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AO JUÍZO DO TRABALHO DA VARA DA CIDADE DE CAXIAS DO SUL/RS

AMANDA SILVA, brasileira, casada, auxiliar geral de limpeza,


portadora do RG n. XXXXXXXX-XX, inscrita no CPF sob n.
XXXXXXXX-XX, residente e domiciliada na Rua XXXXXXXXX,
n. XX, Bairro XXXXXXX, Cidade de Caxias do Sul/RS, CEP
XXXXX-XXX, com endereço eletrônico
xxxxxxxxx@xxxxxx.com, por meio de seu advogado e
procurador que esta subscreve, vem à presença de V.
Excelência propor a presente AÇÃO RECLAMATÓRIA
TRABALHISTA contra MELHOR TINTAS, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ sob n. XX.XXX.XXX/XXXX-XX,
localizada na Rua XXXXXXXX, n. XX, Bairro XXXXX, Cidade
de Caxias do Sul/RS, CEP XXXXX-XXX, pelos motivos de fato
e de direito que seguem:

1. DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

A reclamante é pessoa humilde e não possui proventos suficientes para arcar


com as custas processuais, sendo o que se vê do farto conjunto probatório
encartado nos autos.
Possui renda de R$2.200,00 por mês, valor inferior a 40% do teto da
previdência, bem como encontra-se desempregada e com o nome negativado.
Portanto, preenchidos os requisitos do art. 790, §3º da CLT, requer a
concessão da gratuidade judiciária.
2. SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de Ação Reclamatória Trabalhista em face de MELHOR TINTAS, onde


a Reclamante foi dispensada sem justa causa em 28/07/2022. Quando dispensada
estava grávida de dois meses.

O contrato de trabalho para o cargo de auxiliar geral de limpeza foi firmado em


13/07/2020. Sua jornada de trabalho era pelo período de 07 horas da manhã até às
15 horas da tarde. A remuneração que a Reclamante percebia era o valor de
R$2.200,00 mensais.

Ademais, não recebia insalubridade, apesar de manusear agentes insalubres


na limpeza de máquinas e banheiros, bem como, nas sextas-feiras trabalhava até às
17 horas sem receber horas extras. Portanto, a reclamante faz jus a 40% em sede
adicional de insalubridade, durante todo o período que utilizava e era exposta, bem
como as condições que trabalhava.

Considerando que a reclamante laborou pelo período de 2 anos e 15 dias,


deverá receber a título de insalubridade, o valor de R$12.120,00 (doze mil cento e
vinte reais), mais reflexos em DSR, aviso prévio, férias acrescidas de ⅓, 13º salário
e FGTS + multa de 40%.

A Reclamante foi dispensada de forma ilegal e deve ser desconstituída e, ainda


requer o pagamento integral dos salários correspondentes aos meses que o
reclamante gozava de garantia de estabilidade. Subsidiariamente a indenização na
íntegra do período de estabilidade e todos os direitos correspondentes às referidas
alegações.

Cálculo:
Salário mínimo (R$1.212,00) * 40% = R$484,80
Insalubridade = 25 (meses trabalhados) * R$484,80 = R$12.120,00.
3. DO CONTRATO DE TRABALHO

Admissão 13/07/2020

Demissão 28/07/2022

Função Auxiliar geral de limpeza

Salário Final R$2.200,00

Jornada 07 horas até às 15:00 horas e nas


sextas-feiras até às 17 horas sem
receber horas extras

Tipo de Extinção Sem justa causa

4. DAS HORAS EXTRAS

A reclamante foi contratada para uma jornada de 40 horas semanais, porém


trabalhava de segunda à quinta das das 07 horas até às 15 horas e nas
sextas-feiras até às 17 horas, sem intervalo para descanso e refeição.
Da jornada, extrai-se que a reclamante laborava, nas sextas-feiras, 02 horas
além das 08 horas diárias legalmente permitidas.
Nos termos do art. 7º, inciso XIII da CF e art. 58 da CLT a jornada semanal
não poderá exceder de 44 horas sob pena de pagamento da hora extraordinária com
acréscimo de 50% nos termos do inciso XVI do art. 7º da Carta Maior.
Portanto, a reclamante faz jus a 02 horas extras semanais com acréscimo de
50% e reflexos em DSR e com este, aviso prévio, férias acrescidas de ⅓, 13º salário
e FGTS + multa de 40%.

Cálculo:
R$2.200 (salário) / 200 (horas mensais) = R$11,00 + 50% = R$16,50 (valor da
HE)
2 anos e 15 dias de trabalho = 104,72 semanas
104,72 (semanas de trabalho) * 2 (HE semanais) = 209,44 HE
209,44 HE * R$ 16,50 = R$3.455,76.
5. DA GARANTIA DE ESTABILIDADE – GESTANTE

O entendimento majoritário do TST é sim no sentido de que a reclamante que


firmou contrato de trabalho por prazo determinado, também tem direito à
estabilidade ou indenização substitutiva, vez que o Direito do Trabalho protege não
só a trabalhadora, mas também o nascituro.

Além disso, a reclamante, ao ser dispensada, encontrava-se grávida de dois


meses, conforme exame Beta HCG anexo, cuja condição da gravidez garante à
empregada gestante a estabilidade provisória desde a confirmação de sua gravidez
até cinco meses após o parto com base no Art. 391-A da CLT, e Art. 10, inciso II,
alínea “b” do Ato das Disposições Constitucionais Transitória da Constituição
Federal, conforme será posto mais adiante.

Ademais, a reclamante informou a empresa de sua gestação e buscou restituir


o vínculo empregatício de forma amigável, o que demonstra sua total boa-fé frente à
reclamada.

Dessa forma, é razoável a reclamada ter que arcar com a indenização


substitutiva, pois estava ciente da gravidez e houve a oportunidade de reintegrar a
reclamante.

Tem-se que é necessário ponderar do entendimento está que consubstanciado


no art. 10, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da
Constituição Federal de 1988:

Art. 10 - Até que seja promulgada a Lei Complementar a que se refere


o artigo 7º, I da Constituição:

I - ...

II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: a) ....

b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco


meses após o parto.

Observa-se da leitura do artigo 10, II, b do ADCT, que a trabalhadora adquire o


direito à estabilidade com a “confirmação da gravidez”. Ou seja, mesmo a empresa
estando ciente da gestação da reclamante, a mesma foi demitida sem justa causa, o
que vai totalmente contra à garantia de estabilidade.

Cálculo:
12 (meses de estabilidade) * R$2.200 (salário mensal) = R$26.400,00.

6. DO INTERVALO INTRAJORNADA

Como já narrado acima, a reclamante laborava de segunda à sexta das 7


horas às 15 horas com 30 minutos para descanso e refeição sem a devida
negociação coletiva com o sindicato da categoria.
Prescreve o art. 71 da CLT que o empregado fará jus a um intervalo de pelo
menos 1 hora quando sua jornada for acima de 6 horas diárias, de maneira que, a
redução do intervalo só será válida quando precedida de negociação coletiva nos
termos do art. 611-A, III do texto consolidado. O desrespeito ao intervalo intrajornada
enseja o pagamento do período suprimido com adicional de 50% nos termos do
parágrafo 3º do Art. 71 também da CLT.
Portanto, requer a condenação da reclamada no pagamento de 2 horas
diárias com acréscimo de 50% por todo o pacto laboral.

Cálculo:
R$2.200 (salário) /200 (horas semanais) = R$11,00 + 50% = R$16,50 (valor
da HE)
104,72 (semanas de trabalho) * 5 (horas semanais) = R$523,6 horas
526,6 horas * R$16,50 = R$8.639,40.

7. DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto acima, requer:


1 - A concessão da gratuidade judiciária pelos termos do art. 790, §3º da CLT;

2 - A intimação do reclamado para que, querendo, apresente defesa no


momento oportuno sob pena de incorrer em revelia e seus efeitos jurídicos;

3 - A procedência total da ação para condenar a reclamada em:

a) Pagamento integral dos salários correspondentes aos meses em que o


reclamante gozava de garantia de estabilidade. Subsidiariamente, a
indenização na íntegra do período de estabilidade e todos os direitos
correspondentes às referidas alegações, conforme cálculo no “item 2” e
“item 5” da presente inicial;
b) Pagamento a título de insalubridade do valor de R$12.120,00 (doze mil
cento e vinte reais), mais reflexos em DSR, aviso prévio, férias
acrescidas de ⅓ 13º salário e FGTS + multa de 40%;
c) Pagamento de 2 (duas) horas extras semanais com acréscimo de 50%
e reflexos em DSR e com este, aviso prévio, férias acrescidas de ⅓,
13º salário e FGTS + multa de 40%.

8. DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito


em especial a prova documental e testemunhal, sendo esta produzida durante a
instrução processual.
Requer ainda sejam todas as intimações e publicações endereçadas ao
advogado (dados do advogado e endereço eletrônico) sob pena de nulidade nos
termos da Súmula 427 do TST. Nos termos do art. 830 da CLT o patrono declara
autênticos todos os documentos acostados nos autos.

Dá-se a causa o valor de R$50.615,16 (cinquenta mil seiscentos e quinze


reais e dezesseis centavos).
Termos em que
Pede deferimento
Flores da Cunha, 14 de agosto de 2022

Juliana Vanin Carraro


OAB/RS 13.130

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