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MM JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE PORTO ALEGRE/RS

CARLOS JORANDI DE OLIVEIRA, brasileiro, inscrito no CPF 467.033.900-10,


residente e domiciliado na Rua Tricolor, n. 140, no bairro Santa Rosa de Lima, na cidade
de Porto Alegre/RS, CEP 91.170-210, por sua advogada constituída infra-assinada, no
endereço eletrônico: dravaleriapinto@gmail.com, vem mui respeitosamente perante Vossa
Excelência, propor

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
DE RITO ORDINÁRIO

Em face de

MULTICLEAN - LOCACAO DE MAO DE OBRA LTDA, inscrita no CNPJ


04.206.409/0001-10, sito na Rua Doutor Barros Cassal, 33, Sala 902, bairro Floresta, na
cidade de Porto Alegre/RS, CEP 90.035-030,

MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE, inscrita no CNPJ 92.963.560/0001-60, sito na Rua


Rua Coronel Fernando Machado, 657, bairro Centro Historico, na cidade de Porto
Alegre/RS, CEP 90.010-321,

com base nas razões de fato e de direito adiante invocadas:

DOS FATOS E DO DIREITO:

O reclamante sofreu um acidente de trabalho e estava afastado por auxílio-doença;


na época, o autor ajuizou duas reclamatórias trabalhistas, uma acidentária e outra ordinária,
esta sob nº 0020547-15.2020.5.04.0005, na qual discute diferenças salariais em
decorrência de desvio e/ou acúmulo de funções e horas extras.

Na reclamatória acidentária, o reclamante postulou danos morais e materiais


decorrentes do acidente de trabalho e pensionamento (RT 0020735-30.2020.5.04.0030) em
razão do tipo de lesão sofrida e redução da capacidade atestada em laudo pericial naqueles
autos.

O reclamante foi admitido em 01/11/2017 na função de auxiliar de serviços gerais, e


no dia 06/11/2019 caiu do telhado de uma obra onde realizava troca de telhas (Emef Dolores
Alcaraz Caldas), sendo encaminhado ao Hospital Cristo Redentor e, após, afastado por
benefício previdenciário acidentário.

Após longo período afastado, em AGO/2023 o reclamante teve alta do INSS e tentou
retornar à empresa, sem sucesso. A reclamada não fechou totalmente suas portas, mas é
sabido que está com postos reduzidos ou nenhum, o que não impede uma resposta ao
reclamante, nem mesmo a rescisão contratual, que não foi efetivada.

O reclamante não teve o FGTS depositado quando esteve afastado devido ao


acidente de trabalho, assim devendo ser pagos os períodos suprimidos, sendo credor das
diferenças.

Assinado eletronicamente por: ANA VALERIA PINTO CASTIGLIONE - Juntado em: 06/11/2023 11:52:32 - 9a479c2
Como sabido por esta especializada, a primeira reclamada perdeu os postos de
trabalho e atualmente parece não ter atividade, mas não fechou, sendo que o reclamante
não encontrou qualquer preposto ou atendimento para retornar ao trabalho, nem mesmo foi
encaminhado para novo posto, ou até mesmo teve o contrato rescindido, na verdade, foi
ignorado, sofrendo afronta à sua dignidade.

Assim, requer a rescisão indireta do contrato de trabalho, com o pagamento do


período estabilitário, e expedição de alvará para saque do FGTS e encaminhamento do
seguro-desemprego.

O reclamante foi contratado como terceirizado para atuar nas escolas municipais,
tendo sofrido o acidente enquanto no exercício de suas funções, pouco se importando o
tomador sobre a situação desses trabalhadores no encerramento do contrato com a
prestadora.

Além do mais, como já dito, o FGTS do período não foi depositado sendo de
responsabilidade da segunda reclamada fiscalizar e cobrar para que isso ocorresse e não
saísse o reclamante prejudicado na relação contratual, por ser a parte hipossuficiente. Isso
que mostra novamente um total abandono do segundo reclamado.

A responsabilidade da tomadora é de fácil constatação, invocando-se o disposto na


Súmula 331, inciso IV e V do TST c/c Súmula 11 do TRT4.

A parte reclamante é pessoa pobre na acepção do direito, não tendo condições de


arcar com custas e despesas processuais, nem mesmo honorários advocatícios,
postulando a concessão do benefício da justiça e assistência judiciária gratuitas.
Por fim, cabe ressaltar que o valor da causa não se confunde com o montante da
condenação, não devendo o valor atribuído aos pedidos servirem de limites para a
condenação da parte contrária, sob pena de severo prejuízo da parte reclamante e
enriquecimento ilícito da parte devedora; até porque os cálculos exatos demandariam
análise da documentação que será apresentada futuramente pela parte adversa em
contestação, se apresentar.
Em síntese, requer-se o afastamento de qualquer possibilidade de limitação do valor
da condenação à estimativa dos pedidos constantes na petição inicial, uma vez que o § 1º
do art. 840 da CLT estabelece tão somente a indicação das quantias estimativas das verbas
postuladas, não sendo exigida a liquidação dos pedidos.
O art. 840, § 1º da CLT, ao dispor que a reclamação escrita deverá conter a indicação
do valor do pedido, refere-se a uma mera estimativa do direito, não de liquidação
antecipada. Esse é o entendimento deste TRT4, conforme decisão in verbis:
LIMITAÇÃO DA CONDENAÇAO AO VALOR DA CAUSA. O art. 840, §
1º da CLT, ao dispor que a reclamação escrita deverá conter a indicação
do valor do pedido, refere-se a uma mera estimativa, não de liquidação
antecipada, mormente porque muitos cálculos demandam análise da
documentação a ser apresentada pela parte ré. (TRT4, 10ª Turma,
0020897-03.2019.5.04.0663, Des. Marcelo Gonçalves de Oliveira,
29/04/2020).

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Logo, o valor da causa é uma estimativa provisória passível de posterior adequação
aos valores apurados na sentença ou na fase de liquidação.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, a reclamante requer:
1. A declaração da responsabilidade subsidiária e/ou solidária da tomadora e a
condenação das reclamadas ao pagamento das verbas postuladas abaixo;

2. Seja declarada a rescisão indireta do contrato de trabalho e a condenação da


reclamada ao pagamento das verbas rescisórias devidas, sendo saldo de salários
incluindo período de alta até rescisão R$ 3.035,10, aviso prévio R$ 2.428,08, décimo
terceiro salário R$ 1.517,55, férias com adicional constitucional R$ 337,23 acrescido
da multa do FGTS R$ 3.481,60, no valor inicial a ser calculado em liquidação de
sentença de R$ 10.799,56;

3. A condenação da reclamada ao pagamento do período estabilitário com pagamento


dos salários do período e adicionais devidos, reflexos em FGTS e multa respectiva,
no valor inicial a ser calculado em liquidação de sentença de R$ 19.200,00;

4. A condenação da reclamada ao pagamento das diferenças de FGTS pelo período


que ficou afastado devido ao acidente, com reflexos na multa fundiária, no valor inicial
a ser calculado em liquidação de sentença de R$ 5.888,00;

5. A condenação das reclamadas ao pagamento da multa celetista do artigo 467, no


valor inicial a ser calculado em liquidação de sentença de R$ 5.399,78;

6. A condenação das reclamadas ao pagamento da multa celetista do artigo 477, no


valor inicial a ser calculado em liquidação de sentença de R$ 1.600,00;

7. A condenação das reclamadas ao pagamento de danos morais no importe inicial de


R$ 7.000,00;

8. Seja concedido o benefício da justiça e assistência judiciária gratuita, isentando


a autora de qualquer pagamento de custas e/ou despesas judiciais, incluindo
honorários advocatícios, visto ser pobre na acepção do direito, não tendo condições
de arcar sem prejuízo próprio e da família;

9. A condenação da reclamada ao pagamento das custas e despesas processuais


e pagamento de honorários advocatícios a serem fixados por este juízo em 15%
sobre o valor bruto da condenação a ser calculado em liquidação de sentença;
Ainda, requer:
a) A notificação da reclamada para, querendo, responder, sob pena de condição e
revelia;

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b) Seja julgada totalmente procedente a reclamatória, acrescidos de juros e correção
monetária, além de despesas e custas processuais;
c) Seja o valor da causa considerado como mera estimativa provisória de valor, passível
de posterior adequação em fase de liquidação de sentença, visando a restituição
integral do prejuízo da reclamante e evitando o enriquecimento ilícito;
d) Requer a produção de toda prova admitida em direito, em especial a prova
documental, testemunhal, pericial, com colheita de depoimento pessoal, inclusive.
Dá-se à causa o valor de R$ 49.887,34.
Nesses termos, pede e espera deferimento.
Porto Alegre, OUT/2023.

Ana Valéria Pinto Castiglione


OAB/RS 83.867-B

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https://pje.trt4.jus.br/pjekz/validacao/23110611510805600000138458697?instancia=1
Número do documento: 23110611510805600000138458697

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