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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ DO TRABALHO DO

FÓRUM TRABALHISTA RUY BARBOSA

Joana Bastista da Silva, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG


nº xxxxxxxxxxxxx, inscrito no CPF sob o nº xxx.xxx.xxx-xx, e-mail, residente e
domiciliado na Rua ..., nº ..., bairro ..., CEP xxxxxx, Cidade/UF, por meio dos
seu advogado que esta subscreve, nos termos da procuração (anexa), vem,
com fulcro no art. 840 da CLT, perante a Vossa Excelência, propor a presente:

DA JUSTIÇA GRATUITA
Requer a autora, nos moldes do Art. 98 do CPC/15 e do art. 790, §º 4 da CLT,
a concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, em sua
totalidade, por tratar-se de pessoa pobre na acepção jurídica do termo, cuja
situação econômica não permite arcar com as custas e despesas processuais,
sem prejuízo alimentar próprio ou de sua família.

DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO


A requerente foi contratada em 02 de Março de 2.019, para prestar serviços de
controladora de acesso na empresa XPT LTDA, sediada na cidade de Jundiaí,
na Rua Irmã Dulce, 34. Desde sua contração, presta serviços no Condomínio
Residencial João de Barro, na Rua Augusta, 34, Consolação, São Paulo.
Recebe salário de R$ 1.345,00 acrescidos de R$ 458,00 de gratificação de
função, trabalha das 07hs às 19hs em regime de revezamento 12x36.

No último dia 20 de Agosto de 2.022, ao retornar ao posto de serviço, após


faltar cinco dias ao trabalho em qualquer justificativa, foi informada por sua
superiora hierárquica, que, seu novo posto de trabalho seria na empresa TL
Transportes, sediada na cidade Campinas.

Joana disse que não seria possível cumprir tal determinação, pois reside na
cidade de Guarulhos e que não conseguiria chegar no horário no novo posto de
trabalho. A ponderação não foi aceita pela empresa.
Joana pediu então, que lhe fosse permitido trabalhar no mesmo posto ou em
outro na cidade de São Paulo, com o que também, não houve aceitação por
parte da empregadora.

DO DIREITO

Conforme o artigo 2º da CLT, o empregador é quem dirige a prestação dos


serviços. Trata-se do poder diretivo ou hierárquico, em face da subordinação
jurídica a que está sujeito o empregado, cumprindo ao empregador controlar e
fiscalizar a prestação dos serviços, podendo até mesmo impor sanções ao
trabalhador. Entretanto, a prerrogativa de punir o empregado sofre limitações.
Deve o empregador respeitar: princípio da boa-fé contratual, direitos humanos
fundamentais e princípios protetivos jus laborais.

Por outro lado, deve haver proporcionalidade entre a falta e a sanção. Faltas
leves devem ser punidas de forma branda, as mais graves de modo mais
severo.

A primeira limitação na aplicação das penalidades diz respeito ao princípio da


boa-fé contratual, sob pena de abuso de direito, nos termos do artigo 187 do
Código Civil. Penalidades trabalhistas não devem se prestar a perseguição do
empregado, mas corresponder a função pedagógica, sempre visando ao
regular desenvolvimento do contrato de trabalho.

Princípios protetivos do Direito do Trabalho também devem ser levados em


consideração na aplicação de penalidades. Embora algumas práticas são
admitidas sob determinado fundamento, a súmula nº 43 do TST veda a
transferência do empregado em caráter.

– Vedada, em caráter punitivo, a transferência do empregado,


conforme Súmula nº 43 do TST.

Enfim, são ilegais as sanções que estejam fora das hipóteses previstas pelo
ordenamento jurídico. São rejeitadas as medidas que, aparentemente
fundamentadas no poder de controlar e fiscalizar a relação de trabalho, tenham
caráter punitivo.

Assim a transferência do empregado de um local para outro local, ou seja, de


uma unidade da empresa para outra unidade, de uma cidade para outra cidade
como forma de punição, é considerada ilegal.

Este também foi o entendimento da 4ª Vara do Trabalho de Brasília- no


processo nº 0001750-70-2013-5-10-004- que considerou ilegal a transferência
de um trabalhador da filial de Taquatinga( DF) para uma outra filial em
Valparaizo ( GO ). Neste processo ficou caracterizado a transferência do
empregado como forma de punição.

Agindo desta forma a empresa, o empregado com certeza poderá ajuizar uma
Reclamação Trabalhista pleiteando a Rescisão Indireta do Contrato de
Trabalho, por abuso de poder- nos termos do Art. 483, alínea b- da
Consolidação das Leis do Trabalho ( CLT ).

  Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para
localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não
acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio .(Fundamento a ser
considerado(impossibilidade de deslocamento, necessidade de mudança de residência)

DO SALDO DE SALÁRIO

O receber a título de saldo de salário R$ 841,4 visto que trabalhou quatorze


dias nesse mês.

DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO

Tendo em vista a pretensão da rescisão indireta do contrato de trabalho, tem-


se que há inexistência por parte da empregada de justa causa para a rescisão
do seu contrato de trabalho, surgindo para a Reclamante o direito ao Aviso
Prévio indenizado, uma vez que o § 1ºdo art. 487 da CLT estabelece que a não
concessão de aviso prévio pelo empregador dá direito ao pagamento dos
salários do respectivo período, integrando-se ao seu tempo de serviço para
todos os fins legais.

Dessa forma, o período de aviso prévio indenizado proporcional do autor,


corresponde a 39 dias (4 anos de serviço).

O reclamante faz jus, portanto, ao recebimento do Aviso Prévio indenizado no


valor de R$ 2.343,9

DAS FÉRIAS VENCIDAS E PROPROCIONAIS + 1/3

O reclamante tem direito a receber o período completo de férias, acrescido do


terço constitucional, em conformidade com o art. 146, parágrafo único da CLT e
art. 7º, XVII da CF/88.

O parágrafo único do art. 146 da CLT, prevê o direito do empregado ao período


de férias de forma proporcional ao período trabalhado.

Sendo assim, tendo em vista que o reclamante não gozou férias esse ano, e
que já completou mais um ciclo de período aquisitivo no dia 02/03/2022, tem-se
que há um valor integral à título de férias, bem como a proporção de 5/12 de
férias a ser custeada pela reclamada, constituindo o montante de R$ 2.704,
adicionado o terço constitucional no valor de R$ 901 se dar o valor de R$
3.605,5.

DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL

As leis 4090/62 e 4749/65 preceituam que o décimo terceiro salário será pago
até o dia 20 de dezembro de cada ano, sendo ainda certo que a fração igual ou
superior a 15 dias de trabalho será havida como mês integral para efeitos do
cálculo do 13% salário.

O empregado nada recebeu a título de 13º no presente ano, e projetando o


aviso prévio indenizado para o mês de setembro, tem-se que há uma
proporção de 9/12 do 13º salário a ser custeada pela reclamada, que
constituem o montante de R$ 1.352.

DO FGTS + MULTA DE 40%

Diz o art. 15 da lei 8036/90 que todo empregador deverá depositar até o dia 7
de cada mês na conta vinculada da empregada a importância correspondente a
8% de sua remuneração devida no mês anterior.

Sendo assim, Vossa Exa., deverá condenar a Reclamada a efetuar os


depósitos correspondentes a todo o período laborado, porquanto a reclamada
depositou somente alguns meses os valores a título de FGTS em favor do
Reclamante (comprovante em anexo).

Além disso, por conta da rescisão indireta do contrato de trabalho, deverá ser
paga uma multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS,
de acordo com § 1º do art. 18 da lei 8036/90 c/c art. 7º, I, CF/88.

Resultando o valor restante de: R$ 8.113,50, aplicando a multa dos 40%


resulta no valor de R$ 11.358,90.

DO SEGURO DESEMPREGO

Tendo em vista o pedido e o consequente deferimento do término do contrato


de trabalho mediante instituto da rescisão indireta, é devido ao Reclamante o
direito de se habilitar no programa do governo denominado de “Seguro
Desemprego”, visto que preenche os requisitos legais para tanto. Dessa forma
requer desde já as guias legais para habilitação no seguro desemprego ou
documento análogo proferido por este juízo (ou seja, com a mesma força das
guias de seguro desemprego), para que o mesmo possa gozar do benefício
citado.

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Requer-se a título de honorários sucumbenciais o valor R$2.925,00


correspondente a 15% do valor da causa.

RESCISÃO INDIRETA

A rescisão indireta do contrato de trabalho é regulada pelo art. 483 da CLT,


senão vejamos:

Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a


devida indenização quando:

a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários
aos bons costumes, ou alheios ao contrato;

b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor
excessivo;

c) correr perigo manifesto de mal considerável;

d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua


família, ato lesivo da honra e boa fama;

f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso


de legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de
forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.

§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o


contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a
continuação do serviço.

§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é


facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.

§ 3º - Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado pleitear a rescisão


de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações,
permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.

Conforme a alínea d, a reclamante/empregada poderá requerer a rescisão


indireta do seu contrato de trabalho quando o empregador não cumprir com as
obrigações contratuais/legais em favor do mesmo.

A doutrina e jurisprudência assentaram de forma pacífica que a ausência de


depósito de FGTS, atraso reiterado de pagamento de salário e parcelamento
do salário são motivos para o deferimento da extinção do contrato de trabalho
mediante o instituto da rescisão indireta.

DOS PEDIDOS
Isso posto, requer:
a) O recebimento da presente reclamatória, determinando a notificação da
Reclamada para que querendo compareça na audiência de conciliação,
apresentando a defesa que tiver, bem como o depoimento pessoal do seu
representante legal, sob pena de revelia e confissão;

b) Que lhe sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita.


c) A declaração da rescisão indireta do contrato de trabalho, com fulcro na
alínea D do artigo 483 da CLT;
d) A condenação da reclamada no pagamento de todas as verbas, tais como
saldo de salário, 13º salário proporcional, aviso prévio de 39 dias, férias
proporcionais + abono de férias de 1/3 proporcional, ainda, pagamento de
multa correspondente a 40% de todo o valor que deveria ter sido depositado na
conta vinculada do FGTS da reclamante, como as multas dos arts. 477 e 467
da CLT, e de todas outras que estão denominadas no tópico denominado “dos
valores”;

e) Que seja determinado à reclamada que efetue a liberação das guias


decorrentes da rescisão indireta do contrato de trabalho, tais como, o Seguro
Desemprego, sob pena de condenação ao pagamento de indenização
substitutiva no valor equivalente;

h) Seja a reclamada condenada ao pagamento de custas processuais e


honorários sucumbenciais, não sendo os mesmos inferiores a 15% do valor da
condenação;

i) A total procedência da demanda, nos termos em que foi proposta, para a final
condenar a Reclamada ao pagamento de todo o postulado, acrescidos de juros
e correção monetária.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


sobretudo, oitiva de testemunhas e depoimento do preposto da Reclamada,
ainda, mediante produção de prova documental e pericial se necessária.
Dá-se à presente ação o valor de R$ 19.501,00.

Nestes termos,
Pede e aguarda deferimento.

ADVOGADO
OAB/UF Nº XXXXX

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