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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO

DE POÇOS DE CALDAS, MINAS GERAIS.

SILVANA CRISTINA PORTO SATURNINO, brasileira, auxiliar cozinha,


inscrita no CPF sob o nº 000.238.326-81, residente e domiciliada na Rua
Azarias Alípio de Rezende nº Jardim Esperança, nesta cidade de Poços
de Caldas MG, CEP 37713-118, vem, por meio de seu advogado que
esta subscreve, com endereço profissional na (endereço), onde recebe
intimações, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face de TBL Serviços LTDA, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob o nº 20.584.944/0004-03, com sede na Av. Dirce
Pereira Rosa nº 300, Jardim Esperança Nesta cidade de Poços de
Caldas, CEP 37713-100, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
PRELIMINARMENTE
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Oportuno salientar que a reclamante é pessoa pobre no sentido
jurídico do termo, não dispondo de recursos financeiros para saldar o
demandado no processo, sem abster-se de suas necessidades básicas
para sustentar-se e a sua família, nos termos da Lei nº. 1.060/50, art. 4º,
§ 1º. No mesmo sentindo, conforme o artigo da Lei nº. 7.115/83.
Dessa forma requer o benefício da justiça gratuita, nos termos das
leis citadas acima, bem como baseadas no artigo 5º LXXIV da
Constituição Federal de 1988, pois, não têm condições de pagar custas
processuais sem o prejuízo do seu sustento e de sua família, conforme
declaração de pobreza anexa.

DOS FATOS
A reclamante foi admitida pela reclamada em 13/02/2023, para
exercer a função de auxiliar de cozinha, com jornada de trabalho das 6h
às 16h, de segunda a sexta-feira, com intervalo de uma hora para
almoço.
A reclamante recebia como remuneração mensal o valor de R$
1.460,00 (um mil quatrocentos e sessenta reais).
A reclamante foi dispensada sem justa causa pela reclamada em
17/05/2023. Sendo lhe determinada pela Sra. Taiane que cumprisse o
aviso prévio em casa, conforme áudios em anexo.
A Sra. Taiane e esposa do proprietário Lucas Freire Pereira e
trabalha na empresa como gerente.
Link áudios conversa com Sra. Taiane:
https://drive.google.com/drive/folders/
1WvoSOLq_vXa0qLmCGZa161mNEb0fhG-Q?usp=sharing
No entanto, a reclamante não recebeu os seus direitos trabalhistas
decorrentes da rescisão contratual, bem como outras verbas.
A reclamante fazia horas extras diariamente na proporção de uma
hora por dia desde o início da prestação de serviços, sendo que nunca
recebeu pelas horas trabalhadas.
Assim, a reclamante tem direito ao pagamento das horas extras
realizadas durante todo o contrato de trabalho, com os respectivos
reflexos nas demais verbas trabalhistas.
Incorre que a motivação da demissão na realidade foi a
apresentação de atestado médico pela reclamante, o que configura a
demissão discricionária.
DA RESCISÃO
Por ocasião de sua dispensa, o Reclamante não recebeu as
verbas rescisórias devidas quais sejam: Aviso Prévio, 13º salário
proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3, FGTS + 40%, o que
deve ser realizado perante este r. Juízo.

DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO

Como a Reclamante foi dispensada sem justa causa, sem que o


empregador o tenha concedido o cumprimento do aviso prévio, previsto
na Lei nº 12.506/2011, a mesma faz jus ao pagamento da indenização
correspondente ao período, de conformidade com o § 1º do art. 487 da
Consolidação das Leis do Trabalho, visto que:
“a falta do aviso prévio por parte do empregador
dá ao empregado o direito aos salários
correspondentes ao prazo do aviso, garantida
sempre a integração desse período no seu
tempo de serviço”.
Motivo pelo qual a Reclamante é credora da referida verba acima
pleiteada na proporção de 30 dias, com base na última remuneração da
obreira, no valor de R$ 1.460,00 (um mil quatrocentos e sessenta reais),
bem como os valores correspondeste a integração de 13º salário no valor
de R$ 127,66 (Cento e vinte reais e sessenta e seis centavos), férias +
1/3 no valor de R$ 169,78 (Cento e Sessenta Nove Reais e Sessenta e
Seis Centavos).
13º SALÁRIO PROPORCIONAL E INTEGRAL
A Reclamante recebeu o valor incorreto de seu 13º salário
proporcional (4/12 avos) referente ao ano da sua demissão dispensa que
ocorreu em 16/06/2023.
Sendo que lhe foi pago a soma de R$ 486,67, quando deveria ter
sido pago o valor de R$ 510,64 (Quinhentos E Dez Reais E Sessenta E
Quatro Centavos).
Requer assim, a reclamante e credora da referida verba assim, a
qual pleiteia o pagamento.
DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3
A Reclamante tem direito a receber o período incompleto de férias,
acrescido do terço constitucional, em conformidade com o
art. 146, parágrafo único da CLT e art. 7º, XVII da CF/88
O parágrafo único do art. 146 da CLT, prevê o direito do
empregado ao período de férias na proporção de 1/12 por mês
trabalhado ou fração superior a 14 dias.
No mesmo diapasão, é, pois, necessário citar que não foram
pagas, de forma proporcional as férias do período trabalhado, já que
foram trabalhados 4 meses de forma proporcional, 4/12 avos, antes da
data da dispensa 16/06/2023.
Aqui incorre observar que a reclamada agiu premeditadamente
com a intenção de prejudicar a reclamante em sua rescisão,
determinando que a reclamante cumprisse o aviso prévio em casa para
na hora da rescisão lançar este período como falta ao trabalho e assim
reduzir substancialmente as verbas, como pode ser observado na
rescisão acosta e nos áudios.
Portanto a reclamante e credora da reclamada na verba pleiteada
na proporção de 4/12 avos de férias +1/3, devendo se descontar o valor
pago em rescisão de R$ 194,67 (cento e noventa e quatro reais e
sessenta e sete centavos), perfazendo-se uma monta de R$ 484,48
Quatrocentos e oitenta e quatro reais e quarenta e oito centavos),
sendo R$ 510,64 4/12 avos de férias + 1/3 de férias no valor de R168,51
descontado o valor pago de R$ 194,67.
HORAS EXTRAS
É assegurada constitucionalmente a jornada de trabalho de 8
horas diárias e 44 horas semanais para os trabalhadores urbanos, sendo
que qualquer trabalho acima do fixado na CF importará em prorrogação
da jornada, devendo o empregador remunerar o serviço extraordinário
superior, no mínimo, em 50% à hora do normal, consoante prevê o art. 7º
da CF, abaixo transcrito.
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...)
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no
mínimo, em cinquenta por cento à do normal;"
Estabelece, também, o art. 58 da CLT: "A duração normal do
trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não
excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado
expressamente outro limite".
Nos ter da Convença coletiva do SINDICATO EMPREGADOS EM
EMPRESAS DE REFEICOES COLETIVAS DE MG, ao qual abrange o
município de Poços de Caldas MG:

CLÁUSULA NONA - HORAS EXTRASA s horas não


compensadas laboradas no período de Segunda à Sábado,
serão remuneradas com o adicional de 75% para as duas
primeiras horas e de 100% para as demais, mesmo os já
compensados, domingos e feriados.
Parágrafo Único: Não serão considerados extras, para
os fins desta cláusula, os minutos que antecedem e/ou
sucedem a jornada de trabalho, ainda que assinalados no livro
ou cartões de ponto, desde que não ultrapassem a 20 minutos
no início e outro tanto no final da jornada diária, salvo se o
empregado comprovadamente trabalhar antes do início ou
após o término da jornada normal, quando então, serão
considerados como extras os minutos efetivamente
trabalhados.
Nos termos dos fatos narrados acima faz a jus a reclamante a
remuneração referente as horas extras trabalhadas, assim diante a
aplicação do CCT - SINDICATO EMPREGADOS EM EMPRESAS DE
REFEICOES COLETIVAS DE MG com remuneração adicional de 75%.
Assim tendo trabalho do efetivamente durante todo o pacto laboral
de 06:00 as 16:00 com uma de descanso/almoço, a reclamante
efetivamente trabalho 1 hora extra diária, perfazendo-se 5 horas
semanais durante 13 (treze) semanas e 2(dois) dois, sendo o valor hora
trabalhada + 75% igual a R$ 11,60 (onze reais e sessenta centavos) a
reclamante é credora do reclamado no valor de R$ 777,20 (Setecentos e
setenta e sete reais e vinte centavos), bem como reflexo de horas extras
sobre 13º salário no valor de R$ 185,92(cento e oitenta reais e noventa e
dois centavos), sobre Férias +1/3 no valor de R$ 247,27(duzentos e
quarenta e sete reais e vinte e sete centavos), DRS no valor de R$
315,73( trezentos e quinze reais e setenta e três centavos) e FGTS no
valor de R$ 62,17 (Sessenta e dois reais e dezessete centavos).

DA MULTA DO ART. 477

O artigo 477, §6º c/c §8º, dispõe:

“Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador


deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos
competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no
prazo e na forma estabelecidos neste artigo.”

(…)

“§ 6º A entrega ao empregado de documentos que comprovem


a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes
bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento
de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até
dez dias contados a partir do término do contrato;”

(…)

“§ 8º A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará


o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao
pagamento da multa a favor do empregado, em valor
equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice
de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o
trabalhador der causa à mora.”

Assim o reclamado deve ser condenado ao pagamento da multo


do art. 477 §º 8, no valor do último salário da reclamante de R$ 1.460,00
(um mil quatrocentos e sessenta reais).

DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

Segundo Maria Helena Diniz, em sua obra “Curso de Direito Civil


Brasileiro – Responsabilidade Civil”, o dano moral é “a lesão de
interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo
ato lesivo”. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade,
como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome, etc.,
como se infere dos art. 1o, III, e 5o, V e X, da Constituição Federal, e que
acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação”.
Nesse sentido, cabe ainda observar as determinações do Código
Civil quanto aos danos e atos ilícitos.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
Dos atos ilícitos praticados previstos nos arts. 186 e 187 do
CC/2002 decorrem a obrigação de indenização do dano, na forma do art.
927, também do CC/2002, observada a sua dupla finalidade, qual seja de
compensação à vítima e pedagógico-punitiva ao ofensor/praticante do
ato ilícito.
O Reclamante faz jus a indenização por danos morais,
A CLT, por sua vez, determina:

Art. 223-A. Aplicam-se à reparação de danos de natureza


extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os
dispositivos deste Título.
Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou
omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa
física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito
à reparação.
Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de
ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a
integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes
à pessoa física.
Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: I - a
natureza do bem jurídico tutelado; II - a intensidade do
sofrimento ou da humilhação; IV - os reflexos pessoais e
sociais da ação ou da omissão; V - a extensão e a duração dos
efeitos da ofensa; VII - o grau de dolo ou culpa; VIII - a
ocorrência de retratação espontânea; IX - o esforço efetivo
para minimizar a ofensa; XI - a situação social e econômica das
partes envolvidas;
O comportamento negligente da Reclamada fere a honra e a
personalidade da Reclamante, causando-lhe sofrimento e humilhação,
desamparo e baixa autoestima. Cabe lembrar que a Reclamante é ótimo
funcionária, cumpre com seu horário, é cordial e batalhadora, não
possuindo caracteriza que a desabone
Evidência a conduta lesiva do requerido quando nos debruçamos
sobre os motivos que levou de fato a demissão, tratando-se de
funcionária exempla, a demissão ocorreu após a apresentação de
atestado médico pela requerente. Fato este que levou a sua demissão de
fato.
Ocorre ainda que o reclamado agiu maliciosamente contra a
requerente determinando que ela cumprisse o aviso prévio em casa e
depois na rescisão lanço os dias em casa como falta o que reduziu
substancialmente seu saldo.
Carece observar que o TRT-MG considerou o art. 223-G da CLT
inconstitucional.
Neste sentido, o Reclamante requer indenização por danos morais
no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), ante a ocorrência de rescisão
discriminatória, e o consequente abalo a sua personalidade e dignidade,
bem como ação pedagógico-punitiva.
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Segundo a declaração acostada aos autos, constata-se que a


Reclamante é hipossuficiente financeiramente, de modo que não possui
condições de arcar com as custas processuais, e menos ainda com a
remuneração dos serviços prestados por sua patrona em defesa de seus
direitos.

Nesse sentido, requer a condenação da Reclamada em honorários


sucumbenciais no percentual de 20% sobre o valor bruto total resultante
desta demanda, como medida apta a custear o trabalho advocatício.

DOS CÁLCULOS

 Cálculo da rescisão:

Saldo de Salário 0 dias R$ 000,00

Aviso Prévio Indenizado R$ 1.460,00

Férias Proporcionais e integralizadas + 1/3 4/12 R$ 679,15

13º Salário Proporcional e integralizados 4/12 R$ 510,64

Horas extras + reflexos R$1.588,29

F.G.T.S. da Rescisão + 40% R$ 474,66

SOMA R$ 4.712,71
Valor a ser abatido R$ 709,73
Total rescisão R$ 4.002,98
Multa do Art. 477 R$ 1.460,00
Danos Morais R$ 5.000,00
VALOR GERAL R$10.462,98
IV - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que:
a) Seja a reclamada citada para comparecer à audiência designada e
apresentar defesa, sob pena de revelia e confissão;
b) Seja julgada procedente a presente reclamação trabalhista para
condenar a reclamada ao pagamento das seguintes verbas:
 Aviso prévio indenizado no valor de R$ 1.460,00 (mil quatrocentos
e sessenta Reais);
 Férias proporcionais acrescidas de um terço no valor de R$ R$
679,15 (seiscentos e setenta e nove reais e quinze centavos);
 Décimo terceiro salário proporcional no valor de R$ 510,64
(quinhentos e dez reais e sessenta e seis centavos);
 FGTS + Multa de 40% sobre a rescisão no valor de R$ 474,66
(quatrocentos e setenta e quatro reais e sessenta seis centavos);
 Liberação das guias para saque do FGTS e habilitação no seguro-
desemprego;
 Horas extras realizadas durante todo o contrato de trabalho, com
os respectivos reflexos nas demais verbas trabalhistas no Valor de
R$1.588,29 (mil quinhentos e oitenta e oito reais e vinte e nove
centavos);
c) Seja aplicação da norma contida do CCT - SINDICATO
EMPREGADOS EM EMPRESAS DE REFEICOES COLETIVAS DE MG,
especificamente no que condiz com o adicional das horas extras
trabalhadas.
d) requer indenização por danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais), ante a ocorrência de rescisão discriminatória, e o consequente
abalo a sua personalidade e dignidade, bem como ação pedagógico-
punitiva.
e) Seja deferida a gratuidade da justiça, nos termos do art. 790, § 3º, da
CLT, tendo em vista que a reclamante não possui condições de arcar
com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua
família;
e) Sejam deferidos os honorários advocatícios sucumbenciais, nos
termos do art. 791-A da CLT, a condenação da Reclamada no percentual
de 20% sobre o valor bruto total resultante desta demanda;
f) Seja a reclamada condenada ao pagamento das custas processuais;
g) Sejam produzidas todas as provas em direito admitidas,
especialmente o depoimento pessoal da reclamada, sob pena de
confissão, a oitiva de testemunhas, a juntada de documentos e a perícia
contábil, se necessário.
Dá-se à causa o valor de R$10.462,98 (dez mil quatrocentos e sessenta
e dois reais e noventa e oito centavos).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Poços de Caldas, 04 de outobro de 2023.

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