PELOS
RÉUS, SOLIDARIAMENTE, SEM DEVOLUÇÃO DA QUANTIA
AO AUTOR. CONSEQUENTE ÓBICE À BUSCA E
APREENSÃO DO VEÍCULO E NEGATIVAÇÃO DO NOME DO
AUTOR, COM DETERMINAÇÃO DE BAIXA DO GRAVAME. -
RECURSO DO AUTOR PROVIDO EM PARTE. - RECURSOS
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DOS RÉUS DESPROVIDOS. (O negrito não consta do
original)
2157733-97.2020.8.26.0000 Classe/Assunto:
Agravo de Instrumento / Contratos Bancários
Relator(a): Claudia Grieco Tabosa Pessoa
Comarca: Jundiaí Órgão julgador: 19ª Câmara de
Direito Privado Data do julgamento: 14/08/2020
Data de publicação: 14/08/2020
Ementa: Agravo de instrumento - Tutela
cautelar antecedente – Indeferimento –
Deduzido pagamento pontual de parcela, com
possível fraude na emissão de boleto -
Elementos indiciários da fraude perpetrada em
face da requerente, havendo de ser
consideradas a possibilidade de transferência
do ônus probatório às recorridas, porque em
relação de consumo, e a reversibilidade da
medida pleiteada - Prudente que se mantenha,
por ora, a suspensão das cobranças, até que
tenha o d. Juízo melhores elementos para
aferir a veracidade do negócio impugnado –
Medida reversível – Decisão reformada, para
concessão da liminar determinando retirada do
nome da autora de cadastros restritivos de
crédito – Recurso provido. (O negrito não consta do
original)
1037853-19.2016.8.26.0114 Classe/Assunto:
Apelação Cível / Bancários Relator(a): Mauro
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Conti Machado Comarca: Campinas Órgão
julgador: 16ª Câmara de Direito Privado Data
do julgamento: 10/08/2020 Data de publicação:
10/08/2020
Ementa: Apelação. Contratos bancários. Ação de
indenização por danos material e moral.
Sentença de improcedência. Fraude em boleto
bancário. Pagamento efetuado, mas o crédito
foi enviado para conta de terceiro, diversa da
do beneficiário-credor. Autora que apresentou
prova suficiente a indicar a ocorrência de
erro ou fraude. Impossibilidade de a autora
perceber o equívoco no código de barras e a
fraude perpetrada, pois no boleto estavam
corretos tanto o beneficiário quanto o valor
devido. Relação de consumo. Responsabilidade
exclusiva do banco, e não concorrente, pois se
ele disponibiliza o sistema de pagamento
através de boleto, deve se responsabilizar por
eventual falha na prestação desse serviço
Inexistência, ainda, de fortuito externo, pois
o banco requerido figurava como o emitente dos
títulos. Responsabilidade objetiva da
instituição financeira, nos termos do artigo
14 do CDC. Incontroversa a falha na prestação
dos serviços bancários, diante da ausência de
comprovação na regularidade de suas operações.
Dano material reconhecido. Dano moral
configurado. Reconhecimento da validade do
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pagamento efetuado pelo autor. Aplicação do
artigo 309 do Código Civil. Hipótese em que o
pagamento realizado de boa-fé ao credor
putativo exonera o devedor. Indenização
arbitrada no valor de R$ 10.000,00, em atenção
aos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade. Inversão do ônus
sucumbencial. Recurso provido. (O negrito não
consta do original)
Como se vê, o entendimento

majoritário é de que a requerida deve fornecer todos os
meios de segurança para seus clientes, devendo arcar com
todo ônus de possível fraude em seu sistema.
Evidente ficou que a requerente

não teve culpa, tendo sido uma vítima da má gestão e
segurança da requerida.
O cenário criado pelo terceiro

fraudador levou o apelante a acreditar que realmente
estava tratando com representante da apelada e, portanto,
pediu o envio do boleto.
O pagamento foi realizado pela

apelante de boa-fé.
Não é possível sustentar a ideia

de que o homem médio tem condições de prever a ocorrência
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de tal tipo de fraude, e com isso, evitá-las. Cediço que a
cada dia que passa, a população é bombardeada por notícias
a respeito das mais diversas fraudes ocorridas junto ao
sistema bancário em geral. Cediço, também, que os
fraudadores vão se especializando para conseguirem atingir
os seus objetivos.
Claramente, houve vazamento de

informações confidenciais acerca do contrato celebrado
entre as partes. O que se deu no âmbito de atuação da
apelada.
DOS PEDIDOS
Em face do exposto, a Apelante

requer de Vossas Excelências data maxima venia, se digne
dar PROVIMENTO ao presente Recurso, reformando-se
totalmente a aludida Sentença de fls. 136/140, para o fim
exclusivo de julgar a ação PROCEDENTE, com:
a) O ressarcimento à apelante no
montante de R$ 23.346,77 (vinte e três mil e trezentos e
quarenta e seis reais e setenta e sete centavos),
referente ao desembolso feito em razão do falso boleto que
lhe foi enviado para quitação integral do contrato n.
1/12301000000727;
b) Que o Apelado seja condenado a
indenizar a Apelante no importe de R$20.000,00(vinte mil
reais), referente ao imensurável dano moral;
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Tudo isso com a finalidade de
praticar-se, de maneira eficaz, a verdadeira e necessária
JUSTIÇA.
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Recorrente: Conceição Aparecida dos Santos Furlanetto

Diante da respeitável Sentença de

Em que pese a respeitável Sentença

Antes de adentrarmos ao mérito

O Apelante ingressou com Ação de

Que através do mesmo número pelo

Que ao verificar novamente o

Que há culpa por parte da BV

Pois bem. Essa é a síntese do

No caso vertente, entendeu o nobre

Fundamenta o nobre magistrado que

No entanto, é nítido que houve

Nossa jurisprudência é pacifica

Como se vê, o entendimento

Evidente ficou que a requerente

O cenário criado pelo terceiro

O pagamento foi realizado pela

Não é possível sustentar a ideia

Claramente, houve vazamento de

Em face do exposto, a Apelante

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