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EXCELENTÍSSMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ... VARA DO TRABALHO DE ...

XXXXXXXXX, brasileira, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, portadora de RG nº XXXXXX, CPF


nº XXXXXX, residente e domiciliada à Rua XXXXX, nº XXXX, bairro XXXXX, na cidade
de XXXXX, com endereço eletrônico XXXXX, e telefone para contato nº XXXXXX, vem
perante Vossa Excelência, por sua procuradora, com instrumento de mandato anexo,
propor a presente açã o,
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
Em face de XXXXXXXXXX, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº ..., com sede na Rua ...,
nº ..., CEP nº ..., bairro ..., na cidade de ..., pelas razõ es de fato e de direito a seguir expostas:
1. DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA
Cumpre salientar que a Reclamante nã o possui condiçõ es financeiras de arcar com custas
processuais e honorá rios advocatícios, sem prejuízo ao seu pró prio sustento e de sua
família, requerendo desde já os benefícios da justiça gratuita, nos termos do artigo 4º da Lei
1.060/50, com redaçã o introduzida pela Lei nº 7.510/86.
2. DOS FATOS
A Reclamante foi contratada na data de 24/09/2019 para trabalhar na funçã o de operadora
de caixa na empresa ora reclamada. Tendo sua CTPS somente anotada em 01/10/2019.
Sua jornada de trabalho era de 07h à s 11h e de 13h à s 21h, de segunda a sá bado. Aos
domingos, trabalhava das 07h à s 13h. Nos dias de folga também laborava. Seu salá rio era o
mínimo legal, e nunca recebeu qualquer valor a título de horas extras ou pagamentos
dobrados.
Foi dispensada na data de 22/05/2020 sem justa causa, mas nã o recebeu nenhuma verba
rescisó ria. No dia 23/07/2020, descobriu-se grá vida há 09 semanas e 02 dias.
A Reclamante, ainda, era acusada constantemente de cancelar as compras dos clientes e
ficar com o dinheiro das vendas e por ter sido transferida vá rias vezes para locais de
trabalho distintos dentro da mesma cidade.
3. DOS FUNDAMENTOS
3.1 DA JORNADA DE TRABALHO – HORAS EXTRAS
Desde quando celebrado o contrato de trabalho que a Reclamante prestou serviços em
horá rios extraordiná rios, pois sua jornada iniciava à s 7:00 da manhã , indo até à s 11:00 e
retornava à s 13:00, indo até à s 21:00. Com 2 horas de intervalo para almoço.
Totalizando, assim, uma carga horá ria de 12 horas de trabalho diá rio de segunda à sá bado,
bem como trabalhando aos domingos das 7:00 à s 13:00. Importante destacar que nos dias
de folga também laborava.
Assim, resta configurado que o Reclamante realizava aproximadamente 34 horas extra
semanalmente.
É fato que sempre que o empregado prestar serviços ou permanecer à disposiçã o do
empregador apó s finda sua jornada normal de trabalho, haverá trabalho extraordiná rio, o
qual deverá ser remunerado com o adicional de, no mínimo, 50% superior ao da hora
normal.
De acordo com o artigo 7º, XVI, da Constituiçã o Federal, sã o direitos dos trabalhadores
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condiçã o social, a
remuneraçã o do serviço extraordiná rio superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal.
Já a CLT, em seu artigo 59, afirma que a duraçã o normal do trabalho poderá ser acrescida
de horas suplementares, em nú mero nã o excedente de duas, mediante acordo escrito entre
empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho. O pará grafo 1º do
mesmo artigo afirma que a remuneraçã o da hora extra será , pelo menos, 50% (cinquenta
por cento) superior à da hora normal.
Ainda assim cabe salientar que as horas trabalhadas aos domingos e feriados devem ser
remuneradas com o adicional de 100%, tendo em vista que a Reclamante cumpriu
expediente em todos os domingos durante a contratualidade.
O trabalho em domingo e feriado nã o é extraordiná rio, e sim trabalho a ser compensado ou
pago em dobro, na forma da lei 605/49. De acordo com a nossa legislaçã o, somente o que
ultrapassa a jornada ordiná ria pode ser considerado trabalho extraordiná rio e receber o
adicional legal ou convencional.
Neste caso, a Reclamante faz jus ao recebimento do adicional de horas extras com seus
devidos reflexos legais, ou seja, o reflexo em repousos semanais remunerados, férias
acrescidas de 1/3, décimo terceiro salá rio e FGTS com multa de 40%.
3.2. DO INTERVALO INTERJORNADA
A Reclamante finalizava sua jornada diá ria de trabalho à s 21:00 horas, tendo que iniciar a
pró xima jornada à s 7:00 horas da manhã do dia seguinte. Fato que violava seu direito de
descanso interjornada de trabalho.
Segundo o artigo 66 da CLT entre 02 (duas) jornadas de trabalho haverá um período
mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso. Fato que nã o acontecia com a
empregada.
O TST editou a OJ 355 da SDI-I (Dj12.03.2008), estabelecendo que as horas que forem
subtraídas do intervalo interjornada serã o pagas como horas extras, ou seja, a hora normal
acrescida do adicional de 50%.
3.3. DO DESCANSO SEMANAL, DOMINGOS E FERIADOS TRABALHADOS EM DOBRO
A Reclamante trabalhou sá bados e domingos de toda a contratualidade e nã o recebeu pelas
horas trabalhadas, fazendo assim jus ao pagamento do descanso semanal e seu cô mputo no
salá rio para efeito das horas extras, feriados e dos domingos trabalhados, horas extras,
férias, 13º salá rios e aviso prévio.
Conforme entendimento jurisprudencial a respeito:
PROCESSO: XXXXX-59.2012.5.04.0103 RO - EMENTA. HORAS EXTRAS. TRABALHO EM
REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS E FERIADOS. Hipó tese em que se verifica a
exigência de labor por mais de sete dias consecutivos sem a concessã o de folga ou
pagamento da jornada suplementar. Horas extras devidas em face do labor em repousos
semanais remunerados e feriados. Aplicaçã o da OJ nº 410 DA SDI-I do TST.
PROCESSO: XXXXX-80.2011.5.04.0871 RO EMENTA. DOMINGOS E FERIADOS
LABORADOS. PAGAMENTO EM DOBRO. Labor em domingos e feriados, sem a
correspondente folga até o sétimo dia consecutivo, autoriza o deferimento do
pagamento em dobro. Aplicaçã o da Sú mula 146 do TST e da Orientaçã o Jurisprudencial
410 da SDI - 1 do TST.
Considerando que a Reclamante nã o recebeu sequer nenhum pagamento por trabalhar aos
sá bados, domingos e dias de folga, se faz necessá rio o recebimento em dobro destes dias,
com reflexos em férias, 13º salá rios e aviso prévio.
3.4. DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO
A reclamante foi dispensada na data de 22/05/2022, sem justa causa e sem ter recebido
aviso prévio ou o mesmo ser indenizado.
Pelo que afirma o artigo 487, II da CLT, nã o havendo prazo estipulado, a parte que, sem
justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resoluçã o com a
antecedência mínima de trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que
tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa.
O pará grafo primeiro do mesmo artigo, traz que a falta do aviso prévio por parte do
empregador dá ao empregado o direito aos salá rios correspondentes ao prazo do aviso,
garantida sempre a integraçã o desse período no seu tempo de serviço.
Sendo assim, a Reclamante faz jus ao recebimento referente a 30 dias de aviso prévio
indenizado.
3.5. DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL
A Reclamante nã o recebeu as verbas relativas ao seu 13º salá rio proporcional referente ao
tempo de em que trabalhou para a Reclamada.
A Constituiçã o Federal Brasileira, assegura esse direito ao trabalhador em seu artigo 7º,
VII, quando afirma que todo trabalhador urbano e rural tem direito ao recebimento do 13º
salá rio com base na sua remuneraçã o integral.
Diante do exposto o Reclamante faz jus ao recebimento do 13º salá rio proporcional ao
período laborativo.
3.6. DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3
A Reclamante também nã o recebeu as férias proporcionais ao período trabalhado.
Tanto a Constituiçã o Federal, também no artigo 7º, XVII quanto a CLT, em seu artigo 146,
pará grafo ú nico, afirma que o empregado terá direito a remuneraçã o das férias
proporcionais adquiridas com acréscimo de 1/3 constitucional do salá rio normal.
Logo, a Reclamante também faz jus a este direito.
3.7. DA MULTA DE 40%
A Reclamante foi demitida sem justa causa e a reclamada nã o realizou o pagamento da
multa de 40% sobre o saldo do FGTS durante o período laborativo da empregada.
Porém, em razã o da demissã o ter sido sem justa causa, deverá ser paga uma multa de 40%
sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS, conforme dispõ e o art. 18, § 1º da Lei
nº 8.036 /90 c/c art. 7, I da CRFB/88.
Sendo assim, a reclamada deve pagar tal multa a reclamante.
3.8. DA MULTA DO ART. 477, § 8º DA CLT
A Reclamada nã o cumpriu com o pagamento dos valores decorrentes da rescisã o do
contrato de trabalho, os quais deveriam ter ocorrido em até 10 (dez) dias apó s finalizado o
contrato.
Em virtude do nã o cumprimento do prazo para pagamento, surge uma multa em favor da
Reclamante no valor de 1 (um) mês de salá rio devidamente corrigido, de acordo com o art.
477, § 6º e 8º da CLT.
Ante o exposto, requer a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de uma multa
equivalente a um mês de salá rio revertida em favor da Reclamante.
3.9. DA ESTABILIDADE DA GESTANTE
A Reclamante foi demitida no dia 22/05/2020, sem justa causa, descobrindo que estava
gestante no dia 23/07/2020, porém quando a mesma descobriu a gestaçã o, esta se
encontrava já há 09 semanas e 02 dias. Logo, na data da demissã o, a empregada já se
encontrava gestante, sendo assim, detentora do direito à estabilidade gestacional.
O art. 10 inciso II alínea b do Ato das Disposiçõ es Constitucionais Transitó rias, garante
estabilidade do emprego da empregada gestante, desde a confirmaçã o da gravidez até cinco
meses apó s o parto.
O fato de a empregada ter sido demitida, sem justa causa, estando gestante, acarreta ao
empregador a obrigaçã o de reintegrá -la ou, conforme o caso, pagar uma indenizaçã o
substitutiva.
Vale ressaltar que o desconhecimento da gravidez, tanto por parte da empregada, quanto
da empregadora nã o obsta a busca pelo direito pleiteado, note-se o que diz o STF:
GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redaçã o do item III alterada na sessã o do
Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e
27.09.2012

I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao


pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b do ADCT).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegraçã o se esta se der durante o
período de estabilidade. Do contrá rio, a garantia restringe-se aos salá rios e demais direitos
correspondentes ao período de estabilidade.
III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisó ria prevista no art. 10, inciso
II, alínea b, do Ato das Disposiçõ es Constitucionais Transitó rias, mesmo na hipó tese de
admissã o mediante contrato por tempo determinado.
3.10. DO DANO MORAL
Durante o período em que trabalhou para reclamada, a empregada sofreu acusaçõ es falsas
de cancelar compras de clientes e ficar com o dinheiro destas compras para si, fato que
acarretou graves danos psicoló gicos para reclamante.
Importante destacar que se dispensam as provas do dano moral sofrido pela reclamante,
enquanto torturada psicologicamente na empresa na qual regularmente prestava seus
serviços, sendo neste caso o dano moral presumido (in re ipsa).
O artigo 5º, V da Constituiçã o Federal de 1988 consagra a tutela do direito à indenizaçã o
por dano material ou moral decorrente da violaçã o de direitos fundamentais, como é caso
do direito a imagem e a honra.
A redaçã o dada pelo artigo 186 do Có digo Civil, assegura que aquele que, por açã o ou
omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Relacionando-o com o artigo 927 do mesmo có digo, tem-se que aquele que, por ato ilícito,
causar dano a outrem, fica obrigado a repará -lo.
Sendo assim, a condutas do proprietá rio da empresa em acusar indevidamente a
reclamante de furtar a empresa, sem ter qualquer prova disso, é fato que atinge
diretamente o psicoló gico do trabalhador, restando a obrigaçã o da reclamada em arcar com
o dano moral sofrido pela demandante.
4. PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
4.1 Que seja deferido o benefício da assistência judiciá ria gratuita, devido à difícil situaçã o
econô mica do Reclamante, que nã o possui condiçõ es de custear o processo, sem prejuízo
pró prio.
4.2 A notificaçã o da Acionada para comparecer à audiência, para que seja condenada de
acordo com a fundamentaçã o supra, com juros e correçã o monetá ria, ao pagamento das
seguintes parcelas:
a) Horas extras no valor de R$ ...
b) Horas referentes a trabalhos aos sá bados, domingos e feriados no valor de R$ ...
c) Aviso prévio indenizado no valor de R$ ...
d) Férias proporcionais no valor de R$ ...
e) 13º salá rio proporcional no valor de R$ ...
f) Multa de 40% sobre o saldo do FGTS, no valor de R$ ...
4.3 Além disso, condenar a Reclamada ao pagamento da multa prevista no § 8º, do art. 477
da CLT, e, em nã o sendo pagas as parcelas incontroversas na primeira audiência, seja
aplicada multa do art. 467 da CLT, tudo acrescido de correçã o monetá ria e juros
morató rios.
4.4 Requer, ainda, seja a Reclamada condenada ao pagamento das contribuiçõ es
previdenciá rias devido em face das verbas acima requeridas, visto que caso tiverem sido
pagas na época oportuna, nã o acarretariam a incidência da contribuiçã o previdenciá ria.
4.5 Pagamento de Dano Moral no valor de R$ ...
4.6 Honorá rios Advocatícios de sucumbência no percentual de 15% sobre o valor da
condenaçã o, conforme art. 791 – A da CLT. No valor de R$ ...
Protesta provar o alegado por todos os meios no Direito permitidos, notadamente oitiva de
testemunhas e depoimento pessoal.
Dá -se à causa valor de R$ ..., acrescido de juros e correçã o monetá ria.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
local e data.
advogado
OAB nº

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