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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA...

VARA
FEDERAL DA COMARCA DE...

        

    Juarez, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do registro


geral nº..., inscrito no CPF sob o nº..., residente e domiciliado..., por seu
advogado infra-assinado (mandato anexo), com fulcro nos artigos 19., Inc. I e
300 e 319 do Novo Código de Processo Civil cumulado com o art. 151, inc V,
do CTN, perante Vossa Excelência, propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA-


TRIBUTÁRIA CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO, COM PEDIDO
DE TUTELA ANTECIPADA

     Em face da União, pessoa jurídica de direito público interno, na pessoa de


seu procurador, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

DOS FATOS

Juarez aposentou-se no serviço público federal em 15/5/2005. Três anos


depois, foi acometido de neoplasia maligna, conforme atestado em laudo
pericial, datado de 5/9/2008 e proferido por médico especialista em oncologia
do Hospital Vita.

Em razão desse diagnóstico e de posse do laudo médico, Juarez


protocolou, junto ao órgão em que trabalhava, ou seja, junto a sua fonte
pagadora, pedido de concessão do benefício de isenção do imposto de renda
relativamente aos seus proventos de aposentadoria. O pedido foi negado, sob
o argumento de que o laudo pericial apresentado não fora emitido por serviço
médico oficial da União. Juarez submeteu-se, então, a perícia feita por junta
médica oficial da repartição pública que lhe concedera a aposentadoria. Após
análise dos documentos apresentados e realização de exame físico, foi emitido
laudo, datado de 6/2/2009, atestando ser o interessado realmente portador da
alegada debilidade.
Com o laudo pericial comprovador da moléstia, emitido por serviço
médico oficial da União, Juarez protocolou, perante sua fonte pagadora, em
15/2/2009, novo pedido de reconhecimento da isenção. Transcorrido mais de
um ano, a fonte pagadora continua procedendo aos descontos do imposto de
renda incidente sobre os proventos da aposentadoria de Juarez.

Nesse sentido, não resta alternativa ao Autor senão a propositura da


presente Ação, senão vejamos.

DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

No presente caso existe prova inequívoca dos descontos do imposto de


renda sobre a aposentadoria do autor, mesmo este sendo portador de moléstia
passível de isenção do imposto, conforme se verifica no inciso XIV do artigo 6º
da Lei 7.713/88.

Com relação ao dano irreparável verifica-se na necessidade de urgência


de o autor ver reconhecido seu direito à isenção para não ser privado de sua
renda, imputando nova violação ao direito do autor.

Assim, demonstrados os requisitos para a concessão da antecipação de


tutela vindicada.

DO DIREITO

Da isenção

Preceitua o Art. 6º, Inc. XIV da Lei 7.713/88:

“os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por


acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de
moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental,
esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença
de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave,
hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget
(osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da
imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da
medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido
contraída depois da aposentadoria ou reforma;”

O artigo é claro ao estabelecer que estão isentos de pagar imposto de


renda percebidos por pessoas físicas os indivíduos que contraírem neoplasia
maligna, mesmo que a doença tenha sido contraída após a aposentadoria.

Sendo assim, deve ser declarada a inexistência de relação jurídica-


tributária entre autor e ré no que diz respeito à incidência do imposto de renda
sobre sua aposentadoria.

Da Repetição dos valores retidos indevidamente

O Artigo 165, Inc. I, do CTN estabelece que:

Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de


prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual
for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no
§ 4º do artigo 162, nos seguintes casos:

I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou


maior que o devido em face da legislação tributária aplicável,
ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador
efetivamente ocorrido;

Verifica-se no caso em comento que o IR foi indevidamente retido pela


fonte pagadora, uma vez que o autor faz jus à isenção concedida pela Lei
7.713/88, conforme restou provado.

Esses valores retidos indevidamente devem ser restituídos, conforme verifica-


se no inciso I, do artigo 165 do CTN, e tal repetição deve ser atualizados pela
Taxa SELIC, nos termos do § 4º do artigo 39 da Lei 9250/1995.

DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:

a) Concessão de antecipação da tutela, reconhecendo seu direito à isenção


para que o autor não seja privado de sua renda;

b) sejam julgados procedentes os pedidos, declarando o direito à isenção ao


pagamento do tributo, confirmando a tutela antecipada;

c) a citação da União, na pessoa de seu representante legal, para contestar;

d) a repetição dos valores já pagos indevidamente, corrigidos pela Taxa SELIC,


nos termos da Lei 9250/1995;

e) a condenação da ré em custas processuais e honorários advocatícios;

f) a produção de todos os meios de provas admitidos em direito;

Dá-se à causa o valor de R$...

Termos em que, pede deferimento

Local/data

Advogado/OAB

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