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AO JUÍZO DE DIREITO DA 170ª VARA DO TRABALHO DO MUNICÍPIO DE

CAMPINAS ESTADO DE SÃO PAULO

SHEILA MELODIA, brasileira, portadora do RG no XXX.XXX.XXX, com CPF no


XXX.XXX.XXX-XX, nascida em XX/XX/XXXX, estado civil, CTPS no XXXXXX,
PIS/PASEP No XXXXXXX, filiação, residente e domiciliada na rua Tal, bairro tal,
Campinas/SP, CEP, endereço eletrônico, vem mui respeitosamente à presença deste
juízo, por meio de advogado constituído, ajuizar com base no fulcro do art. 840 da CLT
à RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, em face da Sociedade Empresaria Solução Ltda,
inscrita no CNPJ no XXXXXXXXXXXXX, endereço tal e da Sociedade Empresaria
Tecnologia Ltda, o que faz pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

I – DA DISTRIBUIÇÃO AO JUÍZO PREVENTO

A reclamada nos termos da legislação vigente trabalhista, ajuizou


precedentemente um processo contra as empresas, com as mesmas características
para qual novamente está vindo requerer. O processo anterior em si, ocorreu na 170ª
Vara do Trabalho de Campinas/SP. No entanto, o mesmo foi arquivado pela ausência
da mesma na 1ª audiência, sendo estas pagas todas as custas processuais. Nesse
sentido, seguindo as conformidades normativas com o art. 286, II do Código de
Processo Civil, se faz que este processo seja novamente distribuído por prevenção à
170ª Vara do Trabalho de Campinas/SP. Vejamos o que diz:

Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de


qualquer natureza:
(...)

II - Quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito,


for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros
autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;

(...)

II – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Importante mencionar que a reclamada não possui condições financeiras para


arcar com as custas processuais, pois a mesma, goza de um salário mínimo
mensalmente, e que muitas vezes falta alimento em sua residência, por ter que pagar
aluguel. Vale salientar também que consta nos documentos anexados que a mesma
recebe uma remuneração inferior a 40% do teto da previdência social. Nesse sentido,
a reclamante não possui condições nenhuma de custear um processo como este,
portanto, preenchendo todos os requisitos para a concessão do beneficio da justiça
gratuita, em conformidade com o art. 790, §3º e 4º da CLT, se não, vejamos:

Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos


Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de
pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções
que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho.

(...)

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos


tribunais do trabalho de qualquer instancia conceder, a
requerimento ou de ofício, o beneficio da justiça gratuita, inclusive
quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do
Regime Geral de Previdência Social.
§ 4º O benefício da justiça gratuita será́ concedido à parte que
comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas
do processo.

III – DO RESUMO DO CONTRATO

A contratante foi admitida nos serviços da sociedade empresarial Soluções LTDA


em 15 de outubro de 2019, no qual, estava recebendo um salário mínimo
aproximadamente, por mês, e foi submetida a atuar na área como auxiliar de
manutenção, desde a efetivação do contrato de trabalho. O contrato ocorreu em
Campinas/SP, por se tratar da existência da prestação de serviço entre as duas
empresas socias.

IV – DA JORNADA DE TRABALHO ATUANTE

Quando é mencionado sobre a relação da reclamante com as suas horas de


vinculo entre a empresa, a mesma realizava seu trabalho da segunda-feira à sábado,
nos dias da semana, eram realizados das 09:00h da manha até as 16:00h da tarde,
com 15 minutos de intervalo para refeição por dia trabalhado. Nos sábados, a
reclamante trabalhava das 08:00h da manha as 14:00h da tarde, sem uma relação de
intervalo nenhum.
Por essa falta grave, nota-se que existe um desrespeito grande da empresa para
com as leis presentes na CLT, por não está cumprindo com as características básicas
de intervalo nos sábados de 15 minutos. Ora, uma total falta de respeito com os
membros que compõe está empresa. Se analisarmos a CLT, em seu art. 71, §1º,
podemos notar que:

Art. 71 - Em qualquer trabalho continuo, cuja duração exceda de 6


(seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para
repouso ou alimentação, o qual será́ , no mínimo, de 1 (uma) hora
e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrario, não
poderá exceder de 2 (duas) horas.
§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto,
obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração
ultrapassar 4 (quatro) horas.

(...)

Mencionando à realização da concessão de intervalo, a CLT ainda no seu art.


71, §4º caracteriza que nestes casos, caso não seja realizado, caberá ainda o
pagamento de verbas indenizatórias ao trabalhador que tiver seu direito violado pela
empresa. Sendo acrescido 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração
da hora normal de trabalho. Vejamos:

§ 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo


intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados
urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória,
apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta
por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho.

(...)

A reclamante não gozou das verbas que foram acima mencionadas, pelo
fato para qual, os valores não foram pagos a ela. Nesse sentido, é extremamente
importante salientar aqui que, a reclamante deseja reaver todos estes valores
indenizatórios que não os foram pagos. Requerendo que seja julgada totalmente
procedente a demanda indenizatória.

V – DO DESCONTO A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

No documento de contracheque da reclamante que está em anexo, existe o


contracheque do mês de março de 2020, no qual, consta uma dedução de contribuição
sincicial no valor de R$: 40,00 (quarenta reais). Porém a reclamante nunca tomou
conhecimento básico que possuía um sindicato que lhe representava, nesse
sentido violando o art. 579 da CLT, se não, vejamos o que menciona o artigo:
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está
condicionado à autorização prévia e expressa dos que
participarem de uma determinada categoria econômica ou
profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do
sindicato representativo da mesma categoria ou profissão
ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no
art. 591 desta Consolidação

Não havendo nenhuma duvida para qual, a reclamante não tomou ciência
nenhuma sobre os descontos. Consequentemente, neste caso, não podendo a mesma
ter concordado ou ter sido responsabilizada com o mesmo. Por esse fator, se torna
presente que a ré devolva o valor descontado à reclamante e que, novamente, pede o
deferimento, neste juízo.

VI – DOS DANOS MORAIS

Durante o vínculo empregatício da reclamante, houve mudança de quadro de


funcionários da empresa onde trabalhava, exemplo dessa mudança foi a mudança de
gestão atribuída à Sociedade Empresária Tecnologia Ltda, que foi substituída por um
novo supervisor há dois meses, chamado Carlos.
Acontece que Carlos tinha o hábito estranho, embaraçoso e imoral de alinhar
seus subordinados no início do dia de trabalho e forçá-los a beijá-los na bochecha. Na
tentativa de mostrar que sua atitude não tinha intenções negativas em relação ao
ambiente de trabalho, ele argumentou que sua atitude era mudar o ambiente de
trabalho. Com medo de perder o emprego, a reclamante cedeu à vontade de seu
supervisor, mesmo contra sua vontade.
Do exposto, resulta claro que seus colegas de trabalho, continuam sofrendo os
contínuos assédios no ambiente de trabalho. Por esses motivos, gerou um abalo
gigantesco emocionalmente a reclamante, neste caso, lhe dando o total direito de
reparação ao dano causado a mesma. A CLT em seu art. 223-B e 223-C, menciona a
pratica abusiva acima mencionada, vejamos:
Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação
ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da
pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas
do direito à reparação.

Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de


ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a
integridade física são os bens juridicamente tutelados
inerentes à pessoa física.

Por esse sentido, não restando nenhuma duvida que a reclamante sofreu
assedio moral e abalos mentais no seu ambiente de trabalho, totalmente em
contradição com a CLT, caracterizando por uma enorme irresponsabilidade da empresa
para qual a reclamante tinha vinculo empregatício. Por isso, a reclamante deseja
novamente que seja julgado totalmente procedente os pedidos de danos morais por
todos os abalos emocionais sofridos por ela no leito do seu trabalho.

VII – DA RESCISÃO INDIRETA

Diante de todas as irregularidades praticadas pelo supervisor, e pela falta de


fiscalização por parte de ambas as reclamadas, no sentido de garantir um ambiente de
trabalho legalmente saudável, a reclamante tem direito de pleitear a rescisão por culpa
do empregador. Diante exposto, o art. 483, alíneas “d” e “e”, da CLT dispõe:

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o


contrato e pleitear a devida indenização quando:

(...)

d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;

e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou


pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;
(...)

VIII – DAS RESPONSABILIDADES SUBSIDIARIAS NO CONTEXTO

Seguindo as conformidades impostas na sumula 331, inciso IV do TST, o


tomador do serviço, bem como ao contratante possuem responsabilidades subsidiaria
por todas irregularidades apresentadas na relação do trabalho.

Súmula no 331 do TST

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.


LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos
os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT
divulgado em 27, 30 e 31.05.2011

(...)

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas,


por parte do empregador, implica a responsabilidade
subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas
obrigações, desde que haja participado da relação
processual e conste também do título executivo
judicial.

IX – DOS PEDIDOS

a) Requer a condenação do vencido em pagar honorários sucumbenciais ao


advogado da parte vencedora, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo
de 15% sobre o valor que resultar a liquidação da sentença, conforme o
art. 791-A, da CLT;
b) Requer a distribuição por prevenção, com base no art. 286, inciso II, CPC;
c) Requer a concessão do benefício da justiça gratuita, conforme art. 790,
da CLT;
d) Requer o pagamento de 15 minutos diários pelo intervalo desrespeitado
aos sábados, com o adicional de 50%, em conformidade com o Art.71,
§3º e 4º, da CLT;
e) Requer a devolução da contribuição sindical descontados de forma
indevida;
f) Requer a indenização por danos morais;
g) Requer que seja decretada a rescisão contratual por culpa do
empregador;
h) Requer que ambas as reclamadas sejam responsabilizadas de forma
subsidiária.
i) Requer a procedência de todos os pedidos.

Nesse sentido, dar-se o valor da causa de R$ XX. XXXX

Nestes termos, pede e espera o devido deferimento.

CAMPINAS/SP, 27 de agosto de 2021

Arthur Félix Andrade de Lima Batista

Advogado- OAB/RN- XXXX

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