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AO JUIÍZO DA VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS

KARLA DENISE SOARES DE CAMARGO, brasileira, solteira,


desempregada, CPF 853.142.690-15, residente e domiciliada R.
Francisco Martins, nº 269, Bairro Cascata, em Porto Alegre/RS,
CEP 91712-150, por seus procuradores firmatários, “ut”
instrumento procuratório, que recebem intimações que
recebem intimações na Rua Anita Garibaldi, nº 1143, conj.
612/614, Bairro Mont’Serrat - Porto Alegre/RS – CEP 90.450-
001, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
propor, contra REALIZE NEXT PRESTACAO DE SERVICOS LTDA,
inscrita no CNPJ nº 01.352.504/0001-33, sediada na Av. Veiga,
nº 146, Bairro Coronel Aparício Borges em Porto Alegre/RS, Cep
91510-120, email: servicosrealize.poa@gmail.com e
CONDOMÍNIO EDIFÍCIO MONTE CARLO, inscrita no CNPJ nº
03.301.745/0001-89, sediado na Prof. Cristiano Fischer, nº 152,
Bairro Alto Petropolis, em Porto ALEGRE/RS, CEP 91410-000 a
presente RECLAMATÓRIA TRABALHISTA, pelas razões e
fundamentos seguintes:

1. DO CONTRATO DE TRABALHO.

A reclamante foi admitida pela reclamada em 09/02/2023 para


exercer a função de auxiliar de limpeza, laborando na condição de horista. Recebia em
média R$ 1.100,00 (mil e cem reais) + 40% de insalubridade, tendo como base o último
salário, o valor de R$ 1.589,25 (mil quinhentos oitenta e nove reais e vinte e cinco
centavos), conforme CTPS em anexo. Entretanto, em 16/10/2023 a reclamante foi
dispensada por justa causa após a alta previdenciária, de uma forma totalmente
arbitrária. A dispensa foi imotivada e injusta, o que se verá adiante.

2. DO LITISCONSÓRCIO PASSIVO.

Cumpre destacar, que não se pretende o reconhecimento da relação


de emprego com a segunda reclamada, entretanto, a Segunda Reclamada deve ser
responsabilizada de forma solidária e/ou, no mínimo, de forma subsidiária, pelos
valores devidos pela Primeira na presente demanda, uma vez que foi efetiva
beneficiária do labor da obreira e, sobretudo, agiu concomitantemente de forma
negligente ao deixar de fiscalizar as obrigações do contrato de emprego, nos termos
dos arts. 186, 187, 927 e 940 do CCB c/c Súmula 331, IV do C.TST.

A Autora prestou serviços nas dependências da segunda Reclamada,


que foi a tomadora e a beneficiária direta dos serviços prestados pela trabalhadora,
impõe- se declarar a sua responsabilidade subsidiária pelas obrigações assumidas pela
primeira Reclamada para com a Reclamante, decorrentes do contrato de trabalho, na
forma da Súmula nº 331 do Col. TST.

3. DA REVERSÃO DA JUSTA CAUSA

A Trabalhadora em comento fora desligada da empresa Reclamada


com a aplicação de justa causa com a justificativa de que houve ato de improbidade e
incontinência ou má conduta praticados pela trabalhadora, nos termos do artigo 482,
alíneas "E e H", da CLT.

Ocorre Nobre Julgador, que não há justificativa plausível para que


houvesse a aplicação da penalidade máxima prevista na legislação trabalhista (justa
causa) em face da Obreira, isso porque a trabalhadora não praticou a conduta descrita
no aviso de demissão por justa causa.

Vejamos os fatos, a Reclamante sempre fora uma funcionária


assídua, sem faltas injustificadas ou atrasos no exercício de sua atividade laboral, sem
ter cometido qualquer falta grave, e mais SEM NUNCA TER RECEBIDO SEQUER
QUALQUER ADVERTÊNCIA OU SUSPENSÃO, em especial por atos de indisciplina e
qualquer outra conduta.

Constou da comunicação de dispensa por justa causa entregue em


a autora pela preposta da Reclamada o seguinte:

Ocorre que, não houve nenhum ato faltoso por parte da reclamante,
onde os motivos apresentados para a dispensa são totalmente infundados. Insta
salientar que a autora fora diagnosticada com Transtorno Bipolar (CID 10 F31.6) e
Depressão (CID 10 F32.2), conforme atestados por profissionais de saúde habilitados
em anexo.

Na data do dia 15/06/2023, a autora estava apresentando episódios


agressivos devido aos sintomas decorrentes das patologias enfrentadas. Diante disso, a
obreira comunicou o seu companheiro sobre o ocorrido, onde o mesmo a fim de
auxiliá-la e preocupado com seu estado de saúde, compareceu ao endereço do
Condomínio Réu para levar a medicação apropriada e posteriormente ao ver o estado
de sua parceira, solicitou que se dirigisse a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
para receber atendimento médico adequado, haja vista que a reclamante estava com
sua saúde mental fragilizada, e a atitude de seu companheiro visava garantir
integridade física e emocional. Portanto, em nenhum momento houve “brigas”
conforme narrada pela reclamada ao comunicar sua dispensa, logo, é justa a
reversão da justa causa aplicada indevidamente.

No dia subsequente à dispensa, a autora de fato buscou atendimento


médico, ocasião em que o médico, ciente da gravidade de seu quadro clínico e da
incapacidade laboral, solicitou o afastamento imediato das atividades laborais. Diante
disso, em 04/07/2023, fora solicitada a concessão do benefício por auxílio-doença
junto ao INSS, o qual foi deferido, onde a obreira permaneceu afastada de seu
trabalho 15/10/2023, quando do seu retorna fora comunicada a despedida por justa
causa.

Cumpre salientar que a dispensa foi totalmente injusta e arbitrária.


Os motivos alegados para justa causa não se sustentam e não condizem com a
realidade dos fatos. Ora excelência, além de passar por um momento difícil em sua
vida, a comunicação de dispensa ocorreu meses após a alegada conduta faltosa,
ferindo o princípio da imediatidade, que é essencial em casos de justa causa. Desta
feita, ficou clara a tentativa do Empregador de livrar-se do funcionário, sem lhe
pagar as suas verbas rescisórias na íntegra.

Sobre o tema, a jurisprudência é uníssona no seguinte sentido:

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. RESCISÃO CONTRATUAL POR JUSTA


CAUSA. A despedida por justa causa, em razão da natureza do ato e suas
consequências, morais e financeiras, severamente prejudiciais ao
trabalhador, exige prova irrefutável, por parte do empregador. A este cabe o
ônus de demonstrar a veracidade das alegações, ao enquadrar a atitude
do empregado nas hipóteses do artigo 482 da CLT, bem como proporção
da penalidade e imediatidade de sua aplicação. Hipótese em que os fatos
ensejadores da dispensa por justa causa não se mostram grave o suficiente
e não houve imediatidade na aplicação da pena. Recurso não provido. (TRT
da 4ª Região, 5ª Turma, 0020465-36.2022.5.04.0741 ROT, em 11/07/2023,
Desembargadora Angela Rosi Almeida Chapper) (grifamos)

DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA. PEDIDO DE REVERSÃO. A despedida por justa


causa é a penalidade máxima aplicável ao empregado, repercutindo não só
no pagamento das verbas rescisórias, mas também na vida profissional do
trabalhador. Assim, é válida a despedida por estar comprovada a falta
cometida pelo empregado, e a sua imediatidade entre a falta e a pena
máxima aplicada. (TRT da 4ª Região, 11ª Turma, 0020395-
37.2021.5.04.0811 ROT, em 02/12/2022, Desembargador Manuel Cid
Jardon) (grifamos)

WMS SUPERMERCADOS DO BRASIL LTDA. JUSTA CAUSA. REVERSÃO.


AUSÊNCIA DE IMEDIATIDADE. A ausência de imediatidade entre a conduta
do empregado e a despedida por justa causa nela fundamentada resulta
na nulidade da punição. (TRT da 4ª Região, 1ª Turma, 0021302-
61.2019.5.04.0009 ROT, em 03/12/2021, Desembargador Fabiano Holz
Beserra) (grifamos)

É evidente que justa causa aplicada à reclamante é desproporcional,


ilegal e injusta, devendo ser revertida para a dispensa sem justa causa. Sendo assim,
requer a reversão da justa causa, para a demissão sem justa causa, tendo em vista o
cunho discriminatório e desproporcional da punição aplicada, fazendo jus ao
recebimento de todas as verbas o FGTS, bem como a entrega das guias para saque do
saldo de FGTS, além das guias para habilitação no programa do seguro-desemprego.

4. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

Em virtude de ter sido dispensado por justa causa, a reclamante não


recebeu todas as verbas supracitadas, oriundas da rescisão do contrato de trabalho.
Sendo que, uma vez revertida a dispensa por justa causa, são devidas as seguintes
verbas rescisórias:

• Aviso prévio indenizado de 30 (trinta) dias;


• Saldo de salário;
• 13° salário proporcional, na base de 6/12 avos, referente ao
período trabalhado, antes de seu afastamento, com a devida
integração do aviso prévio no contrato de trabalho;
• Férias proporcionais, com um terço, na base de 6/12 avos, com
integração do aviso prévio no contrato de trabalho;
• Liberação das guias do FGTS com a Multa de 40%, ou na forma
indenizada;
• Liberação das guias do seguro-desemprego.

Outrossim, ainda que seja mantida a dispensa por justa causa, o que
não se espera, mesmo assim são devidas, no mínimo, as seguintes verbas rescisórias:
13º salário proporcional e férias integrais e proporcionais, já que se trata de direitos
fundamentais conferidos pela Constituição, os quais não podem ser retirados do
trabalhador através de lei infraconstitucional.

Neste sentido, é o entendimento sumulado do Tribunal Regional do


Trabalho da 4ª Região:

Súmula 93: DISPENSA POR JUSTA CAUSA. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO


PROPORCIONAL. A dispensa por justa causa do empregado não afasta o
direito ao pagamento do 13º salário proporcional.

Súmula 139: DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA. FÉRIAS PROPORCIONAIS: A


dispensa por justa causa do empregado não afasta o direito ao pagamento
das férias proporcionais.
Assim, a reclamada deve ser condenada ao pagamento de, no
mínimo: Saldo de salário, 13º salário e férias e proporcionais, caso não haja a reversão
da justa causa.

5. DA MULTA PREVISTA NO ART 477 DA CLT

Tendo em vista a dispensa com justa a causa, a reclamante não


recebeu as verbas rescisórias dentro do prazo legal.
No que diz respeito a multa prevista no art. 477, §8º da CLT, faz o
reclamante jus a esta uma vez que não teve suas parcelas rescisórias quitadas dentro
do prazo legal, ou seja, após o prazo de 10 (dez) dias da data da dispensa, nos termos
do §6º do r. artigo, in verbis:

Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá


proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar
a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas
rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.
[...] § 6º - A entrega ao empregado de documentos que comprovem a
comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o
pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de
quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do
contrato.
[...] § 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o
infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da
multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário,
devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando,
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.

A dispensa ocorreu de forma injusta com o único propósito de evitar


o pagamento das verbas rescisórias devidas à Reclamante. Diante da ilicitude da
dispensa, portanto, a Reclamante faz jus ao pagamento de um salário, nos termos do
mencionado dispositivo legal, em razão da conduta abusiva da empregadora, que
descumpriu suas obrigações trabalhistas.

Colaciona-se jurisprudência do TST sobre o tema:

RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. REVERSÃO DA


JUSTA CAUSA EM JUÍZO. A legislação prevê o pagamento de diferentes
parcelas a depender da modalidade do término contratual, havendo
substancial diferença entre as verbas rescisórias devidas nas dispensas sem
justa causa e por justa causa. No caso da justa causa, o trabalhador faz jus
tão somente às parcelas porventura vencidas e ao saldo de salário, deixando
de receber diversas verbas trabalhistas, como 13º salário e férias
proporcionais e multa de 40% do FGTS. Assim, esta Corte Superior entende
que a reversão da justa causa em juízo não impede a incidência da multa
do art. 477, § 8º, da CLT, uma vez que o empregador suprimiu
unilateralmente o pagamento de significativas verbas rescisórias, devendo
arcar com as consequências da aplicação equivocada da dispensa por justa
causa. Precedente da SDI-1/TST. Recurso de revista conhecido e provido.
(TST - RR: 10967520155020444, Relator: Dora Maria da Costa, Data de
Julgamento: 07/03/2018, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/03/2018)
(grifamos)

6. APLICABILIDADE DO ART. 467 DA CLT:

Da mesma forma deverá a reclamada pagar as verbas incontroversas


na primeira audiência, sobre pena de pagamento em dobro, conforme determina o
Art. 467 da Consolidação das Leis do Trabalho.

7. DO DANO MORAL

Conforme acima relatado, a Reclamada ao aplicar penalidade


indevida ao Reclamante, sobretudo, a pena máxima permitida na legislação
trabalhista, qual seja, a demissão por justa causa, proporciona a Reclamante manifesta
violação nos seus sentimentos íntimos e profundos, causando-lhe prejuízos
irreparáveis para efeito de recolocação no mercado de trabalho, em face da marca
negativa em seu currículo profissional.

A ilustre doutrinadora Sandra Negri Cogo1 nos ensina que:

"A dignidade é uma qualidade inerente à essência do ser humano e para o


ordenamento se apresenta como um bem jurídico absoluto, inclinável,
irrenunciável, inegociável. Bem Jurídico que pertence a todos
indistintamente, guardado e conservado para todos, oponível contra todos
os seus agressores. Um bem indisponível, consequentemente, um bem fora
do comércio. A gestão de pessoas, através do hodierno modelo
administrativo, inclusa numa canibalesca economia de mercado, controla
todo o ambiente laboral: riquezas, máquinas, trabalhador e sua
produtividade psíquica. Cabe ao aplicador do Direito a preservação da
dignidade da pessoa humana, dos direitos fundamentais e da integridade
psicológica do trabalhador, num esforço de exegese do texto constitucional,
buscando restabelecer o equilíbrio das relações laborais quebrado pelo
empregador".

É inegável que a dispensa imotivada por justa causa trouxe


problemas para a obreira que, sem motivos aparentes, foi demitida por justa causa
após retorno ao trabalho, onde manteve-se afastada, justamente para cuidar e tratar a
sua saúde mental.

A dispensa arbitrária, além de violar os princípios basilares do direito


do trabalho, provocou danos irreparáveis à integridade emocional da reclamante, que
desencadeou problemas psicológicos durante a vigência do contrato de trabalho,
causando sofrimento, angústia e abalo psicológico. A ausência de uma fundamentação
adequada e a comunicação tardia da dispensa agravam ainda mais a situação, ferindo
os direitos fundamentais e princípios éticos que regem as relações de trabalho.

1
Gestão de Pessoas e a Integridade Psicológica do Trabalhador - A dignidade humana como limite aos poderes da empresa em
face do contrato de trabalho". São Paulo: LTR, 2006, páginas 155/156).
Excelência, a situação que gerou o dano moral, está na conduta
ardilosa e lesiva da Reclamada. Veja que a Reclamante demonstra documentalmente
a necessidade de ausência do labor, justificando-a tal como determina os preceitos
pátrios, e a Reclamada buscando de forma vil punir a Reclamante, a demitiu por
justa causa, OU SEJA: A RECLAMADA TRANSFERIU O ÔNUS PROBANTE A
RECLAMANTE; IMPEDIU-O DE SACAR FGTS; IMPEDIU DE HABILITAR-SE JUNTO AO
PROGRAMA DO SEGURO DESEMPREGO, isso tudo após ter passado QUATRO MESES
do dia que além de ocasionar o afastamento da autora, e, ainda que os fatos que
constam na comunicação da dispensa, é evidente a ocorrência do PERDÃO TÁCITO.

A Reclamada não demonstrou nenhum tipo de averiguação,


simplesmente imputando a falta grave a Autora para então lhe aplicar a grave
demissão, a fim de lhe coibir nos direitos trabalhistas e pagar-lhe a menor para
simplesmente deixar de gastar com verbas rescisórias, lamentável. Tal fato deve ser
defenestrado do mundo laboral, onde as empregadoras criam situações de
advertências e suspensões para aplicar a justa causa no empregado, ou simplesmente
a aplicam, com a finalidade de evitar os pagamentos de impostos determinados em lei.

A atualidade do labor brasileiro, talvez motivada pela fraca


economia, tem trazidos aos trabalhadores esta aplicação de falta grave, onde as
empresas têm realizado com a única exclusividade de economizar nos pagamentos.

Diante dos requisitos da obrigação de indenizar presentes no caso


em tela, diga-se, o ato ilícito da Reclamada, o dano moral experimentado pela
reclamante e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano, e com fundamento nos
artigos 186 e 927 do CCB e no artigo 5º, inciso V, da CF/88, deverá a Reclamada ser
condenada a reparar o dano moral causado a Reclamante.

Este é o entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da 04º


Região:

DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA. NULIDADE. INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. 1. A dispensa do empregado por justa causa é medida extrema que
macula a vida profissional do trabalhador, razão pela qual exige prova
robusta por parte do empregador, a quem incumbe o ônus probatório, nos
termos dos arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC. 2. A despedida por justa causa
inválida, em si, causa abalo moral indelével à imagem do trabalhador,
manchando seu nome e reputação, quando demonstrada sua nulidade e
abusividade, como no caso dos autos. 3. Inequívoco o dano moral
experimentado pela parte autora em razão da despedida por justa causa
nula que lhe foi ilicitamente imposta, ferindo sua honra e dignidade. 4.
Indenização por danos morais devida. (TRT da 4ª Região, 8ª Turma,
0020595-41.2021.5.04.0812 ROT, em 16/05/2023, Marcelo Jose Ferlin
D'Ambroso)

Não obstante, a autora além de enfrentar abalos psicológicos pela


dispensa imotivada, não recebeu nenhum valor referente as suas rescisórias, conforme
mencionado anteriormente.
A falta de pagamento das verbas rescisórias afronta o princípio da
dignidade da pessoa humana da trabalhadora, sobretudo pela sua natureza alimentar,
e o não pagamento no prazo legal acarreta inúmeros e sérios transtornos, afetando a
dignidade da empregada e o seu patrimônio pessoal.

Importante mencionar, que a situação se agrava, em razão da autora


ser mãe de menor impúbere, no qual depende diretamente de seus recursos para sua
subsistência, onde a falta de pagamento das verbas rescisórias e a injusta dispensa
geram prejuízos imediatos não apenas a empregada, mas também toda à sua família,
comprometendo o sustento e bem-estar.

É inegável que o não recebimento oportuno da contraprestação


pecuniária causa prejuízos nefastos na vida social do trabalhador, assim como
transtornos financeiros e constrangimentos, que acabam por afetar, indubitavelmente,
a higidez psíquica, a honra e a dignidade da pessoa humana. Isso porque o salário é o
resultado da alienação da força de trabalho, o único bem de que a maioria dos
trabalhadores dispõe para garantir a sobrevivência. Essa é a razão pela qual a
Constituição Federal trata a proteção do salário como direito fundamental e considera
criminosa a sua retenção dolosa (art. 7º, X).

Neste sentido, ocorre que o Colendo TRT4 já reconhece a dano moral


in re ipsa neste caso, bem como a reparação do dano neste tipo de ocorrência
trabalhista. Senão, vejamos:

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. O não pagamento das verbas rescisórias, além de inquestionáveis
transtornos à vida do empregado, causa angústia e aflição àquele que
depende do pagamento do que lhe é devido para subsistência própria e de
sua família, sendo devida a indenização por danos morais. O pagamento da
contraprestação mínima, no momento em que mais o trabalhador necessita,
é direito básico, e não pagamento gera dano moral. Recurso provido no
aspecto. (TRT-4 - ROT: 00207388620195040331, Relator: LUIZ ALBERTO DE
VARGAS, Data de Julgamento: 14/07/2023, 8ª Turma)

INADIMPLEMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS. DANO MORAL IN RE IPSA. De


acordo com o entendimento desta Turma, a falta de pagamento das verbas
rescisórias gera presunção de dano moral indenizável ao empregado. ((TRT
da 4ª Região, 1ª Turma, 0020387-04.2022.5.04.0204 ROT, em 18/05/2023,
Desembargador Roger Ballejo Villarinho)

Por todo exposto, a Reclamada deverá ser condenada ao pagamento


de uma indenização por danos morais pela dispensa imotivada e o não pagamento das
verbas rescisórias, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

8. DAS DIFERENÇAS DO PAGAMENTO DE INSALUBRIDADE


Conforme os contracheques em anexo, resta incontroverso que a
reclamante recebia o pagamento de insalubridade. Contudo, os pagamentos foram
realizados de forma equivocada, em desrespeito a legislação trabalhista e convenção
coletiva.

Por mais que a Primeira Reclamada tenha reconhecido que o


Reclamante mantinha contato com condições prejudiciais à saúde, vindo a estabelecer
o pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo (40%) durante o contrato
de trabalho, verifica-se que este direito foi calculado e pago equivocadamente, eis que
não considerou como base nem o valor do “salário mínimo nacional” e nem o “salário
normativo da função”, conforme pode se verificar com algumas folhas de pagamento
em anexo.

A convenção coletiva da categoria, em sua Cláusula Terceira,


estabelece como salário normativo geral da categoria profissional o valor de
R$1.431,04 (um mil, quatrocentos e trinta e um reais com quatro centavos), bem
como, em sua cláusula décima sétima determina que o pagamento do adicional de
insalubridade, deverá ser calculado com base no salário normativo da respectiva
função, qual seja, o valor de R$ 572,41 (quinhentos e setenta e dois reais e quarenta e
um centavos) o que não ocorreu durante o contrato de trabalho.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. Devidas diferenças do adicional de


insalubridade, pela consideração do salário-mínimo regional como base de
cálculo, diante de previsão expressa nesse sentido em norma coletiva. (TRT
da 4ª Região, 6ª Turma, 0020747-63.2020.5.04.0541 ROT, em 11/05/2023,
Desembargadora Maria Cristina Schaan Ferreira)

Dessa reforma, requer o pagamento das diferenças salariais


decorrentes do adicional de insalubridade, devidamente corrigidos monetariamente,
bem como os pagamentos dos reflexos sobre as verbas contratuais.

9. DAS JUSTIÇA GRATUITA

A Reclamante é pessoa pobre, não tendo condições de demandar em


juízo sem prejuízo do seu sustento próprio e de sua família, não possuindo condições
de pagar as custas do processo e honorários de sucumbência, requerendo para tanto,
lhe seja concedido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita, com fundamento na
Lei n. 1.060/50, bem como na Lei n. 5.584/70 e Lei n. 7.115/83.

Ressaltando que a Reclamante encontra-se desempregada, não


possuindo outra fonte de rendimento.

Desta forma, amparada nas disposições do inciso LXXIV, do art. 5º da


CRFB/88 e do §4º, do art. 790 da CLT, o reclamante requer a isenção de todas as
despesas decorrentes desta reclamatória, conforme disposições do inciso LXXIV, do
art. 5º da Constituição Federal, que assegura a todos o direito de acesso à justiça em
defesa de seus direitos, independentemente do pagamento de custas processuais e
periciais, mormente porque a referida assistência deve ser prestada de forma integral,
o que deve incluir, também, a isenção ao pagamento de honorários de sucumbência.

Por outro lado, o deferimento da assistência judiciária não exclui o


dever do reclamado ao pagamento de honorários de sucumbência aos procuradores
do autor, nos termos do art. 133 da CRFB/88 e do art. 791-A da CLT. Assim, requer a
condenação da reclamada no pagamento de honorários advocatícios aos procuradores
da parte autora, a serem fixados pelo juízo em até 15%, calculados sobre o valor bruto
da condenação.

10. DOS PEDIDOS:

EM FACE DO EXPOSTO, o reclamante propõe a presente ação,


requerendo seja regularmente processada até a sentença final que a julgue
integralmente procedente, pelo qual reclama o que segue:

a) A REVERSÃO DA JUSTA CAUSA - Tendo em vista a nítida


desproporcionalidade aplicando a justa causa de forma tardia a
reclamante, requer a reversão da justa causa em dispensa sem
justa causa, fazendo o reclamante jus ao recebimento de todas as
verbas de natureza rescisória, quais sejam:

Saldo de salário: R$ 794,63 (setecentos e noventa e quatro reais e


sessenta e três centavos);

Aviso prévio Indenizado de 30 (trinta) dias: R$ 1.589,25 (mil


quinhentos oitenta e nove reais e vinte e cinco centavos);

Pagamento do 13° salário proporcional, na base de 7/12, com


integração do aviso prévio indenizado, no valor de R$ 927,06
(novecentos e vinte e sete reais e seis centavos);

Pagamento das férias proporcional, com acréscimo de 1/3, com


integração do aviso prévio indenizado, no valor de R$ 1.059,51
(mil e cinquenta e nove reais e cinquenta e um centavos);

Pagamento do FGTS com a multa de 40% (quarenta por cento),


indenizado, incidentes sobre as verbas rescisórias, no valor total
de: R$ 1.407,19 (mil quatrocentos e sete reais e dezenove
centavos);
b) Liberação das guias do Seguro-desemprego, bem como guias do
FGTS dos depósitos fundiários já realizados no decorrer do labor,
sob pena de pagamento na forma indenizada;

c) O pagamento da multa do artigo 477, § 8º na importância de R$


R$ 1.589,25 (mil quinhentos oitenta e nove reais e vinte e cinco
centavos), requerendo ainda, a condenação ao pagamento da
multa prevista do Art. 467 da CLT.

d) A condenação da reclamada ao pagamento de indenização por


danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), haja vista
a dispensa por justa causa de forma totalmente injusta, além do
atraso no pagamento das verbas rescisórias;

e) O pagamento das diferenças salariais do adicional de


insalubridade em razão do pagamento equivocado, no valor de
R$ 877,76 (oitocentos e setenta e sete reais e setenta e seis
centavos)

f) Condenação da reclamada ao pagamento de honorários de


sucumbência a serem arbitrados pelo juízo em até 15% sobre o
valor bruto da condenação;

11. DOS REQUERIMENTOS

ANTE O EXPOSTO, requer a Vossa Excelência se digne a acolher a


presente RECLAMATÓRIA TRABALHISTA, em procedimento sumaríssimo, designando-
se audiência conciliatória, com a citação da reclamada para que compareça ao ato e,
querendo, ofereça contestação, com ciência de que não comparecendo ou não
oferecendo a resposta, será decretada a revelia, com aplicação da pena de confissão
ficta em relação aos fatos articulados nesta peça, que serão presumidos como
verdadeiros.

REQUER, contestada ou não, seja a ação julgada procedente, nos


moldes delineados nos PEDIDOS, com a condenação da reclamada ao pagamento das
verbas postuladas e o cumprimento das obrigações determinadas pelo Juízo, inclusive,
com aplicação de multa diária em caso de descumprimento da decisão.

REQUER, a produção das provas pelos meios em direito permitidos,


notadamente a perícia médica, depoimento pessoal dos representantes legais da
reclamada, testemunhal, perícia contábil e outras eventualmente necessárias.

REQUER o deferimento da gratuidade da justiça, termos da Lei, pois


não dispõe de recursos financeiros suficientes para arcar com as despesas deste
processo, sem prejuízo próprio e/ou de sua família.
REQUER a não vinculação da sentença aos valores dos pedidos que
deverão ser considerados como mera estimativa, indicados para fins de alçada e rito
processual, e que o valor da condenação, a ser apurado futuramente em liquidação ou
execução de sentença, não seja limitada ao valor inicialmente atribuído à causa,
resguardando-se a apresentação da liquidação na fase processual competente.

REQUER, que todas as publicações e notificações e demais atos processuais, sejam


feitos em nome de SANDRO JUAREZ FISCHER, OAB/RS 39.753, e PLINIO GRAEF,
OAB/RS 77.985A, com endereço profissional na Anita Garibaldi, nº 1143, salas
612/614, Mont’Serrat – Porto Alegre – RS, CEP 90.450-001.

PROTESTA por provar o alegado através de todos os meios lícitos do


direito, bem como o depoimento pessoal do representante legal da Reclamada, sob
pena de confissão.

Para os efeitos do art. 830 da CLT, declara que todas as peças


juntadas com a presente peça, em cópias, conferem com os respectivos originais.

Dá-se à causa o valor estimado de R$ 28.244,65 (vinte e oito mil,


duzentos e quarenta e quatro reais e sessenta e cinco centavos), nos termos da IN
41/2018, do C. TST, valor que não é definitivo, não representa renúncia, nem limita o
direito de créditos devidos ao reclamante, ressalvando, desde já, que a efetiva
liquidação do montante devido dar-se-á após eventual condenação, na fase processual
competente, onde serão apuradas a integralidade das parcelas devidas e seus
respectivos reflexos.

De Porto Alegre/RS, 16 de novembro de 2023.

P.p.: Sandro Juarez Fischer P.p.: Plínio Graef


OAB/RS – 39.753 OAB/RS – 77.985A

P.p.: Yasmin Freitas P.p.: Thais Francine Graef


OAB/RS – 128.563 OAB/RS – 117.571

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