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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO

TRABALHO DE SÃO PAULO – SP

FRANCISCA ROSA DA FONSECA NETA SOUZA,


brasileira,casada, empregada doméstica, nascida aos 27.03.1962, filha de Etelvina
Pinto Fonseca, portadora do RG nº 38.925.929-9, e devidamente inscrita no
CPF/MF sob nº 276.709.025-15, PIS nº 116.544.540-73, CTPS nº 022153 série
00070 -SP, residente e domiciliada na Rua Da Passagem Funda, nº 668,
Guaianazes, São Paulo – SP. CEP: 084110-10, por seu advogado vem, mui
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com apoio no art. 840, § 1º da
CLT, ajuizar a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de EDUARDO FERNANDO DE ASSIS DARINI, brasileiro,


casado, devidamente inscrito no CPF/MF n.º 221.168.788-10 residente e
domiciliada na Rua Modena , nº 100, Jardim Imperial Hill,s III, Aruja, São Paulo –
SP. CEP: 07438-500, pelos motivos fáticos e jurídicos que a seguir expõe:

I - DO CONTRATO:

A Reclamante foi contratada pela Reclamada em


01/01/2007,para exercer a função de empregada doméstica, sendo registrada em
01.01.2007, para cumprir jornada de trabalho de segunda-feira a sexta-feira, das
7:30 horas até as 14:00 horas, com folga aos sábados e domingos.
Excelência, a Reclamante optou por rescindir o contrato de
trabalho com a Reclamada, tendo em vista que a Reclamada, NÃO FEZ OS
DEVIDOS RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS E TAMBEM NÃO DEPOSITA O
FGTS JUNTO AO ORGÃO COMPETENTE, cometendo falta GRAVE, constituindo
assim motivos suficientes para a rescisão indireta.

Esclarece a Reclamante, que pleiteia insistentemente, junto a


Reclamada por anos os devidos recolhimentos previdenciários, e a Reclamada
apenas fala que vai recolher, e já se passaram 11 anos e nada foi recolhido,
causando assim prejuízo imensurável a Reclamante.

A Reclamante tem 61 anos de idade, e pelo motivo da Reclamada


não ter recolhido o INSS, a Reclamante não conseguira sua aposentadoria.

II - DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO

No período compreendido entre 01/01/2007 até o sua


ultima contribuição no INSS, vinculo comprovado através de seu Cnis em
30/11/2012, houve requisitos fundamentais para configuração da relação de
emprego, para tanto necessário, nos termos do art. 3º da CLT, qual seja,
exercido o labor por pessoa física mediante subordinação, habitualidade,
pessoalidade e onerosidade.

a) Pessoa Física

O serviços domésticos, exercido para a Reclamada Sra.


FRANCISCA ROSA DA FONSECA NETA SOUZA, foi prestado pela
Reclamante de forma clara e inequívoca demonstração de ser, a Reclamante,
pessoa física.

b) Subordinação
A Reclamante estava vinculada ao poder empregatício
exercido pela Reclamada, sujeito a direção, fiscalização, cumprindo normas
gerais e sujeito a sanção.

c) Habitualidade

A Reclamante prestava o seu labor com freqüência e de


forma continua a satisfazer os fins que era ordenada pela Reclamada.

Cumpria jornada de trabalho, de segunda feira a sexta feira,


das 07:30 horas às 14:00 horas, com folga aos sábados e domingos.

d) Pessoalidade

A Reclamante foi contratada para laborar pessoalmente,


nunca foi substituído em hipóteses excepcionais com anuência do
empregador, por outra empregada.

A Reclamante exerceu o seu trabalho pessoalmente desde


01/01/2007, até o fim do pacto laboral.

e) Onerosidade

A onerosidade do pacto laboral justifica-se pela


contraprestação/retribuição dos serviços prestado pela Reclamante.

A Reclamante recebe como última remuneração mensal


(Março/2023) um salário mínimo no valor de R$ 1302,00 (mil trezentos e dois
reais), por mês.

Resta provado nesta exordial a verdade real dos fatos, que


todos os requisitos do vínculo empregatício estavam presentes durante o
labor da Reclamada.
A Reclamada, por não ter feito a baixa e anotação correta da
data de demissão na CTPS da Reclamante, passou fraudar a aplicação da
legislação trabalhista, conforme artigo 9 e artigo 444, ambos da CLT.

Vale frisar que a falta da baixa e da anotação na CTPS da


Reclamante, e não ter os devidos recolhimentos previdenciários, além de
trazer prejuízo ao trabalhador, visa burlar as demais obrigações da relação de
emprego, requer se digne Vossa Excelência, determinar ofícios aos órgãos
competentes como Ministério Público do Trabalho, INSS, Caixa Econômica
Federal e outros que julgar necessário, para que tomem as medidas
necessárias de direito.

Até a presente data, a Reclamada não recolheu o INSS e


tampouco o FGTS da Reclamante.

Assim, face às condições fáticas de trabalho da Reclamante,


requer seja reconhecido o vínculo de emprego do período relativo a
01/01/2007 até sua demissão, com a Reclamada, o pagamento de todas as
verbas decorrente do contrato de trabalho e a expedição de oficio aos órgãos
competentes.

III – DA RESCISÃO INDIRETA

Conforme já relatado a Reclamante não está tendo seu INSS,


recolhido e o FGTS também não está sendo recolhido.

Assim sendo, a Reclamante esta visivelmente prejudicada, com a


falta dos recolhimentos previdenciários, e com a ausência dos recolhimentos do
FGTS,e uma vez que a Reclamada se nega a regularizar a situação da Reclamante,
não resta outra alternativa a não ser a rescisão indireta do contrato de trabalho.
A Reclamante pleiteia rescisão indireta do contrato de trabalho,
nos termos do artigo 483 alínea d da CLT, tendo em vista os descumprimentos da
Reclamada nas obrigações do contrato de trabalho, em flagrante desacato a
legislação vigente.

Diante do exposto outra solução não há para a Reclamante senão


propor a presente Reclamação Trabalhista, para ver DECRETADA A RESCISÃO
INDIRETA, de seu contrato de trabalho, na data da audiência, e o recebimento de
todos os seus direitos.

Pede ainda, a condenação da Reclamada para proceder a quitação


de todos os direitos da Reclamante.

Artigo 483 da CLT:

O empregado poderá considerar rescindido o contrato de trabalho e pleitear a


devida indenização quando:

(...)

(d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

IV – DOS SALÁRIOS

A Reclamada contratou a Reclamante para laborar como


empregada doméstica, percebendo como pagamento o valor correspondente à um
salário mínimo mensal.

V – DO FGTS
A Reclamada deixou de recolher o FGTS da Reclamante de todo o
pacto laboral, em flagrante violação à Lei das Domésticas.
A Lei das Domésticas dispõe sobre a regulamentação do FGTS,
definindo que o empregador deverá efetuar na rede bancaria um depósito
correspondente a 8% (oito por cento), da remuneração paga ao trabalhador no mês
anterior, conforme determina o artigo 34, IV e V da Lei Complementar nº 150 de
01.06.2015.
A Reclamada, está obrigada também a depositar a importância de
3,2 (três inteiros e dois décimos por cento) sobre a remuneração devida, na conta do
FGTS da Reclamante, conforme artigo 22 Lei Complementar nº 150 de 01.06.2015.
À falta de depósitos na conta vinculada, conforme determina a lei,
deverão, os valores, serem depositados atualizados com juros e multas previstos no
art. 22 da Lei 8.036/90, que define:
"Art. 22. O empregador que não realizar os depósitos previstos nesta Lei no prazo
fixado no art. 15 responderá pela atualização monetária da importância
correspondente. Sobre o valor atualizado dos depósitos incidirão, ainda, juros de mora
de 1% ao mês e multa de 20%, sujeitando-se, também, às obrigações e sanções
previstas no Decreto-lei n. 368, de 19 de dezembro de 1968.
§ 1º A atualização monetária de que trata o caput deste artigo será cobrada por dia de
atraso, tomando-se por base os índices de variação do Bônus do Tesouro Nacional
Fiscal - BTN Fiscal, ou, na falta deste, do título que vier a sucedê-lo, ou ainda, a
critério do Conselho Curador, por outro indicador da inflação diária.
§ 2º ...
§ 3º Para efeito de levantamento de débito para com o FGTS, o percentual de oito por
cento incidirá sobre a remuneração atualizada até a data da respectiva operação."

Isto posto requer que a Reclamada seja condenada ao pagamento


de todo o FGTS, a partir de 01/01/2015, conforme A Lei Complementar nº
150/2015, até a decretação da rescisão do contrato de trabalho, de imediato,
podendo se sujeitar as penalidades impostas ao depositário infiel, (lei 8.866 de 11
de abril de 1994).

A Lei Complementar nº 150/2015 determinou também a implantação do Simples


Doméstico, que define um regime unificado para pagamento de todos os tributos e
demais encargos, inclusive o FGTS e, para isso foi criado um sistema eletrônico,
onde o empregador doméstico deverá informar as obrigações trabalhistas,
previdenciárias, fiscais, de apuração de tributos e FGTS
Requer também, que a Reclamada seja condenada a pagar 3,2
(três inteiros e dois décimos por cento) sobre o salário da Reclamada desde
01.06.2015, destinada ao pagamento da indenização compensatória da perda do
emprego, sem justa causa ou por culpa do empregador.

VI – DO AVISO PRÉVIO

Consoante dispõe o artigo 23 §1º e 2º da Lei Complementar nº 150


de 01.06.2015, é devido o aviso-prévio na dispensa sem justa causa.
Assim sendo pede a Reclamante a condenação da Reclamada ao
devido pagamento do Aviso Prévio (aviso prévio de 90 dias, acrescido de três dias
para cada ano de serviço, conforme interpretação do § 2º Complementar nº 150 de
01.06.2015.

IX – DAS VERBAS RESCISÓRIAS E TRABALHISTA

Acolhida a rescisão indireta, a Reclamante faz jus a receber todas


as verbas rescisórias e trabalhistas: aviso prévio 90 dias; saldo de salário; férias
vencidas,

FGTS, multa de 40% do FGTS, e liberação das guias TRCT,CD e


Seguro Desemprego,concernente ao período de 01/01/2007 até a decretação da
rescisão indireta.

X – DO SEGURO DESEMPREGO

A Reclamada, por estar dando causa a rescisão do Contrato de


Trabalho deve fornecer o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho da
Reclamante, e fornecer as guias para recebimento do Seguro Desemprego, conforme
determina a Lei 8.352/91 c/c 7.998/90, devendo assim ser condenada no
pagamento da indenização equivalente, conforme determina o artigo 927 cc. 186 e
187 do Código Civil, correspondente a cinco parcelas no valor da remuneração da
obreira, ou no mínimo cada uma, de acordo com nova tabela (Resolução
MT/CODEFAT), ou liberação das guias

XII – DA JUSTIÇA GRATUITA

A Reclamante faz jus aos benefícios da Justiça Gratuita, por ser


pessoa pobre na acepção do termo, requerendo desde logo, a isenção do pagamento
das custas, com fundamento no artigo 4º da Lei nº 1060/50, alterada pela Lei nº
7510/86 e artigo 5º, inciso LXXIV, da CF/1988, e Orientação Jurisprudencial nº
331 da SDI-I do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

XIII – REQUERIMENTOS

A fim de comprovar as alegações formuladas nesta inicial, o


Reclamante requer se digne Vossa Excelência determinar a expedição de Ofícios aos
seguintes órgãos:

 Ministério do Trabalho e Emprego.


 INSS.
 Receita Federal
 Ministério Público Federal
 Ministério Público Estadual
 Caixa Econômica Federal

XIV - DO PEDIDO

Por todo o exposto, pede e confia a Reclamante, que seja a


Reclamada condenada aos pagamentos conforme segue:
A Saldo de salário meses de Março de 2023, R$1.302,00
com valores apurados em regular liquidação
de sentença;

B Aviso Prévio; com valores apurados em R$3.906,00


regular liquidação de sentença;

C 13º salário proporcional 2023 com valores R$660.00


apurados em regular liquidação de
sentença;

D FGTS de todo o período laborado desde a R$12.915,84


admissão em 01/01/2015, até a data da
decretação da rescisão indireta do contrato
de trabalho, com valores apurados em
regular liquidação de sentença;

E Multa 40% do FGTS de todo período


laborado 01/03/2018 a 30/03/2023 até a
decretação da rescisão indiretado contrato
de trabalho com valores apurados em R$5.166,36
regular liquidação de sentença;

F Seguro Desemprego com valores apurados R$6.600,00


em regular liquidação de sentença;

G Baixa na CTPS

TOTAL: R$30.549,00

Para que a presente reclamatória possa ser julgada procedente, o


alegado, se necessário for, será provado com a observação do disposto do artigo 332
do C.P.C para o que desde já se
REQUER, ainda;
1. – A Decretação da Rescisão indireta do contrato de trabalho da Reclamante
com a Reclamada.

2. – A notificação da Reclamada para que compareça a juízo (sob a cominação de


revelia), e responda a todos os atos e termos desta, até sua final decisão, sob
a pena de confissão;

3. - O depoimento do representante legal da Reclamada;

4. - Que a reclamada junte aos autos os originais de recibos de pagamento,


cartões de ponto, sob as penalidades da lei.

5. - A produção de provas testemunhais, periciais, arbitramentos e vistorias;

6. - Que a Reclamada instrua sua contestação com todos os documentos


necessários a provar suas alegações, cumprindo-se os regramentos os artigos
da lei;
7. - Sendo a ação julgada procedente, pede-se a condenação da Reclamada ao
pagamento do principal, atualizado na forma da legislação pertinente por
correção monetária e juros de mora; pagamentos das custas e despesas
processuais e extraprocessuais, que serão apurados em liquidação de
sentença.

8. – Outrossim, requer os benefícios da Justiça Gratuita, na forma da Lei, por


ser a Reclamante pessoa pobre, sem condições de arcar com eventuais
despesas, sem prejuízo da subsistência de sua família, conforme atesta
declaração de hipossuficiência.

9– Que seja compelida a Reclamada a proceder a devida baixa na CTPS da


Reclamante com data da decretação da rescisão indireta e entrega da mesma no
prazo legal, sob pena de fazê-lo na Secretaria do Juízo, com sansão de multa.
Os valores acima apontados são meramente enunciativos,
devendo a apuração do quantum debeatur ser relegada para a fase de liquidação de
sentença, dando-se à presente causa o valor de R$$30.549,00 ( Trinta mil,
quinhentos e quarenta e nove reais ) para efeitos de alçada, compensando-se do
montante devido valores eventualmente percebidos pelo Reclamante;

Nestes Termos

Pede Deferimento

Guarulhos – SP.,11 de Maio de 2023.

Dr. Aparecido Raimundo Bezerra


OAB.SP 462.121

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